Camille.Pezzino 18/09/2019
A IMPORTÂNCIA DO TRAÇO
Durante o decorrer da história, nós “evoluímos” a nossa percepção de mundo, isto é, não somente num panorama subjetivo, em que a criança envelhece, mas também a partir da sociedade – coletivo – que vai adquirindo experiências. Ao menos, é o que pressupõe a teoria de aprender com os erros, evoluir e acertar, porque a cada passo somos mais civilizados, mais capazes, mais ativos perante a realidade. Obviamente, utilizar o termo evoluir traz uma ideia de que outrora éramos menos do que somos hoje.
De acordo com Mèredieu e o livro dela sobre o desenho infantil, veremos essa concepção cair por terra.
Outrora, na Idade Média, como aponta diversos especialistas como Ariès, a criança nada mais era do que um pequeno adulto. A sua construção como indivíduo, e podemos vislumbrar isso a partir dos contos de fadas, nada mais era do que a inapta inexperiência. Quantas vezes, por exemplo, questionamos a nós mesmos sobre a violência abordada nos contos de fadas que não se adequa a uma criança hoje?
Ao dizermos que contos de fadas não são para crianças – ao menos, os originais – pressupomos que a criança do hoje difere muito da que ela foi ontem; de fato, há essa distinção que, pouco a pouco, é abordada nesse livro e, devo dizer, não sendo especialista na área, de forma muito eficaz e esclarecedora.
A partir de uma concepção histórica, Mèredieu vai desfazendo estigmas e preconceitos em relação a arte da criança, uma arte que vai sendo desmantelada pela construção social e, principalmente, pela escola, que tenta esmagar a criatividade e o artista que há dentro de nós.
Como ela mesma nomeia no primeiro capítulo, o desenho infantil é um universo ainda em descobrimento, repleto de noções e composições que ainda precisam ser mais consideradas e estudadas, visto que vivemos em uma sociedade em que a composição infantil não é tão levada a sério. Usando especialistas como Piaget e Rousseau, a autora não mede esforços para conectar informações precisas e praticamente cirúrgicas quanto a noções de grafismo, funções motoras, historicidade, etc.
Esse é um livro que além de informar sobre a arte da infância, também reitera sobre a história por detrás dela e de como é precária, visto que antigamente a criança não tinha acesso ao papel com facilidade, nem ao carvão. Então, pressupõe-se que sua arte era feita na areia, lugares em que não permaneceria.
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