LuanaLopesEscritora 26/02/2021
"Nossos corações brincam de telefone sem fio."
A promessa que faço aos poemas do Matheus é a que irei lê-los de novo. Nada ali é esquecível. Em todas as páginas eu pude sentir como é o amor de diferentes olhos, com sabores e visões aguçadas, firmes e variadas. O amor, nesse livro, é ensinado como ele se mostra no mundo, finais felizes, ofensas, banalidades, corridas contra o tempo, saudades, mares e intensidades. É uma travessia entre histórias que, ora você imagina ser apenas do escritor e, ora você imagina que, para cada poema, ele perguntou a alguém diferente que passava na rua Chile ou que estava sentado vendo o pôr do sol na Cruz Caída. As estranhezas e miudezas de histórias agudas e surdas que ele traz em cada um de seus poemas nos transporta a tempos. Há a mescla de história, de prazer, de crença, de reflexão, de poesia e, arrisco, filosofia. Tido em todas as ciências e manias, o amor que Matheus Peleteiro transborda em cada limite precisava ser lido e repostado em todos os lugares que alcançam muitos pares de olhos (seguidores). A escrita única que nos transfere uma grande porcentagem de ambientação e sentimento que a gente se maravilha... Eu vi o amor unido, o tímido, o preciso, o urgente, de filho para mãe, de admirador para musa... É estranho, porque cada poema dá a nós uma propriedade de imaginação que nos surpreende. Eu vi medos, sonhos, ansiedades (nem sei se é possível colocar no plural), vi admiração ao desconhecido e medo ao conhecido, mas as admirações são a tudo. Vi como o tempo se despedaça e se constrói nas oportunidade de ser "um pré adolescente que sorria ao beijar pela primeira vez" ou a mulher que, dentro de uma calcinha de renda preta, começou a roncar. Cansaço, suponho. Vi também as dores do mundo e o olhar de um ponto distante, de quem sabia aproveitar e separar o que havia lá fora e o que podia acontecer lá dentro (do coração e do quarto, ou qualquer lugar na dimensão de espaço físico).
Vi Maria, José e as algemas.
Vi a silhueta que seduziu alguém de um dos poemas.
Vi verdades um pouco cruéis de um homem que disse que era mesmo pior do que todos os homens ditos "iguais".
Cada poema desse me fez sentir milhares de coisas diferentes, é um talento.
Se um dia não tiver quem leia, dedico o "Noite da repartição" de Drummond, aqueles objetos todos criariam vida para ler seus poemas.
Na tarefa quase impossível de destacar um trecho perfeito desse livro, vai este:
"tome cuidado com o amor dos intelectuais, seus corações dão ouvidos à razão e eles desconhecem o entusiasmo."