thexanny 13/04/2024
Meu ano de descanso e relaxamento
Decidir dormir durante um ano inteiro, por que não? É o que a nossa protagonista decide fazer. Não nos é revelado o seu nome, mas sabemos que ela é loira, magra, rica e tem tudo o que uma mulher poderia querer. Porém, vive uma vida medíocre. Com pessoas que não gosta e que não gostam dela, com um emprego entediante e relações vazias. Além de ter perdido seus pais de forma trágica e não saber lidar com isso ou ter qualquer apoio emocional. Apesar de todos os bens materiais, nossa personagem é uma pessoa solitária. Mesmo tendo aquela uma “amiga” que é a única que mostra um interesse superficial nela, a personagem não se importa com ninguém ou com nada. A única relação romântica que é mostrada, é completamente carnal, baseada em carência e ego, por parte dos dois. É claro que está sofrendo e não sabe lidar com esse sofrimento. Em algum momento percebe que tudo é inútil e sem sentido, não porque as coisas realmente são, mas porque ela está em um contexto totalmente fútil e sem sentido maior. Assim não há como evitar cair em um buraco, sem perspectivas de sair.
Durante o livro percebemos que sua vontade de descansar por um ano não é totalmente por conta da preguiça, claramente ela tem problemas psicológicos e internos que não sabe lidar e espera que com esse um ano de descanso consiga resolver esses problemas. O que torna o livro mais angustiante é a personalidade dela. É difícil sentir compaixão ou solidariedade, até porque não há motivos aparentes para ela reclamar de sua vida. Ela é bonita e rica, tudo o que sua amiga, Reva, que será uma personagem com bastante destaque durante o livro, mais deseja. Para mim, o mais irritante em sua posição é o fato de achar que todos são fúteis, menos ela. De fato, ela está em um contexto onde as pessoas só demonstram se importar com coisas fúteis, mas ela também está inserida nesse contexto.
De qualquer forma, não é uma personagem simples ou fácil de explicar. Há conflitos internos e questões maiores que estão por trás desse um ano de sono. Mas, de alguma forma, a autora conseguiu desperdiçar a oportunidade para uma reflexão do leitor ou da própria personagem. Não consegui ver o desenvolvimento de camadas mais profundas em cima do enredo. Além é claro, desse enorme vazio que a modernidade nos traz, mas mesmo assim, sinto que percebi isso por mim mesma e que, talvez, essa nem fosse a intenção da autora.
Tudo isso para dizer que, no geral, eu gostei do livro, mas parece que faltou algo. Não sei se foi o final que me deu essa sensação de “tudo isso pra nada?”. Não senti nenhuma mudança interna ou externa da personagem, além de uma alienação do mundo e de si própria que, no fim das contas, trouxe uma morte em vida. É um livro peculiar, não há como negar. Interessante, porém o desenvolvimento não foi dos melhores.