ntayar 10/01/2021
"As pessoas fazem as coisas mais estranhas quando acham que ninguém está vendo."
Berlim, 1938 – Simon e Sara Goldberg acordam seus filhos Miriam e Isaac. Pegam o essencial, algumas roupas, algum dinheiro e fogem enquanto há tempo. Essa noite foi marcada pela destruição de todas as propriedades de judeus na Alemanha e Áustria, sinagogas e lojas foram incendiadas, dando início ao Holocausto.
Suas casas foram invadidas, seus bens roubados e os que não conseguiam fugir eram presos e enviados aos campos de concentração.
A pequena família Goldberg se esconde num porão com outras famílias, a comida acabando, o filho do casal doente, tomado por uma febre que não cedia.
Kalum, 1967 – numa pequena vila no norte da Dinamarca, um menino de 10 anos desaparece. Lars-Ole não foi à escola naquele dia. Sua mãe não fez queixa na polícia, os professores não notaram sua ausência.
Apenas seu amigo de brincadeiras, Niels Haugaard, percebeu que alguma coisa grave havia acontecido. Eles gostavam de brincar de agente secreto ou detetive e Lars-Ole costumava deixar pistas escondidas em lugares que só os dois meninos conheciam.
A polícia é comunicada do desaparecimento pela escola. A mãe alega que o menino estava passando uns dias com o pai em outra cidade. Mas o homem negou, pois há mais ou menos 3 meses não via o filho.
A polícia aponta alguns suspeitos, mas a investigação não leva a nada.
Seria um rapto? A mãe e o namorado estão escondendo alguma coisa? E o pai e a madrasta, qual o envolvimento dos dois no desaparecimento da criança?
Niels, apesar de ser ainda uma criança, acompanha cada passo dos detetives e logo percebe que eles não sabem de nada. E resolve ele mesmo investigar sozinho, baseado num diário de Lars-Ole.
A história parte de um bom tema. O ritmo é um pouco lento, mas tem o toque necessário de mistério e suspense. Os personagens estão sempre escondendo alguma coisa, ninguém é totalmente sincero, totalmente bonzinho nem totalmente malvado. O melhor personagem sem dúvida é Niels, que observa de longe e não teme se arriscar para tentar salvar o amigo. O problema é que geralmente os adultos não valorizam as observações das crianças.
Noites de Cristal é o primeiro romance da dinamarquesa Dorte Hummelshøj Jakobsen a ser traduzido para o português.