Restauração

Restauração Rose Tremain




Resenhas - Restauração


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Luiza 04/11/2013

"Minha vida é uma ocorrência muito confusa" - (Merivel)
Fiquei curiosa para ler esta obra de Rose Tremain porque assisti, há muitos anos, o filme baseado no livro. O filme, estrelado por Robert Downey Jr., Sam Neill, Meg Ryan e Hugh Grant, levou o título de O OUTRO LADO DA NOBREZA e figura entre os meus preferidos.
Foi uma agradável surpresa constatar que o filme foi bem fiel ao livro...
Tremain conta a história de Robert Merivel, estudante de anatomia, que interrompe seus estudos para assumir uma posição na nova corte. Para usufruir das delícias do reino, primeiramente ele aceita o papel de bufão. Depois, torna-se noivo de fachada de Celia Clemence, a mais jovem das amantes do rei.
Rose Tremain não é uma autora conhecida no Brasil, o que é uma pena. Definitivamente, eu recomendo a leitura de suas obras!
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TRECHOS PREFERIDOS:

Os bobos, tais como te tornaste, e as cortesãs iguais a ela, depois de extinto o acicate da paixão e da folgança, sentem invariavelmente a lambada do látego na própria carne. (pg. 74)

É minha crença, embora fora de moda como sei que é, que todas as coisas, inclusive loucura, podem ser suscetíveis de cura. (pg. 79)

Me parece que tudo neste mundo está num estado de perplexo fluxo, mesmo os objetos inanimados, já que a luz derramada sobre eles muda, ou então o olho com que os percebemos ontem está hoje reformulando o que vê...
(pg. 94)

Cuidado para que o amor não se transforme em carência. (pg. 95)

Deus é o engenheiro de todos os sonhos. Ele preenche a mente que dorme com tudo aquilo que descuramos. (pg. 103)

Ele se esquecera como as mudanças ocorrem e o tempo passa no maior segredo. (pg. 130)

Minha vida é uma ocorrência muito confusa. (pg. 142)

Eu me sinto cansado até a alma. Tão cansado que sinto a dor do cansaço até no ânus. (p 144)

Existem muitos tipos e espécies de encantamentos nessa existência mortal, dos quais o medo é capaz de ser o mais terrível, e o amor o mais durável. (pg. 160)

A Primeira Lei do Cosmos é o caráter isolado de todas as coisas. Do mesmo modo que cada estrela ou planeta é completo em si mesmo e não está ligado a outro planeta ou estrela, assim também cada pessoa neste mundo permanece isolada e só, até mesmo na morte. Mas enquanto os planetas mantém a serenidade no seu isolamento, sabendo que qualquer colisão entre si haverá provavelmente de destruí-los e reduzi-los a pó, um grande número de indivíduos considera esse isolamento a coisa mais triste de sua existência e está sempre pondo esperança numa colisão em alguém que haverá de ocultá-lo de sua mente. A colisão e fatal porque transgride a Primeira Lei. Durante a colisão, o indivíduo é rachado ao meio e se transforma num gás ciumento, em insensível poeira... (pg. 170)

Essa é a razão pela qual ele não é popular. Ele não entendeu que a vida é uma quadrilha, que precisa tanto de passos para frente, quanto para trás. (pg. 171)

Ele é uma dessas pessoas medonhas e terrivelmente feias, mas cuja feiura parecemos esquecer no momento em que ele nos deixa, apenas para lembra-la com mais ênfase da próxima vez em que o vemos. (pg. 172)

A expectativa, estás vendo! A meretriz da razão! E ei-la a abraçar todos os nossos pescoços, n'est-ce pas?

A peste, como certa vez me lembraram, acorda os homens não só do sono, como também do esquecimento. Eles se lembram da morte. Eu também haveria de lembrar que a vida é breve, que a morte se insinua furtivamente nela tão certo quanto o anoitecer que cai agora em volta...

A partir de minha colorida e ruidosa barriga, você subia ao meu coração, que, embora ansiasse por variedade, também era a favor do ocultamento, e em seguida a meu cérebro, um lugar pequeno porém bonito, às vezes de luz e no entanto totalmente vazio. Pg. 188

Como a morte pode operar mudanças tão extraordinárias na reputação de uma pessoa, e como as pessoas se tornam depois de mortas tudo que queríamos elas fossem enquanto estavam vivas. Pg. 193

Minha cabeça, embora entupida de perguntas, não tinha resposta para nada. Como o mingau à minha frente, minha inteligência parecia estar esfriando. (pg. 194)

A coisa mais estranha sobre a dor do indivíduo é que o mundo, ignorando-a totalmente, se comporta como se ela não existisse, continuando a berrar e a se aplaudir, a zombar, a se exibir, a contar piadas e a cair na gargalhada. Pg. 194

Ele certa vez comparou minha vida "a uma amostra vagabunda de bordado, mostrando uma diversidade de pontos, mas compondo um quadro muito incoerente". Pg. 199

Nossa tarefa aqui é curar-te de tua infantilidade, do mesmo modo que estamos tentando curar os lunáticos de sua loucura. Porque o homem que existe em ti pode ser esplêndido... Eu percebi os contornos do homem - antes de te tornares criança - e é esse homem que havemos de restaurar para ti. Pg. 214

A maneira de eles lidarem com o conhecimento é uma maneira tranquila. Eles não avançam sobre ele, nem o devoram; incorporam-no lentamente como um remédio e deixam-no percorrer muito tempo sua corrente sanguínea antes de afirmar qualquer coisa sobre ele. Pg. 233

Percebi que o que detesto no mundo é que a alegria de um é com tanta frequência a dor de um terceiro. Pg 258

Eu nunca vi, nem ouvi, nem participei de coisa alguma como essa ocasião. E quando acabou, e nós paramos de tocar e enxugamos nossos rostos, senti por um átimo que eu não era apenas eu mesmo... mas espiritualmente unido a cada homem e mulher ali presentes, e queria fazer um círculo com meus braços e abraçá-los todos. Pg 261

Não vos impressiona, como algo terrível porém verdadeiro, que os homens nesta época e neste mundo fossem fazer fortuna por vários meios e possuam diversas moedas com as quais comerciar, enquanto as mulheres não têm senão uma, que é a moeda dos seus corpos, que quando gasta, fazem-nas todas, sejam nobres ou plebeias, depender da caridade de um mantenedor qualquer? Pg. 264

Muitos nessa nossa época nem sempre desejam saber a verdade sobre alguma coisa. E quando a verdade lhes é finamente revelada, não conseguem desmantelar toda a ficção que a recobre. Pg. 235

Contaram-nos que quando a peste entrava numa casa, todo mundo, menos o doente, a abandonava, com mães a abandonar filhos, os criados seus amos, as mulheres seus maridos, "de modo que centenas morrem sozinhos todo dia e, se não são achados, sua carne apodrece e é devorada pelos ratos, que voltam a carregar o germe para a rua, e o fedor dois cadáveres em certas partes da cidade é inimaginável. Pg 302
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Ladyce 16/05/2011

Desaponta
Um romance picaresco, na Inglaterra da época da Restauração. Repetitivo. Gostei muito de outros livros da autora, inclusive de Música e Silêncio que li faz uns 3 ou 4 anos. Mas esse me desapontou. Pode ser que eu não tenha lido no momento certo. Às vezes é isso que acontece... Já foi filme. Dizem que assisti ao filme, Também não consigo me lembrar dele. Talvez eu tenha um bloqueio com a história. Não sei... Nota entre 2 e 3, optei pelo 3, por boa vontade.
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