A ordem do dia

A ordem do dia Éric Vuillard




Resenhas - A ordem do dia


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allanzanetti 20/08/2023

Sim ao Führer
Alguns dos homens mais poderosos da época colaboraram com o nazismo. À frente de grandes empresas, eles priorizaram interesses imediatos em detrimento de questões humanas. Nada que não faça parte da atual realidade corporativa, por mais que se minta a respeito disso. A ironia do autor casa perfeitamente com o momento vergonhoso da história relatado pelo livro.
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Kevin 18/07/2023

Poderosos relatos!
O autor conseguiu, em pouquíssimas páginas, trazer uma visão diferenciada sobre como se deu o apoio da alta burguesia alemã ao Partido Nazista na década de 30. Além disso, mostra que a máquina de guerra hitlerista ganhava muito embate "no grito".

Incrível notar como as outras potências da época não perceberam (ou preferiram fechar os olhos) ao que estava por vir.

Excelente leitura!
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Valeria.Honorio 05/04/2023

"Durante anos ele tinha alugado deportados em Buchenwald, em Flossenburg, ..., em Auschwitz...

A expectativa deles era de alguns meses.

De uma chegada de seiscentos deportados, em 1943, nas fábricas Krupp, um ano mais tarde não restavam mais que vinte."
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Pandora 11/09/2022

‘O cerne da proposta se resumia a isto: era preciso acabar com um regime fraco, afastar a ameaça comunista, suprimir os sindicatos e permitir que cada patrão fosse um Führer em sua empresa.’ - na reunião do Partido Nazista com os maiores empresários da Alemanha.

O livro trata de dois fatos importantes para a Segunda Guerra Mundial, porém pouco retratados: a reunião de 20 de fevereiro de 1933, entre os líderes do Partido Nazista, Hitler e Goering e os maiores empresários alemães; e as manobras, chantagens e encontros que culminaram na anexação da Áustria ao Reich.

Sem dúvida que, por si só, estes dois fatos poderiam ser atraentes o suficiente para uma leitura; eu que não estava muito animada para a temática ‘guerra’ neste momento; o que eu não esperava era uma escrita tremendamente fluida, dinâmica e debochada, feita com uma intimidade tal que você jura que o Vuillard era uma mosquinha xereta na época dos fatos, embora ele nem tivesse nascido. Bem, então talvez ele fosse. A verdade é que ele fez uma pesquisa danada. E sobre a pesquisa e a forma que escolheu para a narrativa, ele afirmou: ‘A escrita nada mais é do que o caminho ardente forjado por um ponto de vista subjetivo através do emaranhado de fatos.’

Apesar de não ser novidade que o grande empresariado banca campanhas eleitorais, incluindo governos ditatoriais, quando Éric nomina empresas financiadoras do nazismo que ainda estão em atividade, ele nos faz pensar nisso de maneira mais tangível. Ele aproxima a nossa realidade com um passado que não nos pertenceu. Assim como quando os bastidores de grandes negociações e eventos vêm à tona - ainda que de maneira romanceada - a certeza de que somos todos humanos e, portanto falhos, com medos, fraquezas, gafes, nos faz ver a vulnerabilidade como bem comum.

Para Yuri Al’Hanati, do canal do YT Livrada!, Vuillard ‘é meio caótico na escrita’. E, sim, é. Ele digressa em sua narrativa trazendo figuras como Louis Soutter, um pintor e artista gráfico suíço que produziu a maior parte de seu trabalho no hospício e Anton Bruckner, compositor austríaco católico, que tinha crises de depressão, fazendo links no mínimo estranhos. Ele se pergunta, por exemplo, onde estarão as moças sorridentes do vídeo da Anschluss [1] e quais serão suas lembranças. Certamente os leitores que preferem escritas mais tradicionais, seja pela forma, seja pelo conteúdo, podem ficar insatisfeitos. Mas, para mim, este é o grande barato de Vuillard, nos unir pelo que somos: humanos.

‘Frequentemente, as maiores catástrofes se anunciam aos poucos.’ - fim do capítulo ‘Um dia ao telefone’.

Notas:
[1] Anschluss - anexação político-militar da Áustria pela Alemanha nazista em 1938.
A ordem do dia foi o livro vencedor foi prêmio Goncourt em 2017.
Éric Vuillard, além de escritor, é cineasta.
Tana 11/09/2022minha estante
Fiquei interessada Denise..tenha essa vontade de ler os premiados do Goncourt, ainda mais com essa temática!


Pandora 11/09/2022minha estante
Tanéia, ler um vencedor do Goncourt faz parte do desafio anual de um grupo que participo, então procurei um bem curto, pois o ano está acabando? rs? fiquei surpresa, pois gostei muito. Mas pelas resenhas você vê que há quem ame e quem odeie.


Tana 12/09/2022minha estante
sim.. sempre tenho alguma sensação de estranhamento com Goncourt! mas sempre gosto da reflexão!!




Ladyce 06/06/2022

Em 2017, "A ordem do dia", de Éric Vuillard, ganhou o Goncourt, maior prêmio literário da França. Dois anos depois o livro foi publicado no Brasil, com tradução de Sandra M. Stroparo. Neste meio tempo, houve alguma controvérsia sobre o conteúdo. Pertencente à categoria de ficção histórica, muitos leitores se depararam com texto descrevendo momentos históricos da Segunda Guerra Mundial que traziam abertamente suposições e interpretações do autor, opiniões claramente elaboradas. De maneira inteligente e tangencial Vuillard se concentra em participantes menores de eventos conhecidos, condicionando a narrativa a pequenos eventos, retratos de momentos, cenas, vinhetas do poder alemão até a anexação da Áustria ao domínio nazista em 1938.

Discordo das críticas. Toda reconstrução histórica sofre viés interpretativo. Vuillard dá um passo além, talvez mais honesto, ao esclarecer suas opiniões, demonstrar seu desdém, sua revolta. Autores de ficção histórica frequentemente dão maior ou menor ênfase a acontecimentos de acordo com a interpretação do passado que seus dados apontam. Éric Vuillard escreveu um livro de ficção e tem todo direito de expor nessa narrativa suas ideias e conclusões. O resultado das vinhetas relatadas nesta prosa, com viés narrativo do autor, é o choque para esta leitora, pelo menos, da imensidão do financiamento econômico que permitiu o crescimento do nazismo, pelos grandes industriais da época, vinte-quatro ao todo, além do Secretário de Relações Exteriores da Grã Bretanha, Lord Halifax e o Chanceler da Áustria Kurt Schuschssnigg.

É evidente que o autor fez extensa pesquisa histórica. A narrativa através de encontros importantes para o sucesso econômico do fascismo surpreende. Minhas lembranças dos tempos de estudante no ensino médio, quando memorizava uma lista de datas, recitadas como tabuada, o rol de eventos que levam ao domínio dos fascistas na Alemanha foram inevitáveis; assim como foi indiscutível a paulatina, sistemática e penosa realização, nessa leitura, do progresso de domínio do território austríaco pelas tropas nazistas. Essa terra de Hitler ficou para sempre na memória de todos que se debruçaram sobre a história do século passado, como rapidamente caída na teia fascista. Mas, aqui, através das emoções do escritor, em sua revolta, ainda que consiga também achar o humor de alguns momentos, tudo parece novo. E chocante.

Mais do que merecido o prêmio Goncourt. Leitura importante para afiarmos a sensibilidade do que e de como Hitler conseguiu tão rapidamente tanto poder. Contrário à maioria dos livros sobre a Segunda Guerra Mundial, A ordem do dia, é um volume pequeno de meras, cento e quarenta páginas. Recomendo, principalmente àqueles que se interessam pelo perfil histórico do século passado.
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DanielMenon 01/04/2021

Realmente um livro intrigante. A forma que a história é contada nos dá uma imersão nos acontecimentos que são narrados.
Recebi a recomendação deste livro do meu professor de Direito Penal; digo com certeza que valeu a pena!
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Ed Carvalho 19/02/2021

Fantástico e polêmico
Este livro me traumatizou. Vejo um judeu em cada produto das marcas citadas no livro. É nojento saber que estas fábricas ainda existem. A narração do autor é brilhante, vale a pena a leitura.
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Joao.Paulo 08/11/2020

Livro de twiteiro
Até gosto da forma como o livro se monta como romance histórico. Não possui um compromisso muito imediato, não possui uma trama central em si (apesar de ter um tema), mas consegue se construir até que bem para gerar uma espécie de narrativa. A escrita mais solta e vigorosa, algo raro em romances históricos, é muito bem vinda, mas acho que acaba se perdendo por uma falta de objetivo e um pretensiosismo que nem sabe o porquê de ser pretensioso.

Parece que busca um vigor estilístico a qualquer custo, mesmo que seja denegrir o impacto de seu tema. Tenta forçar metáforas e uma ambiguidade que na maior parte do tempo não faz sentido algum. Gosto da forma como ele representa as empresas, '' as pessoas jurídicas têm seus avatares, como as divindades antigas'', está aí uma colocação que reforça um olhar mitológico, porém corrompido, que pode muito bem ser aproveita em meio a essa narrativa nazista, mas talvez essa seja a única passagem benéfica ao livro. Todo o entrelaçamento anacrônico também parece dar uma vida maior ao livro.

O que realmente desgasta é esse pretensiosismo estilístico, que adiciona ambiguidades a troco de nada, que parece querer mais se mostrar como algo diferente do que realmente ser. Como consequência parece usar o ambiente nazista mais como forma de chamar atenção para si. As tragédias nazistas são tratadas com um ar genérico e obvio que chega a parecer mais um livro escrito por twiteiros do que por um autor sério.
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AntonioHOC 25/09/2020

Excessivamente irônico
O tom excessivamente irônico me pareceu um pouco inadequado para descrever situações e personagens tão odiosos, que levaram à destruição e ao genocídio. O livro podia também ser um pouco maior e expandir ideias, reflexões e acontecimentos sobre os quais se passa muito rapidamente.
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Pedro.FreiriaOliveira 18/03/2020

Decepcionante
É um livro para reflexões. Como relato histórico, é chato. Leitura confusa, enrolada. Dá detalhes de situações em certos níveis que só nos faz pensar que foram inventados. Às vezes, faz referências a personalidades como se fossem unanimidades, personagens super conhecidos - mas não os são, deixando o leitor totalmente perdido. O estilo da escrita talvez seja bom na língua original (considerando o "sucesso" do livro), mas deve ter perdido o efeito depois da tradução. Valeu pela (pouca) história da Polônia pré-guerra (algo que eu pouco sabia), mas nem de longe cumpre com a promessa das resenhas oficiais, de contar sobre os empresários e industriais que apoiaram Hitler. Isso foi totalmente decepcionante.
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Rittes 02/03/2020

O ovo da serpente
Poeticamente bem escrito, a ordem do dia conta a história do apoio de 24 empresas alemãs como Siemens e Telefunken ao nazismo. Num segundo momento, foca na anexação da Áustria pela Alemanha e todo o início da 2ª Guerra. Claro que a visão de Vuillard é poética, mesmo paa o horror do nazismo. Uma experiência única. Mais do que recomendado.
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douglaseralldo 19/08/2019

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORDEM DO DIA, DE ÉRIC VUILLARD OU SOBRE TEMPOS SOMBRIOS
1 - Até que ponto estamos distantes da barbárie? Que lógica social permite e cria condições para que ideais políticos nefastos como o nazismo? Quais esquecimentos são propícios a se esconder que a morte de milhões de seres humanos não mancha apenas a farda fúnebre de um ditador de bigodinho? Essas são algumas questões que poderíamos levantar - ou num termo melhor, talvez, revitalizar os - questionamentos que mantenham luzes sobre um dos tempos mais sombrios da humanidade sobre este planeta, quando milhões de pessoas foram mortas sob a cumplicidade de muitas pessoas e instituições que hoje mantêm-se à sombra da culpa. A Ordem do Dia mexe nessas cicatrizes ainda expostas de nossa história;

2 - Mas antes de avançarmos, talvez seja preciso comentarmos sobre o que este livro não é. Não trata-se de um romance, pelo menos, não na concepção e das principais características do gênero. Todavia, não se trata de uma obra de história, pelo menos no sentido acadêmico do termo. Embora uma "espécie de", não simplesmente crônicas históricas visto o tratamento ficcional da narração, uma narração sem um enredo definido por uma espinha dorsal porque neste livro os protagonistas, enquanto características de personagens, estão ausentes em meio a um intenso desfile de "pequenas" e "grandes" vilanias de um mundo sob a égide de antagonistas ou líderes fracos e ineptos a combater o mal crescente. É pois um livro de traços amargos, como nos exige a ocasião;

3 - A narrativa, e aqui tomamos sua proximidade preponderante com o cronismo, uma espécie de crônicas da barbárie, Vuillard parte do encontro secreto de industriais alemães com Hitler e o financiamento político deste como ponto de partida de sua crítica mordaz não apenas a nomes e pessoas, mas a todo um sisteme apodrecido e indiferente com a vida alheia. A partir desse momento, nessa proximidade com as crônicas, o autor vai construindo sob seu olhar momentos cruciais que levaram à Segunda Guerra Mundial e ao holocausto;

4 - Mas se o texto de Vuillard procura ampliar as culpabilidades relacionando o nazismo ao capitalismo, e por isso dando atenção específica ao referido encontro secreto, será sobre os momentos tensos e febris quando da anexação de Áustria ao Reich que o autor concederá maior atenção, desnudando a seu modo as intrincadas relações de um momento político esquizofrênico;

site: http://www.listasliterarias.com/2019/08/10-consideracoes-sobre-ordem-do-dia-de.html
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