Matheus 28/06/2021
Final aconchegante?
Ao longo de todos esses mangás eu tive muitas sensações e diferentes pensamentos.
Nos primeiros volúmes eu sentia que a história ia falar sobre inocência, sobre a infância e sobre os sonhos de futuro que uma criança tem: Punpun e seu sonho de ser astrônomo, o amigo de Punpun e o seu fascínio pelo "Deus Cocô", Aiko e sua vontade de fugir pra uma cidade melhor... Coisas que são comuns (ou talvez não) de se passar na mente de uma criança.
Nos volúmes seguintes, a história foi ganhando um teor mais nebuloso e "estranho", eu sentia que ela não ia mais falar sobre inocência, mas sim sobre intenção e consequência. As escolhas dos personagens, escolhas essas responsáveis ou não, trariam consequências que definiriam as vidas deles e a própria narrativa daqui pra frente. Punpun seguindo sua vida adulta, passando por relacionamentos amorosos, o primeiro emprego, personagens se sujeitando a situações de amadurecimento... Enfim, essa parte da história é bastante interessante, e me tocou bastante. Eu me identifiquei demais com todos os personagens envolvidos aqui.
Já nos últimos volúmes, mais especificamente nos 3 últimos, a história ganhou um peso e tensão que até então não existia, e que me fizeram dar uma pausa na leitura. Parei, pensei, respirei, me ocupei com outras até achar que já estava cômodo de novo pra voltar a ler esses mangás.
Essa passagem, com cenas explícitas, existencialismo, personagens demonstrando medo do passado e dúvida sobre o futuro, ou cenas que desencadeavam uma carga emocional muito obscura e depressiva, entre outras coisas, pareceram demais pra mim. Histórias com esse tipo de peso não me parecem muito confortáveis e eu sempre evito ler coisas assim.
Porém, no final, bem no finalzinho, tudo mudou.
A metade do 7º volúme foi triste, um personagem interessante passa por uma situação que me fez sentir compaixão por ele, personagem esse que até então eu culpava por todo o caos que a história tinha seguido. Mas depois disso, o conteúdo do mangá tem uma mudança súbita, passa de uma onda mais escura e passa pra uma onda que vai levemente clareando.
Não querendo dar spoiler, e já falando demais, eu senti que essa construção narrativa que levou até o final do mangá foi muito "aconchegante." Sabe quando você sente que ainda há alguma coisa errada por ali, que ainda tem alguma coisa triste ou nebulosa acontecendo, mas ao mesmo tempo uma sensação de paz, segurança e esperança? Essa foi a sensação que eu tive lendo "Boa noite, Punpun"