Inspirada por Livros 22/05/2019
Depois de me apaixonar por A Fenix de Fabergê e o Despertar de Baba Yaga, finalmente pude conhecer a história de Katyusha, a deusa de gelo que adora motovelocidade e já participou de alguns números no globo da morte no circo de seu primo Aleksey.
Por já ter lido os dois primeiros livros anteriormente, já conhecia a personagem e tinha vontade de saber mais sobre a sua história. Eis que a Cassandra Gia resolve se aventurar a escrever sozinha e consegue fazer um excelente trabalho, não só por sua escrita bem diferenciada daquela que vimos nos dois primeiros livros, e que não desagrada em nada, mas também por ter conseguido me prender do início ao fim.
O livro é escrito em primeira pessoa, mostrando o ponto de vista de vários personagens, com uma escrita que flui e, sem que se percebesse, entrei madrugada a dentro, tentando terminar o livro. Quem nunca, né?
A linguagem é adequada ao ambiente em que se passa a história, com várias expressões em russo, assim como nos livros anteriores, mas também há expressões em francês e em espanhol, terminando de dar aquele nó na nossa língua. Mais uma vez, me peguei tentando dar entonação as palavras em russo, para a gargalhada da minha família.
A trama tem muita ação e romance, com momentos que te levará a chorar, a rir e a querer bater na autora, mas esta continua intacta, apesar das ameaças pelo WhatsApp.
O livro fala de Katyusha Petrovna Markova, uma jovem russa, Irmã de Micha e prima de Aleksei, personagem principal de A Fenix de Fabergê. Ela é sócia do irmão e do primo na Markov's, empresa especializada em criar motos personalizaras para circuitos de motovelocidade, sua grande paixão. Ela é conhecida como dama do gelo nas pistas, por sua frieza e por não se relacionar com ninguém. Ela é quase uma kamikaze pois gosta de correr no limite da capacidade de sua moto, o que ela faz por prazer e não para pontuar na categoria em que corre.
Por essa e outras loucuras, ela chama a atenção de dois pilotos amigos. Estevan Ávila y Toledo é um espanhol vindo de uma família esnobe e cheia de preconceitos. Herdeiro de uma cadeia de instituições financeiras, pensa em largar a corrida em breve para administrar a fortuna dos pais. Já Philippe Lefebvre Rothschild é um francês filho de uma família nada tradicional. Tendo dois pais e uma mãe, artistas e boêmios, ele não tem preconceito algum e nem liga para as regras da sociedade. Ambos cresceram juntos e desenvolveram uma amizade muito forte. Mas, quando se trata de Katyusha, que gera fortes emoções em ambos, essa amizade poderá ser abalada quando ela se declarar, ou eles encontrarão algum meio de solucionar a situação?
O que ninguém sabe é o motivo pelo qual ela mantém as pessoas afastadas. E quando um inimigo do passado surge para fazê-la pensar em desistir de tudo, ela tem uma saída brilhante para resolver a situação. E a chegada de mais alguém neste história vai abalar todos os corações, inclusive o dos leitores.
Apesar de já ter tido uma ideia do que viria, por já ter lido sobre a personagem Katyusha nos livros anteriores, nada do que previ, aconteceu. A autora conseguiu me surpreender em vários pontos da historia, principalmente da metade para o final, o que não influenciou na aprovação do livro.
Um dos pontos fortes do livro é quando a autora traz o assunto sobre a romantização de mafioso. Ela dá uma cutucada em tudo quanto vilão que você já leu. Desde o motivo pelo qual ele virou vilão e/ou criminoso, até pelo fato dele se redimir. Geralmente o personagem faz as maiores atrocidades e, mesmo que o livro não cite, sabemos que pelo ramo de atividade, ele faz de tudo e um pouco mais. Porem, acaba sendo o pobre coitado que foi abandonado pela família, vendido e/ou abusado para motivar tudo que faz. A autora faz uma brilhante comparação entre os mafiosos russos e os traficantes brasileiros. Leia e pare para pensar a respeito.
Uma excelente dica de leitura. E, se possível, leia também A Fênix de Fabergê e O Despertar de Baba Yaga, ambos de autoria de Sue Hecker e Cassandra Gia.