O teatro de Sabbath

O teatro de Sabbath Philip Roth




Resenhas - O Teatro de Sabbath


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Alê | @alexandrejjr 13/10/2021

O grotesco, o erótico e o desagradável lado da existência

O que é a vida?

A clássica pergunta feita ao final de cada episódio do programa "Provocações" da TV Cultura, apresentado pelo saudoso Antônio Abujamra, é a grande questão que permeia "O teatro de Sabbath". Mas, diferente da maioria das respostas dos convidados do Abu, o protagonista deste intenso romance, o depravado Mickey Sabbath, teria a resposta na ponta da língua: sexo.

Lançado em 1995 - ano em que este que vos escreve nasceu -, “O teatro de Sabbath” consagrou a carreira de Philip Roth. Para muitos críticos e leitores, o ponto alto de uma vida dedicada à literatura.

Neste romance de fôlego, somos apresentados, logo na primeira página, a duas personagens que vão nos guiar nesta pequena odisseia sobre a banalidade humana: Mickey Sabbath e Drenka Balich. Mickey é um judeu estadunidense sexagenário e titereiro, ou seja, um manipulador de fantoches. Drenka é sua amante, uma estrangeira servo-croata. Em comum? Ambos veem no sexo a única razão de viver. Mas a dupla é apenas o ponto inicial de um livro com uma galeria impressionante de personagens.

Em uma prosa densa e provocante, mas ainda assim acessível, Roth destila aqui todo o seu poder como ficcionista. Mickey Sabbath é uma personagem complexa, assim como a natureza humana. É incrível como podemos fazer uma lista gigantesca da falta de qualidades em Mickey. Ele é repulsivo, misógino, cínico, manipulador, insensível… enfim, a lista de defeitos indesejáveis é extensa, mas ao mesmo tempo faz de sua personagem quase alguém de carne e osso dentro dessas páginas. Mickey é casado com Roseanna, uma alcoólatra em recuperação. Além disso, carrega consigo o passado de uma família destruída após a morte de seu irmão mais velho, Morty, pelos japoneses na Segunda Guerra Mundial. A ausência do irmão acaba afetando drasticamente a vida de sua mãe e consequentemente a vida de Mickey. Ele inclusive é “perseguido” pelo fantasma dela, fato que gera alguns diálogos fantásticos, em uma clara referência a “Hamlet” de William Shakespeare. Aliás, Shakespeare é uma espécie de herói para o autor que, durante o romance, faz constantes comparações e alusões aos personagens de outras obras do Bardo, como “Macbeth” e “Rei Lear”.

E a narrativa? Como falar de uma estrutura narrativa tão poderosa? Aqui, Roth faz o que a boa literatura deve fazer: suspender a noção de espaço e tempo dos leitores. Ao longo das suas mais de 500 páginas, o autor usa flashbacks e intervenções no texto, que é narrado em terceira pessoa, para dar voz a Mickey em primeira pessoa, e assim acompanhamos uma passagem de tempo muito peculiar, com uma quantidade de informação que vai sendo absorvida aos poucos. É quase como se a história fosse formada por uma linha narrativa de matrioskas em que vamos descobrindo cada vez mais sobre a tragédia que aflige nosso protagonista. Em certos momentos, estamos falando de um Mickey criança, para em seguida voltarmos ao presente e depois avançarmos para uma época em que ele era adolescente e assim por diante. É magnífico ver isso tão bem executado, pois são poucos os escritores que o fazem satisfatoriamente. É muito rico o modo com o qual Roth consegue constantemente desdobrar uma quantidade absurda de história sem fazer com que os leitores se percam no tempo contínuo da narrativa.

Mesmo após orgias, uma masturbação em cemitério, uma prisão por desordem, assédio sexual, agressão e obscenidade, mostrar o pênis para a esposa de um velho amigo e roubar dinheiro dela, enganar um primo centenário, o detestável Mickey Sabbath ainda consegue me cativar. E sabe por quê? Porque Philip Roth deixou para a eternidade um livro extremamente dramático que é, ao mesmo tempo, uma sátira e uma afronta ao puritanismo que corrói nossa época. É a cativante perseguição da própria ruína de sua personagem principal e a experiência subversiva proporcionada aos leitores que fazem de “O teatro de Sabbath” um livro necessário e essencial em qualquer estante.
Joao 13/10/2021minha estante
Caraca, fiquei com vontade de ler hahah. Minha única experiência com o autor foi em O complexo de Portnoy. Achei bem legal mas diferente de tudo que eu já tinha lido hhehe


Alê | @alexandrejjr 13/10/2021minha estante
Vale a pena dedicar um tempo a esse livro, Joao. Mickey Sabbath é uma personagem memorável!


Caroline 13/10/2021minha estante
Bela resenha, Ale!


Amanda.Santiago 14/10/2021minha estante
Taaaaa, Alexandre! Eu vou ler, não precisa insistir mais ???


Alê | @alexandrejjr 16/10/2021minha estante
Joao, esse é, a grosso modo, "O complexo de Portnoy" 2.0, só que mais inteligente, cínico, sarcástico e melancólico;

Valeu por sempre me acompanhar aqui, Carol, prometo que um dia volto a fazer resenhas enxutas de livros grandes;

Amanda, como tu já é leitora do Roth, esse aqui vai ser - imagino - um ponto interessante a conhecer dentro da obra dele. Faça bom proveito e se irrite - e se entenda - com a personagem principal!


Julia Mendes 16/10/2021minha estante
Poxa, que resenha maravilhosa, quero muito ler o livro agora! Porque ele não foi 5 estrelas?


Alê | @alexandrejjr 16/10/2021minha estante
Obrigado pela leitura e pela pergunta, Julia! Então... o livro não é cinco estrelas porque ele não inova em termos estéticos e narrativos. É um texto bem escrito mas comum, talvez a única variação seja alguns longos parágrafos. Roth é muito conhecido pela força das reflexões das histórias dele e não muito por inovar em termos de forma, como é o caso de outros escritores como, por exemplo, o Vargas Llosa.


Julia Mendes 16/10/2021minha estante
Então vou passar Vargas Llosa na frente de Roth! Rs. Tenho "Travessuras da menina má" desde 2018 na estante e ainda não li! ?


Alê | @alexandrejjr 16/10/2021minha estante
"Travessuras de menina má" foi meu primeiro Vargas Llosa e acho um livro muito bom, mas tenho a impressão de que ele vai perder um pouco do encanto em uma releitura. O grande livro dele que li foi "Conversa no Catedral", meu segundo livro favorito de todos da minha estante. Mas esse pode ser complicado pra quem não conhece a escrita do Vargas Llosa. "A festa do Bode" é outra excelente escolha pra conhecer o Vargas Llosa.


Julia Mendes 16/10/2021minha estante
Qual o primeiro?
Se eu gostar de "Travessuras da menina má", eu tento os outros, especialmente "Conversa na Catedral", já deixei anotado aqui na minha lista (infinita) de livros pra ler.


Alê | @alexandrejjr 16/10/2021minha estante
Meu livro favorito, desde 2019, é "Viva o povo brasileiro" do João Ubaldo Ribeiro. ?


Julia Mendes 16/10/2021minha estante
Também adoro "Viva o Povo"!!! ?


Jacy.Antunes 31/10/2021minha estante
Ótima resenha. Vou anotar para não ler... Quanto à Vargas Llosa não se esqueça do fabuloso Tia Julia e o Escrevinhador.


Alê | @alexandrejjr 01/11/2021minha estante
Agradeço o elogio, Jacy. E esse do Vargas Llosa está na minha lista. Só li e ouvi falar bem dele.


JurúMontalvao 01/11/2021minha estante
ele: 1995 - ano em q este q vos escreve nasceu
eu: só o meme da Nazaré tentando calcular a idade Kkkk
besteira a parte, add pra ler num futuro talvez próximo... n tanto pelo enredo, mas mais pela tua resenha q me passou algo do pouco q li do Poe e gostei
se viajei, vai perdoando aí


Alê | @alexandrejjr 01/11/2021minha estante
Ju, pra te ajudar: faço 26 anos em dezembro. E, bom, sobre a ligação do Poe com o Roth eu... sei absolutamente nada! Nunca li o Poe. Por que te lembrou ele? Fiquei curioso...


JurúMontalvao 01/11/2021minha estante
a coisa do grotesco, da obscenidade, do "é insano mesmo e daí?" foi isso...


Alê | @alexandrejjr 01/11/2021minha estante
Olha aí, que interessante! Ah, nesse sentido eles devem conversar entre si mesmo. Talvez o Roth ultrapasse um pouco o limite, mas aí é isso, né, são homens de tempos diferentes.


Rick Shandler 15/04/2024minha estante
E para você, Alê, o que é a vida??? Hahahah
Saudade do Abu. Curti demais tua resenha. Também simpatizei com o velho pervertido do Sabbath.




Otávio - @vendavaldelivros 24/09/2020

Mickey Sabbath é um judeu nos seus 60 anos, mentiroso, picareta, encostado e com um grau sádico de misoginia. Ele não ama as mulheres e tudo que enxerga em relação a elas é o seu objetivo sexual. Na verdade, pouco se pode falar positivamente de Mickey Sabbath. E, ainda assim, esse é um dos personagens mais espetaculares que você poderá conhecer, desde que tenha estômago suficiente para lidar com o que ele de fato é. Péssimo marido para suas duas esposas, péssimo profissional, péssimo cidadão, talvez a única coisa de positivo sobre ele seja todo seu carinho e afeto com Drenka, a amante croata que tinha com ele as aventuras sexuais mais “diferentes” possíveis. Eu tinha expectativas altas com Philip Roth. Depois de estar na metade de O Teatro de Sabbath descobri que talvez não tivesse começado com o livro “certo” dele (dizem que o ideal seria começar com O Complexo de Portnoy), mas depois que se entra na cabeça de Mickey Sabbath da forma que Roth quer que você entre, é impossível largar. Na verdade, algumas vezes é pesado. A leitura é densa de tal maneira que é possível se enxergar na pele de Sabbath (e isso não é legal). Sabbath não é um ser humano admirável, muito pelo contrário. Na maioria das vezes ele é repugnante e causador de raiva no leitor. Ainda assim, Roth consegue fazer com que em alguns momentos tenhamos pena ou, no mínimo, entendamos os processos que levaram Sabbath a ser o que é.

O judeu que perdeu o irmão na Segunda Guerra e viu a mãe perecer em vida de lamentos pelo filho morto, a croata que não tinha no marido alguém preocupado com seu bem-estar sexual, a esposa alcoólatra com problemas com o pai, tudo torna esse livro uma experiência diferente das outras. É um mergulho dentro de uma mente humana imperfeita e, além de todas as críticas sociais em relação aos EUA, uma forma de enxergamos em nós mesmos um pouco de Sabbath. Afinal, todos nós temos pontos imperfeitos, dentro de nossas fantasias secretas ou dentro de nossas ações diárias.

site: https://www.instagram.com/p/B-aZID7Hew4/
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jota 11/03/2013

Sabbath: pau para toda obra
Sou viciado nas histórias de Philip Roth quase tanto quanto Mickey Sabbath, o personagem central deste livro, é viciado em sexo. O Teatro de Sabbath não é apenas sobre a delícia e o inferno que pode ser a vida de um sexólatra - é muito mais, e essa narrativa a certa altura é adequadamente chamada por Roth de pornodrama.

Mesmo que em muitos trechos pareça pornografia, O Teatro... é, a crítica reconhece, literatura erótica nos moldes de Trópico de Câncer, de Henry Miller, e de outro livro do próprio Roth, o aclamado O Complexo de Portnoy (quem não se lembra do que Alexander Portnoy fazia com os bifes de fígado de sua mãe no banheiro?). Mas que, por sua ousadia, vai mais além desses dois conhecidos exemplares.

Bem, esta não é exatamente uma resenha crítica, uma vez que este livro, consagrado por especialistas em literatura e pelos leitores de Roth há quase duas décadas já (foi publicado em 1995), dispensa novas apresentações ou explicações; então são apenas algumas impressões de leitura e pontos que me chamaram mais a atenção que assinalo aqui.

O sexagenário Sabbath, e seria válido dizer “sexogenário”, já que os jogos de palavras abundam nesta história (as bundas e outras zonas erógenas idem), é ao mesmo tempo um personagem shakespeariano, com suas diversas referências a Falstaff e Lear, e kafkiano, como numa antológica cena de masturbação num cemitério, mas também não lhe faltam pitacos de conhecidos pensadores: Montaigne e Martin Buber.

O sistema vital e filosófico de Sabbath tem como elementos fundamentais a perda, especialmente através da morte, e o sexo. Tanto, que num de seus constantes devaneios, antecipa seu fim e imagina mesmo os dizeres que constarão de sua lápide mortuária: “Amado Cliente de Puteiros, Sedutor, Sodomita, Corruptor de Mulheres, Destruidor de Virtudes, Perversor de Jovens, Uroxicida, Suicida.” Exatamente o que ele foi – uma vida ímpar muito bem sintetizada nessas palavras.

Não sei se tem fundamento, mas a história parece proceder, que o fato de Philip Roth, talvez o maior escritor americano vivo, ainda não ter ganhado o prêmio Nobel de literatura, deve-se à circunstância de que uma das juradas do comitê que escolhe o premiado de cada ano ter declarado que O Teatro de Sabbath é uma obra pornográfica, etc., e que por isso, o escritor ficaria a ver navios eternamente. Por outro lado, autores desconhecidos ou de importância muito menor que ele são agraciados com a láurea, o que desacreditaria muito mais a academia do que o escritor.

Foi a primeira vez que li sobre isso (na internet) e tampouco sei se Philip Roth alguma vez se manifestou acerca do prêmio, de não ser premiado, etc. E já que antes falei em ficar a ver navios, caberia agora uma pergunta: onde ou com quem foi que Mickey Sabbath aprendeu tanta sacanagem, a ponto de parecer uma enciclopédia viva de sexo e depravação? Em casa não foi. Mas sim em diversos prostíbulos mundo afora, incluindo aí prostitutas brasileiras, nos portos fluviais do Amazonas e em Santos, no Rio de Janeiro e na Bahia. Especialmente com prostitutas baianas: a Bahia é citada várias vezes no livro. Salvador, a capital? Cidade onde, segundo Sabbath, para cada igreja havia um puteiro.

Mas nada é dito de forma desprezível pelo personagem, claro. Pelo contrário, ele ama os prostíbulos e as prostitutas - seu cheiro e seus fluidos corporais. Em muitas páginas o velho Sabbath recorda saudoso o tempo em que era um jovem marinheiro e suas aventuras sexuais em cada porto que passou (parou), e ainda hoje busca encontrar em outras mulheres o cheiro (ou perfume, depende) das prostitutas baianas e outras de então. Vai encontrar um pouco disso em Rosa, uma doméstica mexicana que trabalha para um amigo, num dos pontos altos do romance. E eles são muitos...

Ainda na juventude, Sabbath passou um mês na prisão por ter desnudado em público o seio de Hellen, uma estudante universitária, durante uma apresentação de seu Teatro Indecente de Sabbath, ainda que com o consentimento da moça. Depois vieram dois casamentos. Primeiro com Kitty, jovem atriz descendente de gregos, um tanto estranha, que um dia desapareceu de sua vida e que ele imagina que esteja morta; e o segundo com Roseanna, a mulher atual, que aos poucos foi se tornando alcoólatra e se encontra internada numa clínica de recuperação.

Tão marcante quanto essas duas mulheres, na verdade o grande tesão do sátiro, houve uma amante croata-americana, Drenka, exemplarmente escolada em sexo, que faleceu de câncer aos cinquenta e dois anos e cujo túmulo é frequentemente visitado por Sabbath, que ali se masturba ou urina, etc. Em seguida houve Kathy, uma jovem universitária que teve divulgada uma fita com gravações eróticas comprometedoras (para outros, pornográfica, com certeza) e por isso fez Sabbath perder seu emprego de professor-convidado na instituição. Isso sem contar as inúmeras prostitutas que teve ao longo da vida e sua fixação quase doentia em duas estrelas de cinema dos anos 1960-70: Yvonne de Carlo e Ava Gardner.

E hoje, aos sessenta e quatro anos, hospedado na casa de Norman, um amigo dos tempos de juventude (Sabbath veio a Nova York para o enterro de outro amigo da mesma época, que se suicidou), ele sonha em transar com Michelle, a esposa de Norman e com a filha do casal, Debby... Acreditando que conquistou Michelle, para quem exibiu seu sexo ereto e avantajado, num jorro de contentamento, comemora: “Eu tenho uma amante!” E Roth continua: “ [Agora] Sabbath se sentia tão arrebatado e insensato quanto Emma Bovary andando a cavalo com Rodolphe [personagens de Madame Bovary, de Gustave Flaubert]. Nas obras-primas, as pessoas se matam quando cometem adultério. Sabbath queria se matar quando não podia cometer adultério.” E com paradoxos, ironia e humor ácido este livro se agiganta.

E, como diz Sabbath (ou Roth), chega enfim o momento de ir às últimas coisas. Muito mais do que sexualmente excitante, O Teatro de Sabbath é uma obra instigante (para alguns poderá ser repugnante), que provoca reflexões profundas em quem a lê, como praticamente todo livro de Roth, de um modo ou de outro, acaba provocando. Também é um livro que diverte e até mesmo emociona. Mas isso depende, é claro, de como as histórias de Mickey Sabbath vão bater em cada um. Então é cada um por si e Roth para todos (os que desejarem lê-lo)...

Lido entre 27/02 e 11/03/2013.
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janete 08/10/2012

O Teatro de Sabbath é um livro que perturba do começo ao fim. Gide já disse que não se faz literatura com bons sentimentos e Roth parece seguir o conselho do velho escritor francês à risca. Sabbath é repugnante, imoral, transgressor e humano, muito humano. Talvez seja isso que mais nos perturbe, encararmos nossa própria repugnância através de Sabbath. Sexagenário, Sabbath se vê no centro de seu próprio teatro como um ator solitário no drama da vida. Vida que ele nunca deu valor, a não ser pelo sexo, seu graal incansavelmente perseguido durante toda sua existência. Mas a vida passa rápido e sempre deixa marcas profundas e Sabbath não é diferente, seja na artrite que deforma seus dedos, do qual tirava seu ganha pão como titereiro, seja na morte prematura do irmão que adorava, na loucura silenciosa da mãe ou no desaparecimento de sua primeira mulher. O teatro de Sabbath é mais um livro escrito de forma monumental, trazendo à tona a finitude da vida, as paixões que vão ficando pelo caminho e até onde é possível chegar dois corpos que se amam e se desejam. É Philip Roth em sua melhor forma. Vale a pena ler.
janete 25/09/2012minha estante
obrigada, Benatti!, valeu sua presença aqui! abs




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Alê | @alexandrejjr 08/04/2024minha estante
O grande livro escrito pelo Roth, na minha inexpressiva opinião!


Rick Shandler 15/04/2024minha estante
Alê, que modéstia descabida!!! Hahahah
Se tu tá falando eu acredito!!!


Rick Shandler 15/04/2024minha estante
Brincadeiras a parte, eu tô circundando a obra do Roth. Comecei pelos livros, por assim dizer, mais periféricos dele, como nêmesis e a humilhação, os quais já me impactaram bastante. Agora, o teatro de Sabbath é fora de série. Outro patamar. Roth é bom demais, tá ganhando um espaço especial no coração deste humilde leitor aqui?


Alê | @alexandrejjr 15/04/2024minha estante
Ele realmente é de outra prateleira, Rick. Dos pequenos aos grandes romances, o homem definitivamente entendia do riscado! Li poucos livros dele, mas tenho alguns aqui em casa.




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André Vedder 10/06/2020minha estante
Um dos poucos livros dele que ainda não li.


Maria 10/06/2020minha estante
Leia. Acho que você irá gostar.




Tatta 15/02/2022

bem provocativo e engraçado. por vezes, ficou um pouquinho repetitivo... tem mais de 500 páginas.

mas não deixa de ser delicioso.
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Lua 10/07/2022

Simplesmente genial!
Sabbath é o mais pervertido, desregrado e fracassado personagem que você poderia conhecer. Por um lado odiamos suas atitudes e sua forma de pensar; por outro, algumas vezes nos pegamos achando que faz sentido e que a sociedade é a única hipócrita com sua moralidade. Philip Roth consegue mostrar o pior lado da vida e traz uma grande reflexão nessa obra incrível!!
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Luiz.Goulart 07/09/2021

O livro favorito de Paulo Francis
O Teatro de Sabbath, de 1995, era o livro favorito do próprio Phillip Roth, entre todas as suas obras. Mais polêmico ainda do que O Complexo de Portnoy, a obra tornou-se de imediato um fenômeno em termos de adoração ou aversão. As feministas mais ferrenhas chegaram a colocá-lo no índice dos livros mais odiosos e seu personagem principal, o cínico e imoral Mickey Sabbath, considerado a epítome do porco chauvinista.

O judeu quase septuagenário Mickey Sabbath é um artista de fantoches aposentado apresentado ao leitor em plena crise existencial e decadência física e moral. Acompanhamos seu declínio graças ao talento para criar conflitos e buscar situações limites que o levem cada vez mais para baixo. Nesse caminho, ele vê seus pouquíssimos amigos morrendo e em alguns momentos temos a impressão de que este homem é um bólido desgovernado que só é capaz de sentir e causar amargor.

Ledo engano. Sabbath, contra todo seu instinto canalha, mantém forte melancolia com algumas pessoas: o irmão mais velho, herói aviador abatido pelos japoneses na 2ª Guerra; a mãe, força da natureza e esteio da família, em demência senil após não superar a morte do filho. Após a morte da mãe, o pai de Sabbath segue o mesmo destino.

Sozinho, esse homem faz sua jornada rumo a um prometido, mas improvável suicídio. No caminho, conquistando prisão por indecência, demissão da Universidade por assédio sexual a uma aluna graças à férrea recusa em integrar uma sociedade onde há convenções e regras, Sabbath é incoercível seja pela lei, pelos costumes, pela moral ou pelo remorso. Trai, rouba, mente, subjuga, corrompe e estraga tudo à sua volta.

Mesmo atormentado pelos fantasmas do passado — em certos trechos há vários diálogos com a mãe morta (uma imagem extremamente judaica) — uma metáfora da sua solidão, ele vive cercado de mulheres com quem divide a sexualidade desregrada.

Mas Sabbath não é um personagem óbvio, um vilão raso, pois sob um olhar mais cuidadoso do leitor, exibe talvez um envergonhado verniz de ternura. Isso fica evidente na sua busca desesperada por um sentido final para sua vida após a morte de todos os seus parentes e mesmo após o câncer levar a sua amante, alguém tão importante para ele quanto foi a própria mãe.

Após Sabbath perder tudo e todos, já totalmente à deriva, Phillip Roth, como que emulando Machado de Assis ao defender seu Bentinho em Dom Casmurro, diz diretamente para o seu leitor: “Não seja tão duro com Sabbath, Leitor”. E defende seu protagonista a seguir, refletindo sobre qual homem resistiria a uma oferta sedutora, repetida várias vezes por uma moça com um terço da sua idade: “Nem o turbulento debate interior, nem a superabundância de autossubversão, nem os anos de leitura sobre a morte, nem a amarga experiência da aflição, da perda, da injustiça e da dor tornam mais fácil fazer bom uso dos seus miolos quando confrontado com uma oferta como aquela”.

Para o leitor brasileiro, sobretudo baiano, o livro reserva alguns momentos mais divertidos quando o protagonista relembra seu período de marinheiro, onde só lhe importava chegar a um porto qualquer para se deleitar nos prostíbulos do lugar. Sobre Salvador, Sabbath afirma que havia uma igreja e um bordel para cada dia do ano: “Lugar propício à imaginação, a Bahia” e recomenda a um dos poucos amigos deixar sua jovem filha virgem vir para cá: “Ela aprenderia muito mais sobre o texto criativo em um mês na Bahia do que em quatro anos na Universidade Brown”. E ao revirar as gavetas da moça e só encontrar objetos que denotam seu recato, o bruto sentencia sobre ela: “Você não sobreviveria cinco minutos na Bahia”.

Tudo bem que só li "O Teatro de Sabbath" este mês, mas estou sobrevivendo na Bahia há 55 anos. Não podem me acusar de recato!

site: https://www.blogger.com/blog/post/edit/32639542/2978380636489304284
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Ari 25/05/2020

Um dos livros mais depravados, e insanos que eu já li na vida! Incrível. Mickey Sabbath é dos homens mais asquerosos e humanos da literatura. Grande livro.
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LucasMiguel 18/09/2023

A morte e o gozo

La petite mort: expressão francesa que designa o instante seguinte ao orgasmo; aquele momento de extremo relaxamento após o ápice. A pequena morte.
A relação entre sexo e morte é antiga. Há, talvez, um elemento impregnado em todas os “homo sapiens sapiens” – aqueles que não somente sabem, mas sabem saber – acerca dos limites da existência: sabemos, sem que ninguém nos tenha ensinado, e mesmo preferindo não pensar no assunto ou nos afundarmos em esperanças religiosas, o princípio e o fim da existência. Sabemos, e somos assombrados e fascinados pelas fronteiras deste território que cerca o breve lampejo do nada anterior e do nada posterior. Seria esta, a tão buscada e discutida “natureza humana”. Seria só isto o homem?
O instante magnânimo e misterioso que antecede a morte provavelmente é o espelhamento do orgasmo e, por vezes e inconscientemente, somos atraídos pela morte por sabermos, no fundo, que antes de existirmos, não havia angústia, e o retorno a não existência, asséptica de sofrimento, só é possível na inexistência após a vida.
Sexo e morte. Sofrimento e redenção. Luz e sombra. Humanos, demasiado conflitantes. Eros e Tânatos.
A obra de Philip Roth trata, de forma brilhante e depravada, da humanidade em sua forma mais patética, ou seja, melancólica e humilhante, para se utilizar dos dois significados possíveis da palavra.
Mickey Sabbath é um judeu americano, artista de rua, que possui compulsão sexual que o levará à ruína, não sem antes arrastar todas as pessoas ao seu redor para o fundo negro e sem fundo de suas neuroses.
Talvez porque seu inconsciente assim determinasse, talvez porque a história exigisse uma metáfora, o manipulador Sabbath é um profissional dos fantoches, sendo certo que ninguém a sua volta ficará a salvo de seus dedos de titereiro. Nem mesmo o narrador que, não obstante seja impessoal, acaba sendo contaminado pelo personagem que por vezes “invade” a narração e engravida a voz onisciente de terceira pessoa com a asquerosa e devassa voz de Sabbath.
Mas o sexo não é a única obsessão do personagem: a morte corre em paralelo por todo o livro. Aliás, a morte em seus meandros mais cruéis: a morte da potência sexual, a morte dos afetos, a morte da saúde...e é precisamente por isso que o instrumento do titereiro, os dedos, estão em franco declínio pela ação do tempo e da artrite, assim como seu poder de manipulação, que padece de sofrida e patética ação do perverso Cronos.
Tal se apresenta na triste e cômica cena em que Sabbath tenta manipular Rosa, empregada doméstica, para que esta lhe preste agrados sexuais, cujo resultado atinge a apoteose do ridículo.
O teatro, notadamente de Shakespeare, é outro espectro que permeia toda a obra por ser o espelhamento da vida, e Sabbath se posta como diretor de uma tragédia cheia de som e fúria que é a sua vida, cuja catarse é sempre um gozo impuro e sádico.
Obras como A tempestade e sua reflexão sobre o “fim”, e Hamlet com seu dilema sobre o suicídio e a cena do cemitério reencenada, são obras cuidadosamente mimetizadas pelo romance.
Espectros, como o pai de Hamlet, também são personagens importantes da obra: o fantasma da mãe que aparece para assombrar as depravações do filho; o fantasma do irmão, morto na guerra e possível gatilho dos traumas; e as neuroses, verdadeiros espíritos malignos que assombram e instigam o idoso titereiro a dar cabo desta vida cujas decisões entre ser ou não ser se mostram cruelmente irremediáveis.
O alvo principal das manipulações de Mickey Sabbath são as mulheres, das quais opta pelas mais frágeis e instáveis, em sua maioria imigrantes: Rosa, Deborah, Michelle, Drenka, Roseanna, Nikki, Kathy...todas vítimas do Teatro de Sabbath.
“Manipular” talvez seja uma tentativa de ordenar o caos: imaginar a existência como uma sucessão de acasos imponderáveis, e imaginar o sofrimento como carente de qualquer reembolso ou sentido pode ser tão aniquilador quanto lutar contra nazistas a bordo de um b-25.
Criar um teatro para si mesmo, cujas ações possuem encadeamentos pré-imaginadas e sempre prenhes de sentido, pode se mostrar um acalento para uma mente narcísica que pouco se importa com o sofrimento de seus “atores” e “atrizes”.
Correndo o risco de ser acusado de estar sendo manipulado pelo personagem, a verdade é que tais manipulações poderiam ser justificadas frente ao grande Teatro da sociedade americana, afinal, Hellen, ao buscar defender Sabbath no tribunal, foi escancaradamente manipulada para que o personagem rebelde da grande comédia da vida fosse condenado por importunação sexual.
A vida em sociedade também cria suas regras e suas leis para imaginar haver ordem num mundo cuja Vontade desordenada e subterrânea opera inexoravelmente os destinos dos personagens que são, em essência, pulsões embaladas em ternos, vestidos e contratos com firma reconhecida.
Por fim, a solidão também assume um posto cativo na história. Não raras são as vezes em que a maldição da árvore do Conhecimento pesa sobre nossas cabeças e nos sentimos sós. Morremos sós da mesma forma que sempre vivemos sós. Temos apenas testemunhas próximas de nossa miséria e é talvez por isso que Sabbath e Drenka, sempre livres sexualmente, tenham sucumbido à tentação da monogamia e do ciúme ao encararem os frios e convidativos olhos da morte.
Deisi 18/09/2023minha estante
Qual foi seu livro favorito desse ano até agora?


LucasMiguel 18/09/2023minha estante
Nossa, difícil.

Este ano foi muito bom de leitura:

Lolita, Hamlet, Memórias do subsolo, O sol é para todos, Rei Lear e O teatro de Sabbath




Ludmila 09/04/2023

O livro tem seus altos e baixos, uma história bastante diferente e que, as vezes, incomoda um pouco. Mas gosto de ler coisas que me tirem da zona de conforto.
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Luiz Miranda 30/01/2021

Theatre of Pain
A década de 1990 foi o ápice de Philip Roth. O escritor arrebatou o National Book Award, Pulitzer e a National Medal of Arts, entre outros prêmios (menos "aquele"). O Teatro de Sabbath pertence a essa grande safra: acompanhamos aqui a trajetória do sessentão Mickey Sabbath, ex marinheiro, titereiro e libidinoso convicto. Provavelmente um dos personagens mais desagradáveis da história da literatura.

Nas mais de 500 páginas, Roth vira do avesso a vida desse bufão e do leque de personagens que teve a infelicidade de cruzar seu caminho. Longos diálogos vem entremeados por flashbacks onde vários dramas são intimamente dissecados. Um material pesado perturbador.

O livro é acima de tudo sobre sexo e morte. Então fique avisado que aqui tem sexo explícito e perversões que suponho só serem encontradas em livros hot. Casamento e velhice são também temas centrais da obra, tudo abordado sem concessões.

Um trabalho desconcertante de um Roth inspirado e com fome de escrita. Sabbath, um pesadelo politicamente incorreto em forma de sexagenário, é daqueles personagens que os leitores costumam confundir com o autor, e é bem sabido que por essas e outras Roth foi criticado e boicotado (especialmente "naquela" premiação sueca).

Ora, te parece correto ficar com raiva do ator quando ele interpreta um personagem odiável? Tem pessoas que detestam Roth pela misoginia/machismo/sexismo de alguns de seus personagens, mas o que sugerem essas críticas? Que a literatura seja composta por personagens moralmente aceitáveis? Isso é a morte da arte. Caso houvesse alguma ode a esse tipo de conduta seria outra história, mas o que temos são personagens decadentes frente a frente com as consequências de seus atos. A metralhadora Roth não poupa direita e esquerda. Leia e tire suas conclusões.

Não preciso recomendar o maior escritor da segunda metade do século 20, preciso?

4,5 estrelas
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Zeka.Sixx 14/07/2021

Loucura, devassidão, depravação...e um show de escrita
Lançado em 1995, este é talvez o livro mais polêmico do polêmico Philip Roth. O protagonista desse mastodonte - são mais de 500 páginas, em letra miúda - é Morris "Mickey" Sabbath, um artista de fantoches aposentado, de 64 anos, viciado em sexo e mentiroso compulsivo.

Sem trabalho, com as mãos deformadas por uma severa artrite, preso a um casamento fracassado, morando em uma cidadezinha gelada no norte dos EUA, Mickey tem como único escape o seu devasso caso extraconjugal com Drenka, uma imigrante croata, cinquentona, também casada e completamente insaciável na cama. Quando Mickey subitamente se vê sem a sua "parceira no crime", sua vida começa rapidamente a desabar por todos os lados e ele entra em uma espiral de loucura, questionando o próprio sentido de sua ignóbil existência.

Sabbath é certamente um dos protagonistas mais sórdidos da história da literatura. Como fazia em sua antiga profissão, o grande barato dele é justamente manipular todos à sua volta, como fantoches. O livro é recheado de passagens cruas, pornográficas - com direito a 7 ou 8 páginas só de transcrição de um chamada de sexo por telefone - refletindo muito bem a mente depravada de Mickey, que consegue enxergar coisas de cunho sexual em praticamente tudo. É coisa para deixar o velho Henry Miller - e este leitor e humilde escriba aqui - orgulhoso.

Talvez o único defeito do livro seja realmente a sua extensão; se tivesse umas cem páginas a menos, seria ainda mais sensacional, pois em algumas - poucas, é verdade - partes a leitura se torna um pouco arrastada. Mas Philip Roth dá uma aula de escrita: o nível de profundidade que ele consegue dar a seus personagens é algo de outro mundo. Um livro desafiador, mas cuja leitura é extremamente recompensadora.
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