Resenhas - Samba de Enredo

Claudio 27/02/2023

Pra quem gosta de carnaval?
Simas é sem dúvida o maior especialista em cultura popular no Brasil. Nessa viagem por muitos carnavais, junto com Alberto Mussi, ele nos leva até os princípios do samba enredo, passando por sua consolidação, chegando até o início do século XXI.

A viagem pelas agremiações e compositores em verbetes dá um tom didático pra quem não é do Rio ou do samba.

Acho que o mergulho no passado distante me afastou um pouco do livro, me pareceu mais interessante a cobertura de um período mais recente, onde uma certa nostalgia se mistura à escrita da dupla.

Joao.Vitor 14/04/2023

Incrível
O livro Samba de enredo é uma bibliografia acerca da história do samba e do gênero enredo, um gênero genuinamente brasileiro e das modificações estéticas sofridas ao longo dos anos. A obra é um estudo de anos de dedicação do autores, que dedicaram-se de corpo e alma à acompanhar o samba, o carnaval e todas as marchinhas e disputas de samba nas quadras, elucidando assim, o enredo discorrido nesta narrativa que percorre transições e criações poética das escolas de samba e suas capacidades de se reinventarem, quase que, espontaneamente.



O samba de enredo, é, segundo o autor um poema que discorre e transcreve as alegorias do carnaval em uma estética única estabelecidas pela escola de samba. O livro narra acontecimentos históricos dentro e fora dos desfiles e seus efeitos na classificação do samba de enredo de como musicalidade poética e suas transfigurações até o dia de hoje, estabelecendo-se assim, uma linha do tempo tênue entre acontecimentos e formas de expressão das escolas durante o percurso de criação dos desfiles. Nota-se um estudo vasto acerca do tópico, percorrendo por assuntos que discorrem desde outros estilos até à consolidação do samba de enredo, bem como seu destaque dentre todos os outros subgêneros existentes dentro do samba, o que o caracterizou como algo único e inconfundível.



O livro divide-se em diversos capítulos que transitam entre a história do samba e a criação da identidade dentro dos gêneros, percorrendo entre os períodos clássicos [1951-1968] (p.55), época de ouro [1969-1989] (p.73), até o surgimento das escolas de samba de enredo (p.135).



A narrativa mostra-nos como o enredo consolidou-se como uma ferramenta de luta, tornando-se assim, característica de suas criações o enfrentamento de problemáticas sociais, temas de grande escala e importância social, o que pode caracterizar-se no capítulo época de ouro, que nos é mostrado a importância das letras de diferentes escolas de samba durante o período ditatorial.



Para caminhada do samba dentre o ontem e o hoje, nota-se que o samba de enredo transformou-se inúmeras vezes e continua se transformando e se tornando inconfundível por quem o ouve, para onde ele vai? só o tempo dirá (p.201).



A obra finaliza com uma listagem de todas as composições originais de samba de enredo durante o passar das décadas. O livro é poético em suas estruturas, o samba está em todas as suas páginas, e é possível imaginar-se em um desfile curtindo o carnaval em um misto de samba e efervecência política em suas letras, uma obra majestosa.

site: https://www.postliteral.com.br/2023/03/resenha-525-samba-de-enredo-de-alberto.html

Mauro 20/02/2018

Difícil Tarefa
Complicada a missão de uma obra que tenta apresentar um fenômeno diferente da sua natureza. O livro de Luiz Antônio Simas e Alberto Mussa tem consciência das suas limitações e deixa claro que só é possível entender o que é um samba de enredo escutando as obras musicais que pertencem á esse gênero e visitando uma escola de samba. Apesar da tarefa difícil "Samba de Enrendo" cumpre a função de introduzir mostrar um panorama da história dos sambas enredo que constituem a experiência do Carnaval Carioca. E faz isso de forma leve e fascinante. Por meio da sua leitura é possível assimilar o conhecimento da história do carnaval no Rio de Janeiro e o nascimento das escolas de samba, além de jogar luz sobre e homenageia vários artistas pouco conhecidos e fundamentais. Só por despertar a vontade de escutar os sambas citados na obra, já vale muito a pena. Este livro sem dúvida alguma é obra fundamental para aqueles que se encantam pelo gênero samba enrendo e tem apreço pela charmosa cultura carioca.

Catvel 08/03/2024

Impossível pensar em História e Cultura sem vir os nomes de Simas e Mussa à cabeça.
Talvez por isso minhas expectativas para essa leitura estavam tão altas.

Os autores deixam claro que a proposta do livro é focar nos sambas enredos, o que de fato acontece, mas não com a potência com que eles já mostraram ter a capacidade de fazer.

A análise, é fundamentalmente rasa muito por conta da divisão estabelecida.
Deixam a apresentação das Escolas e dos compositores para o final e primeiro abordam os períodos estabelecidos cronologicamente. O problema, na verdade, reside na subdivisão temática dos períodos, que são citadas sem grandes aprofundamento, o que pra mim foi um balde de água fria, já que era meu maior foco de interesse e o que imaginei ser a premissa fundamental da obra.
Nesse momento, diversos sambas são citados através de pequenos trechos e um parco comentário de apenas uma ou duas frases que não correspondem a qualidade do trabalho dos autores em outros escritos.
Além de um tanto quanto superficiais, os cinco capítulos dedicados a análise dos sambas são confusos pela mescla da divisão entre temas e a ordem cronológica correspondente ao período estabelecido pelos autores.

Apesar dessas considerações de ordem estritamente pessoais é inegável o talento e o amor dos autores pelo tema, o que torna o livro imediatamente interessante. A forma leve e malandra com que Simas e Mussa conduzem a história faz com que as quase 300 páginas passem sem que o leitor possa perceber as voltas do relógio. Proporcionam além da experiência literária uma experiência sonora através do complexo universo dos sambas de enredo que só fazem enriquecer o leitor, que se torna um ouvinte ao decorrer da leitura.
O Posfácio à segunda edição é sem dúvidas um ponto alto do livro, sem o qual ele não teria a mesma graça nos anos 2010 em diante.

No mais é mais uma grande obra desses autores, apaixonados por carnaval, que privilegiam o público ao dividir esse sentimento em 266 páginas.