El portero

El portero Reinaldo Arenas




Resenhas - El portero


1 encontrados | exibindo 1 a 1


none 17/07/2019

Juan e o escritor Reinaldo Arenas abrem as portas da percepção (sem necessidade de nenhuma droga)
Reinaldo Arenas é geralmente apresentado como o escritor gay que criticou o regime de Fidel Castro, essa é uma verdade, mas é também uma meia verdade. Cubano, ele apoiou no início a revolução CONTRA outro ditador, F. Batista. Exilado nos EUA por criticar abertamente a prisão e assassinato de opositores das duas ditaduras Reinaldo acaba sendo porta voz das minorias, dos imigrantes, e por tabela do capitalismo americano que abraça quem ataca seus inimigos. "Ele é um desgraçado, mas é o nosso desgraçado.'' dizia um famoso político norte-americano não exatamente em relação ao autor mas aos ditadores latino-americanos, africanos ou asiáticos fantoches de Washington. No entanto, nos EUA Reinaldo tinha amigos, ajuda, liberdade para dizer o que pensava e isso incluía a critica também ao american way of life. Esse livro escrito há mais de 30 anos, portando quase na mesma época da queda do muro de Berlim, é atualíssimo. Primeiro pelo fato de mostrar a forma como são tratados os empregados imigrantes, segundo por ser escrito por um imigrante e terceiro, por esse imigrate ser abertamente homossexual numa cultura ainda crítica e hostil (convém lembrar que na época a AIDS era tratada como uma praga divina contra negros, gays e profissionais do sexo). Juan, o protagonista trabalha como porteiro em um condomínio de classe média em Nova Iorque, onde os moradores são gente esnobe, vulgar, cheia de tiques e vícios da época. Juan pretende influenciá-los para a sua grande ideia, quer abrir a porta não apenas física mas espiritual, para que todos possam enfim descobrir a verdade. Obviamente a tentativa parece fracassar, com cada morador. Como bons americanos, os moradores tem animais de estimação das mais variadas espécies para os mais aberrantes e inúteis fins, esses animais vão participar de um evento importante junto com o protagonista ao longo do romance, que é narrado por uma multidão anônima que vigia os eventos do condomínio, com olhar crítico, preconceituoso típico da classe média americana. Esse é outro ponto alto do livro, deixa de ser panfletário comunista ou capitalista para ser e se transformar em muito mais do que uma fantasia comum, mas em literatura pura e simples, quer dizer fantástica nos momentos certos. Se ainda não foi traduzido precisa ser urgentemente.
Nota para um episódio tragicômico, a cadela Cleópatra de um dos moradores do condomínio ao passar pelo porteiro enquanto este está lendo um livro vê que se trata do livro O ser e o Nada, de Sartre e morde o casaco e joga o livro no chão, olhando torto para o porteiro. Como se seus rosnados dissessem, "Basta de tagarelices." o que era exatamente isso que ela afirmou no entender do porteiro leitor.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR