Erika Neves.1 06/12/2022Sinceramente não consegui entender o pq de tantas pessoas não terem gostado desse livro e da sua nota baixa aqui no Skoob. Sem querer falar mal, mas já falando, eu acho que as pessoas estão tão acostumadas com a mediocridade das Collen Hover da vida, e seus plot twist mirabolantes tirados das profundezas do meio do cool, que simplesmente não conseguem apreciar uma história simples, sobre a vida de 3 mulheres sem nada de especial. Pq assim, é a vida. muita vezes (na maioria das vezes, eu me atrevo a dizer) não acontecem altas reviravoltas incríveis na vida de ninguém. Vc apenas vai vivendo a sua vida, e é isso!
No livro acompanhamos a história de 3 mulheres diferentes em épocas diferentes. Amisa cuja história se passa em 1978, Szu em 2003, e Circe, em 2020. Amisa é a mãe de Szu, e Circe é a melhor amiga da menina.
Amisa foi a estrela de um filme B de terror, e uma mulher que desde muito nova tinha uma beleza estonteante, e continuou sendo extremamente bonita mesmo depois dos 40. O que dificultou seu relacionamento com a filha Szu, que não chegava nem perto de ter a beleza da mãe. Em 2003, acompanhamos Szu e o inicio de sua amizade com Circe, que começa absolutamente por acaso, e demonstra ser bastante tóxica, já que Circe é bem egoísta.
Já em 2020, acompanhamos Circe adulta, tendo que preparar uma campanha nas redes sociais para o remake de “Ponti”, o filme B estrelado por Amisa, fazendo com que ela comece a lembrar o tempo que era amiga de Szu.
As personagens desse livro me deixaram completamente envolvida, pela forma como as mesmas são desenvolvidas e sobre todas as reflexões que de forma melancólica, a autora nos coloca. Em nenhum momento ela tenta esconder os defeitos de cada uma delas e admito que elas são difíceis de gostar, especialmente Circe, que demonstra ser uma amiga falsa é extremamente tóxica. Incapaz de apoiar Szu, no momento mais difícil de sua vida.
No meu entendimento a maior reflexão e lição que podemos tirar do livro é de como o tempo passa de uma forma tão rápida e imparável, que quando nos damos conta, já se passaram 10 anos e vc simplesmente não percebeu. A solidão tb é mostrada de uma forma bem profunda. Amisa com sua beleza, que fascina e afasta as pessoas. Szu, com sua feiura e esquisitice, e Circe em seu casamento fracassado. Todos são exemplos de solidão.
A escrita da autora é extremamente agradável, e fluida, apesar de em alguns momentos ela ser muito escatológica, e com algumas passagens bem nojentas que considerei desnecessárias. Mas ao mesmo tempo, ela é muito envolvente e cativante. Além disso, as suas descrições de Singapura são tão assustadoramente vívidas, que em determinados momentos eu quase consegui sentir o cheiro das ruas ou das comidas que ela estava descrevendo. E por falar em Singapura, definitivamente ela é a quarta personagem desse livro, que tb vai evoluindo com o passar dos anos. Da extrema pobreza dos anos 70 até a metrópole super moderna dos anos 2020.
De um modo geral, esse livro faz refletir sobre solidão, luto, amizades desfeitas, sonhos não realizados, principalmente sobre o tempo e como ele passa rápido. Recomendo bastante, a não ser que vc seja fã da “maravilhosa” Co-Ho e suas reviravoltas patéticas. Se for esse o caso, fique longe!