Thainá - @osonharliterario 31/07/2019O folclore brasileiro está de volta!O livro é composto por 15 contos que se intercalam entre suspense e terror, todos escritos por autores e autoras nacionais. Mas para não me estender sobre todas as histórias e estragar a surpresa do desconhecido, irei comentar apenas sobre os meus cinco contos favoritos, aqueles que mais me deixaram apreensiva e roendo as unhas.
Névoa Branca, de Igor Moraes:
Sendo a descrição de um vídeo gravado pelo Dr. Vicente Góis, esse conto narra a experiência e a crença do Dr. perante o que ele viu no sítio arqueológico de Iracema e os acontecimentos em Minas Gerais, durante o ano de 2015, que se antecederam a isso. Os índios, também chamados como Névoa Branca, estão envolvidos em ambos os momentos, tornando-se assim os principais suspeitos das catástrofes. Além da narração, que me envolveu de uma maneira singular, a própria história me pegou desprevenida, sendo a primeira da antologia que me fez suar de apreensão e ficar curiosa para saber como tudo iria terminar.
A Lenda de Teiniaguá, de Márcia Medeiros:
Nesse a narradora irá compartilhar conosco uma lenda que seu avô lhe contava quando ainda era criança, a lenda de Teiniaguá. Essa lenda conta a história de uma salamandra em corpo de mulher que seduziu um sacristão e depois o conduziu a morte. É um conto estranho que mistura horror com religião, nos conduzindo assim a um jogo de sedução e morte.
Pecado, de John Elton:
Nesse conto uma jovem se apaixona por um padre e comete o pecado de se entregar sexualmente para ele. Quando revela ao homem – também considerado como santo – que está grávida, desperta nele uma reação inesperada e mortal. O problema é que a vingança está logo ali, e essa ação horrorosa do padre não ficará impune, sendo assim marcado e fadado à morte. Nessa história há a presença da mula sem cabeça, algo que me impressionou e me fez gostar ainda mais do conto.
Maus Presságios, de Bruna Corrêa:
Um grupo de amigos decide ir até uma floresta perto de uma cachoeira para assim conseguirem ver no céu limpo o eclipse lunar. Conversa vai, conversa vem, o grupo acaba por começar a contar histórias de terror ao redor da fogueira, um momento aparentemente propício para isso. Entretanto um deles consegue manter a atenção dos demais ao contar uma lenda sobre o demônio da floresta. Acredito que esse seja o meu conto preferido da antologia, já que mistura horror, sangue e brutalidade de uma forma única. Há apreensão, medo e clímax, tudo de uma maneira que cada característica se mescla e se complementa. Fiquei curiosa para ler mais coisas da autora.
Asas de Morcego, de Fernanda Miranda:
Guandira, uma cunhã-morcega, auxilia os deuses Tupã e Cy a manterem o equilíbrio na Terra e a salvarem os animais da floresta. Para isso – e para manter a alimentação em dia – a guardiã precisa matar os homens brancos que são maus para as índias e para a natureza. Tanto a mitologia como também a própria criatura feminina me chamaram bastante atenção, me deixando curiosa para saber mais sobre essa lenda em si. Eu também adorei as motivações da personagem e gostei de vê-la combatendo a maldade humana.
Um ponto que me chamou a atenção – e que apareceu na maioria dos contos – foi a presença do embate entre o homem branco e os sobreviventes da natureza, sejam eles índios ou animais. A natureza se colocando de pé e lutando pelo seu habitat. Isso abre portas para inúmeros debates e faz também com que o próprio leitor se conscientize sobre o assunto, nos fazendo indagar sobre quem realmente é o verdadeiro vilão da história.
Quando a Lenda Ganha Vida é uma ótima pedida para aqueles que, assim como eu, querem ter um gostinho a mais sobre as lendas da nossa terra. Além de ser uma indicação certeira para os fãs do gênero suspense, também é uma ótima forma de se trabalhar o folclore brasileiro com adolescentes e adultos, seja em sala de aula ou em debates por aí.
Resenha completa no blog Sonhando Através de Palavras.
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https://sonhandoatravesdepalavras.com.br/2019/07/31/resenha-quando-a-lenda-ganha-vida-varios-autores/