Luíza | ig: @odisseiadelivros 15/02/2021Só seremos livres em um mundo sem prisõesOs pequenos-grandes livros da coleção Feminismos Plurais se constituem com informações responsáveis acerca de discussões pertinentes para a sociedade. Em especial, a brasileira.
Juliana Borges, na introdução, diz que este livro não tem como objetivo dar soluções, mas incentivar perguntas. Um tema tão complexo quanto o encarceramento em massa não poderia ter outra abordagem.
Em primeiro lugar, apresenta-se um breve histórico do sistema de justiça criminal, incluindo termos técnicos da área. Como pessoa leiga no assunto, senti que a pesquisadora explicou de forma satisfatória para que todas as pessoas entendessem. Em seguida, ela se detém no processo histórico do Brasil, parte fundamental para que entendamos os caminhos que nos levaram para a justiça criminal que temos hoje. Finalmente, Juliana aborda o atual sistema de justiça criminal com intersecções de gênero, raça e classe, debruçando-se sobre a denominada "guerra às drogas".
E por que o foco na "guerra às drogas"? Com dados estatísticos, isso fica mais claro. Em 2006, foi promulgada a lei n° 11343, que instituiu o sistema de política sobre drogas no Brasil. A partir disso, houve um superencarceramento no país. De acordo com dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (InfoPen), em um período de oito anos (2006-2014), a população carcerária aumentou em mais de 200 mil pessoas. Comparando com dados de 1990 a 2005, havia 27 mil pessoas encarceradas.
Consequentemente, vemos um aumento assustador a partir da promulgação dessa lei. Mas, sendo a coleção Feminismos Plurais dedicada ao feminismo negro, em que lugar se insere esse vertente nessa discussão?
É certo que, em números absolutos, as mulheres preenchem uma parcela pequena na população carcerária (35218, segundo dados do InfoPen, 2015), mas é a população que mais cresce dentro das cadeias. Entre 2000 e 2014, houve um crescimento de 567,4%. Para comparar, o aumento da população prisional masculina, neste mesmo período, foi de 220%.
Os problemas são muito estruturais para discorrer acerca disso em uma resenha, mas, pensando que a maior parte dessas mulheres são negras, temos uma noção do grande problema que o encarceramento em massa acarreta para a sociedade como um todo. É necessário que não apenas pessoas da área pensem nessas questões, mas nós também, pessoas comuns, temos de ter a noção de o quanto isso nos afeta direta e indiretamente.
site:
https://www.instagram.com/odisseiadelivros/