Eichmann em Jerusalém

Eichmann em Jerusalém Hannah Arendt




Resenhas - Eichmann em Jerusalém


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Alê | @alexandrejjr 21/07/2020

A máscara do horror

Posso afirmar com precisão que "Eichmann em Jerusalém" é um dos melhores livros que já li. É o tipo de texto desafiador que produz conhecimento e vai além, instiga questionamento.

Não, não é um livro simples. Nem poderia. Abordar nazismo, crueldade, inexistência de empatia e morte não é uma tarefa fácil. Todos os temas brilhantemente percorridos por Hannah Arendt são pertinentes, todas as escolhas, interessantes. Não é fácil compreender um período tão sombrio da humanidade, buscar justificativas - se é que elas existem - para os atos atrozes cometidos pelo Terceiro Reich. No entanto, Hannah opta por tomar um distanciamento controlado e um envolvimento objetivo para oferecer ao leitor uma análise desconcertante dos tempos nazistas sobre a desumanização.

Adolf Eichmann, personagem principal da análise, juntamente com os juízes israelenses, o Estado de Israel, a cobertura da Imprensa internacional e os demais pormenores do espetáculo, formam o objeto de estudo do olhar clínico da autora. É curioso perceber como a conhecida crítica a alguns pontos do trabalho de Arendt tornaram-se irrelevantes, pois o dissecamento de uma figura anêmica e patética como Eichmann perdurou no tempo, tanto quanto os apontamentos críticos sobre a participação de judeus no estabelecimento do nazismo. Hannah Arendt mostra que a política é selvagem, que não mede racionalidade.

Este grande livro, como se não bastasse, traz ainda um dedicado trabalho de pesquisa sobre a expansão das táticas de poder nazistas no leste europeu para pôr em prática a realização do holocausto judeu. É importante frisar que aqui somos introduzidos ao real valor da palavra "genocídio" que, irônica e tristemente, vem sendo banalizada nos últimos anos. Leitura essencial para a vida, pois apresenta a máscara do horror, essa que pede a todo instante para ser colocada e que é vestida nos momentos desatentos de uma sociedade.
Suzanie 21/07/2020minha estante
Não conhecia o livro, vou incluir na minha lista. Da autora li As Origens do Totalitarismo, obra que faz uma reflexão profunda sobre o que provocou o advento dos regimes totalitários e que me impactou bastante.


Eric Luiz 22/07/2020minha estante
Tenho, mas não comecei ainda. Está na lista.


Alê | @alexandrejjr 22/07/2020minha estante
Suzani, o livro é muito interessante, vale a pena, ainda mais que tu já conheces o estilo da Hannah; Eric, é uma leitura que exige mais do leitor em alguns poucos momentos, mas é gratificante o resultado final.


Roberta 20/05/2021minha estante
Gostei


Eva 21/05/2021minha estante
Assisti ao filme?Operação Final? que trata sobre a operação pra leva-lo à Israel. Fiquei com muita vontade de ler esse livro sobre o julgamento de Eichmann


Paula 21/05/2021minha estante
Livro maaaaravilhoso. Sempre penso nele


Alê | @alexandrejjr 21/05/2021minha estante
Sim, Paula! É um livro que continua, não acaba em si mesmo. Até ontem mesmo - 20/05/21 -, na famigerada CPI da Pandemia, o caso do Eichmann foi citado em comparação ao silêncio do nosso excelentíssimo ex-ministro da Saúde...


Paula 21/05/2021minha estante
Foi citado mesmo! Meu marido comentou e eu falei olhaaaaaa eu liiiiiii ?


Alê | @alexandrejjr 22/05/2021minha estante
Eva, eu vi o filme também, achei interessante. Dentro do livro essa parte da captura é bem pequena, esta lá para fins de contextualização mesmo. Vale muito a pena, acho um livro essencial para bons leitores.


Cris 15/01/2022minha estante
Oi Alê, eu queri muito ler essa obra, e fiquei mais interessada ainda agora com sua exposição sobre o livro.

Eu tbm tenho da autora A origem do atotalitarismo, porém ainda não li.

Quero muito me dedicar para ler essas duas obras dessa importante e consagrada autora.

Obrigada


Alê | @alexandrejjr 15/01/2022minha estante
Oi, Cris. Agradeço a leitura! Eu também tenho esses dois livros, no entanto não li ainda o segundo devido à sua extensão. Mas com certeza são duas leituras importantes!




mpettrus 29/08/2022

A Máquina Burocrática do Mal
A essencial obra para compreender a ideia de ?banalidade do mal? proposta por Hannah Arendt tratando do julgamento em uma corte de Jerusalém de Adolf Eichmann, um funcionário nazista que articulou a burocracia da solução final, o genocídio judeu, é relatado de maneira primorosa e contundente nesse livro ?Eichmann em Jerusalém ? Um Relato Sobre a Banalidade do Mal?.

?A literatura da Arendt não é das mais fáceis de compreender, por ter uma abordagem profunda de conceitos para nos fazer despertar reflexões relevantes, e sem qualquer conhecimento prévio dos pensamentos da autora, a leitura tornar-se-á extremamente desafiadora. A teoria da banalidade do mal é tida como um desafio ameaçador a toda e qualquer sociedade ou cultura, justamente porque o homem precisa conservar sua consciência e refletir sobre suas ações, haja vista, que se esquecendo dessa primordial característica a humanidade será afetada colocando em risco toda a coletividade humana.

?Em 1961, Hannah Arendt (filósofa alemã de origem Judaica) viaja para Jerusalém para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann, nazista alemão, que, com o fim da segunda guerra mundial, foge para Argentina, mas é pego pelo Mossad (serviço secreto israelense), acaba sendo condenado à morte por enforcamento, em 1962, por sua função de organizar e mandar judeus aos campos de concentração, o que ficou conhecido como ?solução final?.

Arendt acompanhou o julgamento de Eichmann e relatou o episódio em vários capítulos desse livro. Os capítulos nos dão um panorama geral sobre a questão do tratamento dado aos judeus durante o desenrolar da guerra. Vejamos: I. A Casa da Justiça (o Tribunal onde se realizou o julgamento); II. O acusado; III. Um perito na questão judaica; IV. A primeira solução: expulsão (Neste e nos próximos capítulos são mostrados os passos sucessivos do projeto de Hitler de tornar a Europa livre dos judeus - Europa Judesrein); V. A segunda solução: concentração; VI. A solução final: assassinato; VII. A Conferência de Wannsee, ou Pôncio Pilatos; VIII. Deveres de um cidadão respeitador das leis (chamo especial atenção para este capítulo - a obediência perante a razão emancipadora de Kant, ou a obediência "cadavérica" ao dever. Eichmann confessou ter lido Kant); IX. Deportações do Reich: Alemanha, Áustria e o Protetorado (Neste e nos próximos capítulos são mostrados os diferentes momentos no trato com os judeus em seus respectivos países - além de tudo - grandes aulas de história); X. Deportações da Europa Ocidental - França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Itália; XI. Deportações dos Bálcãs - Iugoslávia, Bulgária, Grécia, Romênia; XII. Deportações da Europa Central - Hungria e Eslováquia; XIII. Os centros de extermínio no Leste; XIV. Provas e testemunhas; XV. Julgamento, apelação e execução.

Há, na obra aqui comentada, cenas reais do julgamento, deixando a narrativa com aspecto de documentário, e conferindo mais verossimilhança à obra. Deve-se considerar que o fato da autora usar imagens reais de Eichmann reitera a sua tese, mostrando que, no seu pensamento, Eichmann não é um monstro, mas um ser humano comum, não um louco, maligno e cruel como se esperava que fosse.

Evidencia-se que, no decorrer da segunda guerra mundial, a exacerbada violência contra um povo estava prevista em textos legislativos, ou seja, a desumanidade do partido nazista foi respaldada pela esfera normativa. E, dessa maneira, legitima-se o direito positivo sem juízo de valores. Em razão dessas crenças e convicções, o direito imposto perdeu a ética e os seus princípios. E foi por esse mesmo motivo que os judeus sentiram em suas peles a ineficácia desse direito em protegê-los, visto que este havia se tornado aliado dos alemães e o pior inimigo de seu povo.

?No ponto central da obra Eichmann em Jerusalém ? um relato sobre a banalidade do mal está um processo judicial; entretanto, figura, como personagem principal, um homem, de carne e osso, terrivelmente assustador em sua normalidade. A compreensão de Hannah Arendt acerca do julgamento extrapolou as matérias de caráter jurídico, político e histórico, para estabelecer um juízo sobre o comportamento de um ser humano. Insere-se, portanto, na tradição da filosofia moral ? assim, estabelece-se o diálogo com Kant. Diante da insuficiência do conceito kantiano para explicar a modalidade do mal praticada na experiência totalitária do Nazismo, a filósofa cunha a expressão banalidade do mal.

? Hannah Arendt e a acusação esperavam encontrar um monstro, um homem perverso, típico exemplo da malignidade humana. Ao encontrar um ser absolutamente comum, paradigma do ?homem massa?, com notória falta de profundidade, a questão essencial sofreu um deslocamento; foi necessário compreender como um Estado produziu agentes que funcionaram como reprodutores fiéis de seus objetivos.

A máquina burocrática do mal revela que o mal é a ausência de pensamento, vinculando-se à capacidade humana de discernir o bem do mal. Eichmann respondeu por seus atos mecanizados, por suas más ações diante de um sistema capaz de tornar uma simples conduta repetitiva em completa alienação. A banalidade do mal é quando não mais se percebe o próprio agir, não consegue se colocar no lugar do outro e ter a dimensão do que representa o próprio ato. Eichmann deixou claro em seus depoimentos que era apenas um funcionário público honesto e obediente, cumpridor de metas e da lei, a cada dia de julgamento que se passava, tornava-se mais ?arrivista de pouca inteligência, uma nulidade pronta a obedecer a qualquer voz imperativa, um funcionário incapaz de discriminação moral ? em suma, um homem sem consistência própria, em que os clichês e eufemismos burocráticos faziam às vezes do caráter?.

A meta do totalitarismo moderno, ? e, consequentemente, do regime nazista do qual Eichmann fazia parte ?, para a realização plena de sua ideologia, na concepção da autora, é tornar-se um sistema em que os homens fossem supérfluos. Se aceita a premissa kantiana de que o homem é um fim em si mesmo, fala-se em instrumentação quando este deixa de ser um fim e passa a ser um meio. Uma vez meio, perde o ser humano sua ?humanidade?, e perde-se também o valor da vida humana, que deixa de ser ?necessária e essencial, para ser inconseqüente e banal?.

? A constatação de Hannah Arendt de que Adolf Eichmann agiu de forma a colaborar com o massacre de seis milhões de judeus, sem que isso fosse atribuído nem as suas convicções ideológicas, nem a motivações diabólicas, foi essencial para sua conclusão derradeira. A principal lição extraída desse célebre julgamento, a partir da análise do ex-oficial ? condenado à pena de morte pela corte de Jerusalém ?, foi o da banalidade do mal.
Fer Paimel 29/08/2022minha estante
Adorei a resenha! Faz tempo que quero conhecer essa obra, mas ta na fila kkkk vou tentar priorizar em breve? para quem é da área jurídica esse livro é sempre bem recomendado!


Alex 30/08/2022minha estante
Nunca li, apesar de tê-lo. Mas está na lista exatamente pq tal fato (o julgamento) revoluciona as teorias de responsabilidade penal (tema que gosto muito).


mpettrus 30/08/2022minha estante
Fer, ainda tem essa perspectiva Jurídica para ser discutida, debatida trazendo reflexões profundas sobre a ética no âmbito jurídico. Até que ponto esse julgamento foi legal? Muito interessante! Hannah Arendt, sem querer, acabou deixando para a galera do Direito um pequeno manual do processo penal do julgamento de Eichmann. Tente ler esse livro. Você vai ter informações únicas ditas pela autora acerca do sistema jurídico de Jerusalém.


mpettrus 30/08/2022minha estante
Sim, Alex!!! E meio que sem querer, a Arendt deixou-nos um pequeno manual de como funcionou esse julgamento. Embora esse não tenha sido o objetivo principal da autora. Você colocou bem: esse livro revoluciona as teorias de responsabilidade penal. Perfeito! ?? Obrigado pelo Feedback!


mpettrus 30/08/2022minha estante
Fer, mais um motivo para você querer ler o livro: como o Alex disse, esse livro revoluciona as teorias de responsabilidade penal ?


Fer Paimel 30/08/2022minha estante
Sim, eu tb gosto de estudar esses temas de direito penal? só mais motivos para ler ??? obrigada!!




Laíse 22/07/2020

Demonstração factual de que a distância da realidade e falta de imaginação podem gerar mais devastação do que todos os maus instintos juntos.
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Jéssica | @jehbreda 19/01/2021

Curioso relato
Um livro bem detalhado e com bastante informações técnicas sobre direito e julgamentos. Crua no assunto tentei absorver o máximo que pode e a leitura acabou sendo lenta e até repetitiva, mas acredito que a qualidade do livro seja impecável para quem sabe sobre o tema.

O mais impressionante é que sempre em livros que abordam esse assunto fica evidente o negacionismo dos nazistas (de estarem fazendo algo errado) e dos "obrigados" a seguirem ordens (que não podiam fazer nada a não ser segui-las). O fato dos judeus se deixarem levar com tanta facilidade e ilusão me deixam reflexiva sobre o atual momento em que vivemos como sociedade. É fácil pensar "como foram bobos", mas... 2021 e vivemos em uma sociedade que não sei não...
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Nicks Nicks 19/06/2022

Muito bom
Esse livro é fantástico! Já esperava certa qualidade, afinal é Hanna Arendt né amores! Fui levada a pensar até onde vai a crueldade humana
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Will 25/06/2022

Leitura complexa, exige bastante reflexão...

O livro de Hannah Arendt apresenta uma cobertura completa do julgamento, com muitos detalhes e contextualização do período, indo além da história padrão, abrindo novos caminhos e dando espaço pra mostrar como esse período sombrio da humanidade obteve conivência de amplos setores da sociedade europeia, incluindo judeus proeminentes.
A leitura faz pensar na reação diante dos mais diversos contextos, em como reagiríamos diante do medo, na forma como regimes totalitários levam as pessoas aos extremos. Em alguns momentos, questiono algumas opiniões da escritora, mas acredito que esse é o processo natural e necessário de discussão saudável.
Evidenciar os acontecimentos da época sempre é doloroso: um período que não pode ser apagado nem ignorado, mas sempre revisto para que construamos uma sociedade de maior respeito, na esperança de tempos melhores. Em alguns momentos, a leitura me esgotou um pouco, mas no geral, um bom livro.
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Otávio - @vendavaldelivros 24/09/2020

“O problema de Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrivelmente normais”. Adolf Eichmann era o responsável pela logística da chamada Solução Final no regime nazista. Cabia a ele ordenar os trens e transportes dos judeus para os campos de concentração e extermínio. Adolf Eichmann nunca matou um judeu ou qualquer pessoa com suas próprias mãos. Nunca puxou o gatilho por conta própria, nunca ligou o gás em uma câmara. Adolf Eichmann, porém, era uma engrenagem importante na máquina de morte de Hitler, mesmo sendo uma pessoa absolutamente comum e “normal”. O julgamento de Eichmann em Jerusalém registrado pela filósofa Hanna Arendt traz questões essenciais para entender como holocausto da Segunda Guerra aconteceu. Como o povo alemão não enxergava o que estava acontecendo? Se enxergava, por que concordava? A análise concisa sobre o próprio julgamento demonstra como o fato, acontecido anos depois do julgamento de Nuremberg e, dessa vez, em uma nação judaica com juízes judeus, pode ser enxergado como uma vingança contra os nazistas, do que algo que simbolizasse os preceitos normais da justiça.

Mas, como julgar crimes que nunca haviam sido categorizados como crimes? Crimes contra a humanidade, crimes contra um povo e crimes de guerra são diferentes entre si, com complexidades que nunca haviam sido analisadas. E, no meio de tudo isso, estava Eichmann. Um funcionário medíocre, com ambições de crescimento profissional e deslumbrado por uma visão messiânica de Hitler.

É assustador pensar que existem até hoje milhões de Eichmann no mundo. Do nosso lado, no vizinho, na fila do supermercado. Pessoas “normais”, que acreditam em políticos totalitários e messiânicos e estão dispostos a fazer o que são ordenados, sem peso na própria consciência. Judeus ou “esquerdistas”, o que importa é seguir as ordens para transformar o país em uma potência. Deutschland Über Alles e Brasil Acima de tudo são cada vez mais próximos. Que evitemos novos Eichmann.

site: https://www.instagram.com/p/CA1E16aHJDF/
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Nath @biscoito.esperto 28/09/2021

O que eu vou escrever agora vai fazer sentido no final, eu juro.
"Assim como você apoiou e executou uma política de não compartilhar a Terra com o povo judeu e com o povo de diversas outras nações ㅡ como se você e seus superiores tivessem o direito de determinar quem devia e quem não devia habitar o mundo ㅡ, consideramos que ninguém, isto é, nenhum membro da raça humana haverá de querer partilhar a Terra com você. Esta é a razão, e a única razão, pela qual você deve morrer na forca".

Quando o Bolsonaro foi eleito, um dos pensamentos que eu tive era de que ele era uma pessoa tão asquerosa e detestável que ele sequer merecia entrar para a história. Mesmo que ele sofra impeachment, não seja reeleito ou morra de um mal súbito amanhã, o que me incomodará para sempre é que ele se tornou uma figura histórica, ainda que um vilão, genocida e assassino de mais de meio milhão de brasileiros (e contando).

Enquanto lia "A Jornada do Escritor", decidi criar uma história-teste, um livro de fantasia. No universo fictício desta história, os nomes das pessoas são importantes: existe uma crença de que, desde que seu nome esteja registrado e seja lembrado pelos vivos, sua alma viverá eternamente após a sua morte. E o castigo do meu vilão era ter seu nome apagado da história, num esforço hercúleo dos protagonistas em destruir todo e qualquer registro de que o vilão um dia existiu ㅡ assim, ele morreria pela eternidade.

Ao ler as primeiras páginas de "Eichmann em Jerusalém", eu pensei que Adolf Eichmann seria como os inomináveis vilões que tanto odeio. Ele foi um tenente-coronel nazista, responsável pela concentração, miséria e morte de praticamente todas as vítimas do holocausto. Ainda assim, eu me surpreendi ao encontrar uma pessoa tão... ordinária. Eichmann não era um monstro, era apenas um homem obediente. Ele teve sua virtude deturpada pelos seus superiores. Me peguei assombrada ao perceber que sentia empatia em relação a ele. No epílogo, quando Hannah Arendt explica como a execução dele ocorreu, eu chorei.

Eu odeio Eichmann: ele foi uma pessoa terrível, um assassino burocrático. Eu sinto pena de Eichmann: ele realmente acreditava que estava fazendo a coisa certa. Eu tenho medo de que muitas pessoas, ainda que em escala muito menor, estejam mergulhadas na banalidade do mal que guiava o coração das trevas de Eichmann. Pior que causar o mal é não entender que o que se está fazendo é mau.

Os líderes de Eichmann ㅡ Hitler, Himmler, Goebbels, etc. ㅡ sabiam que eram maus, e eles transformaram a Alemanha num país de homens que não entendiam que eram maus.

Quantos Eichmanns você conhece?

site: www.nathlambert.blogspot.com
JurúMontalvao 29/09/2021minha estante
@nathlambert q reflexão!!!???
comecei a te seguir acho q depois de ver um histórico teu dessa leitura, onde vc refletia sobre como dessa escrita te despertava uma empatia incômoda e fazia ecos da pergunta "pq eles n se rebelaram?"
foi mt legal acompanhar essa leitura e essas perguntas q são minhas tbm?


Nath @biscoito.esperto 29/09/2021minha estante
Sim! Conforme o livro ia passando, eu ficava mais incomodada ainda por parecer parar de odiar o Eichmann pra ter pena dele e medo de ver pessoas ao meu redor sendo como ele. Fico feliz que vc tenha gostado de acompanhar essa leitura, foi uma jornada, com certeza! kkkkk


Danica0 11/02/2022minha estante
Estava procurando resenhas pra ver se gostaria mesmo de ler o livro, e depois dessa com certeza vai entrar pra lista de desejos. Parabéns!




Estephane 22/10/2023

Necessário!
Para quem procura saber mais sobre os nazistas e suas atrocidades, não recomendo esse livro para início de aprendizado, já que o livro aborda questões que requerem um pré conhecimento.

Sobre o livro:
Eu gostei muito das questões que Hannah aborda. Acho muito importante quando ela evidencia a questão da neutralidade de criminosos serem as atitudes mais deploráveis. Além disso, ao meu ver, esse livro é muito necessário para compreendermos o totalitarismo e como esse sistema pode mudar, ou reverter, a questão moral de uma nação.

Em certas partes, confesso que não concordei com alguns argumentos colocados pela autora, mas, no geral, o livro é perfeito.

Observação: tive dificuldades ao longo da leitura para compreender algumas coisas, mas entendo que o livro em si, é uma grande conquista, já que boa parte das fontes utilizadas pela autora não está sob alcance de qualquer pessoa e ela foi um meio para facilitar essa nossa aprendizagem.
Anezio 23/10/2023minha estante
Pode aproveitar o embalo e também ler "As origens do totalitarismo" da mesma autora. É de embrulhar o estômago em alguns momentos mas ainda assim é uma leitura muito necessária. Além do que é óbvio conforme explícito no tema do livro (antissemitismo, imperialismo e totalitarismo (basicamente nazismo e socialismo)), a autora trata de questões muito interessantes e, certamente desconhecidas de muita gente sabida do assunto, a respeito dos Bôeres e dos apátridas.


Estephane 23/10/2023minha estante
Obrigada, Anezio. Vou ler sim!!!




Nanda 23/04/2020

Para se aprofundar
é um bom livro para se aprofundar no tema de julgamentos pela segunda guerra mundial. Bem escrito e retrata os fatos de maneira entendível.

Leitura obrigatória para a faculdade
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Matheus Oliveira 05/05/2020

Precisaremos julgar a banalidade do mal no Brasil?
Os traços e o perfil do autoritarismo, malgrado todo avanço da ciência política, ainda são capazes de gerar uma sombria estranheza e um arrepio que perdura na mente.

Como a população alemã e de alguns dos países invadidos por Hitler acataram de bom grado a morte planejada administrativamente e em esquema industrial de (segundo algumas pesquisas) mais de 20 milhões de pessoas, dentre as quais 6 milhões de judeus europeus? A população judaica europeia foi reduzida a 1/3 do quantitativo anterior a Hitler. Tal dado, de tão cruel e exorbitante, faz com que seja necessário lembrar que vidas humanas não são números.

Imagina a surpresa de Hannah Arendt ao olhar pra ?encarnação do mal?, como diziam os jornais e periódicos, no polêmico julgamento montado em Jerusalém e perceber no banco dos réus um homem, um tenente-coronel nazista, que parecia igual a qualquer outro, que, na visão da autora, não tinha sequer dimensão do mal que havia perpetrado. Ora, o ?arquiteto da solução final? responsável por estudar meios de deixar o Reich livre de judeus (judenrein) acreditava piamente que estava apenas cumprindo ordens amparadas pelo ordenamento jurídico da Alemanha Nazista.

Como um ser humano chega ao ponto de relativizar a morte de todo um povo em nome da legitimidade de um sistema legal? Como todos os que estavam envolvidos nessa enorme burocracia fundada no comando do Fuhrer dormia à noite? Como toda uma nação se sujeita ou se coloca nessa posição de tamanha desumanidade? E o pior: como, ao serem julgados, ainda alegam ausência da dimensão do mal que haviam perpetrados.

Perguntas interessantes e necessárias, mas e se a apontássemos para nós? Para outros momentos históricos?


A leitura de Arendt é de extrema riqueza por dois motivos principais: (i) a sutileza em que a autora desenvolve seu ponto por meio da descrição histórica e jornalística do julgamento, da Segunda Guerra, da Alemanha e de Israel; (ii) o impacto da percepção da autora em inverter o senso comum (foi muito criticada por esse livro, diga-se de passagem) e tratar o processo criminal como deveria ser tratado.

Arendt, ao dar espaço ao direito fundamental ao contraditório, percebeu o quão assustador é o mal cometido por ?Ninguém?, o mal construído por meio de uma burocracia estatal e cruel, o mal legalizado, o mal que em dado local e momento histórico aparenta ser o bem. O mal que era legitimado por um ?Conselho de Judeus?, composto por líderes da comunidade judaica que gozavam de amplos privilégios e poderes, mas que, no final, acabaram também deportados para Auschwitz. O mal que, em tese, pode ser perpetrado por todos nós.

Quantas vezes aplaudimos a letalidade estatal nas periferias, nos presídios, se não aplaudimos, o que estamos fazendo pra mudar?

Em que ponto falhamos enquanto sociedade para não termos enfrentado ainda os horrores da ditadura militar, ditadura esta que a ameaça de volta ainda insiste em nos circundar?

O livro engloba história, Direito, sociologia e filosofia. Apresenta pontos jurídicos do julgamento, da captura de Eichmann e da interferência política do promotor e do primeiro-ministro na justiça.

Como todo bom livro, traz muito mais perguntas que respostas. Dentre essas perguntas: caminha o Brasil para uma institucionalização do mal?
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Fábio Valeta 13/12/2014

Eu fico imagino como Hollywood imaginaria um filme sobre o julgamento de Adolf Eichmann. Na certa começaria com uma cena de ação mostrando o comando israelense raptando-o na Argentina, com direito a uma sequência em que os israelenses despistam a policia argentina e fogem espetacurlamente de avião (bem mais cinematográfico do que ficar dias esperando até poderem fugir do país). Já em Jerusalém, os promotores sofrem nas mãos do gênio maligno por trás do Holocausto, mas no final o vilão é desmascarado e punido. E o bem vence, como sempre. Nada mais longe da realidade, mas com certeza bem Hollywoodiano.

O Exemplo acima serve para mostrar o quanto nossas noções de “mal” as vezes são distorcidas por uma simplificação absurdamente maniqueísta. O mal é visto muitas vezes como algo facilmente identificável, e portanto, fácil de ser evitado por aqueles que realmente o querem. A realidade contudo não é tão simples e a História de Adolf Eichmann é um exemplo perfeito para explicar isso.

Eichmann, é a completa antítese do vilão Hollywoodiano. É um funcionário medíocre dentro de um sistema altamente complexo no qual era encarregado da logística de transporte dos judeus dentro da Alemanha e países ocupados. Responsável então pelo envio de milhares para o extermínio. E ainda assim, como ele mesmo diz, é alguém que nunca teve absolutamente nada contra os judeus. Mas como ele é um funcionário dedicado, ele faz aquilo que seus superiores pedem.

Para Eichmann, o “Só estava cumprindo ordens”, não é exatamente uma desculpa, já que ele declarava isso com orgulho. Ele sequer consegue ver seus atos como criminosos. E como poderia? Dentro do regime nazista, tudo aquilo que ele fazia era parte de um plano de governo, portanto absolutamente legal. Chega a surpreender o fato dele contar em como ele se recusou a cumprir ordens de Himmler em 1944 de interromper as deportações por não acreditar que essa ordem tivesse vindo do Füher.

O livro, não é uma análise sobre o nazismo ou mesmo sobre o Holocausto. E sim uma análise sobre o julgamento e o acusado. E é uma análise que, pelo menos para mim, chega a ser assustadora. Durante todo o livro eu tinha um pensamento recorrente. Se tirar Eichmann do contexto nazista, o que sobra? Um funcionário medíocre, em um emprego medíocre, que tem sonhos em ascender profissionalmente. Para isso ele busca agradar aos superiores e cumprir todas as metas estabelecidas pela “empresa”. Quantas pessoas assim você conhece?

Será que no lugar dele também faríamos o mesmo ou conseguiríamos resistir à banalidade do mal?
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Peter.Molina 11/12/2022

O mal e o novo normal
Este livro relata o julgamento de Adolf Eichmann, um dos mais importantes funcionários responsáveis pela solução final aos judeus. Ele foi raptado na Argentina e julgado por uma corte em Jerusalém. A autora revela aqui a tese da banalidade do mal. Eichmann muitas vezes não se revela como um monstro sádico e cruel,mas sim como um agente burocrata. A leitura às vezes é difícil e requer conhecimentos históricos essenciais sobre o holocausto, através do uso de expressões que precisei pesquisar mas que talvez na época do lançamento do livro fossem mais conhecidas, como pogrom e judenrein. A narrativa em alguns momentos considerei cansativa pela descrição minuciosa de fatos ligados à geopolítica e a determinadas lideranças. Contudo, existem momentos impressionantes, onde fiquei estarrecido pensando como foi que as pessoas chegaram num tal ponto de violência e crueldade que passou a ser aceitável,se é que se pode escrever dessa forma. Você sai da leitura com muitos questionamentos e se perguntando até mesmo sobre os reais papéis da justiça e dos líderes. Pelo trabalho primoroso da autora em discutir um tema tão delicado eu recomendo a leitura atenta e cuidadosa.
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Marcos606 30/08/2023

Obra altamente controversa, publicada em 1963, baseada na sua reportagem sobre o julgamento do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann em 1961, Arendt argumentou que os crimes de Eichmann resultaram não de um caracter perverso ou depravado, mas de pura “falta de pensamento”: ele era simplesmente um burocrata ambicioso que não conseguiu refletir sobre a enormidade do que estava fazendo. O seu papel no extermínio em massa de judeus resumiu a temível "banalidade do mal", que desafiava palavras e pensamentos que se espalhara por toda a Europa. A recusa de Arendt em reconhecer Eichmann como um mal “intrínseco” suscitou denúncias ferozes por parte de intelectuais judeus e não-judeus. Ainda assim leitura instigante.
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Thiago Amorim 26/10/2020

O silencioso monstro entre nós
O livro fala sobre o julgamento de Eichmann, um dos responsáveis pela "Solução final" contra os judeus da Europa no regime nazista. A história narra a vida do homem "comum", meio patético até, que controlou os trens e as vidas de todos aqueles que foram para os fornos nos campos de concentração. A história é repleta de "flashbacks", com detalhes da ascensão e queda do criminoso de guerra, bem como comentários da autora sobre a forma como o julgamento foi conduzido.
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