Sparr 28/09/2023
Por mais Uhtreds no mundo...
Algumas pessoas reclamando da fórmula do senhor Bernard Cornwell de fazer a história quebrar-se no tempo, mas eu simplesmente adorei o que ele fez neste volume.
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Ele não apenas mostra a lentidão com que as coisas se desenrolavam no Reino de Wessex, como bem mostrou o quanto Eduardo e sua corja eram completamente filhos da p#t@ em suas conduções de aliança e jogos para manter o trono e o sonho da nação unificada. Para além disso, Bernard usa Uhtred para mostrar o quanto os noruegueses, guiados pela promessa de prestígio, reputação e riquezas, estavam dispostos a derrubar reis e passarem por cima dos seus iguais.
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A narrativa mostra como a consolidação da fé cristã por meio da guerra, acabou por fazer um grande apagamento dos costumes e ritos pagãos. Ele também mostrou que o homem obrigado a abandonar suas crenças, reza a Jesus na cara de seu senhor, mas beija o martelo de Tor e pede proteção a Odin em seu coração. Ele apresenta a expertise religiosa do sincretismo para fazer os mais jovens acreditarem no Deus Cristão. Os mais humildes, aqueles para quem seguir ordens é questão de sobrevivência, abandonavam suas antigas percepções para serem abraçados nessa nova ideologia, por medo e por sobrevivência. Isso me deu até embrulho no estômago, mas as coisas são o que são.
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Sobre Uhtred, vi um senhor da guerra mais cansado, mais emotivo, mais feroz e temível, também mais esperto e contido. Chorei com ele em alguns momentos, torci por ele em tantos outros e o vi ser usado pelos deuses, nas mãos hábeis do senhor Bernard.
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Fiquei muito satisfeita com a construção desse arco. A história é o que é, tal qual o destino. Nem sempre satisfará a todos. Como eu abraço o que me vem, adorei passar por essa fase do lobo.