Encruzilhadas da liberdade

Encruzilhadas da liberdade Walter Fraga Filho




Resenhas - Encruzilhadas da liberdade


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Bia 21/10/2018

MELHOR LIVRO SOBRE A ETNIA NEGRA
Citações Representativas

“Estudos recentes ressaltam que as atividades agrícolas independentes eram vantajosas para os senhores, pois diminuíam gastos com a subsistência e mantinham os cativos ligados a propriedade” (p.40)

“ No fim da década de 1870, os escravos perceberam que muitas autoridades judiciais estavam em favor de suas demandas , impedindo a venda para outras províncias dos que tinham pecúlio, concedendo a alforrias aos que não eram resgatados nas cadeias publicas e decidindo o valor das alforrias por valores mais baixos do que prendidos pelos senhores” (p.47)

“ Para os ex-escravos e para os setores populares da sociedade que se envolveram na sua causa , o 13 de Maio significou o começo de uma era” (p.124)

“A falta de competividade , a continua queda dos preços nos mercados de açúcar nos mercados mundiais e a perda de propriedade escrava, resultante da lei de 13 de Maio , abalaram o setor açucareiro da província.” (p.143)

“(...) pagamentos ou reparações por serviços prestados a partir do momento em que passaram a condição de liberdade” (p.187)

“ Segundo o viajante alemão, após o fim do cativeiro, apareceu uma classe de pequenos lavradores , em parte formada pelos antigos escravos dos engenhos.” (p.231) .

. “A forma como os escravos atribuíram significados a liberdade afetou as relações com os antigos senhores e modicou os padrões de relações sociais” (p. 244)

“Mas, (...) eles logo perceberam que , para onde quer que fossem , a luta pela liberdade se tornaria algo constante em sua vida” (p.275)

Parecer Critico

Encruzilhadas da Liberdade é uma obra escrita pelo historiador brasileiro; Watler Fraga, ele segue a corrente historiográfica culturalista, usa de diversos tipos de fontes, como jornais, processos-crimes, músicas, inquéritos policias, registros eclesiásticos e a oralidade para escrever esse livro. Traz a baila questões como os escravos viviam, trabalhavam, se relacionam e eram tratados antes e depois da lei de 13 de Maio de 1888, apresenta tabelas que demostram a origem, idade e ocupação dos escravos, esses dados são de extrema importância para mostrar, como esses escravos viviam, trabalhavam, como eram suas relações com seus donos, etc.
Salienta que muitos escravos tinham pequenas criações de animais como galinhas, porcos e bois para consumo próprio e para vender, possuíam pequenas tarefas de terra, eles geralmente cuidavam desses afazeres nos domingos ou feriados, entretanto quando tentavam fugir ou desobedeciam uma ordem, eram proibidos de fazerem essa pratica , além de sofrerem castigos físicos “estudos recentes ressaltam que as atividades agrícolas independentes eram vantajosas para os senhores, pois diminuíam gastos com a subsistência e mantinham os cativos ligados a propriedade” (p.40) . O autor traz um relato muito interessante, que ocorreu no engenho de Santo Bento de Inhatá , de modo que escravos se rebelaram com o feitor devido ao fato que ele os forçou a trabalhar no domingo para terminar uma tarefa que não haviam concluído, então eles se negaram a faze-la e a noite foram conversar com o dono do engenho para tentar resolver a situação, mas antes de chegarem a casa–grande foram impedidos pelo feitor , isso gerou uma briga e um dos escravos chamado Feliciano foi morto , seus amigos Anastácio, André e Miguel se vingaram matando o feitor com ferramentas de trabalho e esse não foi o único caso que escravos matam os seus feitores, esse ato é uma prova, que os cativos, não eram passivos e aceitavam sofrer castigos físicos e serem explorados de forma pacifica.. Com a promulgação da lei do ventre livre, em 28 de setembro de 1871, os “ingênuos”, como eram chamados os filhos de escravos podiam ser libertados ,também obrigava que os cativos fossem matriculados, para que o estado tivesse informações sobre eles e tivessem um certo controle fiscal sobre os donos e se por acaso os fazendeiros esquecerem de matricular algum , ele seria considerado livre, essa lei não foi aceita pelos proprietários das fazendas, argumentaram que ela causaria danos financeiros e desorganizaria o trabalho. “ No fim da década de 1870, os escravos perceberam que muitas autoridades judiciais estavam em favor de suas demandas , impedindo a venda para outras províncias dos que tinham pecúlio, concedendo a alforrias aos que não eram resgatados nas cadeias publicas e decidindo o valor das alforrias por valores mais baixos do que prendidos pelos senhores” (p.47) , nesse sentido os escravos perceberam que tinham apoio jurídico e por isso as fugas dos cativeiros começaram a aumentar consideralmente e faziam petições exigindo serem libertos.
Os escravos sofriam muitas agressões físicas, trabalhavam muitas horas por dia e tinham uma alimentação pobre de nutrientes, por esse motivo, alguns adquiram o habito de comer areia.
Depois da lei de 13 de Maio foi promulgada pelo governo, que garantiu que todos os negros fossem libertos, a população entrou em espécie de êxtase ,comemoraram todos os dias, soltaram fogos, cantaram e festejaram “ para os ex-escravos e para os setores populares da sociedade que se envolveram na sua causa , o 13 de Maio significou o começo de uma era” (p.124) , um fato muito interessante é que após a lei da abolição da escravatura, os negros estavam mudando gradativamente sua forma de pensar, os comportamentos, a linguagem, etc. Alguns barões se suicidaram após a libertação dos escravos, pois perderam sua principal forma de ganhar lucros, nas colheitas de cana de açúcar, nas fazendas com o gado, as suas mulheres perderam o conforto de viver de ‘boa” sem cozinhar, arrumar a casa, entre outras funções domésticas, o barão de vila Vicçosa argumentava através de artigos publicados que a libertação dos negros só trazia maléficos para a sociedade, pois desorganizou o trabalho, os negros eram uma “raça” preguiçosa, vadia e cheia de vícios, por isso precisavam ser pressionados ao trabalho, também enfatiza que os líberos, não estavam preparados para a liberdade e para receber muitas responsabilidades. “A falta de competividade , a continua queda dos preços nos mercados de açúcar nos mercados mundiais e a perda de propriedade escrava, resultante da lei de 13 de Maio , abalaram o setor açucareiro da província.” (p.143) fatores como a seca e as tensões sociais e politicas, agravaram a situação, incêndios começaram a surgir, queimando os canaviais e matas dos senhores e os negros começaram a ser considerados culpados por essas praticas, alguns senhores começaram a prender e castigar os negros que eram considerados os culpados pelos incêndios, entretanto essas conflagrações eram causadas pela grande seca que atingia a região do nordeste, jornais baianos como o Diário da Bahia frisava que que a lavoura baiana estava falida devido a seca e a falta de braços.
Um problema muito sério que começou a ocorrer, foi que os senhores de engenho, estavam deixando seu gado fora dos limites da cerca e alguns escravos estavam roubando, devido ao fato que o animal estava prejudicando suas plantações de mandioca, então os negros tentaram converser os senhores que isso estaria prejudicando, não obtendo resultados começaram a capturar e matar os gados para a sua alimentação e da “sociedade”, que eram pessoas que pertenciam ao engenho , entretanto não participam dessa pratica, por medo de serem pegos, na verdade na perspectiva dos escravos, aquilo não era um roubo, eram “(...) pagamentos ou reparações por serviços prestados a partir do momento em que passaram a condição de liberdade” (p.187). O gado era um dos elementos principais em uma fazenda, porque serviam para alimentar os escravos, para fazer o transporte de pessoas, e mover as moedas, o roubo e abate do gado também era uma forma, de matar simbolicamente os seus antigos senhores, fazer isso também era uma forma de proteger suas pequenas propriedades de terra, essas pessoas estavam tentando a todo custo de livrar da sujeição dos seus senhores.
Water Fraga é incrível, por que através do cruzamento de diversos tipos de fontes ele consegue obter varias informações dos indivíduos, como quem eram, idade, onde trabalham, quem foram seus donos, o que foram fazer depois de serem libertados e sobre seus descendentes, ele sabe informar ao leitor a data que as crianças que nasciam foram batizadas, em alguns casos quem eram os padrinhos, quem eram os pais, ele mostra poucos casos, onde os cativos, não quiseram se retirar da casa dos seus “donos”, pois eram apegados, mas a maioria dos libertos não quiseram continuar trabalhando no trabalho rural e alguns abolicionistas argumentaram que os proprietários não iriam querer ou não poderiam pagar um salario digno para os seus funcionários, além do fato que muitos cativos criam raiva ou ódio dos seus senhores, devido aos castigos impostos na época da escravidão. Os libertos começaram a receber de acordo com o trabalho que exerciam, por exemplo, os que trabalham no corte da cana de açúcar , recebiam um salário diário , ou de acordo com a quantidade de cana cortada, alguns começaram a cultivar legumes e frutas em suas terras e vender nas feiras , como o autor deixa claro “ Segundo o viajante alemão, após o fim do cativeiro, apareceu uma classe de pequenos lavradores , em parte formada pelos antigos escravos dos engenhos.” (p.231) . Os rendeiros poderiam cultivar produtos como cana e fumo, mas tinham a obrigação de dar uma taxa em dinheiro em troca da terra cultivada, os libertos começaram cada vez mais a exigir seus direitos e começaram a exigir , que trabalhassem apenas três ou quatro dias na semana e melhores condições de trabalho. “A forma como os escravos atribuíram significados a liberdade afetou as relações com os antigos senhores e modicou os padrões de relações sociais” (p. 244) quando trouxe essa citação a tona quis mostrar que a sociedade e a hierarquia social, estava sendo modificada aos poucos, a partir do momento que os escravos ganharam o direito de serem livres, eles começaram a perceber, que não eram inferiores a outra etnias, e por isso deveriam ir correr atrás dos seus sonhos e dos seus direitos, é verdade que alguns indivíduos devido a pouca oportunidade de perspectiva de vida, foram para a marginalidade, entravaram na vida do crime, entretanto não podemos generalizar, pois existiram aquelas pessoas, que foram boas, que trabalhavam muito nas lavouras de cana de açúcar, como domesticas, pescadores, alguns se mudaram para outras cidades ou para a capital Salvador, “mas, (...) eles logo perceberam que , para onde quer que fossem , a luta pela liberdade se tornaria algo constante em sua vida” (p.275)
Com o livro Encruzilhas da Liberdade, o autor não tem o intuito de mostrar apenas o sofrimento do povo negro, durante o período escravocrata, mas para notabilizar que eles são pessoas iguais a qualquer outro povo, que existiam os indivíduos bons, ruins, ladroes, trabalhadores, que tentam sobrevier em uma sociedade desigual, entretanto eles não tiveram as mesmas oportunidades, que os brancos como estudar, ter a consciência plena de seus direitos e deveres, ter um trabalho com salario e condições adequadas e tiveram que ter o apoio de pessoas que conheciam as leis, como abolicionistas para se libertar das “correntes da escravidão” .
Beto 30/05/2022minha estante
Conhece algum estudo recente sobre o tema em relação ao interior paulista?




BeatrizFonseca1 09/04/2023

Fraga Water Filho , Encruzilhadas da Liberdade 2006 / 365 páginas - Ed. Unicamp

Citações Representativas

“Estudos recentes ressaltam que as atividades agrícolas independentes eram vantajosas para os senhores, pois diminuíam gastos com a subsistência e mantinham os cativos ligados a propriedade” (p.40)

“ No fim da década de 1870, os escravos perceberam que muitas autoridades judiciais estavam em favor de suas demandas , impedindo a venda para outras províncias dos que tinham pecúlio, concedendo a alforrias aos que não eram resgatados nas cadeias publicas e decidindo o valor das alforrias por valores mais baixos do que prendidos pelos senhores” (p.47)

“ Para os ex-escravos e para os setores populares da sociedade que se envolveram na sua causa , o 13 de Maio significou o começo de uma era” (p.124)

“A falta de competividade , a continua queda dos preços nos mercados de açúcar nos mercados mundiais e a perda de propriedade escrava, resultante da lei de 13 de Maio , abalaram o setor açucareiro da província.” (p.143)

“(...) pagamentos ou reparações por serviços prestados a partir do momento em que passaram a condição de liberdade” (p.187)

“ Segundo o viajante alemão, após o fim do cativeiro, apareceu uma classe de pequenos lavradores , em parte formada pelos antigos escravos dos engenhos.” (p.231) .

. “A forma como os escravos atribuíram significados a liberdade afetou as relações com os antigos senhores e modicou os padrões de relações sociais” (p. 244)

“Mas, (...) eles logo perceberam que , para onde quer que fossem , a luta pela liberdade se tornaria algo constante em sua vida” (p.275)

Parecer Critico

Encruzilhadas da Liberdade é uma obra escrita pelo historiador brasileiro; Watler Fraga, ele segue a corrente historiográfica culturalista, usa de diversos tipos de fontes, como jornais, processos-crimes, músicas, inquéritos policias, registros eclesiásticos e a oralidade para escrever esse livro. Traz a baila questões como os escravos viviam, trabalhavam, se relacionam e eram tratados antes e depois da lei de 13 de Maio de 1888, apresenta tabelas que demostram a origem, idade e ocupação dos escravos, esses dados são de extrema importância para mostrar, como esses escravos viviam, trabalhavam, como eram suas relações com seus donos, etc.
Salienta que muitos escravos tinham pequenas criações de animais como galinhas, porcos e bois para consumo próprio e para vender, possuíam pequenas tarefas de terra, eles geralmente cuidavam desses afazeres nos domingos ou feriados, entretanto quando tentavam fugir ou desobedeciam uma ordem, eram proibidos de fazerem essa pratica , além de sofrerem castigos físicos “estudos recentes ressaltam que as atividades agrícolas independentes eram vantajosas para os senhores, pois diminuíam gastos com a subsistência e mantinham os cativos ligados a propriedade” (p.40) . O autor traz um relato muito interessante, que ocorreu no engenho de Santo Bento de Inhatá , de modo que escravos se rebelaram com o feitor devido ao fato que ele os forçou a trabalhar no domingo para terminar uma tarefa que não haviam concluído, então eles se negaram a faze-la e a noite foram conversar com o dono do engenho para tentar resolver a situação, mas antes de chegarem a casa–grande foram impedidos pelo feitor , isso gerou uma briga e um dos escravos chamado Feliciano foi morto , seus amigos Anastácio, André e Miguel se vingaram matando o feitor com ferramentas de trabalho e esse não foi o único caso que escravos matam os seus feitores, esse ato é uma prova, que os cativos, não eram passivos e aceitavam sofrer castigos físicos e serem explorados de forma pacifica.. Com a promulgação da lei do ventre livre, em 28 de setembro de 1871, os “ingênuos”, como eram chamados os filhos de escravos podiam ser libertados ,também obrigava que os cativos fossem matriculados, para que o estado tivesse informações sobre eles e tivessem um certo controle fiscal sobre os donos e se por acaso os fazendeiros esquecerem de matricular algum , ele seria considerado livre, essa lei não foi aceita pelos proprietários das fazendas, argumentaram que ela causaria danos financeiros e desorganizaria o trabalho. “ No fim da década de 1870, os escravos perceberam que muitas autoridades judiciais estavam em favor de suas demandas , impedindo a venda para outras províncias dos que tinham pecúlio, concedendo a alforrias aos que não eram resgatados nas cadeias publicas e decidindo o valor das alforrias por valores mais baixos do que prendidos pelos senhores” (p.47) , nesse sentido os escravos perceberam que tinham apoio jurídico e por isso as fugas dos cativeiros começaram a aumentar consideralmente e faziam petições exigindo serem libertos.
Os escravos sofriam muitas agressões físicas, trabalhavam muitas horas por dia e tinham uma alimentação pobre de nutrientes, por esse motivo, alguns adquiram o habito de comer areia.
Depois da lei de 13 de Maio foi promulgada pelo governo, que garantiu que todos os negros fossem libertos, a população entrou em espécie de êxtase ,comemoraram todos os dias, soltaram fogos, cantaram e festejaram “ para os ex-escravos e para os setores populares da sociedade que se envolveram na sua causa , o 13 de Maio significou o começo de uma era” (p.124) , um fato muito interessante é que após a lei da abolição da escravatura, os negros estavam mudando gradativamente sua forma de pensar, os comportamentos, a linguagem, etc. Alguns barões se suicidaram após a libertação dos escravos, pois perderam sua principal forma de ganhar lucros, nas colheitas de cana de açúcar, nas fazendas com o gado, as suas mulheres perderam o conforto de viver de ‘boa” sem cozinhar, arrumar a casa, entre outras funções domésticas, o barão de vila Vicçosa argumentava através de artigos publicados que a libertação dos negros só trazia maléficos para a sociedade, pois desorganizou o trabalho, os negros eram uma “raça” preguiçosa, 🤬 #$%!& e cheia de vícios, por isso precisavam ser pressionados ao trabalho, também enfatiza que os líberos, não estavam preparados para a liberdade e para receber muitas responsabilidades. “A falta de competividade , a continua queda dos preços nos mercados de açúcar nos mercados mundiais e a perda de propriedade escrava, resultante da lei de 13 de Maio , abalaram o setor açucareiro da província.” (p.143) fatores como a seca e as tensões sociais e politicas, agravaram a situação, incêndios começaram a surgir, queimando os canaviais e matas dos senhores e os negros começaram a ser considerados culpados por essas praticas, alguns senhores começaram a prender e castigar os negros que eram considerados os culpados pelos incêndios, entretanto essas conflagrações eram causadas pela grande seca que atingia a região do nordeste, jornais baianos como o Diário da Bahia frisava que que a lavoura baiana estava falida devido a seca e a falta de braços.
Um problema muito sério que começou a ocorrer, foi que os senhores de engenho, estavam deixando seu gado fora dos limites da cerca e alguns escravos estavam roubando, devido ao fato que o animal estava prejudicando suas plantações de mandioca, então os negros tentaram converser os senhores que isso estaria prejudicando, não obtendo resultados começaram a capturar e matar os gados para a sua alimentação e da “sociedade”, que eram pessoas que pertenciam ao engenho , entretanto não participam dessa pratica, por medo de serem pegos, na verdade na perspectiva dos escravos, aquilo não era um roubo, eram “(...) pagamentos ou reparações por serviços prestados a partir do momento em que passaram a condição de liberdade” (p.187). O gado era um dos elementos principais em uma fazenda, porque serviam para alimentar os escravos, para fazer o transporte de pessoas, e mover as moedas, o roubo e abate do gado também era uma forma, de matar simbolicamente os seus antigos senhores, fazer isso também era uma forma de proteger suas pequenas propriedades de terra, essas pessoas estavam tentando a todo custo de livrar da sujeição dos seus senhores.
Water Fraga é incrível, por que através do cruzamento de diversos tipos de fontes ele consegue obter varias informações dos indivíduos, como quem eram, idade, onde trabalham, quem foram seus donos, o que foram fazer depois de serem libertados e sobre seus descendentes, ele sabe informar ao leitor a data que as crianças que nasciam foram batizadas, em alguns casos quem eram os padrinhos, quem eram os pais, ele mostra poucos casos, onde os cativos, não quiseram se retirar da casa dos seus “donos”, pois eram apegados, mas a maioria dos libertos não quiseram continuar trabalhando no trabalho rural e alguns abolicionistas argumentaram que os proprietários não iriam querer ou não poderiam pagar um salario digno para os seus funcionários, além do fato que muitos cativos criam raiva ou ódio dos seus senhores, devido aos castigos impostos na época da escravidão. Os libertos começaram a receber de acordo com o trabalho que exerciam, por exemplo, os que trabalham no corte da cana de açúcar , recebiam um salário diário , ou de acordo com a quantidade de cana cortada, alguns começaram a cultivar legumes e frutas em suas terras e vender nas feiras , como o autor deixa claro “ Segundo o viajante alemão, após o fim do cativeiro, apareceu uma classe de pequenos lavradores , em parte formada pelos antigos escravos dos engenhos.” (p.231) . Os rendeiros poderiam cultivar produtos como cana e fumo, mas tinham a obrigação de dar uma taxa em dinheiro em troca da terra cultivada, os libertos começaram cada vez mais a exigir seus direitos e começaram a exigir , que trabalhassem apenas três ou quatro dias na semana e melhores condições de trabalho. “A forma como os escravos atribuíram significados a liberdade afetou as relações com os antigos senhores e modicou os padrões de relações sociais” (p. 244) quando trouxe essa citação a tona quis mostrar que a sociedade e a hierarquia social, estava sendo modificada aos poucos, a partir do momento que os escravos ganharam o direito de serem livres, eles começaram a perceber, que não eram inferiores a outra etnias, e por isso deveriam ir correr atrás dos seus sonhos e dos seus direitos, é verdade que alguns indivíduos devido a pouca oportunidade de perspectiva de vida, foram para a marginalidade, entravaram na vida do crime, entretanto não podemos generalizar, pois existiram aquelas pessoas, que foram boas, que trabalhavam muito nas lavouras de cana de açúcar, como domesticas, pescadores, alguns se mudaram para outras cidades ou para a capital Salvador, “mas, (...) eles logo perceberam que , para onde quer que fossem , a luta pela liberdade se tornaria algo constante em sua vida” (p.275)
Fonseca em sua tese de doutorado enfatiza que os negros fugiam para buscaar melhores condições de vida e fugir dos castigos físicos que sofriam, e fugiam para quilombos o mais importante deles foi o dos palmares,
Com o livro Encruzilhas da Liberdade, o autor não tem o intuito de mostrar apenas o sofrimento do povo negro, durante o período escravocrata, mas para notabilizar que eles são pessoas iguais a qualquer outro povo, que existiam os indivíduos bons, ruins, ladroes, trabalhadores, que tentam sobrevier em uma sociedade desigual, entretanto eles não tiveram as mesmas oportunidades, que os brancos como estudar, ter a consciência plena de seus direitos e deveres, ter um trabalho com salario e condições adequadas e tiveram que ter o apoio de pessoas que conheciam as leis, como abolicionistas para se libertar das “correntes da escravidão” .

comentários(0)comente



2 encontrados | exibindo 1 a 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR