O bem-amado

O bem-amado Fabrício Carpinejar
Dias Gomes




Resenhas - O Bem-Amado


161 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


@tigloko 22/09/2023

"Vote num homem sério e ganhe seu cemitério"
Que peça maravilhosa, conseguiu me fazer rir em vários momentos. Mais de 60 anos de sua primeira publicação e ainda continua relevante em retratar a ?farsa sócio-político-patológica? do cenário brasileiro, segundo a definição do autor. Achei curioso o uso da palavra patológica, como se fosse uma doença enraizada em cada personagem. Pela alienação constante e as situações absurdas presentes no texto, não me parece um termo tão fora da realidade.

Odorico Paraguaçu representa de forma atemporal o político envolvente e carismático, cheio de frases de efeito( toda vez que aparecia um ?prafrentemente? era risada na certa). Ao mesmo tempo, não mede esforços para alcançar seus objetivos. A sua busca por um defunto para inaugurar o cemitério da cidade é o Brasil no seu estado mais puro.

?Em política, Dona Dorotéa, os finalmente justificam os não-obstantes.?

Sem dúvida quero conhecer mais obras do autor, foi um excelente início na sua dramaturgia.
comentários(0)comente



Vania.Cristina 06/02/2024

Quando os finalmentes justificam os não obstantes
Texto escrito originalmente para o teatro, estreou nos palcos em 1969. Em 1973, o próprio autor fez uma adaptação para a televisão, que veio a se tornar a primeira novela brasileira à cores e a primeira a ser transmitida em toda a América Latina, nos Estados Unidos e na Europa. O sucesso foi estrondoso, tanto de público quanto de crítica. Em 1973, ganhou o prêmio de Melhor Novela concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, e em 1984, ganhou, no México, o Festival Internacional de Televisão.

Vou confessar pra vocês que em 1973 eu era uma criança de 9 anos. Pois é, já estou velha (mas firme e forte aqui). Eu me lembro de assistir a novela com minha mãe. E foi uma experiência de tal forma marcante em mim (e no povo brasileiro) que foi impossível não ver os atores em cena na minha cabeça enquanto, agora, fazia a leitura.

Peguei o livro apenas para dar uma espiadinha antes de dormir, e ele me capturou. Em algumas horas já tinha terminado. E não foi só uma leitura nostálgica, foi engraçada. Fiquei com um sorriso no rosto durante todo o tempo e cheguei a gargalhar no silêncio da madrugada.

A história se passa numa minúscula cidade do litoral baiano, chamada Sucupira. São quinze personagens em cena, mas tudo gira em torno de Odorico, candidato a prefeito da cidade. Ele não é bonito mas tem "um certo magnetismo pessoal", fala palavras difíceis e sua figura "impressiona e convence". Sucupira não tem cemitério, seus mortos têm que ser enterrados nas cidades vizinhas. Vendo aí uma oportunidade, Odorico promete que, se eleito, construirá um cemitério para Sucupira.

O apelo popular de Odorico acaba lhe trazendo a vitória, e ele constrói o cemitério desviando dinheiro da Educação e de outras pastas. A oposição reage dizendo que as prioridades eram outras. Odorico espera ansiosamente o primeiro defundo para a inauguração, com banda e pompa. No entanto, a cidade é tão pequena e tão pacata que, desde que o novo prefeito assumiu, ninguém morre.

Odorico faz de tudo para resolver o problema, até que resolve perdoar e convidar um assassino, que fugiu a muitos anos, a voltar para Sucupira. O célebre Zeca Diabo. Para garantir facilidades, o nomeia delegado.

Gente... sério... é hilário.

Os personagens são todos muito bons, e formam, de um jeito caricato, um microcosmo do Brasil: o jornalista que lamenta que na cidade não tem crime nem desastre, as beatas hipócritas e safadas, o padre que serve aos interesses do poder, o coronel decadente, o artista que é chamado de vagabundo, os funcionários públicos que não recebem, e Odorico, com sua politicagem em prol de si mesmo.

Esse livro não envelheceu nada, Odoricos não faltam nesse Brasil. E como nos lembra Dias Gomes, esse tipo de política não é fruto da democracia, mas da alienação do povo e do oportunismo dos governantes.
Regis 12/02/2024minha estante
Que resenha fantástica, Vânia!??
Já assisti a série no Globo play e, realmente, é hilária. Vou colocar na lista para o final do ano, pois a série ainda está vívida na memória.


Vania.Cristina 13/02/2024minha estante
Obrigada, Regis! ? Leia sim. É leitura rápida que recomendo.




Katia Rodrigues 13/07/2021

Povo de Sucupira!
Resumo da realidade política brasileira, apresentada através de uma perspectiva irônica, além de extremamente engraçada.

Odorico Paraguaçu: "Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu.
Eu prometi que o meu primeiro ato como Prefeito seria ordenar a construção do cemitério.
Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmente, é uma alegria poder anunciar que prafentemente vocês já poderão morrer descansados, tranquilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido"


Ig: @ingrisias
Thales 13/07/2021minha estante
"Em política, dona Dorotéa, os finalmentes justificam os não obstantes"

Eu preciso urgentemente que a Bertrand baixe os preços das peças do Dias Gomes, craque demaisss


Katia Rodrigues 13/07/2021minha estante
Aiii, nem me fale, é cada facada. Tô louca pra ler as outras, tô só esperando um surto de consumismo meu pra comprar ?


Thales 13/07/2021minha estante
??


Carolina.Gomes 21/07/2021minha estante
Sensacional!!




Layla.Ribeiro 30/11/2020

Livro gostoso de ler, dei muitas boas gargalhadas na busca de um defunto para o cemitério sucupirano. Esse é o tipo de livro que ler numa sentada, esta edição não está em formato de peça e sim texto e acredito que seja mais uma adaptação da novela. Achei muito parecido com a narrativa de Jorge Amado, parecia que eu estava lendo um livro dele e olhe que este autor foi citado na obra. Uma pena que eu já conhecia o final da história, mas mesmo assim não tirou o seu brilho e sua comédia. Dia Gomes é um dramaturgo e escritor maravilhoso, super recomendo.
comentários(0)comente



Michele 14/03/2022

A politicagem de ontem, de hoje e de sempre
E quem não conhece um Odorico Paraguaçu? Aquele que faz propaganda de uma ideia como a solução dos problemas de um povo, ganha a população com essa apelação e não abre mão dela, mesmo quando ela se torna inconveniente pro bem comum. A coisa toda sai do controle, mas o discurso ainda assim não muda, já que a preocupação nunca é de fato garantir esse bem comum, mas sim a sua imagem imaculada daquele que faz, mesmo quando esse fazer traz mais ônus que bônus ao povo.
comentários(0)comente



Dri 05/04/2023

Odorico o Grande, o Pacificador, o Desbravador, o Honesto, o Bravo, o Leal, o Magnífico, o Bem-Amado.
Tudo começou ano passado que li o pagador de promessas porque estava estudando os autores baianos.
Como eu gostei muito resolvi que ia indicar os livros dele pro clube de clássicos e escolhi esse.
Mas eu não esperava que fosse dar tanta risada kkkkkk eu conhecia vagamente a história porque sabia das adaptações, mas nunca tinha assistido nenhuma. Dei risada o livro inteirinho tudo isso porque ele faz uma sátira sobre a política brasileira e observamos que mesmo sendo uma situação doida é bem possível que alguns de nossos políticos fossem capaz de fazer o mesmo. Adorei demais.
comentários(0)comente



@eu_rafaprado 02/07/2023

O Prefeito Odorico
O Bem Amado - Dias Gomes.
5 de 5 ?? 126 páginas ( Tempo médio de leitura 4 horas).
O povo de Sucupira me acompanhou essa semana nas leituras da madrugada, naquele momento em que o sono vai embora, o Kindle tá sempre do lado pra me salvar.
- O Prefeito Odorico, finalmente eleito , cumpre sua promessa e constrói o cemitério na cidade, o que ele não esperava é que o durante os anos de mandato ninguém se atreveria a morrer pra inaugurar o campo santo.
Indignado começa a armar diversas tramoias para se livrar da vergonha do cemitério não utilizado.
Escrito em 1962, essa peça de teatro que já foi adaptada para o cinema e para a televisão, traz muitas semelhanças no que diz respeito a nossa política, acredita que o Odorico vendo que tava perdendo a credibilidade resolveu inventar um atentando contra si próprio para emocionar o povo e voltar a ser o centro das atenções? Pois é!
Uma leitura rápida e muito divertida!
Andre234 02/07/2023minha estante
Vc precisa ler o santo inquérito - crítica religiões e o berço do herói - critica a figura do herói que salva a população, os populistas, recomendo os dois livros e tb são curtinhos


Gilmar 03/07/2023minha estante
muito bom!




Fe_Shoiti 05/05/2020

Eu achei que a obra é extremamente atemporal. Não tive a oportunidade de assistir a peça, mas a mensagem ácida e satírica provavelmente impacta quem a lê e assiste da mesma forma como impactou em seu primeiro lançamento.
comentários(0)comente



Antonio Maluco 22/03/2024

Teatro
O livro conta histórias da peça de teatro brasileira O Bem Amado de Dias Gomes que foi encenadas por vários atores e atrizes e ganhou uma novela e que eu ainda não assisti mas fiquei muito curioso pra ver a novela em especial.
comentários(0)comente



Charleees 28/03/2023

O Bem-Amado, uma farsa sociopolítico-patológica de 1962 ou seria 2017? Dias Gomes criou a figura de um político tipicamente brasileiro: moralista, conservador, mal caráter, demagogo, uma figura farsesca tão cheio de absurdos que chega a ser engraçado, Odorico fez sucesso em todos os anos que caminhou pelo teatro, tevê e cinema e continuaria a fazer quantas vezes for, porque infelizmente nada mudou, continuamos com os mesmos arquetipos políticos, com as mesmas caras e eles com as mesmas farsas. -> Odorico ganha a prefeitura com a ideia fixa de construir um cemitério em Sucupira, visto que a cidade não tem cemitério e as pessoas para enterrar seus mortos precisa caminhar até a cidade vizinha, várias léguas de distância, a promessa de Odorico deixa os Sucupiranos em polvorosa, Odorico ganha a eleição e começa então a colocar a mão na massa, mas sem recursos para construir o cemitério o prefeito precisa usar recursos que seriam investidos em coisas mais importantes da cidade como a luz e a água para construir seu grande feito, a mídia local comandada pelo jornalista Neco não perdoa Odorico que com muita luta consegue entregar o cemitério a população... 2 anos então se passa e ninguém morre em Sucupira, Odorico trava uma guerra entre seu mandato a mídia local, a câmara de vereadores e a população, precisa de um morto URGENTE e com a ajuda de suas correligionarias, as irmãs Cajazeiras importam um moribundo (primo delas, desenganado pelos médicos) de Salvador para morrer em Sucupira, usa recursos da prefeitura para bancar a trazida do "morto" que irá inaugurar o cemitério, seis meses se passam e o homem se recupera para desespero de Odorico e alegria da oposição, Odorico então manda buscar Zeca Diabo, expulso de Sucupira após matar toda uma família para vingar um acontecido do passado, Zeca Diabo é nomeado delegado para espanto da cidade conservadora, Odorico faz a cabeça do matador para matar Neco o dono do jornal que o difama dia após dia, mas Zeca está regenerado graças ao seu padim padre Cícero e ao invés de matar Neco se une a ele, Odorico não desiste e o fim dessa história é além de muito engraçada, surpreendente.
leiam! leiam!

* Resenha editada em Maio de 2017
comentários(0)comente



bubu 08/10/2020

Lembrei que li nesse ano e gostei bastante, queria muito ver a peça um dia.
comentários(0)comente



Felipe 21/03/2021

Foi no dia 18 de setembro de 1950 que ocorreu a inauguração oficial da televisão brasileira. Na década de 1960, as novelas que comumente eram transmitidas em rádios passam a ser exibidas na televisão. Naquele decênio, Dias Gomes lança “O Bem-Amado”, uma peça teatral que deu origem à primeira novela exibida na televisão em cores brasileira.

A peça irá nos contar uma história do município de Sucupira após o coronel Odorico chegar ao poder. Antes desse evento, a cidade baiana não possuía cemitérios, o que causava grande indignação em seus habitantes, que precisavam se deslocar a outros municípios para enterrar entes queridos. E foi essa indignação a responsável pela ocupação da prefeitura por Odorico.


Chegando lá, Odorico torna a construir o cemitério. Tal atitude poria fim aos problemas da cidade? Definitivamente não. A população de Sucupira passou a se queixar do descaso da prefeitura em relação a outras prioridades, no caso a luz e a água. Para completar, não havia ninguém a ser enterrado no cemitério.

Algumas peças costumam exigir maiores esforços do leitor. A leitura de “O Bem-Amado” foi bastante simples. A sua conclusão requereu poucas horas para mim, e eu sou um leitor bem analítico. E um dos fatores mais decisivos para isso esteve no emprego de uma linguagem descomplicada.

Na década de 1930, ocorre a consolidação das propostas modernistas no Brasil, as quais foram engendradas no estado de São Paulo no decênio anterior. O movimento passou a extrair da cultura popular elementos para a concepção de novas obras. Nesse contexto, o falar dos habitantes torna a adquirir uma representatividade cada vez maior em suas produções.


Com o passar do tempo, o Modernismo passou a marcar presença em todas as regiões do país. “O Bem-Amado” foi uma obra pertencente à terceira fase da escola, e a representatividade concedida ao falar dos habitantes de Sucupira fizeram dessa peça uma obra bem simples de ser lida.

No período em que a obra foi escrita, o Brasil passava por grandes mudanças no cenário econômico. Todas as forças políticas defendiam a modernização brasileira, divergindo apenas quanto ao caminho para alcança-la. Contudo, mesmo em meio a esse cenário era possível constatar uma permanência de estruturas sociais contrastantes, como por exemplo a convivência do tradicionalismo rural com os avanços modernizadores do meio urbano.


Naquele contexto, a televisão passa a representar o principal veículo de comunicação de massa em território nacional e a imprensa adquire uma importância crescente no país. Antes da chegada de Odorico à prefeitura, acreditava-se na inexistência de uma necessidade de haver uma imprensa em Sucupira, tendo em vista a escassez de problemas que a acometiam.


E é em função do surgimento de novos problemas que a imprensa se volta contra ele. Odorico previsivelmente se incomodou com isso. Ele se queixa da situação, alegando que desde o princípio ela foi contra a construção de cemitério.


O município de Sucupira, na realidade, não existe fora da ficção. Acredita-se que a sua criação tenha sido inspirada na ilha de Itaparica. Sucupira constitui uma representação do Brasil tradicional e nela encontramos personagens portadores de um estilo de vida semelhante ao de habitantes das cidades interioranas do nosso país. Também vemos em Sucupira a ilustração das relações de poder presentes nas pequenas cidades brasileiras, a exemplo do Coronelismo e a ocupação de cargos públicos e da influência das famílias oligarcas sobre processos de decisão políticos.

Conclua a leitura da resenha no blog. Caso tenha gostado e deseje ler mais resenhas nestes moldes, siga o perfil no instagram: @literaturaemanalise

site: https://literaturaeanalise.blogspot.com/2021/03/resenha-o-bem-amado-dias-gomes.html
comentários(0)comente



Joyce 02/06/2021

Não estou acostumada a ler livros escritos como esse, mas gostei bastante. Ele faz criticas a governantes corruptos de uma maneira leve e bem engraçada.
comentários(0)comente



huntero 26/10/2021

Sessão da tarde
Ótima comédia, me lembrou as novelas do vale a pena ver de novo. Não sei porque na minha imaginação o saudoso Lima Duarte deveria ter sido Odorico.
comentários(0)comente



thai 03/05/2021

No ar, água e clima da cidade
A leitura dessa peça foi meu primeiro contato com o bem-amado, entrei livre de spoilers, por assim dizer.
Acompanhamos Odorico, um político empenhado em cumprir o que prometeu à cidade. Acontece que tal promessa não é das mais beneficiadoras pro povo. Mesmo com as verbas da escola, água e ate luz em baixa, Odorico faz questão de construir e inaugurar o cemitério que havia prometido ao povo da cidade na época de sua candidatura.
Mestre da retórica, o demagogo Odorico não mede esforços pra que o tal cemitério seja inaugurado, mesmo que a cidade não tenha sido assolada por morte alguma em um ano.
Uma sátira engraçadíssima e um bom passa-tempo, esse clássico da literatura brasileira ganhou meu apreço.
comentários(0)comente



161 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR