Dea Campodonico 16/03/2024PátriaO livro narra a história de duas famílias separadas pela violência do grupo terrorista ETA.
A escrita do autor é diferente de tudo que li, intercalando o presente e o passado com diversos pontos de vista, depois que se pega o ritmo dessa troca de pov a leitura fica bem fluída.
A narrative principal é pelo ponto de vista de duas matriarcas, antes amigas inseparáveis que se vêem em lados opostos da luta da identidade do país Basco. O livro foca no impacto do ETA na vida das pessoas e não no conflito ou na ideologia do grupo terrorista.
Quando o nacionalismo, ou a luta identitária deixa de ser justa e passa a ser terrorismo? Quando o oprimido vira oppressor? Quando a violência passa a ser a resposta? Essas perguntas ficaram na minha cabeça durante a leitura de Pátria, o livro nos faz pensar em diversos conflitos que temos pelo mundo, principalmente nacionalistas, os que defendem um povo e sua cultura, então quando é que tudo sai da linha?
Pátria não promote respostas, não traz solução pra conflitos, o autor escolhe mostrar o lado humano de quem está no meio do conflito. Como a crença, a ideologia do ETA mudou a vida de todos, mesmo daqueles que não tomaram parte, que não se filiaram, mesmo sendo bascos mas escolheram ficar de fora, então percebemos que não tem como estar de fora do conflito, que movimentos como esse vêem tudo preto ou branco, não existe o cinza, só existe fazer parte ou não, mesmo que você seja amigo, irmão, vizinho. Ou se é partidário ou é inimigo, e o resultado é dor e perdas para todos os lados.
O livro me pegou de jeito. É fácil ver certo e errado estando de for a do conflito, mas quais seriam nossas atitudes se estivéssemos no meio dele? Gosto de pensar que eu seria como a Arantxa.