Laços de família

Laços de família Clarice Lispector




Resenhas - Laços De Família


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Pedro3906 14/02/2024

Fraco e difamado
Me envergonho de publicar isto aqui porque simplesmente não há nada que possa fazer. Para preservar alguma lucidez, estou resenhando sem sequer preencher nota alguma, já que não entendi o livro. E a culpa é toda minha.

Lamentos dados, Laços de Família é ofensivo de tão bem escrito, ofende em cada crase precisamente colocada (a mim falta o conhecimento). A captação psicossocial emoldurada nos atos e fatos dos protagonistas expõe uma habilidade literária de construção intimista sem igual. Encucado, pesquisei na internet interpretações alheias do conto "O jantar" e, para poupar os esforços explicativos e possíveis acusações aos que não leram, é, como eu ia dizendo, o significado é: !!!!!!!!.

Agora faz um silêncio de cidade aqui em casa.

Curioso. Meus grifos vieram em ocasiões inválidas e terríveis de acusação e sofrimento. Destaco dois pontos do conto "O búfalo" que são o seguinte:

"Ela que poderia ter aproveitado o grito dos outros para dar seu urro de lamento, ela se esqueceu, ela só teve espanto".

"Levantou-se do banco [...] como se estivesse se sacudindo de um atropelamento. Embora ninguém prestasse atenção, [...] fazia o possível para que não percebessem que estava fraca e difamada, protegia com altivez os ossos quebrados".

Cito as presentes partes por acontecimentos recentes e artísticos os quais amolam bastante e não vou contar. Aderi a meu vocabulário uma infinidade de termos clariceanos tão comuns e simbólicos, cometendo o pecado, talvez, de florear a oratória, pecado condenado em absoluto por ela. "Difamada" é um deles.

Os olhos dela são profundos na contracapa.

O conto da galinha eu conheci através de uma grande amiga, memórias de guerra de minha vida nordestina: as galinhas de pescoço quebrado se retorcendo no quintal.

Mal-acostumado, admito, da escrita em seu processo de construção. A mim, que conheci Clarice setentona, absorver suas delicadezas advindas dos anos 1940-50 é uma tarefa nada fácil. Tratei de adiar a leitura de O lustre, não se preocupem. Para o começo, dor de cabeça; para o brilhantismo, a incompreensão humana.

E por quê não rir com Clarice? Que seja de desespero. "Ai que quarto suculento! ela se abanava no Brasil". Me foge em mente a história por trás do conto.

Dito tudo, e preparado para retaliações: preferi A via crucis.
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Boodvibes 14/02/2024

Laços de Família é um livro de contos maravilhoso, me imergiu às histórias de cada trama, me colocou diante da própria narrativa, profundo e intenso, emocionante. Amei.
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Mlluna 13/02/2024

O livro é bom mas apenas 02 contos me causaram a inquietação que achei que deveria sentir: ?a imitação da rosa? e ?preciosidade?.
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Pandora 10/02/2024

Janeiro foi um mês muito longo mesmo. Senti como se tivesse vivido um ano dentro de um mês, muita coisa aconteceu e tenho vontade de escrever sobre elas. Algumas escrevi a mão em meus cadernos e cabe transcrever, outras ficaram no mundo das ideias. Quero escrever aqui, mas não dou certeza. Certo mesmo é que quando o feriado de Carnaval aflorou no horizonte larguei minhas coisas em casa e vim para a casa dos meus pais com um livro de Clarice Lispector na bolsa e a escolha não foi aleatória, pensei mesmo no fato de um livro intitulado "Laços de Família" combinar muito bem com a decisão de passar esses dias com os meus e as minhas.

Apesar de meu primeiro contato com a escrita da Clarice ter acontecido há 23 anos atrás, "Perto do Coração Selvagem" era um título de livro absolutamente irresistível a curiosidade de uma menina de 15 anos, só me tornei verdadeiramente uma leitora dessa autora tão incrível após os 30. Não existe tempo errado para ler uma autora da grandeza de Clarice Lispector, no entanto, nada como a maturidade para ajudar no aprofundamento da compreensão da narrativa clariciana. Tem sido sensacional adentrar no mundo doméstico, sensível, humorado, luminoso, fugaz e sincero dessa autora.

Em "Laços de Família", nós adentramos no mundo familiar de algumas mulheres, homens e adolescentes da classe média do Rio de Janeiro. Somos convidadas a viver com essas pessoas momentos absolutamente corriqueiros que tranquilamente, quase imperceptivelmente vão avançando até chegar uma virada na qual ocorre o tudo e nada da epifania capaz de mudar tudo na forma como a pessoas existe e percebe a realidade.

O livro é uma coletânea de contos e em cada conto uma epifania grande ou pequena acontece transtornando os personagens e talvez quem ler também. A maior parte dos protagonistas são mulheres, porém também temos uma galinha como protagonista no divertido conto "Uma Galinha", em "Começos de uma fortuna" um rapazinho às voltas com seu primeiro encontro com uma namoradinho e "O crime do professor" tem um homem lidando com a culpa por uma decisão infeliz em relação ao cachorro da família.

Não se pode elencar nem mesmo um conto mais frágil nessa coletânea. TODOS são absurdamente IMPECÁVEIS! Esse livro é um presente para alma leitora, de ponta a ponta serve excelência, por derradeiro é um clássico da Literatura Brasileira por direito. Todavia os meus contos favoritos foram "Amor" no qual conhecemos Ana, uma dona de casa meticulosa na manutenção da ordem de seu lar que de repente é surpreendida pela grandeza da vida enquanto no bonde, ao voltar das compras, com os ovos quebrando dentro de uma bolsa de tricô. O tempo todo eu olhava a Ana e pensava: "Ana, vai viver Ana! Ana o mundo é maior que nossa casa Ana! A vida passa mais rápido que o bonde!". Quando a vida explodiu diante de Ana eu só queria estar ao lado dela e dizer: "VAI VIVER!"
"Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto - ela o abafava com mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido. Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar, cuidando do lar e da família à revelia deles. Quando voltasse era o fim da tarde e as crianças vindas do colégio exigiam-na. Assim chegaria a noite, com sua tranquila vibração. De manhã acordaria aureolada pelos calmos deveres. Encontrava os móveis de novo empoeirados e sujos, como se voltassem arrependidos. Quanto a ela mesma, fazia obscuramente parte das raízes negras e suaves do mundo. E alimentava anonimamente a vida. Estava bom assim. Assim ela o quisera e escolhera." ("Amor", pag. 19)
O conto que mais me despertou ternura foi "A imitação da rosa". Se pudesse entrar dentro de uma história e abraçar uma personagem, nesse momento, abraçaria Laura com ternura e afeto pois são absurdamente frágeis as estruturas capazes de sustentar a nossa conexão com a realidade e as suas demandas. Laura sentada em sua sala de estar, olhando o vaso de flores, ponderando sua vida. Laura tem todo meu amor e ternura.
"As rosas faziam-lhe falta. Haviam deixado um lugar claro dentro dela. Tira-se de uma mesa limpa um objeto e pela marca mais limpa que ficou então se vê que ao redor havia poeira. As rosas haviam deixado um lugar sem poeira e sem sono dentro dela. No seu coração, aquela rosa, que ao menos poderia ter tirado para si sem prejudicar ninguém no mundo, faltava. Como uma falta maior. (A imitação da rosa, pág. 47)
O conto "Preciosidade" é uma história de suspense muito bem escrita. Nesse conto, uma menina de 15 anos sai sozinha, ainda de madrugada, rumo à escola. Ela estuda longe, é preciso fazer uma pequena caminhada, pegar ônibus, pegar bonde. É absolutamente aflitivo estar com ela nesse caminho e, para nós mulheres, as explicações chegam a ser até desnecessárias. A vida de uma adolescente pode ser muito assustadora dentro de uma cidade. Mesmo hoje, quando nós mulheres já nos empoderamos tanto e de tantas formas, ser e estar no mundo não é fácil, imagine entre as décadas de 1940 e 1960?

Comentar um livro impecável como esse é um desafio, minha vontade é escrever um pouquinho sobre cada conto, sobre como ele coloca em alto relevos os sentimentos que preenchiam os silêncios das mulheres do século XX, sobre como mostram a vastidão do universo feminino, sobre como podem nos ajudar a perceber a capacidade do machismo de produzir homens medíocres, tacanhas, covardes, aproveitadores dos privilégios que as estruturas sociais os brindam para terem uma boa vida.

Não posso dizer que em "Laços de Família" Clarice emerge como uma feminista lutando pelos direitos femininos, mas eu certamente sou uma mulher feminista e me dói está diante de histórias escritas no século XX e perceber o quanto a ordem social das coisas sufocou aspirações, desejos e sonhos de mulheres com potencial incrível enquanto permitiu a homens brancos o privilégio de serem pessoas absolutamente medíocres e ainda assim bem sucedidas.

Os contos de Clarice Lispector são uma leitura capaz de nos apresentar o século XX, o tempo de nossas avós e avós, de uma forma muito sensível, honesta, aberta e lúdica. Ler essa autora magistral tem sido uma experiência maravilhosa, encantadora. A cada leitura me sinto cercada pelo sentimento de descoberta do mundo, não são poucos os momentos de epifanias e alumbramentos.


site: https://elfpandora.blogspot.com/2024/02/lacos-de-familia-de-clarice-lispector.html
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Marcelo 07/02/2024

Brilhante, como sempre!
Ler qualquer livro da Clarice Lispector é uma experiência excelente. Tanto faz se é o duro cotidiano de Macabéa em "A Hora da Estrela" ou o fluxo de consciência de "Água Viva". A autora sempre deixa uma marca profunda no leitor. Não dá para passar ileso à sua obra.
Não é diferente com "Laços de Família", até porque Clarice tem um domínio do formato conto incomparável. As histórias aqui reunidas, em geral, têm como pano de fundo a vida de mulher de classe média carioca. Cheio de reflexões e provocações, o livro muitas devem deixa o leitor impactado com coisas absolutamente banais do cotidiano.
Meu contos preferidos são "Feliz aniversário", "Preciosidade" e "O crime do professor de matemática ".
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bel333 05/02/2024

No início eu não estava entendendo até ver q cada capítulo era uma história independente. é um livro sobre histórias, mas ele descreve mais o sentimento e os pensamentos dos personagens do q falas. gostaria de saber disso antes de começar a ler o livro.
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Sol 04/02/2024

Estranhamento.
Essa é a palavra que fica depois de ler pela primeira um livro inteiro da Clarice: estranhamento. As reflexões levantadas pelos narradores dos contos são muitas vezes desconfortáveis e profundas. A Clarice tem um primo inegável quanto às descrições psicológicas, visuais e etc. Ela consegue encontrar palavra para coisas difíceis de expressar. No entanto, vá com calma. Existe um aprofundamento em questões humanas, filosóficas, existenciais difíceis de digerir de uma vez. Em alguns momentos, chega a ser bizarro o nível de abstração... Mas a experiência é incrível.
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Raiana.Hemanoella 02/02/2024

Livro de contos .
Desafiador, um livro complexo, foi meu primeiro contato com a autora e por momento não funcionou para mim
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Suely Cristina 31/01/2024

Laços de família
Esta obra de Clarice Lispector é composta por 13 contos, gênero textual em que ela é mestra.
A leitura exige atenção e muita interpretação pois está cheia de metáforas. As mulheres são as grandes protagonistas e seu universo - a vida devotada ao lar, ao marido e aos filhos - é o tema principal. E olha que foi escrito na década de 50, tempo em que pouco de discutia a respeito dessa situação.
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Mariana 29/01/2024

Atribuo a nota à minha dificuldade em me concentrar com os pensamentos fluidos e os jogos envolvidos.

Para mim a escrita da autora, apesar de desbravar as contrariedades de nossas ideias e sentimentos; de explanar as formas mais malucas que o ser humano consegue pensar e sentir, a escrita tornou minha leitura cansativa.
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João Lucas 29/01/2024

Muito interessante, eu achei muito versátil. Feliz Aniversário, Uma Galinha e Amor são muito bons, os melhores contos

Achei o livro até meio engraçado em certos contos, meio que não esperava isso. Mas em outros contos tem uma profundidade intensa, fala sobre comodismo, problemas familiares, amor e outros tópicos.
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Laura.Sartor 28/01/2024

Esse foi meu primeiro contato com Clarice Lispector... Confesso que no começo foi difícil achar sentido na escrita dela, até que aos poucos fui entendendo e aprendendo a apreciar quantas reflexões e sentimentos profundos emergem de algo simples e até mesmo banal - tal qual um cego mascando chicletes. O trabalho de Clarice com cenas comuns do cotidiano se transformando em epifanias e em um cenário caótico dentro da mente de cada personagem
Um destaque especial pros contos: "o crime do professor de matemática", que colocou em pauta um tema tão relevante e atual de uma forma tão chocante e transparente (que foi, de certa forma, difícil de digerir) e "a menor mulher do mundo", que trouxe um cenário utópico que coloca em pauta o preconceito nas camadas sociais diante do diferente
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Eveba 28/01/2024

Clarice Lispector é uma mulher singular
Uns me atingiram profundamente e outros pouco entendi do que se tratavam, todos os contos desse livro tratam do cotidiano que é interrompido por uma descoberta, uma fascinação, um reconhecimento amargo, uma aceitação dos dias que passaram. São incríveis.

Meus três contos favoritos foram:

Devaneio e embriaguez duma rapariga.
"Sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebrada. E se quisessem podia permitir-se o luxo de se tornar ainda mais sensível, ainda podia ir mais adiante: porque era protegida por uma situação, protegida como toda a gente que atingiu uma posição na vida. Como uma pessoa a quem lhe impedem de ter sua desgraça."

O amor.
"No fundo, Ana sempre tivera necessidade de sentir a raiz firme das coisas. E isso um lar perplexamente. Por caminhos tortos, viera a cair num destino de mulher, com a surpresa de nele caber como se o tivesse inventado."

"Mesmo as coisas que existiam antes do acontecimento estavam agora de sobreaviso, tinham um ar mais hostil, perecível... O mundo se tornara de novo um mal-estar."

O crime do professor de matemática.
"[...] Minha ferocidade e a tua não deveriam se trocar por doçura: era isso o que pouco a pouco me ensinavas, e era isto também que estava se tornando pesado. Não está me pedindo nada, me pedia demais. De ti mesmo, exigias que fosses um cão. De mim, exigias que eu fosse um homem. E eu, disfarçava como podia."

"Agora estou bem certo de que não fui eu que teve um cão. Foste tu que tiveste uma pessoa. Mas possuíste uma pessoa tão poderosa que podia escolher: e então te abandonou. Com alívio abandonou-te."
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Natasha.Louredo 26/01/2024

Em "Laços de Família", Clarice Lispector aborda a solidão, a morte, a rotina e as falhas na comunicação com aqueles próximos a nós. A leitura é envolvente, o vocabulário refinado, tornando o livro impressionante desde o primeiro conto, revelando-se como uma obra onírica e intensa.

Os personagens, comuns e muitas vezes oprimidos pelo contexto familiar e social, como no matrimônio e na maternidade, ganham vida nas páginas. Exemplos incluem uma portuguesa entediada com seu papel de esposa e mãe em "Devaneio e Embriaguez duma Rapariga", Ana, uma mulher casada com uma vida pacata e dois filhos em "Amor", e Laura, que hesita ao enviar um buquê de rosas e reflete profundamente sobre esse gesto em "A Imitação da Rosa".

Em resumo, "Laços de Família" é uma obra poderosa que oferece uma entrada envolvente para aqueles que ainda não exploraram o universo literário de Clarice Lispector. Para os que já o fizeram, este livro se mostra indispensável para aprofundar a admiração por essa genial escritora.
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