Kyanja 18/06/2019
Uma estreia brilhante
A experiência de luto é algo pelo qual todo mundo já passou ou vai passar. Cada um à sua maneira. Algumas são mais traumáticas, outras menos. Alguns se entregam, outros superam, poucos transcendem, e uma minoria ainda sublima a experiência do luto por meio da expressão artística.
Pois foi o que fez Homero Meyer ao escrever “O Sexto Estágio”, que é a materialização de uma experiência de luto por meio da ficção. Segundo o próprio autor, “O Sexto Estágio foi uma terapia literária para desbravar caminhos alternativos para minha própria experiência fúnebre”. Assim, muito do que se vai ler é calcado na própria realidade — percepções e vivência com seu luto. Mas uma pequena parcela, não; é fruto da imaginação do escritor. Independentemente do que seja o quê, depois que começar a ler esse romance, adentrar no universo de Heitor será para o leitor uma experiência densa, tensa e transcendente. Você será catapultado a uma realidade em que o protagonista o envolverá em todos os seus estágios de luto, ao mesmo tempo que tem de lidar com uma realidade obscura, lidando com pessoas duvidosas, sem conseguir distinguir em quem confiar, enquanto vivencia os limites tênues entre amor e entrega, decisão e acaso, acerto e jogo, vida e morte.
Como profissional do mercado editorial, eu tive a sorte de ler o original antes de se transformar em livro — e fiquei envolvida nesse universo meio claustrofóbico por quase dois meses, mas bastante satisfeita em verificar o quão um autor consegue se mostrar maduro logo em sua primeira obra ficcional. Assim, posso recomendar sem medo de errar: leia que você vai gostar! Arrependimento não haverá! rs.