spoiler visualizarSerah fantasy 28/11/2019
Viver, superar e renascer...
O livro trata-se de um diário de vivencia da vida real de uma mulher que aos 26 anos de idade foi diagnosticada com um nódulo no seio de exatamente 6 cm e agressivo, em outras palavras foi diagnosticada com câncer de mama.
Tudo começa com nossa querida personagem principal/autora Camila, uma moça bonita, de alto conhecimento cultural por conhecer vários países diferentes, fala alguns idiomas e que ama sobre tudo a sua terra natal, mas que por encontros do destino se encontra casada com um homem que não exatamente a faz feliz, que pensa muito mais em si mesmo do que no próximo (incluindo a esposa) mas que por ela viver em uma bela ilusão acredita que ele poderia ser melhor e quem sabe iria mudar, foi através desse acumulo de experiencias ruins vividas que a leva a crer fielmente que o motivo principal do câncer se desenvolver foi toda a negatividade que o seu casamento transbordava para si, e por que não seria por esse motivo não é mesmo? Em diversas situações do livro ela se descreve como uma pessoa que gosta de exercícios físicos e que pratica diariamente, bem como sempre teve uma alimentação saudável, então por que ela? Essa pergunta que ela faz para si mesma vem como resposta através das experiencias vividas com esse cujo dito marido e que o estresse acumulado fez com que se desenvolvesse esse nódulo, isso teoricamente falando, metaforicamente eu diria que foi mais como uma etapa de vida imposta a ela para que ela tivesse que superar para finalmente florescer.
No período do diagnostico ela se encontra muito ansiosa pois nesse meio tempo varias coisas podem passar na mente de uma pessoa que tem suspeita de câncer, como a morte, o medo do estado de saúde, o medo de ver os sonhos se destruírem, enfim...tudo aquilo que se planeja pode se destruir com uma simples noticia, com o diagnostico concluído onde vemos que ela se encontra como um caso muito raro, pois 99% dos casos o nódulo vem a ser benigno por sua idade juvenil mas que por algum motivo ela se encontra nos 1% de porte maligno, então ela orou de modo que sempre, sempre fosse feito pela vontade de Deus, independente do resultado final ela sempre estaria agradecida.
Antes do inicio do tratamento é realizado uma pequena cirurgia onde é colocado um cateter no tórax para que facilite a entrada do medicamento da quimioterapia, esse cateter é desanimador para ela, pois recebe a noticia que terá de permanecer com ele não só ate o fim do tratamento, mas também no período de 5 anos que é onde ira ser mostrado se o câncer pode voltar ou não. Nesse meio tempo o marido permanece ausente tanto na mini cirurgia como na primeira quimioterapia, isso causa muito desanimo a ela, e eu entendo isso pois o seu relacionamento deveria ser o seu porto seguro, não apenas viagens que podem ser desmarcadas facilmente na hora que quiser, a partir desse momento ela toma uma decisão:
"como quase tudo nessa vida é questão de decisão, decido que não me tornarei uma pessoa pior, amarga ou cabisbaixa, independente do que me aconteça. Não importa quantas provocações eu tenha de suportar, estou decidida a não me mal dizer por nada que venha pela frente. Podem os cabelos cair, as mamas serem amputadas, as decepções serem grandes, o desamor me procurar, o mal-estar ser enorme, não me importo: o meu riso não irá embora. Isso está decidido."(MOURA, 2019 Pag.39.)
E assim começa toda a jornada de tratamento até a cura do câncer.
Algo que acho muito admirável em diversos momentos do livro é a sua relação com Deus, ela orou e pediu não de forma obvia a cura, pois independente se a cura viesse sim ou não ela permaneceria sendo uma pessoa grata e resiliente, seu maior desejo foi apenas que ?seja leve? ser leve para que ela possa suportar a dor, ser leve para aceitar tudo o que virá em seu caminho, tudo isso foi sua escolha de vida, ela escolheu ser assim como iremos ver mais pra frente.
A principio ela possui duas escolhas de onde ela pode realizar o tratamento na clinica, o primeiro é o ambulatório com cadeiras uma do lado da outra e a segunda opção seria alugar um quarto próprio, porem com um grande desejo de encontrar possíveis amizades que possam conversar, transmitir, sentir todos os sentidos que ela gostaria de saber e compartilhar com pessoas que estão passando pela mesmo tratamento, ela escolhe o ambulatório onde infelizmente se mostra muito frustrante pois a ultima coisa que ela poderia esperar a vir receber naquele ambiente seria de fato reconfortante, é frio e triste, o que me abre um questionamento: porque não é trabalho a caracterização desses ambientes? Porque não fazer desse ambiente um local acolhedor e reconfortante? É onde uma pessoa com câncer ira passar um dos piores momentos de sua vida, então por que não amenizar a situação? Acredito que a psico-oncologia trabalha na saúde mental dos pacientes oncológicos e isso é de fato muito bom, mas podemos ir além, buscar maneiras de trazer alegria tanto no ambiente do tratamento como para as pessoas seria o primeiro passo.
Assim começa sua primeira de 16 sessões de quimioterapia, ao final da primeira é de fato angustiante pensar que ainda faltam 15 sessões mas Camila se sente bem, pois assim pode pensar que a doença já esteve mais longe, na segunda sessão passa a existir a quimiofolia onde todos os seus amigos se reúnem para acompanhar o tratamento, é bonito observar todo o apoio que Camila possui e isso me faz pensar, será que com todos os outros pacientes são assim? Acredito que não, pois existem muitas pessoas que infelizmente são ?sozinhas? no mundo, no sentido de não possuir apoio familiar ou social, acredito que a psico-oncologia poderia trabalhar em cima disso, principalmente através das rodas de conversa na tentativa de aproximar esses pacientes e ajudar os que se sentem tão solitários, nesse momento toda ajuda é importante.
Natal e ano novo passaram e Camila está um pouco mais fraca, porém segue firme e acima de tudo muito grata, gratidão pela vida, gratidão pelos amigos e família, gratidão pelo bom Deus que a está deixando leve de diversas maneiras para suportar tudo.
"Eu tenho um tumor, mas não luto sozinha. Eu tenho um diagnostico, mas eles imploram pela minha cura. Quando sabemos que somos amados, passamos a ter certa responsabilidade por aqueles que nos amam. Seria ingratidão se agíssemos diferente" (MOURA, 2019, pág. 78.)
Um fato interessante durante as sessões
que quimioterapia de Camila, é que seus cabelos não começaram a cair, depois de 3 sessões no máximo já é ?pré-determinado? que eles caem segundo o relato de outros pacientes, os dela ainda estão firme e forte durante boa parte das sessões, talvez tenha sido como ela mesma descreveu pela rotina de tomar banho em agua bem gelada para manter os poros do couro cabeludo fechado, mas como nem tudo é belo ainda mais dentro de uma luta contra o câncer, depois da 13° sessão primeiro seus cílios caem e por fim tufos de cabelo começa a cair, sua esperança de vida desmorona um pouco e sua auto estima baixa de imediato, mas o que seria dela se não fosses suas amigas não é mesmo? Pois todas elas em sinal de força e companheirismo resolveram cortar o cabelo curto para demonstrar que independente do q acontecesse elas estariam com ela, o quão forte isso não foi pra ela? A força e alegria de viver retorna pelo simples fato de que ela possui grandes pessoas que sempre irão apoia-la e aceita-la, os laços da amizade são realmente muito forte, quando verdadeiros.
Ao final da quimioterapia Camila já estava bastante cansada mas ainda muito grata e feliz por finalmente ter terminado, a jornada ainda é longa pois ainda tem a mastectomia e as sessões de radioterapias, porém ela está ainda mais grata pela vida e resiliente, ela fez de todos esses eventos algo bom para si mesma, apesar de todas as agressões vividas, passou a amar ainda mais sua ancora que foi Deus e grata por todos que a ajudaram de alguma forma, como retribuição ela entregou potinhos secos de iogurte calórico que ela teve que tomar no tratamento, pintados e ornamentados com flores para seus familiares, amigos e pacientes que passaram pelo mesmo diagnostico.
A mastectomia foi um momento extremamente complicado de sua vida, foi um adeus para parte de sua vaidade feminina, um seio apesar de não ter tanta importância além da amamentação é para a mulher um símbolo de feminilidade e para ela é algo importante, assim como para a maioria das mulheres, apesar da retirada ela aceitou e permaneceu grata, e agradeceu por fim ter esperanças de fazer uma cirurgia estética no seio na tentativa de voltar a ser como era antes da doença, pelo menos esteticamente falando.
A primeira sessão de radioterapia foi complicado, não pelo tratamento em si mas pela falta de empatia dos profissionais da saúde, nas sessões de quimio. Ela sempre foi bem recebida e muito bem tratada, por que na radioterapia seria diferente? Infelizmente foi o que aconteceu, o descaso com os pacientes é algo terrível mas que encontrado facilmente dentro do ambiente hospitalar, ela passou a ser bem tratada depois de reclamar com a enfermeira-chefe, mas infelizmente só ela acabou recebendo esse ?privilegio? o que não causou exatamente o efeito necessário de que todos os pacientes merecem ser tratados iguais, pois todos ali são iguais.
Enfim, Camila hoje está bem e oficialmente curada do câncer, fez cirurgias plásticas para reconstruir o seio, casou novamente, escreveu este livro e é muito feliz! grata por todos as etapas de dor que foi submetida e feliz por superar cada uma delas com amor, simplicidade e resiliência.
Para finalizar, posso enfim declarar que foi uma leitura muito enriquecedora, me fez pensar em diversos momentos da minha vida em que não fui grata, pequenas coisas que valem tanto a pena e que infelizmente passam reto em nossas vidas, depois dessa leitura percebo o quão importante é dar valor a vida e as grandes e pequenas conquistas, seja fazer uma pequena caminhada e ficar feliz ao final do percurso por ser capaz de enfim termina-lo, ou seja por me formar em psicologia, seja grato sempre, se ame, ame a todos, mas acima de tudo ame poder estar viva.