Romance d

Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta Ariano Suassuna




Resenhas - Romance d´A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta


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Fábio Valeta 05/06/2021

A Pedra do Reino é um livro complexo, cheio de significados e bem diferente do que eu esperava quando comecei a leitura. Foi a primeira obra que Li de Suassuna, sendo que no máximo havia visto adaptações de seu trabalho como a minissérie “Auto da compadecida” da Globo mais de 20 anos atrás.

O próprio livro é difícil de se classificar. Carlos Drummond de Andrade o chamou de “Romance-memorial-poema-folhetim”. Já Rachel de Queiróz descreve-o como: “...é romance, é odisseia, é poema, é epopeia, é sátira, é apocalipse...” e seu narrador/protagonista também faria questão de salientar a existência da safadeza na obra além de provavelmente acrescentar vários outros adjetivos.

O livro conta a história e é narrado por Dom Pedro Dinis Ferreira Quaderna, descrito por si mesmo como um poeta-escrivão, cronista, charadista e astrólogo, além de descendente dos Reis do sertão, remetendo a uma história real acontecida cem anos antes da época em que se passa a história. No qual dezenas de pessoas foram mortas em um frenesi religioso. Quaderna, seria o descendente do Rei louco que promoveu a chacina e acredita ter o direito à coroa (ao contrário dos “falsos” reis da casa de Bragança) e só não toma uma atitude, pois ele próprio sabe que é covarde e tem medo de ser morto igual seu antepassado infame.

Mas Quaderna, não satisfeito em narrar a própria história, em sua narrativa mistura cultura sertaneja, poemas, literatura brasileira, ideologias políticas e crenças religiosas e além da própria História do Nordeste brasileiro, com ênfase da Paraíba e Pernambuco. Há uma grande influência do Sebastianismo em sua fala: a crença de que o Rei Português D. Sebastião não morreu na batalha de Alcácer-Quibir na África em 1578 e que um dia ainda retornará para criar o Quinto Império, o reino de deus na terra, onde não existiria miséria, fome ou desigualdade. Crenças que também foram a base de um dos mais famosos levantes da História do Brasil: A Guerra de Canudos. O livro acaba se tornando além de um romance, um tratado filosófico, religioso, político e até mesmo histórico e literário, em uma mistura que é difícil saber o que é inventado pelo autor e o que é História.

É uma obra definitivamente interessante, mas bem complexa de se ler. O narrador é por demais verborrágico e para cada pequeno detalhe de sua história vão-se páginas e páginas de ideias, ideologias, poemas ou qualquer outra coisa que o ajude a contar a história do jeito que deseja. Tanto que a maior parte das suas quase 800 páginas se refere a um depoimento de apenas 4 horas, prestado frente a um corregedor que investiga a história do “Rapaz do Cavalo Branco”. História essa que é citada desde o início da obra e que mesmo assim o livro termina antes que se desvende-a totalmente. Inicialmente, a Pedra do Reino seria a primeira parte de uma trilogia, mas Suassuna desistiu da ideia enquanto trabalhava no texto do segundo volume. E com o passar dos anos revisou a obra original de forma a encerrá-la em si mesma (embora deixando várias pontas soltas, propositadamente, segundo seu narrador/personagem).

Para quem se interessa em ler o livro, a minha principal recomendação é que leia com calma e com todo o tempo necessário. Eu demorei quase 03 meses para concluir a leitura e mesmo assim tenho a certeza de que muitos detalhes passaram desapercebidos.
Natty 07/06/2021minha estante
Estou de olho há um tempo,mas com medo de ler e não entender3?


Fábio Valeta 07/06/2021minha estante
Não achei uma leitura fácil, mas recomendo mesmo assim.


Natty 08/06/2021minha estante
?




Mariana Dal Chico 22/03/2022

O primeiro calhamaço de 2022 foi “O Romance d’A Pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta”, de Ariano Suassuna que li em conjunto com o pessoal do @leiturarte_

Eu conheço alguns teatros do Suassuna, mas esse foi meu primeiro romance e encontrei um humor diferente do qual esperava, frequentemente presente, mas menos escrachado.

Esse é o tipo de leitura que exige atenção - e paciência -, do leitor. Já que há muitas referências reais, modificadas e ficcionais. A linha do tempo pode ser um desafio e a quantidade de informações pesa na leitura.

Deixo aqui uma dica para quem vai se aventurar: não tente se apegar e compreender cada referência na primeira leitura, pois isso vai exigir pesquisa literária, política e biográfica da época em que ele foi escrito, fazendo com que seu ritmo de leitura caia drasticamente. Tudo isso enriquece a leitura com suas camadas e a complexidade própria da vida, mas não é essencial saber cada detalhe para conseguir entender o romance como um todo.

Quaderna é um personagem ímpar, dono de uma autoconfiança invejável, ele começa o livro dizendo aos leitores que aquela é uma tentativa de defesa de um crime do qual ele não é responsável.

Utilizando diversas técnicas literárias, guiado por dois mestres que estão em campos filosófico e ideológico completamente opostos, o narrador é verborrágico e por vezes empolado. Para mim, o mais interessante, é perceber como o autor faz uma crítica ao sistema judiciário/político por meio da linguagem própria desse mundo e também uma crítica aos literatos e suas obras pretensiosas.

“Eu mesmo já estou ficando entediado com essas infindáveis teses acadêmicas, que só incluo aqui porque são indispensáveis ao entendimento do meu caso.” p. 216

O final pode deixar alguns leitores frustrados, já que esse era para ser o primeiro volume de uma trilogia, que foi repensada e não continuada. Mas, no box comemorativo de 50 anos de publicação, há um caderno de textos e imagens com um capítulo de conclusão para o Romance d’A Pedra do Reino. Este, escrito especialmente para dar um fechamento na minissérie veiculada pela Rede Globo. Do ponto de vista literário, Suassuna não considerava esse texto acabado.

Foi uma experiência de leitura memorável, mas compreendo aqueles que não conseguem chegar ao final das quase 800 páginas, ou mesmo aqueles que não gostaram do que encontraram.

site: https://www.instagram.com/p/CbapRCKuUv_/
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Andreia Santana 30/03/2012

Um romance para decifradores
Romance d´A Pedra do Reino não é leitura para ser feita às carreiras. É livro de decifrar, de palmilhar página a página, em compasso de quem anda pelos descaminhos do sertão sob um sol abrasador. O estilo da obra de Ariano Suassuna é difícil de definir. Seria cordel, novela de cavalaria, autobiografia, exorcismo de um trauma passado, história de amor, de ódio e de sangue, epopeia em prosa? O próprio personagem principal, Dom Pedro Dinis Quaderna, nos dá a pista: é um castelo de sonho, “a obra máxima da raça brasileira”. Bem disse Raquel de Queiroz no prefácio, que ler livro escrito por um erudito é o diabo. Ou você eleva o pensamento ao nível do visionário e delirante Quaderna (e da genialidade de seu autor), ou deixará a leitura inacabada. É de delírios, miragens de deserto, de legenda e sonho que trata essa obra. Da grandeza do homem mesmo diante da mesquinharia da vida.

A idade média nunca se acabou no sertão do Brasil. Em pleno século XIX do fim da monarquia, cangaceiros eram príncipes vingadores, beatos transmutavam-se em sábios merlins, prostitutas em misteriosas feiticeiras, sinhazinhas eram as damas de peitos macios e olhares sonhosos. E os mancebos, heróis trágicos. No começo da primeira república, alvorecer do século XX, a têmpera do sertanejo era forjada nesse fogo passional. Romance d´A Pedra do Reino é uma obra totalmente passional, dotada de uma paixão tão fanática, iluminada e beatífica quanto a do “santo” Antonio Conselheiro de Canudos.

Um rico mosaico de personagens desfila no grande palco que é esse Romance d´A Pedra do Reino. Personagens inspirados na cultura sertaneja e no gosto do autor pelas “demandas novelosas, embandeiradas e epopeicas” das novelas de cavalaria medievais. E alguém conseguirá pensar em Quaderna sem enxergar nele a ingenuidade de Quixote lutando contra moinhos de vento? Mas, Quaderna, um personagem complexo, que suscita amor, ódio, riso fácil, asco e piedade, é também moldado à semelhança daquele diabo sertanejo e treteiro, filho (ou seria o pai?) de Pedro Malazartes.

O livro não é linear, é uma mistura de muitas histórias dentro de uma única história, como aquelas bonecas russas, as matrioskas, em que ao abrir a maiorzinha, aparece outra e mais outra... Quaderna traz no sangue a tragédia de sua família, com tudo o que ela significou para transformá-lo no ardiloso arremedo de cavaleiro de triste figura que ele é. Suassuna, por sua vez, é um escritor que traz no sangue a tragédia do assassinato do pai, por causas políticas. Nesse sentido, o livro tem seus traços autobiográficos, mas é muita pobreza interpretativa reduzi-lo apenas a uma catarse individual. A Pedra do Reino vai além.

A leitura, árdua em alguns trechos, revela diversos momentos de grande prazer. O burlesco, o ridículo, o mal-ajambrado dão a tônica de uma narrativa febril, pontuada de picardia e de citações poéticas clássicas e populares, de descrições detalhadas da heráldica de bandeiras e brasões que, no entanto, é visão de um único homem delirante. Quaderna conta sua história, do seu jeito, para as belas damas de peito macio e para os nobres senhores, ao mesmo tempo em que na segunda metade da obra, responde a um longo interrogatório em um inquérito policial. Ele parece acreditar piamente nas motivações nobres de cada um dos seus atos e usando uma lábia fina (de diabo sertanejo) tenta nos convencer e ganhar a simpatia da audiência para a sua causa.

Quaderna, o charadista - A história, totalmente aberta e enigmática não traz a clássica resposta para os ”whodunit” da vida. A charada central permanece indecifrada: Quem assassinou o velho rei degolado, tio de Quaderna? O rapaz-do-cavalo branco era mesmo o jovem herdeiro do coronel morto, ou era um líder sertanejo querendo reeditar uma versão armorial da Coluna Prestes? Os fatos são passados ao leitor através do ponto de vista de Quaderna, um homem supostamente louco, com toda certeza de personalidade exótica e valores morais flexíveis (para não dizer amoral), mas que em determinados momentos, revela aquela lucidez involuntária dos inocentes. A maldade de Quaderna, se é que existe, não é maquiavélica e isso fica muito claro nos seus embates com o “Fucinho de Porco”, o corregedor nomeado para descobrir os assassinos do rico coronel e achar possíveis focos de uma nova Revolução Comunista em Taperoá, no sertão da Paraíba.

O leitor, e o corregedor, desconfiam que Quaderna possa ser o assassino desse tio que ele parecia idolatrar. Nós, leitores, ao menos, acreditamos que a motivação do suposto crime, se é que foi mesmo Quaderna, foi menos pelo interesse na herança (no tesouro enterrado numa furna do sertão) do que para ter com a morte tão sanguinolenta e misteriosa, o motivo, “o centro do enigma da epopeia” que o esdrúxulo Quixote de Suassuna quer tanto escrever.

Quaderna, megalomaníaco, age em nome do desejo ardente de ser gênio da raça brasileira, quiçá gênio da humanidade, está completamente tomado e alucinado pela lenda que criou para si mesmo e para sua malfadada família. Até a cegueira muito peculiar do personagem, que almeja ser maior que Homero, não deixa de ser uma metáfora precisa para descrever alguém que abriu mão da vida ordinária e calcinada no sol e nas pedras da caatinga, e transportou-se para dentro de um sonho acordado. Quaderna só vê a miragem e para ele, a miragem é a única realidade que consegue discernir.

Colcha de tacos - O cenário político do Brasil das primeiras três décadas da república, os fatos históricos que na leitura de Quaderna e de seus seguidores sempre descambam para a legenda e o sonho, as crenças e crendices do sertanejo, com toda a sua propensão ao fanatismo, as guerras de sangue entre as famílias poderosas, a tênue linha fina onde se equilibram os míticos cangaceiros, esses heróis-bandidos ou bandidos-heróicos, tornam A Pedra do Reino à primeira vista, uma colcha de retalhos mal remendada.

Mas, quem já viu uma colcha de tacos (aquela feita com quadrados e losangos de tecido colorido) sabe que à primeira olhada, a colcha se parece com uma maçaroca confusa de panos costurados aleatoriamente. Mas, ao acostumar os olhos, percebe-se a ordem precisa e o padrão de encaixe dos quadrados e losangos, que formam um rico mural “amosaicado”. A colcha, tão comum de encontrar nas casas pobres do sertão, é uma unidade formada por muitas outras, uma realidade compacta criada a partir dos fragmentos (dos pontos de vistas) de realidades diversas.

Assim é A Pedra do Reino, muitos livros dentro de um, aparentemente sem conexão, mas todos interligados, encaixados com precisão, unidos com a cola ancestral da mistura dos povos que formaram o Brasil no seu âmago. Sem deixar de ser um elaborado entretenimento e uma preciosa obra de arte literária, é ainda uma aula de sociologia e de história sobre o caldo “flamengo-ibérico-mouro-negro-tapuia” da nossa cultura brasileira, como bem diriam os dois mentores intelectuais de Quaderna, os caricatos Clemente Hará Ravasco, advogado negro – e comunista - com sobrenome espanhol; e Samuel Wan´Ernes, sinhozinho falido dos engenhos de Pernambuco, que se orgulha do sobrenome holandês legado pelos conquistadores chefiador por Nassau.

Abrir a mente para as conexões invisíveis presentes nessa ancestralidade de tantos povos misturados num único povo é essencial na leitura de A Pedra do Reino. E também, abrir a mente para aceitar que um romance pode abrigar na sua essência muitas outras linguagens como a poesia, o teatro, a musicalidade sertaneja, o compasso das ladainhas e as invocações apocalípticas dos adivinhos.

A Pedra do Reino é um exagero de livro, não tanto pelo tamanho de suas mais de 700 páginas, mas porque ele ambiciona abranger a vida, essa fera tão terrível quanto a “onça do divino” e tão doce (sem deixar de travar na língua) feito uma cajarana madura.
Douglas 21/06/2013minha estante
Achei bem complexa sua resenha, o que acabou não trazendo o que eu buscava saber. É um romance? Se é, é uma história emocionante com personagens marcantes? E o que mais se acrescenta o livro além da trama?

Obrigado.


Andreia Santana 21/06/2013minha estante
Oi Douglas, como eu disse logo na abertura do texto da resenha, O romance d´a pedra do reino não é fácil de classificar. É uma mistura de vários gêneros. Essa obra não cabe em rótulos e nem em categorias de escola, muito menos em divisões academicistas, não tem como precisar se é romance, cordel, epopeia (que é um tipo de poesia épica), história, crônica, romance anárquico, panfleto? A obra transita por vários gêneros e por nenhum. Suassuna, na sua genialidade, orquestrou uma narrativa fantástica que mescla vários gêneros literários conhecidos e outros que ele, muito provavelmente, inventou. Não sou erudita, sou apenas uma jornalista que gosta de escrever. Minha resenha é a opinião passional de uma leitora, não um tratado de estudioso. Propositalmente, fiz o texto da mesma forma labiríntica que o livro, porque ele é de leitura árdua, de difícil compreensão. Pra absorver esse romance é preciso abrir o espírito e a mente e embarcar na viagem de Suassuna e no sonho de Quaderna.


Juliana 05/01/2019minha estante
Andreia, que resenha incrível, obrigada pelo esmero!


Andreia Santana 02/02/2019minha estante
Obrigada, Juliana. A literatura requer respeito e esmero, acredito nisso. Abraços!




Myilena 07/01/2014

Digníssimo romance-memorial-poema-folhetim que revive o mítico sebastianismo aos moldes de Ariano. Belo e moral.
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outrousuário 20/04/2013minha estante




agathatriste 25/03/2022

O nordeste de Suassuna
Édipo sobreviveu a esfinge e eu sobrevivi a Pedra do Reino. Os leitores são convidados a decifrar cada página dos escritos do nosso narrador pouco confiável Dom Pedro Dinis Ferreira Quaderna, um homem que EXISTIU e está aqui para nos contar a história VERDADEIRA do nosso povo. Pq choras, Homero?

Um sertão como eu nunca vi foi narrado nesse livro por Dinis, um poeta, escrivão, bibliotecário, astrólogo, charadista e o verdadeiro herdeiro da verdadeira família real brasileira, não aquela tal família Bragança. Um nordeste que abriga muitas aventuras de cavalaria e um forte posicionamento politico. Um sertão de histórias épicas, de visagens, de eventos astrológicos e contos eróticas. Dinis por parte é o nosso herói, muito parecido com Policarpo Quaresma. Por outras um anti-herói, como Macunaíma que nos expõe as feridas do nosso povo.

Na grande epopeia de Dinis, Santo Antônio de Lisboa dá lugar a Santo Antônio Conselheiro de Canudos. A igreja Católica, vira então, Igreja Católica Sertaneja. Se Roma tem a Lupa, no Cariri uma onça alimentaria uma criança. Eu demorei muito tempo lendo pq quis entender cada referência politica, histórica e mitológica feita pelo autor e falhei, tenho a sensação que muitas coisas me passaram. Dentre essas referências uma pessoal, foi que o Ariano Suassuna usou a sua data de aniversário para fazer o mapa astral do Dinis, ele que odeia astrologia esse ar de deboche ao livro dá uma pitada ainda mais gostosa para o encaminhar da história.

Então vá com calma, esse livro exige calma, não espere uma história linear. Esse foi um dos livros mais complexos que li na minha vida e um dos mais engraçados. Isso é Suassuna. Esse livro é fruto da GENIALIDADE de um dos MAIORES escritores nacionais. Eu que anteriormente só conhecia Ariano Suassuna apenas pelo Auto da Compadecida pude entender um pouco da sua genialidade lendo essa que É a nossa Epopeia Brasileira.

Digno de um Nobel! Digno da nossa confusa historiografia brasileira!
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JoAo366 15/05/2023

Resenha sobre o livro: A pedra do reino.
Sobre o livro:

.A pedra do reino é um livro rico em detalhes, e conta com uma linguagem complexa devido presença de elementos do cangaço, de antigos reinados, dos povos indígenas, espirituais, e etc... O que necessita de pesquisa para entender o vocabulário, e também para situar as obras citadas pelo autor durante o livro.

.O livro é separado por folhetos que servem como guia para o que está acontecendo no capítulo. E situar o leitor devido a grande extensão do livro( 800 pág).

.Contém xilogravuras, representando alguns dos acontecimentos presentes nos folhetos( Isso provoca uma dinâmica bem interessante para o leitor). Além disso, o livro tem poesias, cantorias e versos sertanejos.

. Presença de resumo sobre a vida do autor, os objetivos que ele queria alcançar com essa obra, e o processo de produção do livro, já que ele passou mais de 10 anos para ser concluído. Junto a isso também tem a perspectiva de outros autores sobre a obra, e o quão ela foi importante para a literatura.

Um pouco da história:

A história se passa no sertão nordestino, especificamente nos Estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Onde o personagem principal faz um autobiografia, relatando o que aconteceu até chegar na situação que ele estava. Diante disso, surge vários personagens e situações diversificadas, desde de momentos de revoltas até de risadas.

Isso tudo promove um envolvimento e uma curiosidade ao leitor, em saber mais do que aconteceu. Além disso, a maneira que livro é narrado desperta a imaginação, e faz com que o leitor faça a personificação.

Pontos positivos:

-Xilogravuras;
-Personagem que marcaram o nordeste( exemplo: cangaceiros);
-Poesias;
-A organização em folhetos;
-A exploração de vários gênero textuais durante o texto;
-A expressão e utilização de novas culturas;
- Prefácio e Pósfacio;
- Utilização de diversas palavras diferentes, que faz com que o leitor conheça expressões novas.

Pontos negativos:
- Utilização de diversas outros autores, o que as vezes promove uma certa "confusão";
- Ausência de filtros para algumas palavras( Para alguns leitores, isso pode se tornar um emecilho);
- Extensão de alguns Folhetos.

Pedra do reino é uma ótima opção de um livro clássico. Os legados que livro me deixou foram vários, mas o o principal foi: A grande nação que somos, e construção feita por vários povos até chegar no que somos hoje.
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SamuellVilarr 16/06/2021

Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do sangue do vai-e-volta, Ariano Suassuna.
Concluo aqui o grande Romance da Pedra do Reino de Ariano Suassuna, digo,
"nobres senhores e belas damas" que este é simplesmente a melhor experiência que eu tive se tratando do contato com a obra literária de Suassuna e em geral, do que consumi de literatura brasileira em todo meu repertório em quanto leitor. Me sinto agraciado e profundamente satisfeito por ter lido essa obra, pois, o estilo de Ariano Suassuna de estruturar a sua narrativa é pra mim, admirável. Aqui temos todas as características que poderiam estar presentes em um Romance extenso que trata e retrata as circunstâncias e situações em um ambiente sertanejo. A história narrada por Quaderna defendendo o seu estado de aprisionamento e acusação ao Corregedor é muito bem narrado do ponto de vista do personagem e do desenvolvimento proferido e referenciado por ele. A estrutura dos personagens, as características que moldam um universo só da obra de Suassuna, complementando com o cômico e o popular nos seus diálogos é simplesmente formidável. Percebemos ao decorrer da obra toda a vastidão de referências que revelam todas as aspirações e inspirações tanto do escritor, mas, transpassado aos seus personagens. Como também, os seus pensamentos e influências em Samuel e Clemente, duas figuras um tanto pitorescas, cômicas e que demonstram uma parte mais séria e que busca orientar toda a estrutura dos diálogos e ideias proferidas na obra. Percebemos detalhes autobiográficos, influências que buscam deixar um grande suporte de esforço e dedicação de um trabalho cujas raízes e intenções são, sobretudo, demonstrar uma cultura brasileira, demonstrar características literárias, filosóficas, históricas, poéticas, religiosas e políticas dentro de certo sistema que inclui os personagens principalmente, e também, demonstrar e salientar um aspecto da condição e da natureza humana. Aqui há a presença de influências das mais incríveis e magnânimas obras que formaram toda a literatura universal e também, uma influência de algo esplendoroso da história humana, uma característica da idade média e ao mesmo tempo, do Brasil e do sertão.
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Renato375 24/11/2023

Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta", obra magistral de Ariano Suassuna, desvenda um épico sertanejo imortal. Pedro Dinis Quaderna, herdeiro de nobre linhagem, entretece com maestria a narrativa de seus antepassados, revelando um sertão impregnado de mitos, tradições e poesia.

A prosa exuberante de Suassuna, como um bordado intricado, costura a rica tapeçaria do sertão nordestino. O Príncipe do Sangue, figura enigmática e poética, empresta à trama tons de rebeldia e humor, pintando um retrato vívido de uma região marcada pela complexidade da existência.

O enredo, sinuoso como os cursos d'água do sertão brasileiro, desafia o tempo e espaço, entrelaçando passado e presente de maneira sublime. Esta obra-prima não é apenas um romance, mas um testemunho literário que ressoa como o canto do sabiá, ecoando através das vastidões do imaginário e da cultura sertaneja.
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Glauber 04/05/2020

Obra-prima do Sertão e do Brasil
Obra-prima do grande Ariano Suassuna. Conta a história de um sertanejo em sua saga para herdar o Reino do Sertão e do Brasil. E isso nos leva a cruzamentos fantásticos entre o real e o imaginário, do passado e do presente, do regional e suas ascendências tanto no país, quanto fora. O Sertão é o mundo.

Aliás, é muito massa quando ele fica comparando a cultura sertaneja com culturas estrangeiras, até canônicas, como a grega, com fanfarronice, inclusive com aplicações de e inversões de pontos de vista originais.

A imagem do protagonista querendo se tornar rei me fez lembrar de uma entrevista em que o autor reflete sobre a valorização da cultura pelo sertanejo pobre, ainda que venha a gastar o que não tem por "um pouco" de orgulho próprio.

O livro é expressão de um povo sofrido de forma "sonhosa". É mais do que o próprio enredo, pois mistura poesia, religiosidade, história, sociologia, pesquisa, imaginação e o amor contido no estilo vigoroso do escritor.

Sou fã de livros com cenários nordestinos. E esse, além de trazer as imagens já conhecidas em outras obras afins, vai além, e expressa o universo sertanejo quase como tese, racional e passional, pois tem muito de estudo, leitura, mas também muito de memória afetiva, nessa obra mágica que Suassuna nos presenteia.

Valeu a pena. Requer fôlego. Vou guardar mais para em outro momento pegar o "Romance de dom Pantero no palco dos pecadores", última obra sua, chamada por ele de "obra de minha vida".

Acho fantástico o valor que ele extrai e impregna no Sertão, bem como sua valorização de obras do erudito ao popular, deixando tanta referência pelo caminho, que já iniciei, enquanto lia esse, a leitura de uma biografia do controverso Padre Cícero.
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EduardoCDias 19/12/2020

Nordeste imperial
Adoro Suassuna! Sempre é certeza de bons momentos e muitas risadas com seu humor debochado. Nessa história conta sobre uma dinastia de reis e príncipes no nordeste uma tentativa de assassinato a um cavaleiro que chega a uma pequena cidade (Taperoá, não por coincidência a cidade onde o autor morou na sua infância), e a revelação de que esse cavaleiro era o príncipe sequestrado, morto e ressuscitado, depois que o rei, seu pai, foi assassinado.
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CAcera3 25/03/2022

O sertão mítico de Ariano Suassuna
Eu li Ariano Suassuna na infância. Ele me traz sentimento de casa, cheiro de terreiro de galinhas, gosto de cuscuz com carne charque e melodia de causos contado à meia luz no alpendre de casa.
Fazia tempo que eu não lia seus escritos e me vi com a vontade e o objetivo de ler essa que é considerada sua obra prima.

Nessa história conhecemos Dom Pedro Dinis Ferreira Quaderna. Um narrador a quem muito se admira e de quem muito se desconfia. Diz ele que vai nos contar a verdadeira história do Brasil. Que Brasil é esse? O do sertão nordestino.

O sertão de Ariano Suassuna é diferente das representações que vemos na maior parte da literatura. Ele vê esse pedaço de mundo com os olhos de menino que brinca de rei usando um chapéu de couro como coroa e fazendo de pedras a torre de seu castelo. Tudo é grandioso no sertão de Ariano e é assim que seu narrador o descreve.
Quaderna, ou Dinis para os íntimos, tem uma ar de Dom Quixote. Não porque lhe falta sanidade, mas por seu espírito aventureiro cheio de pompa e honrarias, sua mania de ver grandeza nas coisas. Com o intuito de ser tornar o gênio da raça mundial ele quer escrever um romance epopeico narrando assim a história de uma figura sebastianista: o rapaz do cavalo branco que é misterioso cavaleiro que chega na cidade e pode vir a ser um herói daquele povo e também a esperança de Quaderna para retomar seu reino e assumir sua linhagem de Dom Pedro IV, o decifrador.

Esse trabalho foi pensado a princípio como parte de uma trilogia. O autor chegou a escrever o começo do segundo livro que publicou em formato de folhetim no Diário de Pernambuco. Porém ele desistiu de continuar. E o romance se tornou uma obra independente.
A história contada aqui não é nem um pouco linear. Ela é constantemente entremeada por divagações do narrador. Todas elas importantíssimas para o entender da história e repletas de informações. É um livro denso, onde uma só leitura não é suficiente para captar todo o sentido. É preciso dedicação para levar até o fim a leitura.
Essa é uma obra pertencente ao movimento armorial criado por Suassuna e outros escritores da época que consistia na criação de uma arte erudita a partir do conhecimento popular, que bebia da fonte do imaginário do povo nordestino.
E é isso que encontramos nessa obra: a essência do sertão e dos sertanejos do nordeste, especialmente da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, mas com uma escrita erudita levando o sertão do Cariri aos mais elevados patamares do mundo.
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Hildeberto 11/05/2023

Incompleto
Paradoxalmente, o "Romance da Pedra do Reio", de Ariano Suassuna, corrobora com as críticas dos "irônicos estrangeiros"... É uma obra cansativa e enfadonha; só terminei de lê-la porque não abandono livros que já iniciei.

Há, certamente, elementos positivos: o conceito do livro de sertão "encantado"; algumas descrições de paisagens e situações do Cariri paraibano; raros diálogos e cenas.

Porém esses aspectos formam a menor parte do romance. Ele perde-se em discussões insípidas sobre "direita" e "esquerda"; em sonhos de grandeza, realeza e uma pretensa nobiliarquia brasileira; em críticas aos estrangeiros e defesa do Nordeste; em longas citações de autores com vários sobrenomes que ninguém se lembra ou dá a mínima (pedantismo, convenhamos); perspectivas religiosas um tanto bizarras; etc., etc., etc.

E, depois de tantas páginas nesse ritmo, termina abruptamente, incompleto, com várias pontas abertas, sem sentido.

Apesar de gostar de Ariano Suassuna, não indico este livro.
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Adrya.Jordanaa 08/03/2024

Romance da pedra do reino e o príncipe do sangue vai e volta
É uma leitura densa e desafiadora, mas extremamente recompensadora para aqueles que se aventuram por suas páginas. Com uma trama cativante, personagens inesquecíveis e uma reflexão profunda sobre a identidade brasileira.
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Rafael.Honorato 14/03/2020

Romance epopéico do grande gênio da humanidade?
Esse é um livro dos mais engraçados que já li e quem já assistiu o auto da compadecida pode ter uma ideia do estilo da história que irá encontrar no romance da pedra do reino. O autor é magnífico ao introduzir o estilo da fala regionalizada nordestina, durante a leitura pude imaginar as vozes exatamente com os sotaques e o jeitos de fala nordestina dos personagens, coisa que nunca me aconteceu de maneira parecida com outras leituras. O livro apresenta a história de um jovem sonhador de linhagem fidalga, entusiasta das histórias de sua genealogia, Dinis Quaderna, com seu jeito afrontoso e perspicaz, traça um plano de não só recuperar a coroa monárquica, mas também tornar-se através de sua erudição, leitura e escrita o maior gênio da raça humana. Os personagens que compartilham a história com Diniz são extremamente engraçados e as situações e causos que aparecem ao longo do livro são de fazer pausar a leitura pra rir. O livro que foi escrito na década de 70 também apresenta ali uma disputa muito mais que atual, entre os amigos de Quaderna: Samuel e Clemente, onde debatem e discutem filosoficamente, cada qual sob sua preferência política, sendo um de esquerda e outro de direita, quais é o melhor modelo, sempre defendendo sua posição e atacando a do outro. Me surpreendi ao perceber que os diálogos ali poderiam muito bem estar sendo reproduzidos diariamente no Brasil de 2020, é interessante como o livro mostra as origens de algumas discussões que percebemos na sociedade atual, mostrando como algumas questões foram iniciadas no Brasil e como alguns nomes da política ainda são recorrentes 50 anos depois de sua escrita. Quaderna consegue prender a atenção de um corregedor em um momento da história que está em depoimento, com longas descrições que percorre diversos capítulos do livro, Diniz descreve detalhadamente seus planos de monarquia, e apresenta sua seita e modelo religioso, que será publicado entre uma história que pretende lançar em um livro epopéico que almeja ele que eleve-o a posição mais alta que os maiores escritores da história, tais como Homero e o consagrado Machado de Assis. Dessa forma pude eu ficar preso na leitura por suas 700 e tantas páginas, doido pra saber o que viria a seguir. Ao termino do último capítulo senti raiva, ri, me indignei e aplaudi, entre sorrisos a maneira como se deu o desfecho da história, sem saber dizer exatamente se concluo realmente se o carismático Quaderna conseguido ou não atingir seu objetivo de vida, e isso é o que faz o livro ser tão incrível. Vem ler essa epopéia nordestina e brasileiresca do maravilhoso Suassuna, vem!!!
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