Doença como metáfora / AIDS e suas metáforas

Doença como metáfora / AIDS e suas metáforas Susan Sontag




Resenhas - Doença como metáfora / AIDS e suas metáforas


12 encontrados | exibindo 1 a 12


Manurr 08/03/2024

Li esse livro inicialmente por motivos acadêmicos, mas ultrapassei o limite estipulado pelo professor porque me enganei kkkk. Não me arrependo de ter continuado essa leitura ? salvo os spoilers de obras literárias que a autora citou com o propósito de retratação da concepção da doença ao longo dos anos.

Ela estabelece uma relação dicotômica muito interessante entre a tuberculose e o câncer, com distintas significações e interpretações dessas duas doenças. Muitas dessas representações circulam até hoje em nossa sociedade, principalmente quando se trata do câncer.

Sobre a parte da AIDS, que na época da publicação desse livro ainda estava rodeada do temor do recém-descoberto vírus ? muito bem trabalhado por ela nessa seção ?, embora certas falas possam ser consideradas obsoletas, o trabalho analítico toma o espaço da propagação em massa de mais uma metáfora de mais uma doença, caráter quase inerente à espécie humana.

Creio que esse livro ainda será util para o curso em geral, mas para as próximas aulas da matéria de Saúde e Sociedade eu vejo uma importância muito maior.
comentários(0)comente



mathrodriguess 07/01/2024

Sontag sendo cirurgica em todos os apontamentos levantados sobre a questão do uso de doenças como metáfora.
Todo mundo da área da saúde deveria parar para ler este livro.
comentários(0)comente



Tainá 26/09/2023

Nao recomendo. Ainda que contextualizemos o texto ao ano em que foi escrito, muitas das interpretações e falas da autora me parecem reforçar o caráter discriminatório, preconceituoso e culturalmente negativo da doença (aids). Pra quem trabalha com hiv, percebe-se uma mistura de idéias aceitas antigamente com pré-conceitos reforçados sem necessidade. Nao me agradou.
comentários(0)comente



@emedepaula 17/05/2023

Ainda atual
Livro que ainda se mostra atual em seu debate. A doença como metáfora, quer colocar um significado no sofrimento, ou ainda, apontar que o doente tem alguma culpa, castigo ou controle sobre a doença que o acomete. Isso remove o aspecto de realidade e afasta as pessoas de buscarem o tratamento e informações que podem salvar suas vidas. Faz muito sentido ler esse livro sob a ótica pós-Covid, pois o século XXI anunciado como o século do cansaço neuronal, trouxe uma doença infecciosa que causou milhares de mortes e onde as metáforas para uma luta, ou uma guerra contra o vírus invasor foi amplamente divulgada. Acho que pensar criticamente o uso dessas metáforas é fundamental para não repetirmos a histórias e as estigmatizações que elas perpetuaram.
comentários(0)comente



Felipe 09/02/2023

Escrito interessantíssimo acerca de como algumas doenças tiveram seus significados ampliados em nossa sociedade com o uso de metáforas, principalmente de origem militar, como "invasão", "propagação", "combater o inimigo" e etc.

Tais doenças, aqui com ênfase maior para o câncer, tuberculose e a AIDS, tiveram seus nomes ligados à sentimentos de culpa por parte dos pacientes, bem como, foram utilizadas para justificar xenofobia, alegando que essas patologias se originaram em um país estrangeiro, haja vista o exemplo mais recente da Covid-19.
comentários(0)comente



Nica 22/11/2022

Tem que se preparar
É um livro sobre doenças, sobre metáforas que se assimilam a determinadas doenças. Dito isso, tem que estar preparado pra ler algo assim. Não é ruim, bem informativo; a primeira parte veio cronologicamente antes da segunda, quando a autora se tratava de um câncer, não é uma narrativa pessoal mas uma forma de falar sobre o que ninguém quer falar de uma forma bastante clara.
comentários(0)comente



Euler 04/04/2021

Quarta vez lendo esse livro e agora num contexto muito diferente. Nessa leitura o que mais me pegou é quando a Sontag diz que a doença é a vestimenta interna do corpo. O que me leva a pensar que algumas doenças ficam na moda em alguns períodos. A própria autora fala longamente da tuberculose e de como era enaltecide aqueles que tinham os sintomas - taí a geração de românticos que influenciam até hoje, se não for pra verter sangue nem sobe pro play do poema. O livro também traça a relação com o câncer, que substituiu a tuberculose nos últimos tempos enquanto doença do mistério e sem solução. Hoje mesmo nos correios, uma mulher listou uns dez problemas de saúde e concluiu com "pelo menos não é câncer". Outro ponto é como a doença é um lugar para se pensar a personagem, atrelado a sua personalidade. O que é meio tosco de pensar. imagina, nossa personagem x é tão gripal ou personagem y é tão colérico. E o que mais bateu nessa leitura é a relação da doença com uma moral e ideia de justiça. "Ah, se adoeceu é porque fez por onde", o que em tempos pandêmicos ganha contornos assustadores, já que vivemos tempos imorais - em todas as concepções - e injustos. #naoficcao
comentários(0)comente



Ana 30/01/2021

Leitura super interessante que trás um histórico de como as doenças todas como mais letais impactaram a sociedade ao longo do tempo e como isso refletiu na vida dos pacientes. Além disso, é muito atual, por mostrar também a forma como diferentes governos costumam lidar com epidemias de nível global, o que temos visto também atualmente com o coronavírus, como o vírus tem sido usado como desculpa para a xenofobia.
comentários(0)comente



Paula 12/06/2020

Leitura necessária
Gostei bastante. A parte da AIDS está bem desatualizada. Mas a primeira metade apresenta de forma muito interessante a forma como vemos as doenças e nos apropriamos dessas ?metáforas? para explicar o mundo a nossa volta. E vice versa.
comentários(0)comente



Luiz 01/06/2020

Noção que muda o processo de cura das doenças.
Cheguei a esta leitura por indicação de um colega do meu curso. Considero um debate importante para que se tenha uma noção clara do processo de cura das doenças. Sontag nos convidou a refletir sobre as metáforas - principalmente no campo literário romancista - do câncer e da tuberculose, e por conseguinte uma visão sobre as metáforas políticas do HIV-Aids.
Ao terminar o livro, foi possível, para mim, reconhecer tantas outras metáforas incubadas à demais doenças comuns da nossa sociedade, a exemplo da obesidade e diabetes, demências neurológicas, transtornos mentais, e tantas outras; com cliques de várias coincidências das metáforas políticas relacionadas ao atual vírus Sars-Cov-2, que assim como o HIV, foi recoberto de interpretações xenofóbicas, religiosas, e populistas, como se a doença não acometesse a "população em geral" (principalmente uma minoria rica), ignorando totalmente a fisiopatologia da doença, como se o organismo tivesse consciência, moralismo e juízo de valor para escolher seus hospedeiros.
Ter a noção e visão crítica das várias metáforas de uma doença torna o processo de prevenção e de cura conscientes, científicos, objetivos e promove uma melhor autonomia do paciente para escolha individualizada do seu tratamento.
comentários(0)comente



davidelira 04/05/2020

As metáforas da doença e da pandemia.
O nome de Susan Sontag foi, desde muito tempo pra mim, um daqueles nomes que pairavam no ar, misturado em meio de referências a escritoras aclamadas pela crítica e conhecidas por seus ensaios e romances. Esse foi meu primeiro livro dela, e tenho que dizer que não saí decepcionado.
O livro é dividido em dois textos, dos anos de 1978 e 1989, que trazem uma tese central e um incômodo que guiou a escrita da autora. A proliferação dos sentidos, atribuídos no surgimento histórico de algum tipo de enfermidade, que constroem uma mitologia ao redor da doença, a colorindo de aspectos metafóricos. A noção central que Sontag passa nesses trechos é a de que não há um sentido a priori para a doença, ela não possui uma intencionalidade própria. A doença é um fato irracional que não carrega um sentido por si só. A faculdade de dar sentidos é do ser humano, não sendo esse significado algo da doença. Na outra via, a autora relata como diferentes doenças foram utilizadas como analogias no terreno da filosofia, ciência e literatura.
No primeiro dos ensaios, Sontag se detém em como essas metáforas se construíram no caso da tuberculose e do câncer. Outras doenças também são abordadas, mas são essas duas que se destacam na argumentação da autora. É impressionante o extenso material que a autora utiliza para tecer suas considerações: romances de várias nacionalidades; de autores como Kafka, Thomas Mann, Stendhal; filmes consagrados como os de Bergman; além de textos filosóficos e científicos. É por meio de amplificações e uma apresentação de vasto material que a autora centraliza noções básicas atribuídas na construção simbólica da doença. Um trabalho interessantíssimo, visto ela buscar se debruçar sobre as fantasias constrúidas em cima dessas doenças, nada mais adequado do que recorrer a arte e a ciência.
No segundo ensaio ela busca atualizar esse raciocínio. Enquanto no primeiro, o argumento buscou chegar no perigo de um sentido intrínseco ao câncer, neste, a autora busca denunciar o perigo nas metáforas em cima da AIDS, conhecida como uma praga que afetava a comunidade LGBT+ e como uma ameaça de pandemia mundial.
Por fim, a principal razão que me levou a ler esse livro foi a eclosão do que estamos experienciando, uma pandemia mundial que carrega a marca de milhares de mortos e um cenário de piora para vários países. Nesses tempos, foram diversas as narrativas que surgiram para dar um sentido, para entender esse evento, o corona vírus. Algumas narrativas, que revelavam uma lógica cruel de eugenia, disfarçada de um discurso ecológico entende o que estamos passando como um tipo de limpeza espiritual da Terra. Outras linhas de pensamento entendem como uma ameaça plantada pela China para um colapso da economia mundial. Não é irreal você ver essa questão a partir da ótica de um meio ambiente em colapso, uma ""resposta"" da natureza ou pensar em questões geopolíticas que possibilitam a erupção dessa pandemia (muito se fala sobre a posição de ocultação de dados por parte do governo chinês). Porém, em última instância, aqui pensando na argumentação de Sontag, o vírus não possui um sentido próprio. Não cabe desprezar as fantasias tecidas ao redor desse evento, já que é por meio da fantasia que vivenciamos a realidade, mas é importante não permitirmos o monopólio de narrativas que ameaçam a vida humana ou que perpetuam racismo e xenofobia.

O texto de Sontag é lúcido e provocativo para o momento que vivemos, no segundo ensaio, do ano de 89, a autora traz reflexões que abordam a exclusão racial, o colonialismo, o autoritarismo como ameças que avançam em períodos de pandemia. Não é de hoje que esses temas nos preocupam e atravessam, ainda mais quando pensamos num cenário de uma democracia vacilante que se vê cada vez ameaçada. Parafraseando aqui Zizek, vivemos num período em que fica mais clara a necessidade de um novo tipo de comunismo (nos moldes do que seria uma aliança global solidária) que dê conta de perigos como esses. Perigos esses que revelam estarmos nessa no mesmo barco.
comentários(0)comente



Fayetsho 19/11/2019

Meu primeiro contato com Sontag
Há muito tempo que queria ler esses dois ensaios. Depois de muita luta consegui uma cópia, e valeu totalmente o esforço.
Susan Sontag quando se tornou paciente oncológica encontrou várias metáforas, mitos e histórias sobre o câncer, e se debruçou sobre o tema.
O livro em si, não é algo técnico sobre o câncer, mas uma busca e luta contra as metáforas, significados, que a sociedade criou sobre essa doença, que em muitos casos distorçem a realidade objetiva. Para isso, a ensaísta utiliza-se muito da literatura mundial -Mann, Sartre, Camus, Turgueniev, etc. A crítica principal é essa disassociação da doença da sua realidade. No 1º ensaio, ela vai trabalhar muito como o câncer é um castigo, uma culpa, versus a tuberculose como uma doença romântica, limpadora de almas.
No segundo ensaio, como revisitando o 1º, Sontag entra mais na questão política, de como a AIDS espalhou-se, e só teve a relevância que teve por atingir o "primeiro mundo" e a "sociedade"(brancos e héteros).
Em suma, o livro em si é um tanto repetitivo, mas não sem conteúdo, e deixa a reflexão e missão de reconhecer as metáforas do dia a dia, e combatê-las quando não estão de acordo com a realidade objetiva.
Certamente lerei mais de Susan Sontag.
comentários(0)comente



12 encontrados | exibindo 1 a 12


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR