Stella.Castilhos 28/11/2023
Silêncio ensurdecedor
Acho que é isso que a Clarice sempre me causa, em qualquer um de seus contos. Termino cada um me perguntando exatamente o que ela quis dizer e se o que entendi era o que ela queria passar. No final das contas, acho que os tons de dúvidas e de reflexão são ainda mais importantes do que a intenção real de cada história ou frase escrita - se é que há intenção qualquer.
?(?) não era o ódio ainda, por enquanto apenas a vontade atormentada de ódio como um desejo, à promessa do desabrochamento cruel, um tormento como de amor, a vontade de ódio se prometendo sagrado sangue e triunfo, a fêmea rejeitada espiritualizava-se na grande esperança. Mas onde encontrar o animal que lhe ensinasse a ter o seu próprio ódio? o ódio que lhe pertencia por direito mas que em dor ela não alcançava? ONDE APRENDER A ODIAR PARA NÃO MORRER DE AMOR?? (?) a assassina incógnita, e tudo estava preso no seu peito. No peito que só sabia resignar-se, que só sabia suportar, só sabia pedir perdão, só sabia perdoar, que só aprendera a ter doçura da infelicidade, e só aprendera a amar, a amar, a amar??