João 19/12/2020
A DOENÇA E O TEMPO ? AIDS, UMA HISTÓRIA DE TODOS NÓS
Estamos no mês de dezembro, no qual uma campanha federal apelidada Dezembro Vermelho ocorre para conscientização do diagnóstico e tratamento da infecção por HIV e outras sexualmente transmissíveis. Neste ano, porém talvez o dezembro seja simplesmente sem cor, tal foram todos os meses desde março, quando outro vírus surgiu nos holofotes.
Falar de HIV, no entanto, ainda é necessário, mesmo que no presente ele tenha se tornado um vírus mais fácil de manejar. Falar de HIV é importante porque convivemos com um governante que acredita que pessoas com HIV são uma despesa para a população, um governo que deliberadamente deixa vencer um contrato para que os pacientes do SUS tenham acesso a um exame genético que definem quais medicamentos funcionam e quais não funcionam para o seu tipo HIV. Falar de HIV é importante porque é um capítulo da nossa história que influencia nos comportamento de muita gente até hoje.
E uma boa porta de entrada para falar literariamente de HIV é o livro ?A doença e o tempo? do Eduardo Jardim (ensaísta, filósofo), que reconta a trajetória do vírus HIV desde sua possível origem na África até a chegada ao Brasil, traçando paralelos com o impacto social dessa nova epidemia e dialogando com escritores, filósofos e outros ensaístas ? como Michael Pollack, Susan Sontag e Hervé Guibert ? sobre a influência do HIV na nossa história.
Com a proeza de anexar tanta informação em um livro de menos de 80 páginas, este livro funciona como porta de entrada para quem quer pensar o HIV (vírus) e a AIDS (doença), além da discussão rasa do estigma. As referências (riquíssimas) deste livro são um convite para outras leituras, algumas que pretendo embarcar muito em breve e compartilhar por aqui.