Benito Cereno

Benito Cereno Herman Melville




Resenhas - Benito Cereno


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Claire Scorzi 05/07/2015

Ambiguidade que Gera Tensão
Publicado em 1856, Benito Cereno conta como dois navios se encontraram no mar: um navio americano e um espanhol.
O americano é um navio mercante, um caça focas, que percebe algo de estranho no navio espanhol. -- e a explicação para estranheza será o tema subjacente a toda narrativa: descobrir a verdade. Porque a verdade se mostra cambiante, incompleta, ou incorreta a todo momento.
A narrativa de Melville se vale primordialmente do ponto de vista do capitão americano a bordo do navio espanhol: embora não seja narrado em 1ª pessoa, é no ponto de vista desse personagem, o capitão Delano Amasa - homem amável, compassivo, e, mesmo, inocente - aquela inocência "americana" que mais tarde o escritor Henry James irá fazer objeto de muitas de suas novelas - que Melville se detém para construir a narrativa e dar seu sabor particular. O leitor vê através do olhar do capitão todo o cenário, as personagens, suas falas, suas atitudes - e, enquanto Delano confia, desculpa, desconfia, outra vez desculpa e repreende a si mesmo pelas desconfianças que por vezes lhe surgem ante pequenos fatos insólitos, incompreensíveis e até vagamente ameaçadores - o leitor vai aos poucos se desvencilhando do ponto de vista do americano e buscando "ver" - ver malgrado através desse olhar amável do capitão - o que Realmente está acontecendo; o que é, afinal, que está em jogo aqui?
A narrativa estabelece um clima de suspense valendo-se daquilo que Delano "vê" mas interpreta erroneamente, gerando medo e ansiedade no leitor. É como se víssemos mais do que aquilo que o capitão vê: a escrita de Melville é de mestre, provocando nosso desconforto enquanto a tensão cresce a níveis quase insuportáveis.
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jota 03/12/2022

BOM: aqui o suspense psicológico encobre a verdadeira trama, uma rebelião de escravos num navio negreiro comandado por Cereno
Lido entre 22 de novembro e 02 de dezembro de 2022

Procurando informações sobre Benito Cereno (1855), principalmente se essa novela de Herman Melville (1819-1891) havia sido adaptada para o cinema alguma vez, descobri que sim. Do mesmo modo que outras duas novelas suas também ganharam as telas, Billy Bud (publicado postumamente em 1924) e Bartleby, o Escrivão (1853). Isso sem contar as diversas adaptações de Moby Dick (1851), sua obra mais conhecida. Foi em 1969, numa produção francesa e curiosamente o diretor brasileiro Ruy Guerra (embora nascido em Moçambique) fez o papel principal, de Benito Cereno. Infelizmente o filme, muito bem avaliado no IMDb nesta data (8,0/10), é difícil de ser encontrado. O outro personagem importante da história é Amasa Delano (1763-1823), que registrou o episódio, depois ficcionado por Melville, em suas memórias publicadas em 1817. Delano foi um ancestral direto do presidente Franklin Delano Roosevelt.

Aqui temos a maior parte do tempo o embate psicológico entre o espanhol Benito Cereno e o americano Amasa Delano, ambos homens do mar, numa situação passada no sul do Chile no ano de 1799, em que as coisas não são exatamente o que parecem ser. Melhor, não são o que Cereno diz ser, o que o faz cair constantemente em contradição, porque não pode revelar o que realmente aconteceu com o navio negreiro então sob seu comando. E isso confunde Delano, que coloca em oposição sua consciência e sua intuição – a intuição de que há algo seriamente errado no San Dominick, a nave de Cereno, que ele tenta ajudar porque nela falta água e comida. Não apenas isso...

Somente no final do livro, através de vários documentos, tomamos conhecimento do que realmente se passou com Cereno, os tripulantes e passageiros do navio e os escravos africanos e como a coisa toda terminou – num tribunal americano. Benito Cereno não me pareceu ser uma história lá muito agradável de ser lida – não apenas porque conta um episódio dramático envolvendo escravidão –, por vezes me pareceu um tanto confusa, mas penso que era exatamente isso que Melville queria transmitir ao leitor, a confusão que se passava na cabeça de Delano frente à narrativa de Cereno e o comportamento de Babo, o africano. Bem, de volta ao início, outra coisa curiosa que encontrei sobre o livro foi que Melville foi acusado de escrever Benito Cereno para incentivar a revolta dos negros no sul dos EUA contra os brancos. Grande bobagem, claro.
jota 03/12/2022minha estante
Erro meu: nome correto do escravo africano de Cereno é Babbo.




Carlos Nunes 16/04/2024

Para quem já leu MOBY DICK, percebeu que, apesar de na superfície parecer uma simples história de aventura no mar, ela traz muita coisa nas entrelinhas. E aqui, mesmo numa escala bem menor, isso também acontece. BENITO CERENO é pequena apenas no tamanho, mas não no conteúdo. O livro apresenta um clima de mistério que nos mantém envolvidos na história até o final. E a forma como essa história é narrada é muito interessante. É contado em primeira pessoa, mas em vários momentos, no meio do relato, parece que os pensamentos do narrador se intrometem na narrativa, como se tivessem vida própria. Não chega a ser um fluxo de consciência, mas é quase isso, e achei bem curioso essa construção em uma obra mais antiga. E essa atmosfera de ambiguidade causou alguns problemas para o autor, porque a obra foi publicada justamente no auge das discussões sobre a escravidão que levaram à eclosão da Guerra Civil Americana, alguns anos depois, e enquanto alguns viram no livro um viés racista, outros consideraram a obra pró-abolicionismo. De minha parte, eu gostei bastante de conhecer essa história, e recomendo a leitura a todos que tiverem oportunidade.
Claudia.Akiko 17/04/2024minha estante
Fiquei com vontade de ler


Carlos Nunes 17/04/2024minha estante
Muito bom!




Let 04/06/2022

Eu li na real uma edição de três livros em um que a escola pediu (n tem no skoob), e essa não foi a história que eu mais gostei, mas ainda sim é boa.
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Aguinaldo 18/01/2019

benito cereno
"Benito Cereno" é uma novela que realmente prende o leitor. Trata-se de uma história curta na qual acompanhamos o relato do experiente capitão de um navio baleeiro americano, chamado Amasa Delano, sobre as circunstâncias de seu encontro com um navio negreiro espanhol comandado pelo jovem capitão Benito Cereno. Os sucessos da narrativa acontecem basicamente nas proximidades de uma ilha na extremidade sul do Chile, na costa do Pacífico Sul portanto, no final do século XVIII. Prefiro não contar nada da trama, que se baseia em um duelo psicológico, em como o capitão Delano lentamente compreende os conflitos reais e imaginários do capitão Cereno e as razões para seu errático comportamento e ambivalente boas maneiras. Melville alcança manter o suspense sobre o quê de factual aconteceu ao navio do capitão Cereno antes de aproximar-se da ilha, bem como daquilo que decorre a partir do momento em que os dois ficam juntos no navio negreiro. A história propriamente dita é contada (compreendida talvez seja o termo mais correto para se usar) em pouco menos de doze horas, que é o tempo em o capitão Delano fica a bordo do navio do capitão Cereno. Em umas poucas páginas finais, cerca de um quinto ou um sexto do livro, Melville faz uso literário de relatórios, declarações juramentadas, cartas e transcrições de relatos para sugerir ao leitor os últimos desdobramentos da trama e propor verossimilhança ao que Delano apurou sobre Cereno. Com nossa sensibilidade contemporânea é fácil enquadrar esta novela na categoria de criações politicamente incorretas, discriminatórias, xenófobas, o que seria uma solene bobagem. O método de Delano, quase científico, de sutil observador e capaz de poderosa capacidade de síntese, parece contaminar o leitor, que seguimos a narrativa como se fosse um artigo acadêmico. De resto, Melville sabe provocar no leitor reflexão madura sobre temas complexos. Muito interessante. Esse livro faz parte de uma coleção de histórias curtas (A arte da novela, da Grua Livros, originalmente produzidas pela Melville House Publishing, das quais já li: "Mathilda","Michael Kohlhass", "A ilha de Falesá", "O homem que queria ser rei", "O homem que corrompeu Hadleyburg", "O colóquio dos cachorros", "Stempenyu: O romance judaico", "A lição do mestre", "A pedra de toque", "A briga dos dois Ivans" e "O véu erguido"). Haverá mais das boas novelas da Grua por aqui. Vale!
Registro #1363 (novela #74)
[início: 03/01/2019 - fim: 04/01/2019]
"Benito Cereno", Herman Melville, tradução de Bruno Gambarotto, São Paulo: Grua livros (Coleção a Arte da Novela), 1a. edição (2018), brochura 13x18 cm., 148 págs., ISBN: 978-85-61578-73-2 [edição original: Benito Cereno (New York: Putnam's Magazine) 1855]

site: http://guinamedici.blogspot.com/2019/01/benito-cereno.html
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Pedraish 19/02/2021

Tenso
Herman Melville realmente é um gênio literário que, na minha opinião, não consegue fazer livros ruins, e nessa obra consegue fazer uma história tensa e preocupante, que flui com rapidez e impacta o leitor.
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xerxes.gouveia.75 05/04/2023

Excelente obra mistério e suspense
Capitão Delano, atracado no porto, avista ao longe um navio se aproximando. A tensão toma conta do ambiente, afinal, num porto tão remoto, seria um navio pirata? Delano conclui que se trata de um navio em péssimas condições e decide ajudá-lo. A bordo do navio desconhecido, conhece o capitão Benito Cereno e é aí que o núcleo da obra acontece. Em alguns momentos, imaginamos estarmos ficando loucos, assim como Delano, sobre as várias possibilidades de traição que tomam a nossa cabeça. Em outros, damos risadas de tal possibilidade. Afinal, como poderia um capitão tão debilitado confabular uma traição contra Delano?

É nesse enredo de suspense e mistério que a obra (novela) se desenrola. Benito Cereno é um livro que vale a pena ser lido. A história é fluida e nos envolve do começo ao fim!
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