Cancún

Cancún Miguel Del Castillo




Resenhas - Cancún


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Tiago 08/11/2022

Desconexo
É sempre triste julgar um romance de estreia de uma forma tão crítica, mas infelizmente "Cancún" apesar de bem intencionado é um livro que peca por ser incapaz de produzir qualquer sentimento.

Dividido em dois períodos, o livro flerta um pouco com a estrutura de romance de formação ao trazer o personagem Joel na adolescência intercalando cada capítulo com sua fase adulta. Em ambos ele ambiciona saber mais sobre a vida misteriosa do pai, que morou por um tempo na cidade mexicana que dá título ao livro.

As passagens que retratam a adolescência insegura possuem certo valor, onde apesar de não ousar o autor consegue extrair um pouco de força de seu personagem principal. Isso porque na maior parte do tempo Joel é apenas um mero observador, e em várias situações parece um pouco deslocado da realidade, alheio a tudo que acontece ao seu redor.

Miguel del Castillo flerta com acontecimentos históricos (Palace II, Columbine), questões de religiosidade, sexualidade e em nenhum momento consegue dar conta de trabalhar esses tópicos. Joel e seu pai são meras caricaturas em meio a uma história insossa e que não consegue dizer nada de profundo.
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Raphael Santos 27/10/2022

Um belo romance de formação
Cancún pra mim desperta toda essa emoção de ler histórias que nos transportam por lembranças e lugares. É tão curioso essa visão da vida, de não lembramos do que aconteceu, de notar como não observamos, devido a falta de maturidade ou interesse, as coisas e pessoas ao nosso redor.

A relação de pai e filho, as amizades que fazemos e perdemos, escolhas que tomamos na vida, suas consequências e aquilo que poderiam não ter sido.

Sou um entusiasta por romances de formação, se não o gênero que mais me encanta e aquele que comecei a escrever (vide meu livro Misantropia). De verdade, adorei esse livro!

site: https://escritaselvagem.com.br/
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Jullyan.Garcia 29/08/2021

Sobre raízes familiares...
Entre o passado e o presente estamos todos perdidos em algo comum, que nos faz ser e não ser. Estamos presos nas raízes fundamentais de nossas famílias e isso com certeza molda toda a nossa vida.
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Carolina.Teixeira 23/04/2021

Aconteceram algumas identificações
Eu gostei demais do livro, foi minha primeira experiência com Miguel del Castillo e fiquei feliz com a escrita e o caminhar da história. Para mim, a história teve ainda mais força por sentir algumas identificações muito forte, a ponto de eu perguntar algumas coisas para o autor e ele confirmar :-)
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Felipe 20/04/2021

Uma surpresa agradável
Pela primeira vez na vida me arrisquei a comprar um livro sem ter a menor ideia sobre o que ele se tratava. Geralmente (e eu imagino que a maioria das pessoas também façam isso) eu leio a contracapa, as orelhas e, às vezes, leio até o primeiro capítulo antes de comprar. Dessa vez, ao me deparar com ele na lista dos livros presentes na Feira do Livro da Unesp, estava certo de que seria bom, mesmo sem analisá-lo.

A construção da masculinidade, nesse livro, adquire nuances tropicais que tangenciam entre o calor afetuoso de um pai com o filho na mais tenra infância e o vendaval que abala e afasta todas as certezas antes presentes na mente de Joel (filho e protagonista). Ao longo da narrativa, a busca inocente pelo autoconhecimento do protagonista escancara a verdade que sempre esteve diante de seus olhos, mas que era incapaz de enxergar propriamente devido ao borrão deixado pelo seu pai. Joel, ao tentar substituir esse borrão da ausência pela religiosidade, apenas aprofunda ainda mais sua angústia perante a juventude extremamente regrada por escolha própria.

“Um senso de tragédia começa a dominar sua maneira de ver o mundo. Tudo, de repente, é passível de vir abaixo”.

Um grande achado. Mudou minha forma de ver o mundo, de certa forma. A literatura brasileira está em boas mãos, sem dúvida.
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Tatitoth 29/09/2020

Cancun
Conta a história de um cara que perde o pai pra um AVC e descobre que não sabe quase nada sobre Ele.
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Sadraque 05/07/2020

O livro ajudou a entender a mim mesmo
A história de Joel é alternada entre seu passado, quando era criança/adolescente (capítulos ímpares) e quando adulto (capítulos pares).

Joel criança é muito medroso. O pai é distante e parece irritado com a covardia do filho. O menino passa por essa fase meio que anestesiado e em algum momento sente identificação com a igreja evangélica, embora o autor não tente converter ninguém para a religião, muito pelo contrário, é apenas um relato da vida de um adolescente com suas inseguranças ali. Nuas.

Na fase adulta ele descobre que a relacao com o pai não era tão distante quando ele estava na primeira infância e ele tenta entender o que o distanciou do pai depois disso. O fato do pai ter morado em Cancún por alguns anos é um grande buraco na história do pai de Joel que ele tenta descobrir após sua morte. Fica evidente que a busca pela história do pai é uma tentativa de entender a própria história e que a compreensão é um passo necessário para o perdão do pai e de si mesmo. Há o questionamento sobre o que nos torna quem somos e que atitudes moralmente erradas não tira a humanidade de todos nós. No livro ele tenta buscar a humanidade do pai.

Acabei levando esse livro para minha sessão de terapia, pois ler o livro me ajudou a entender questionamentos que eu ainda não conseguia fazer em mim mesmo.

O livro é provavelmente um dos melhores da atualidade. Uma verdadeira primazia brasileira.
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Ricardo 12/05/2020

A desconstrução da masculinidade noventista em “Cancún”, romance de Miguel Del Castillo
Ainda que não se apresente assim, Cancún é bastante sobre um tipo de masculinidade, sua desconstrução ao redor da ideia de paternidade e a influência da moral cristã-evangélica. O primeiro romance de Miguel Del Castillo (Companhia das Letras, 2020) é um coming of age literário ou, como gostam de chamar, “romance de formação”.

Enquanto narra a história do protagonista nos anos 1990 em terceira pessoa, e a presente (nos anos 2010) em primeira, o livro nos conecta a um Joel nessa formação: o ser e fazer masculino na adolescência e na vida adulta, sendo o registro temporal dessa última ligada a rituais de passagem intensos como da primeira.

Os desafios de pertencer a grupos, de descobrir o sexo, de se entender como gente (como homem) permeiam a adolescência, narrada com distanciamento de uma escrita mais fria e direta. Na vida adulta, a redescoberta dos esqueletos no armário (seus ou do seu pai), a sensação de perda, a obsessão por descobrir uma narrativa perdida. Contada na primeira pessoa, tem um tom mais contemplativo, subjetivo, com a escrita dando tempo ao que precisa de mais tempo. Essa diferença narrativa funciona melhor à medida que o livro se desenvolve, mas por vezes a gente se pega achando o trecho adolescente frio demais para tanta coisa acontecendo ali.

Em ambos os casos, há um sentimento constante e que delineia o subtexto sobre a desconstrução de uma masculinidade cruel às formações que se vive. Joel sempre sofre porque sente que precisa se provar: não quer ser o isolado, não quer ser o tímido, não quer ser o boca virgem e, graças ao contato com a religiosidade cristã-evangélica, descobre que também não quer ser o impuro, o pecador.

Por outro lado, na vida adulta, diante da perda do pai, Joel se vê refletindo sobre tudo que sabe sobre ele, mas especialmente sobre o que não sabe. Desde início somos apresentados (na visão adolescente) a essa figura carismática, mas misteriosa sobre seu trabalho e os motivos que o levaram a morar alguns anos em Cancún. Ao redor da ideia do mistério sobre um possível sequestro do pai em terras mexicanas, descobrimos mais dessa relação de masculinidade. Dessa vez, sobre um filho que cresceu com um pai distante, mas que se fez sempre presente com mimos na infância e adolescência: video games (citados habilmente para pontuar a época), viagens e, ao morrer, parece deixar o maior deles (que não vou revelar aqui, mesmo sendo óbvio).

Estamos vivendo a época em que nascidos nos anos 80 e crescidos nos anos 90 estão nos seus 30 e poucos anos e suas histórias começam a ser contadas. Da mesma forma que aconteceu no início dos anos 2000 com os anos 80, vivemos tempos de filmes como mid90s, de Jonah Hill, e livros como Cancún, de Castillo. Enquanto narram os dramas do amadurecimento, ambos carregam alguma nostalgia, citando especialmente a cultura pop. Ainda que não chegue a ser tema predominante no livro, Cancún investiga as vivências de uma época que ainda não é assunto tão recorrente assim no mundo ficcional.

No romance, a relação com essa figura paterna complexa, sempre trazendo sensações entre amor e indiferença, dialoga diretamente com outros dois livros, também de leitura essencial: Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera (2012) e Enquanto Deus Não Está Olhando, de Débora Ferraz (2014). Em todos, há esse mistério e essa busca que evolui para obsessão pela verdade sobre seus pais (o pai, no caso). Em Castillo, no entanto, há esse sentimento específico de desconstruir uma narrativa masculina: seu pai merece ser para ele um ideal de “hombridade”, de ser “homem”? É nas descobertas sobre a vida possivelmente escusa do pai que a coisa ganha uma camada de realidade única, por inevitavelmente tocar em temas centrais ao Brasil/carioca de hoje e, assim, também na “política” de ser homem.


Quero terminar o texto fazendo um comentário específico sobre o modo como o livro retrata a relação do protagonista com a fé evangélica no país. A vivência retratada de fato saiu de quem realmente viveu e conhece a dinâmica de contato de adolescentes, como dá pra saber dando uma passada básica nos tweets de Miguel.

E não posso deixar de ressaltar que o livro é tão exato que parecia estar descrevendo a minha própria experiência (talvez por isso tenha recebido a indicação do amigo Tiago Germano dizendo que lembrou de mim na leitura). A jornada de muitos com o “ser crente” sempre começa por pais levando-os a cultos dominicais, sendo convidado a cultos de jovens aos sábados e assim para acampamentos/retiros, depois para batismos e iniciando essa progressão de uma “vida santificada”, de separação “das coisas do mundo” (exceto na vida íntima, como se prova no livro e na vida).

Não vou me aprofundar aqui sobre esse temas, por não ser o caso, mas a fidelidade do livro é impressionante, o que reforça pra mim a possibilidade de toda obra ser semi-autobiográfica, o que é bastante comum em livros de estreia. E, por conta disso, talvez a sua maior leitura complementar seja a obra-prima dos quadrinhos, Retalhos, de Craig Thompson. Especialmente porque ambos fazem com empatia o processo de desconstruir em seus protagonistas esse ideal religioso, sem desmerecer o que viveram. Ambos narram suas experiências de proximidade e distância da igreja, mas sem perder de vista a sensibilidade sobre o que construíram ali. Falar mais que isso vai ser entrar em território que pode estragar sua experiência de leitor.



Ler Cancún é se descobrir na fluidez de uma leitura eficiente em narrar uma época e uma visão de mundo ao redor de um personagem extremamente verdadeiro. Ainda que algumas vezes se atropele na velocidade dos fatos (ou até esqueça alguns deles), o livro nunca perde o fio da meada do que decide ser mais importante em sua narrativa: a descoberta do que significa crescer.

site: https://diversita.com.br/2020/04/06/a-desconstrucao-da-masculinidade-noventista-em-cancun-romance-de-miguel-del-castillo/
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Tiago 02/05/2020

Pai (anti) herói
Há dois tipos de narrativas sobre paternidade: aquelas escritas por filhos, e aquelas escritas por pais. Cancún, novela de Miguel Del Castillo, tem algo destes dois tipos. Alternando capítulos em primeira e em terceira pessoa sobre o passado e o presente de Joel — um carioca abastado, fruto de um casal de pais separados — , o livro lança estes dois olhares em momentos aparentemente incorrespondentes. O que é curioso e inusitado é também bastante interessante.
Se, no passado, Joel é essencialmente filho (retratado entre a infância, pré-adolescência e puberdade), a visão do paterno já está impregnada ali, neste retrato em primeira pessoa construído ulteriormente, pela memória do pai que ele está prestes a ser, já na idade adulta.
É a descoberta deste pai que domina o presente da narrativa. Uma descoberta que se dá pela recuperação do seu próprio pai — o que o coloca de novo no papel de filho: uma função que não conseguiu desempenhar plenamente na infância (incapaz de construir uma história de seu progenitor em meio a uma vida doméstica afastada dele e completamente autocentrada, típica de um filho único).
De um lado, impera um senso de tragédia iminente construído pelo trauma de ter presenciado o sequestro de seu pai (um homem rico e que satisfaz todos os seus caprichos, provavelmente com o dinheiro que ganha em negócios escusos). Do outro, a verdadeira tragédia: o tempo que começa a corroer as bases familiares e levar embora a saúde do pai e da mãe, empurrando-o a uma rotina dividida entre a redação de um jornal e as UTI’s de hospitais.
Este temor quase obsessivo pela desgraça é construído, primeiro, a partir de eventos públicos (como a queda do edifício Palace) e privados (como sua introspecção na escola e as primeiras manifestações de uma sexualidade reprimida pela sua formação evangélica). A religião é outro detalhe que, por curioso e inusitado, torna-se interessante e até certo ponto original: só sob a perspectiva desta tradição cristã é que os temores de Joel conseguem boiar da superfície dos dramas burgueses de um “menino de apartamento”, para usar a denominação menos pejorativa. Sem ela, dificilmente seus traumas escapariam de uma certa pieguice elitista que Del Castillo consegue contornar também mais tarde, quando seu protagonista abandona todas as suas responsabilidades no Brasil para viajar a Cancún, seguindo o rastro do seu pai e da mal contada história do sequestro.
É quando os ingredientes desta breve narrativa, de mornos, atingem o seu ponto, confluindo para o belo (embora previsível) desfecho. Como bela (embora previsível) é a vida e seus vários ciclos, todos tão bem conhecidos e delineados, em que pesem tão difíceis de se encarar e tão complicados de se reproduzir. Com esta obra, Miguel Del Castilho deixa tudo isso impresso em literatura. Não é à toa que chamam isso de criação.

site: https://medium.com/@tiagogermano/pai-anti-her%C3%B3i-702b4db3c044
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marcioenrique 16/03/2020

mais uma boa surpresa da literatura nacional contemporânea.
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Nathalie.Murcia 04/09/2019

Excelente romance de formação nacional sobre a paternidade
Excelente romance de formação da nova safra de escritores brasileiros. A pedra angular da trama se assenta nas reminiscências e sentimentos de Joel em relação ao pai, que se afastou durante quatro anos para residir em Cancun, desenvolvendo operações financeiras de cunho duvidoso, o que deixou muitas elipses na memória de Joel, que, buscando respostas, já adulto, após o falecimento do pai, se desloca ao balneário caribenho com o objetivo de entender melhor o genitor e a vida que ele levava no exterior, sendo que Joel descobriu fatos inesperados, que escaparam do seu crivo infantil.

Além de muito bem desenvolvida a questão da paternidade e seus conflitos, a temática da religião e da insegurança inerentes à adolescencia, são exploradas com acuidade,conseguimos de forma que conseguimos intuir a influência que as atitudes, idiossincrasias e a personalidade do pai, muito contrapostas às da mãe, tiveram no molde do caráter de Joel.

Aprecio esse tipo de leitura que aborda as complexas relações familiares. No caso em questão, o pai do protagonista era um ser humano muito falho, teve comportamentos nada louváveis, mas, ao fim, amou o filho e fez o melhor que podia, até os papéis se inverterem, no momento de maior padecimento do genitor, e até que o ciclo recomeçasse, com Joel sendo pai.

A forma da narrativa, alternando um capítulo na fase de adolescência, e outro na fase de Joel adulto, imprimiram uma dinâmica muito interessante ao desenrolar da história.

Recomendo muito. Mais resenhas no meu Instagram.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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