spoiler visualizarHenrique Boechat 17/10/2018
Este Deus é humano
Segundo Eric Clapton, em um dos vários documentários realizados sobre ele, para se tocar o blues, você precisa ter sentido a tristeza ou algum outro sofrimento que possa ser transposto adequadamente para este tipo de música. Levando essa ideia para o campo literário, é justamente isso que ocorre em “Eric Clapton – A Autobiografia”.
Neste livro, Clapton conta sua vida com uma sinceridade rara hoje em dia. Tudo o que já se ouviu falar sobre seu uso industrial de drogas e álcool durante os anos 70 e parte dos 80 está na obra, assim como as perdas de pessoas queridas que o marcaram para sempre, como ocorre com todos os mortais. Mas não somente de tristeza é feito o livro. O autor descreve como começou a tocar guitarra, as bandas pelas quais passou, sua festa de casamento na qual quase conseguiu juntar os Beatles em um palco depois que o quarteto se separou.
No final, faz um balanço de sua vida e percebe que, no fim das contas, apesar dos pesares, há mais vitórias que derrotas. Ao ler esta obra, surge a sensação de que o guitarrista, finalmente, exorcizou seus demônios e fez as pazes com seu passado.
Enfim, “Eric Clapton – A Autobiografia” é um belíssimo livro, de um artista consagrado há muitas décadas, considerado deus da guitarra por muitos – inclusive por quem vos escreve. Uma das melhores autobiografias que li, tanto pela sinceridade, como pelos fatos curiosos de uma vida repleta de altos e baixos, o que comprova que nossos heróis ou deuses terrenos também são tão humanos quanto nós.