Gllauce Brandão - @vicialivros 14/04/2020
Quanto podemos nos sacrificar em nome do amor? Será que há limites?
Beatriz perdeu os pais e precisou focar no seu futuro. Passou anos estudando, se dedicando ao seu sonho de passar num concurso, ganhar sua tão sonhada estabilidade. Renata, sua irmã, casou-se e vive uma vida cheia de luxo e regalias, mas não consegue realizar seu sonho de ser mãe. Quando Beatriz finalmente é aprovada num concurso público e vai trabalhar na Receita Federal, decide morar com a irmã, reconectar-se com a única família que lhe resta. Ela só não saberia que teria que fazer o maior sacrifício possível em nome do amor: gerar a vida do seu sobrinho. Beatriz e Renata descobrem que os planos nem sempre acontecem conforme os traçamos.
O livro é narrado em primeira pessoa, alternando essencialmente entre os protagonistas, Bia e Davi. Esse fato faz com que sintamos uma empatia maior pela Bia, pois a acompanhamos viver e contar a história.
A Bia é uma personagem única, forte e altruísta, e ao mesmo tempo, frágil e carente. Acredito que não teria coragem para ser barriga solidária. Acredito que o fato de ela não ter filhos, facilitou a decisão, além do amor pela irmã. Ela não tinha noção do que isso implicaria na prática para a sua vida. É um gesto altruísta e quase surreal. Admiro muito!
O Davi é um homem sensível, carinhoso e determinado. Criado ao lado de cinco mulheres, conhece suas dores e anseios. Ele conheceu a Bia, sentiu que ela era a mulher da sua vida e foi atrás, mesmo suportando as consequências, decidiu esperar por ela. Foi muito corajoso e altruísta, anulando seus necessidades em prol da sua felicidade ao lado dela. Esse casal não existe!
Os personagens femininos foram muito bem construídos, desde a Beatriz até a Catarina. As mulheres são muito fortes e afetuosas. A Juliana não me desceu em nenhum momento, pois não teve amor próprio e continuou mendigando atenção do Davi. A Renata tem muitos defeitos, e a narração da Bia é tendenciosa, pois não conseguimos enxergar o sofrimento dela. É uma mulher fútil que planejou tudo em sua vida e teve que lidar com frustrações a todo o momento. Ela realmente adoeceu e não conseguiu lidar com tudo isso. Com o tempo, consegui ver as coisas sob a sua ótica, assim pude ter empatia e gostar dela.
A história é linda, dinâmica, emocionante e cheia de atribulações, que fazem nosso coração bater mais forte. É sobre doação, amizade, entrega, amor. Sobre abrir mão de si e esperar o tempo do outro. Sobre fé, esperança, vida! Derramei muitas lágrimas. Terminei o livro sentindo um misto de tristeza e saudade. Essa história realmente me tocou. Revivi minhas gestações e por um segundo senti as dores da Bia. Só quem passou por isso, sabe.
Sei que na realidade talvez não existam pessoas capazes de atos tão altruístas e bondosos, mas ainda prefiro acreditar na humanidade. Como fiz o ditado, enquanto houver vida há esperança.
Parabéns a autora pela linda obra. É o segundo livro dela que leio e posso dizer que amei sua escrita!