A Missão da Mulher

A Missão da Mulher Paul Tournier




Resenhas - A Missão da Mulher


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almeidalewis 02/05/2020

Qual será ?
Discorre no papel e personalidade da mulher através da história,sua importância e muito mais.atraves dessa obra cheguei até palavra de mulher e quero voltar para casa
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Gustavo 18/08/2019

Missão da mulher numa cultura em crise
Um livro sobre a missão da mulher escrito por um homem, pode ser inadvertidamente rejeitado logo de cara. Neste caso, seria uma perda gigantesca. Tournier escreve para homens e mulheres sobre um problema que não é específico de uma das partes, mas de todos. Perdemos a pessoa no processo civilizatório do mundo ocidental. O resgate do sentido da pessoa está no universo feminino. É belíssimo o quadro que se pinta em defesa da complementaridade entre homens e mulheres, em favor da ternura num mundo de coisas. Profundo e sensível, o livro cativa e desperta o senso de missão (não só das mulheres, mas também dos homens). Aponta caminhos sem ser taxativo. Denuncia equívocos sem ser vingativo ou odioso. Leitura essencial em tempos de crise, não somente dos papéis sociais do homem e da mulher, mas da cultura moderna como um todo.
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Traudy 20/02/2015

Sociedade, Gêneros e Coração
A Missão da Mulher, além da linguagem pessoal, trata sobre um assunto do qual é impossível não estar incluso enquanto ser humano: as relações entre os gêneros e as implicações para a sociedade; assim, passar os olhos por seu conteúdo faz rever as convicções e atitudes de cada um nesse âmbito, o qual permeia toda a existência.
Embora já estivesse ciente do aspecto negativo de uma cientifização exacerbada do modelo social, nunca havia pensado que a preferência pela racionalidade de nossos tempos modernos era – em termos gerais – resultada de uma hermenêutica predominantemente masculina da realidade. Segundo o autor, Paul Tournier, a eleição unilateral da razão e da mecânica implicou na constante desumanização da civilização, principalmente a ocidental e inclusive no aspecto religioso. Isso não teria sido consequência do destino, em que acidentalmente a dimensão pessoal ficou relevada a planos adiáforos; pelo contrário, foi uma questão de escolha consciente.
É o que teria acontecido de forma mais marcante na Renascença, quando a rejeição e submissão da mulher coincidiram com a perda do sentido da pessoa. (Até se podem observar os reflexos disso na crise das ciências humanas – seu menor prestígio em comparação às exatas está estritamente relacionado pelo fato de não serem disciplinas exclusivamente masculinas.) Aqui Tournier chama a atenção para um aspecto histórico em geral desconhecido hoje: sim, apesar de existirem preconceitos de gênero desde a Antiguidade, é de fato durante o venerado Renascimento em que há um rígido retrocesso nessa questão.
Para minha grande surpresa, justamente a Idade Média – embora não em sua totalidade – era um grande exemplo da autonomia, participação e liberdade feminina; ao contrário do que geralmente é cogitado, a inserção da mulher na economia não é algo inovador no século XX. Não raro houve rainhas de grande poder na Europa; em alguns lugares, existiam votos masculino e feminino igualitários; nos vários registros medievais podem-se encontrar inúmeras mulheres exercendo uma ampla gama de ofícios (professoras, médicas, farmacêuticas, escultoras, tintureiras, copistas, miniaturistas, encadernadoras, etc.); e, no que se refere a intelectualidade, muitas freiras rivalizavam com os monges mais eruditos. Partindo de uma análise histórica, até a crítica atual de que a mulher saiu do lar é unilateral: pois na era medieval os dois pais trabalhavam em casa (!) ou próximo a ela em virtude da atividade manual, mantendo-se próximos constantemente entre si e a todos os membros da família.
Tal flexibilidade finda com a retomada do rígido direito romano pelo espírito renascentista, a exemplo da consolidação do absolutismo monárquico, da urbanização, e da formação de sentimento nacionalista; inclusive a matança infundada de supostas “bruxas”, inspirada pelo escrito “Martelo das Feiticeiras” encontrou seu auge em pleno Iluminismo. O aporte da razão, da lógica e da tecnologia em um período fortemente assolado por fome, guerras, doenças e diluição de paradigmas – como o foram os séculos XV e XVI – levou à rejeição e bloqueio das emoções, tão intensas e destruidoras, e à fuga das irracionalidades da vida, como o sofrimento e a morte. Consequentemente, desde então com mais veemência o homem prioriza o conhecimento objetivo, recalcando seus sentimentos e inferiorizando e excluindo a mulher, que naturalmente tende a expressá-los mais. A busca por uma sociedade impessoal, sem a influência feminina, levou à sua mecanização através da centralização dos grandes Estados, da concentração econômica, e da burocracia; contudo, o seu excesso conduz à dissipação da responsabilidade individual e a abusos morais.
Achei a retrospectiva interessantíssima, esclarecendo os processos que estão por trás da formação de nossa cultura; as necessidades de nosso tempo podem ser mais bem assimiladas dessa forma. Mediante uma nova onda da ascensão e integração da mulher, por exemplo, tem-se a crise dos novos modelos familiares – qual é o certo? Ou então foi errado o êxodo feminino do lar? O olhar para trás apontará para o que transcende as questões: existe um sistema trabalhista problemático, que arranca pais e mães do contato familiar.
É este sistema, elaborado sem a contribuição afetiva e com vistas normalmente ao benefício a curto prazo, que precisa ser mudado. Isso significa mudar a mentalidade das pessoas que o compõe. Para isso, portanto, Tournier apela à missão da mulher. Sabe-se que a emoção e a sensibilidade não são fatores exclusivos de determinado gênero, mas sim características da espécie humana como um todo; assim, homens e mulheres são chamados a resgatar a dimensão tão importante – aliás, a verdadeira responsável pela qualidade de vida – que desprezaram no passado. Tanto que o autor observa ainda que o emprego de “masculino” e “feminino” é simbólico, representando tendências e associações feitas a cada um, ao invés de conceitos rígidos. Contudo, também é sabido que o desenvolvimento cerebral entre os sexos não é idêntico: a especialização em um dos hemisférios faz dos rapazes relativamente mais aptos ao plano espacial – técnico –, ao passo que as meninas o são para com a grandeza verbal – linguística e comunicativa; por isso Tournier escolhe voltar-se particularmente às mulheres, as quais vocaciona para pôr em prática o seu dom inato e espontâneo.
Notável é que Tournier entende essa incumbência como uma complementaridade, uma vez que intelecto e sentimento lhe parecem dois polos de um mesmo eixo, e não opostos. O ideal é que a reação não seja somente analítica – o que é mais fácil em um primeiro momento –, mas que se desenvolva uma de caráter pessoal, sentimental. Além disso, recusa-se a tomar posição sobre a forma que a mulher tomará para dar a sua colaboração, pois não são condutas ditadas que devem significar a missão: antes, trata-se de conscientização – ela precisa “distinguir que tipo de contribuição sua sensibilidade e sentido da pessoa lhe permite levar à sociedade, quer esteja no lar, no trabalho ou na política.”
Afora o que se refere às instituições coletivas, outro aspecto relevante para a tarefa de transformação proposta por Tournier é conhecer como a mulher foi afetada em seu ser: os últimos cinco séculos não apenas suprimiram a sua capacidade peculiar, como a oprimiram, feriram, menosprezaram e entristeceram. Há as que, devido à pressão dos valores masculinos, acabaram por assimilá-los – inclusive o desprezo por si mesmas – ou recalcá-los – piorando a relação com os homens; muitas desenvolvem neuroses (em número bem maior do que eles); e aquelas que procuram ajuda médica para sua emotividade não o fazem com respeito ao seu controle, mas sim pelo fato de não conseguirem dirigi-la para tarefas criativas.
Um ponto lamentável em meio a tudo são os frequentes conflitos entre casais, incapazes de se entenderem mutuamente. (Pergunto-me se tal não faz parte das sequelas da segregação (in)visível: “isso é coisa de menina”; “aquilo é só pra menino”.) Se às vezes homens podem ser insensíveis, prezar demais por sua virilidade, ou não se aperceber do desdém inconsciente que nutrem pelas mulheres – até mesmo por sua companheira, tratando-a como posse, ignorando suas falas e conselhos –, também nem sempre são bem compreendidos por elas: muito do que se julga ser frieza é a expressão da “petrificação” de não saber como reagir diante de carência ou desabafo emocionais. A perspectiva do desconforto masculino em questões pessoais precisa ser trabalhada. E o casamento pode ser um bom lugar para isso. Ou, infelizmente, não.
Nos capítulos finais há ainda uma abordagem curiosa: a interessante comparação da cultura com a seleção natural e os desenvolvimentos genéticos destaca a interessante manobra em que natural e histórico se aliam na busca por mudanças e equilíbrio.
Por fim resta o chamado desafiador: homens e mulheres, coloquemos o coração e as mãos na massa para reformar a sociedade!
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William 03/10/2013

A mulher como agente da alteridade
Na leitura, percebeu-se a clareza que o autor tem quanto ao assunto e de onde ele aborda seus temas. Ele passa pela linha do meio, ou seja, não defende demasiadamente nem os homens e nem as mulheres, mas apenas aquilo que ele vê como missão de cada um. Obviamente, para elucidar a missão da mulher, acaba por trazer, em sua leitura, a missão do homem.
Para ele, a mulher é muito mais emotiva do que o homem que é mais intelectual. As mulheres conhecem e tem acesso a realidade por meio da emoção, do sentimento enquanto os homens pela razão. Nisto, contata-se que toda a história da humanidade, pelo menos ocidental, foi construída por homens, visto que estese, ao longo da história, se colocaram acima das mulheres. Esta sociedade atual é uma sociedade historicamente machista. Logo, como a mulher pode se inserir neste contexto sem deixar de ser mulher? Esta pergunta norteia o livro de Paul Tournier. Quanto a isso, confesso nunca ter tido esta visão: de que a sociedade é masculinizada. Se é assim mesmo, então o fato da mulher se incluir na sociedade faz com que elas não sejam mais mulheres autênticas, mas que se tornem homens, pois ocupam os serviços de homens. Logo, as mulheres podem correr o risco de deixarem de serem mulheres ao ocupar serviços masculinos. Porém, as mesmas não devem ser excluídas dos serviços, mas, neste debate, deve-se achar o caminho para que a mulher não perca a sua missão correta.
Importante nisto tudo é que a mulher não seja mais considerada serva do homem, ou menor que ele, pois ela também é criatura de Deus. Neste sentido, Gênesis apresenta duas proposições: Deus criou homem e mulher; Deus criou o homem e depois criou a mulher. Nisto, em ambas se evidencia o fato de que Deus vê como importante ao homem uma companheira, isto tanto fazendo-a com ele ou para ele. Ela é presente de Deus ao homem, mas não é objeto, é ser humano como o homem. Nisto, há uma complementariedade entre os sexos, pois a mulher possui dons naturais que os homens não possuem, e os homens possuem dons naturais que as mulheres não possuem. Ambos se complementam em suas diferenças, ao contrário de se distanciarem, se unem um ao outro para que se completem. Todos os homens e todas as mulheres possuem tendências em si, estas tendências, quando unidas em harmonia geram uma situação de complementariedade entre eles. Enquanto os homens “pensam para existir” as mulheres “se relacionam para existir”. O homem objetiva as coisas e torna tudo coisa, até as mulheres ou outros seres humanos enquanto as mulheres humanizam as coisas. Se há uma essência real de ser humano no sentido da alteridade, essa essência é a mulher. Enquanto o homem se prende no mundo racional a mulher observa pela emoção. Nisto, muitas vezes, se tem o grande problema das discussões entre os sexos: querer que o outro ou a outra seja igual a mim, sendo que o outro é uma totalidade em si enquanto eu sou uma totalidade em mim. Nisto, não há complementariedade, pois a totalidade mesmo se faz na união dos opostos que se atraem.
Historicamente falando, antigamente as famílias eram mais próximas, pois se tinha um comércio e nos fundos do mesmo havia a família. A interação familiar acontecia o dia inteiro, pois se vivia em família. Isto evidencio eu mesmo em um lugar que trabalhei: uma estofaria. Nela, a família reside atrás da mesma e o dia inteiro há diálogo entre a família, o avô acolhe e brinca alguns minutos de seu serviço com o neto, sua esposa chama ao café e esta relação vai acontecendo. Esta família é cristã e se percebe claramente a diferença tida neste relacionamento diário, pois a família se mostra sempre bem unida ainda em momentos de discussões. De fato, o modelo de empresa atual desvirtua a família, pois se passa mais tempo no trabalho do que em casa, isto que o trabalho cansa e a casa se torna apenas um hotel para repouso e não mais um lar com pessoas necessitadas de atenção. Quanto a isso, as mulheres possuem sim o direito de pedirem aos homens mecanizados para pararem e darem atenção a elas, da mesma forma que elas devam dar aos seus maridos. Também imagino que é nesse contexto de pouco tempo de lar que a mulher muitas vezes é tornada simples objeto sexual para o prazer do homem. Nisto, o homem deveria promover a mulher tirando tempo a ouvir o que ela lhe tem a dizer.
Ao fim, o autor afirma que não devem existir verdadeiros homens e verdadeiras mulheres um sem o outro, mas quando o homem tem uma mulher ele é verdadeiramente homem e quando a mulher tem um homem é que ela se torna verdadeiramente mulher. Nisto, há um maravilhoso “comércio”, uma maravilhosa troca onde marido e mulher se complementam ao invés de competir.
Enfim, o subestimar da mulher na sociedade precisa sim ser concertado, porém, a medida com que se faz isso é que necessita de atenção. Não se quer que as mulheres se tornem donas de tudo ou que simplesmente agora elas “dominem o mundo”, mas que atuem na história como colaboradoras e que os homens deem esse espaço a elas. A história masculina deve começar a ser escrita também pelas mulheres. Elas não devem ser excluídas ou rebaixadas, mas incluídas e valorizadas. Elas possuem capacidades que os homens não tem e podem muito contribuir ao mundo.
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