Negrinha

Negrinha Monteiro Lobato




Resenhas - Negrinha


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Kelly Oliveira Barbosa 26/06/2019

Monteiro Lobato era racista?
Ainda me lembro do dia em que uma amiga da família nos presenteou (eu e minha irmã) com uma coleção de livros do Monteiro Lobato. Eram de capa dura, grandes e pesados, repletos de ilustrações que nos faziam viajar pelas histórias por horas a fio.

Crescemos lendo Monteiro Lobato, um autor que escreveu para crianças de uma forma que nos encantava ao mesmo tempo em que ensinava a ler de verdade; pois apesar da linguagem infantil, as histórias (Reinações de Narizinho, Memórias da Emília, Caçadas de Pedrinho, O minotauro, O Saci, Viagem ao Céu… ) não eram simples – no sentido de não exigir raciocínio como vejo muito hoje tanto na literatura infantil, como nos desenhos animados -, eram convidativas ao mergulho em um rio de palavras e frases… parágrafos e mais parágrafos que nos levava até ao fundo cristalino da nossa própria imaginação.

A pergunta que fica para quem teve sua infância marcada pelo Sítio do Picapau Amarelo é: Será o que eu acharia daquelas histórias hoje? Algo que eu pretendo responder em breve (um breve de mineiro rs). Porém, antes, quero muito conhecer a literatura adulta do Monteiro Lobato. E é essa vontade que me trouxe até Negrinha.

Negrinha, publicado em 1920 em um livro de contos do autor, retrata o período histórico brasileiro pós-abolição dos escravos. Uma criada preta dá a luz a uma menina e falece tempos depois. A menina cresce ali, pelos cantos sem carinhos ou cuidados, na casa de uma senhora bem rígida. A coitada ao longo do conto sofre mais do que muitos de nós juntos em toda a vida, porém como só conhecia aquela realidade, achava tudo aquilo normal.

Normal, até que chegam naquela casa algumas meninas brancas, sobrinhas da Senhora, que trazem consigo um objeto muito estranho nunca visto pela menina sem nome ou a Negrinha: uma boneca.

Esse conto é uma das coisas mais tristes que já li, talvez pela sua própria brevidade – em não nos dar um espaço para respirar antes do próximo impacto. Uma ficção quase impossível de se ter como tal, já que ao ler, você sabe que muito provavelmente um ou mais episódios aconteceram de fato no Brasil naquela época. Uma narrativa incômoda e marcante, e não só pelo enredo e a personagem principal, mas pela forma como o autor a escreveu.

Nesse primeiro contato com sua literatura não infantil, senti Lobato frio e sarcástico, distante dos acontecimentos narrados por ele mesmo, mas será? Creio que não. Sua coragem de colocar no papel a situação degradante dos negros no Brasil mesmo após a abolição, revelam um coração se não comovido, ao menos indignado.

Há quem diga que o Monteiro Lobato era racista por causa de sua personagem, a preta Tia Nastácia e outros, mas eu particularmente nunca tive essa percepção, e Negrinha só me esclareceu, o quanto essas acusações são infundadas. O que o autor faz em sua obra é tecer tão bem ficção e realidade, fantasia e realismo, o social, ideal e, o real, que pode ser mal interpretado. Mas não importa, não perderá pelos críticos a sua força.

site: https://cafeebonslivros.blog/2018/03/09/eu-li-negrinha-de-monteiro-lobato/
Valério 26/06/2019minha estante
Excelente resenha. Não conhecia o livro e me comovi apenas ao ler sua resenha. Que dirá quando ler o livro.


Kelly Oliveira Barbosa 26/06/2019minha estante
Bondade sua Valério, mas leia sim. É imperdível!


Rebeca 26/06/2019minha estante
Antes eu tinha essa ideia de que talvez fosse exagero chamar o Lobato de racista (e, por coincidência, de autoria dele só li esse conto). Mas depois de ver o que ele pensava, eu mudei minha opinião drasticamente:

?Um dia se fará justiça ao Ku Klux Klan; tivéssemos uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos livres da peste da imprensa carioca -mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva.?

Pra mim não tem anacronismo que salve... E, sinceramente, não separo autor da obra, porque, pra mim, as ideias e ideais do sujeito se refletem no que ele produz. Acabei perdendo a vontade de ler "O Sítio do Pica-pau Amarelo". :(


Kelly Oliveira Barbosa 26/06/2019minha estante
Rebeca, entendo. Todavia, pelo que li do autor, não a obra completa ainda, tenho essa opinião. Algo a acrescentar talvez seria que, não podemos separar o autor do seu tempo.

Pelo sim ou não racista, o que posso afirmar, é que a obra é imperdível (falo como muito fã).


Rebeca 26/06/2019minha estante
A questão pra mim é: é muito mais que o tempo em que ele vivia, porque se pegarmos vários autores da mesma época, vemos a diferença gritante.

Entendo os fãs e acho que há espaço para uma leitura em que se faça essa separação escritor x obra, só não funciona pra mim.


EXPLOD 29/06/2019minha estante
Que maravilha ler essa resenha... ^^
Eu me faço a mesma pergunta: ?O que eu acharia daquelas histórias hoje?? Por isso eu também pretendo, algum dia, me aventurar na literatura ?adulta? dele.
Sobre a questão do racismo, eu também prefiro tirar as minhas próprias conclusões. ;)


Kelly Oliveira Barbosa 01/07/2019minha estante
Explod, você sempre tão ^^


Valério 01/07/2019minha estante
Li "Negrinha" ontem.
Quanta dor senti ao ler esse livro. Me é difícil ver Monteiro Lobato como racista após ler este livro, carregado com tanta sensibilidade ao narrar a sofrida vida de uma menina negra. Me parece irrazoável um homem racista se deter para escrever uma história tão triste, tão verossímil e, por isso mesmo, tão cruel. O propósito do livro me pareceu mostrar justamente o quanto somos iguais, apesar da diferença de tratamento que, principalmente naquela época, existia entre negros e brancos.
Um livro que provoca lágrimas, ira, inconformismo e nos fazer repensar a humanidade.
Se somos capazes de tal perversidade, do que não somos capazes para o mal?
Leitura tão curta e tão impactante, entra como uma das principais leituras de minha vida. Impossível terminar de ler e continuar sendo o que se era antes.
Obrigado pela indicação, Kelly.


Valério 01/07/2019minha estante
Correção: livreto, uma historieta de curta duração. Que poderia, inclusive, ter sido mais explorada pelo autor.


Kelly Oliveira Barbosa 01/07/2019minha estante
Oh Valério, você leu. Fico feliz em saber que gostou e muito me apegando as suas palavras. Agora então, você me compreende :)

Saiba que eu amo esse conto, só não marco como um dos meus preferidos por causa do trecho que Lobato define a mulher, você vai lembrar, termina mais ou menos assim: "Depois disso, está extinta a mulher." - preciso pensar mais sobre isso rs.

""...do que não somos capazes para o mal?"" - uma questão profunda não por desconhecermos a resposta.


Valério 01/07/2019minha estante
Oi, Kelly. Te compreendo, sim. E é necessário também nos inserirmos no contexto da época, o que acredito que fez bem.
Também notei, com pé atrás, a expressão. Mas não me ative tanto a isto. Estava por demais emocionado. Mas concordo que não ficou muito bem.
Obrigado mais uma vez por trazer o livro ao meu conhecimento.


EduardoCDias 26/06/2020minha estante
Cada vez que vejo alguém chamar ML de racista dou risada. Como algumas pessoas são ignorantes e chegam a ter orgulho disso!


Kelly Oliveira Barbosa 26/06/2020minha estante
Verdade Eduardo!




Valério 01/07/2019

Tragédia humana
Li "Negrinha" ontem.
Quanta dor senti ao ler esse livreto (curtinho, uma breve historieta). Lobato é por muitos acusado de ter sido racista. Mas me é difícil ver Monteiro Lobato como racista após ler este livro, carregado com tanta sensibilidade ao narrar a sofrida vida de uma menina negra. Me parece irrazoável um homem racista se deter para escrever uma história tão triste, tão verossímil e, por isso mesmo, tão cruel. O propósito do livro me pareceu mostrar justamente o quanto somos iguais, apesar da diferença de tratamento que, principalmente naquela época, existia entre negros e brancos.
Um livro que provoca lágrimas, ira, inconformismo e nos fazer repensar a humanidade.
Se somos capazes de tal perversidade, do que não somos capazes para o mal?
Leitura tão curta e tão impactante, entra como uma das principais leituras de minha vida. Impossível terminar de ler e continuar sendo o que se era antes.
Kelly Oliveira Barbosa 01/07/2019minha estante
Oh Valério, você leu. Fico feliz em saber que gostou e muito me apegando as suas palavras. Agora então, você me compreende :)

Saiba que eu amo esse conto, só não marco como um dos meus preferidos por causa do trecho que Lobato define a mulher, você vai lembrar, termina mais ou menos assim: "Depois disso, está extinta a mulher." - preciso pensar mais sobre isso rs.


Kelly Oliveira Barbosa 01/07/2019minha estante
""...do que não somos capazes para o mal?"" - uma questão profunda não por desconhecermos a resposta.


Valério 01/07/2019minha estante
Oi, Kelly. Te compreendo, sim. E é necessário também nos inserirmos no contexto da época, o que acredito que fez bem.
Também notei, com pé atrás, a expressão. Mas não me ative tanto a isto. Estava por demais emocionado. Mas concordo que não ficou muito bem.
Obrigado mais uma vez por trazer o livro ao meu conhecimento.


Madalena 02/08/2019minha estante
Parabéns pela resenha! Quem lê Lobato sabe que ele não era racista, o racismo era o que ele denunciava. Conhecer as figuras de linguagem e a escola literária a qual pertencia cada obra também nos ajuda a interpretar além de só compreender o texto.


Valério 02/08/2019minha estante
Obrigado pelos comentários, Madalena. Fico feliz que enxergue como eu também enxerguei. ? um indício que estou no caminho correto.


Madalena 02/08/2019minha estante
Com certeza estamos, pois lemos em vez de reproduzir ideias de quem leu um trecho fora de contexto. Tem um conto dele que chama "Quero ajudar o Brasil" que é maravilhoso também. E vamos lembrar que Lobato foi admirador e incentivador de Lima Barreto, coisa que Machado de Assis não foi... O analfabetismo funcional está querendo minar a nossa história e a nossa literatura.


Valério 02/08/2019minha estante
Muito bem dito.




Fernando Lafaiete 22/06/2017

Monteiro Lobato: Racista ou figura emblemática deturpada pela mídia?

Ler Monteiro Lobato é sempre uma experiência única; devido a sua escrita simples, poética e profunda. Nesta coletânea de contos, nos deparamos com histórias tristes, "assustadoras", engraçadas e algumas bem estranhas.

Monteiro Lobato foi um escritor polêmico simplesmente por ser considerado racista. Em estudos literários idealizados por críticos, constata-se que nas histórias de O Sítio do pica-pau amarelo, Lobato utilizou (e abusou) de mais de 60 termos pejorativos para se referir à uma das personagens mais querida deste clássico infantil; a tia Anastásia.

Em seu único romance o choque das Raças (posteriormente intitulado O presidente negro), Lobato passa dos limites e utiliza termos mais do que racistas em uma história onde os Norte Americanos elegem o primeiro presidente negro. Em um dos trechos, lobato se refere aos negros da seguinte forma:

“A mim chega repugnar o aspecto desses negros de pele branquicenta e cabelos carapinha. Dão-me a ideia de descascados”

Ao começar a ler essa famosa coletânea escrito pelo célebre escritor, já fui bem atento, esperando encontrar todo esse viés racista tão associado ao mesmo. E acreditem... o que eu encontrei foi exatamente o contrário. A presença de personagens negros nas histórias de Lobato, é algo comum, principalmente se levarmos em conta o período histórico em ele viveu. No famigerado conto Negrinha, que dá nome à esta coletânea, nos deparamos com uma história profundamente triste, sobre uma criança negra, órfã e ex-escrava que é criada pela sua "ex dona" (ou devemos dizer dona?). Essa criação é sustentada por maus tratos e por um ódio tremendo proveniente dessa senhora (a dona) que reforça a todo momento que aceitou criar esse "animal" por caridade. O conto possui uma forte crítica social, onde Monteiro Lobato reforça que tratarmos alguém diferente devido a sua cor de pele é algo inaceitável. O conto é famoso e considerado um clássico da literatura brasileira principalmente pela epifania presente em um momento chave da história, onde ambas as personagens (principalmente a protagonista), finalmente entende a sua posição social, e o quão cruel e injusto o mundo é.

Muitos críticos e leitores fãs da obra de Monteiro Lobato reforçam que tal conto coloca abaixo toda e qualquer possibilidade do autor ser racista. Pois com uma crítica tão forte e palpável como a que encontramos neste clássico, como podemos dizer que ele era racista e defensor da eugenia nazista?

Confesso que a maneira a qual o autor retrata os negros nos contos apresentados aqui, me deixaram pensativo. Pois encontrei uma forma narrativa bastante respeitosa e que vai totalmente contra o pensamento nazista de ser. Mas em contrapartida, o que dizer dos termos pejorativos utilizados pelo autor em O choque das Raças (o presidente Negro) e sobre a personagem Tia Anastásia? Devemos considerar suas história apenas como ficcionais e os termos apenas reflexo dos pensamentos dos personagens e não reflexo do pensamento do próprio autor? Se a resposta for sim... o que dizermos então da carta escrita por Lobato à Arthur Neiva em 1928 e que veio à tona em 2011, publicada na revista Bravo e posteriormente reproduzida pela revista Carta Capital, onde o autor diz o seguinte:

“País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Kux-Klan (sic), é país perdido para altos destinos […] Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca — mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”.

Eu ainda não tenho uma opinião final sobre tal assunto... Pois a leitura de Negrinha me deixou confuso e pensativo. Talvez o autor fosse de fato racista e ao longo do tempo foi mudando de opinião. Ou será que ele era racista e escreveu histórias com críticas à respeito do assunto apenas para conquistar uma nova gama de leitores? Eu passarei um bom tempo pensando sobre o assunto.

Agora sobre os outros contos do livro, devo dizer que alguns são excelentes como o próprio conto homônimo Negrinha. E devo destacar também os contos As fitas da vida (1920), Bugio Mosqueado (1920), O colocador de pronomes (1920) e Herdeiro de si mesmo (1939). Alguns contos possuem um clima de suspense/terror que provavelmente não causarão impacto nos leitores da nossa geração, mas ainda assim são divertidíssimos de serem lidos. Mas como todo livro de contos, este possui algumas histórias medianas, fracas e esquecíveis. Alguns possuem finais bem anti-climáticos que me deixaram cheio de perguntas e com a sensação de tempo perdido.

Todo o reflexo da época e questões políticas e sociais do Brasil são fortemente encontrados neste livro e sendo um livro bacana ou não, devo dizer que a leitura vale a pena. Ele passou longe de suprir as minhas expectativas; e em um determinado sentido, devo dizer que foi até decepcionante.

Se vocês não possuem interesse em ler essa obra (por inteira), devo reforçar que deveriam pelo menos ler o conto clássico Negrinha e se puderem leiam também os contos que eu destaquei... esses eu afirmo que valem bastante a pena!

Sendo racista ou não... Monteiro Lobato merece ser respeitado. Pois ele foi (e ainda é) um grande escritor que fez parte da infância de muitas pessoas. Além de ter formado uma grande gama de leitores, sendo eu um deles.

Não concordo com muitas opiniões expressas pelo escritor, mas devo dizer que cresci como leitor e aprendi a apreciar e criticar suas obras mesmo diante de tantas polêmicas. Ler um livro e "resenhá-lo" deve ser encarado como um desafio que vai muito além de simplesmente expressarmos nossas opiniões sobre alguma obra. Ler deve ser um processo divertido de aprendizado e reflexão. Exatamente por este motivo que afirmo que Monteiro Lobato foi um mestre; pois lê-lo sem aprender e sem refletir é algo praticamente impossível!
Thaís Damasceno 22/06/2017minha estante
Por muito tempo tive receio de ler obras do Monteiro Lobato, ainda não li, mas pretendo, exatamente para montar minha opinião sobre a obra, e poder refletir sobre esses pontos.


Fernando Lafaiete 22/06/2017minha estante
Leia mesmo Thaís... eu ainda não tenho uma opinião 100% sobre o autor como pessoa. Eu ainda vou refletir bastante sobre o fato dele ser ou não racista. Depois de ler algo dele, compartilhe sua opinião comigo... ;)


Thaís Damasceno 22/06/2017minha estante
Compartilho sim, pode deixar. Acho válido ler essas obras por diversos pontos, não só pra ter uma comparação sobre essas obras, sobre a época e sobre as questões sociais que foram levantadas depois de certo tempo.


Erick 28/12/2018minha estante
Dos livros do Sítio eu só li "O Poço do Visconde" e "A Chave do Tamanho" (e pretendo ler as demais obras do autor a partir do ano que vem com do Domínio Público) e "A Chave do Tamanho", num momento provavelmente inspirado no discurso do Chaplin em "O Grande Ditador", Emília faz uma grande crítica à guerra e a violência humana ao dar uma bronca no "Grande Ditador" encolhido...


Fernando Lafaiete 15/01/2019minha estante
Muito obrigado pelo comentário Erick. Eu também pretendo ler a obra completa do Monteiro, até para poder ter uma opinião ainda mais sólida sobre ele e sua polêmicas. Ainda não li os que citou, mas irei procurar. :)




Ingrid_mayara 04/07/2018

Excelente
Motivada pelo conto "Felicidade Clandestina", da Clarice Lispector, deixei de ler apenas excertos ou adaptações das obras de Monteiro Lobato e li As Reinações de Narizinho. Acho que o autor desperdiçou seu talento em escrever criando histórias inacreditavelmente racistas.

Hoje completa setenta anos que o autor faleceu, por isso me lembrei que sempre quis ler o conto Negrinha. Prefiro não me ater aqui ao enredo, pois é bem curtinho. Sendo assim, a única coisa que posso dizer, por enquanto, é que pude notar a irônica crítica à sociedade racista ao descrever uma personagem:

"Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora. Em suma, “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo. 'Ótima, a dona Inácia'...".

Embora eu tenha gostado de ler Negrinha, acho que o fato dessa obra ser irônica não reduz o fato de que há diversos indícios de racismo nas obras de Monteiro Lobato. Ele certamente contribuiu bastante com mitos e expressões racistas. Fico imaginando agora como seria se ele não tivesse publicado seus pensamentos, e que, provavelmente, se não fosse ele, seria outro a fazer o mesmo. Infelizmente.

site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
Thiago 04/07/2018minha estante
Esse conto é muito pungente.


Dan 17/08/2022minha estante
Um dos melhores contos de nossa literatura.




Alcarinquë 21/01/2009

A nossa Pequena Vendedora de Fósforos..
Li ondem este livro, e o conto Negrinha é sublime!!
Me lembrou o conto "A Pequena vendedora de Fósforos", do Andersen..
Chorei, chorei sim, com a história triste daquela pequena menina, que não sabia o que era brincar, e mal o soube..

As outras histórias também são cativantes, e mostram muito do nosso Brasil cafeeiro, de um tempo que muitos tem saudades, mas que tem tantas coisas tristes, cômicas e absurdas..como hoje em dia.
Priscila 01/04/2019minha estante
Também chorei muuuuito com esse conto. Chorei que passei vergonha dentro do metrô. Não contive as lágrimas.




Sara 09/10/2021

Dolorido
Eu já havia lido esse conto há alguns anos, para a faculdade. Naquele momento era óbvio pra mim que o texto se tratava de uma crítica a sociedade escravocrata da época, agora relendo depois de conhecer mais sobre monteiro lobato não consigo definir se o autor realmente visava realizar uma crítica ou se para ele foi um momento de diversão escrever tantos horrores aplicados a uma criança pobre e negra.
Bandeira5 09/10/2021minha estante
Mandei DM




Claire Scorzi 18/07/2010

Um escritor de muitos talentos
Monteiro Lobato e suas mil faces. Sua fama como autor de livros infantis - o primeiro exemplo de literatura infantil brasileira com uma cara própria, uma identidade própria - talvez tenha obscurecido suas capacidades como escritor para adultos. Aqui, temos o Lobato crítico social ("Negrinha", "O drama da geada", "Bugio mosqueado"), o Lobato sentimental e lírico ("Uma história de mil anos", "O jardineiro Timóteo"), e até um Lobato de ficção fantástica, beirando o terror: "Os Negros",habilmente lembrado por Heloísa Seixas no seu livro de contos do gênero, "Frenesi". Há ainda o Lobato que mescla esses variados lados com um pendor para a caricatura, ou a sátira, e mesmo o panfleto: ver contos como "O colocador de pronomes" e "A policitemia de D. Lindoca". Sem esquecer ainda "O Fisco", com seu início tão exato para retratar os subúrbios de toda metrópole (senti-me como se ele falasse dos subúrbios do meu município).
Enfim: muitos contos que merecem destaque. E que mereceriam ser mais divulgados.
Thiago275 04/05/2017minha estante
A Editora Globo, pelo selo biblioteca Azul, lançou a alguns anos os Contos Completos de Lobato. A princípio, a linguagem me assustou um pouco, mas quando dei por mim, estava mergulhado e maravilhado nas histórias que esse grande escritor contava. Realmente, só o conhecia pelo sítio, na qual passei muitos dias e dias na infância, mas os contos adultos do escritor me fazem pensar que ele é um dos grandes da literatura nacional.




Selma 13/01/2022

Que conto mais triste! Parte o coração só de imaginar uma criança passando por todas as humilhações e torturas que a pobre Negrinha passou.
cpreviatti 14/01/2022minha estante
Concordo?.




Gabi 14/12/2013

Analise Literária do Conto A Negrinha de Monteiro Lobato
O Autor
Monteiro é influenciado pelo racismo cientifico por um curto período de tempo, 1914 a 1918, mas logo muda para ideologia de sanitarista que questiona “como evoluir se há doenças?” preocupa-se com as epidemias e o estudo da vacina.Quando retorna de sua visita do E.U.A. volta com a idéia de Industria Pretoleira e Ciderurgica. E em suas cartas demonstra-se grande feminista relatando, admirado, a independência da mulher Norte Americana. A sociedade questionava “Como ser um país desenvolvido com tantos negros e místicos?” O pensamento era influenciado pelo racismo cientifico, conhecido na Europa como fardo do homem branco, ideologia a qual se defendia que a raça negra possuía a capacidade de pensar por motivos científicos analisado nos crânios.
A Obra
A técnica de escrita Lobatiana visa descrever social e psicologicamente através das apresentações para daí então desenvolver a trama. Em uma única palavra descreve a protagonista: Fusca, que quer dizer que parece negro; sombrio; triste. Esta palavra descreve a condição física, psicológica e social da personagem. Encontra-se, também, em sua escrita a influência Machadiana, pois a descrição psicológica das personagens, quando lemos a seguinte citação de Lobato “Olhos assustados” logo vem em mente a citação de Machado “Olhos de ressaca” de sua obra consagrada Dom Casmurro.
O mesmo período que Lobado escreve o conto A Negrinha surge a psicanálise, esta influência torrencialmente a escrita Lobatiana. A personagem adulta que com sua hipocrisia pessoal, que a faz uma casca, não deixa de estar também na condição de coisa, assim como negrinha. Quando o autor diz “pela primeira vez foi mulher”, vemos aí também, a personagem tinha tudo, mas não tinha nada; ideia antropológica de que o ser humano tem que se transformar humano.
A personagem Negrinha está como condição de coisa, mas depois do episódio da boneca não é mais a mesma, pois deixa a condição de coisa para ser humana. E uma vez que se torna humana não pode mais ser coisa. É quando brinca que se torna humana, pois vive na realidade tudo aquilo que era, para ela, só na imaginação. Então Negrinha não suporta e morre de melancolia, depressão.
Paulo Neto 25/12/2014minha estante
obrigado pelo spoiler




Mfarits 26/05/2021

Revolta
Chorei lendo esse livro.
?Assim foi - e essa consciência a matou?
Quando o oprimido entende que não é certo o que lhe foi imposto e ainda mais consegue sentir-se nem que por um momento breve, livre da opressão, já não pode mais viver na caixa a que foi imposto.
E a ?Excelente Dona Inácia?, me perdoe a expressão, mas essa ARROMBADA é o retrato fiel de quem acha que está realizando numa ?grande caridade? um ato de enorme nobreza, quando na verdade só quer amaciar seu ego. Acredito muito que em pequena escala, a gente pode ver muito isso no cotidiano.
Uma coisa que me encanta nesse livro é a realidade para com os sentimentos. Os nós dos dedos de Dona Inácia sentiram sim saudades, ainda que seja de um jeito diferente do que estamos habituados.
Revolta.
Mfarits 26/05/2021minha estante
Talvez eu tenha uma outra opinião também sobre esse conto.




Rach 19/02/2009

Negrinha e suas bonecas
livro de emocionar. Eu chorei, admito xD
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Karine 23/08/2010

A leitura em alguns momentos torna-se cansativa, no entanto contos como: Negrinha, Bugio Moqueado, Os Negros, A policitemia de Dona Lindoca, entre outros, tornam a obra digna de elogios, refletindo a inteligência do autor ao despertar pequenas surpresas no fim de cada conto lido.
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Likerlichiolive 03/04/2024

Racismo
Este conto é uma crítica à sociedade da época, que é personificada na Senhora, de péssima índole, mas muito apreciada. Acredito que este conto acrescenta muito na discussão sobre o racismo vindo de Monteiro Lobato que ganhou força nos últimos tempos. O conto é bem bom e vale muito a pena ler, ademais é tão curta e simples a história que resolvi não expô-la aqui
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Gláucia 31/10/2016

Negrinha - Monteiro Lobato
A primeira edição, de 1920 tem apenas 6 contos. Foram sendo adicionados outros e na quarta e definitiva, de 1946 temos 22. Os temas aqui são mais variados que nas outras duas coletâneas mas estão presentes assuntos abordados com frequência os textos do autor como por exemplo a questão do progresso e da forma como as pessoas da zona rural o encaram.
Um de meus contos preferidos pertence a esse volume: O Colocador de Pronomes. Também merecem destaque: A Policitemia de Dona Lindoca, Sorte Grande, Dona Expedita e Herdeiro de Si Mesmo.
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