A Filha da Fortuna

A Filha da Fortuna Isabel Allende




Resenhas - A Filha da Fortuna


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Polly 24/05/2019

Filha da Fortuna: história, cultura e romance (#079)
Tenho que falar que a escrita da Isabel Allende me conquistou. Me apaixonei perdidamente e agora preciso ler todos os livros que ela escreveu (e que ainda venha a escrever, tomara!). Sua prosa é intimista e completamente feminina (fora aquele toque de latinidade, que só nós, sul-americanos, sabemos dar). Não tem como não se identificar com inúmeros sentimentos e vivências de Eliza ou de tia Rose ou da espirituosa Paulina del Valle. Não tem como negar, é uma mulher nos contando a história de outras mulheres.

A Filha da Fortuna nos conta a história da jovem chilena Eliza que, quando criança, foi abandonada na porta dos Sommers e acabou sendo adotada por aquela família incomum. Rose, Jeremy e John Sommers são três irmãos ingleses tão diferentes um do outro, que é quase impossível de acreditar que tenham o mesmo sangue. Assim, Eliza cresce em meio ao alheamento da tia Rose, ao distanciamento emocional do sisudo tio Jeremy e à ausência física constante de tio John.

Eliza se apaixona perdidamente pelo idealista Joaquim Andieta, um rapaz pobre, filho de mãe solteira, honesto (ou quase) e cheio de pensamentos liberais. Joaquim, apesar de apaixonado por Eliza, o é ainda mais pelos seus ideais. E, quando surge a louca corrida pelo ouro na Américas, ele nem pestaneja, abandona tudo e vai atrás do seu lugar ao sol. Eliza fica para trás, abandonada e grávida, com uma dor de amor para curar. Mas, Eliza não se conformará com seu destino. Vai dar o seu jeito e, com a ajuda do seu novo e fiel amigo chinês Tao Chi’en, cruzará os mares e enfrentará perigos para encontrar o seu amor perdido na Califórnia.

A Filha da Fortuna é recheado de política, história e cultura. Aprendemos um pouco sobre as culturas chilena, inglesa, norte-americana e chinesa, e o quanto todas elas, cada uma a seu modo, são sufocantes para as mulheres. O livro relata ainda sobre desigualdade e sobre racismo, já que, na América, qualquer um que não seja branco é perseguido. Latinos, chineses, índios e negros estão sempre à margem da sociedade. A Filha da Fortuna é uma história cheia de reviravoltas e aventuras, e de muitos romances também, que acontecem sem nem mesmo a gente esperar (apesar de torcer por eles).

O final desse livro pode ser problemático para algumas pessoas, já que ele deixa em aberto o destino das personagens. É meio que um “Você Decide”. Eu, particularmente, gosto de finais assim, então foi tudo bem para mim. Mas, se você não gosta, A Filha da Fortuna tem uma sequência que é Retrato em Sépia, que amarra alguns desses nós desatados deixados no primeiro livro (pelo menos até onde eu li, né? Sim, eu não aguentei e já comecei o segundo livro), apesar de que a história de Eliza não é mais o assunto central deste segundo volume.

Enfim, A Filha da Fortuna já ficou entre os meus favoritos da vida e já desconfio que Isabel Allende também será uma das minhas escritoras favoritas. Fica para vocês essa dica maravilhosa!

site: https://madrugadaliterarialerevida.blogspot.com/2019/05/filha-da-fortuna-historia-cultura-e-amor.html
Alexander 24/05/2019minha estante
Interessante! Irei adquirir! Adorei a resenha!!!


Polly 24/05/2019minha estante
Eu amei! Vale a pena ler!


Alexander 24/05/2019minha estante
Já encomendei!


Polly 24/05/2019minha estante
:DDDDDD
Depois me conta se gostou!


Alexander 24/05/2019minha estante
Pode deixar!!! :D




DIRCE 05/01/2013

Peguei carona na narrativa e embarquei nas venturas e desventuras de Eliza.
Quem já leu algumas das minhas pseudoresenhas que, fiz dos livros da escritora I. Allende, sabe da minha paixão pela narrativa dessa escritora. Em A Filha da Fortuna ela não me desapontou, muito pelo contrário, a narrativa empregada fez com que minha imaginação se tornasse absurdamente atrevida. Não teve por onde: peguei carona na narrativa, me tornei uma argonauta, e embarquei nas aventuras de Eliza Sommers ou será que devo dizer desventuras?
Bem, Eliza, a jovem chilena, cresce sob o cuidados de Miss Rose – sua mãe adotiva , um tanto quanto protetora, diga-se de passagem, e do austero Jeremy Sommers.
Rose e Jeremy não conseguiram impedir que Eliza sucumbisse a avassaladora paixão que ela nutriu pelo jovem Andieta que, apesar de corresponder a essa paixão, deixou a jovem em maus lençóis.
Mas as heroínas dos romances de I. Allende não se curvam. Intrépidas e apaixonadas de forma desmedida, não hesitam frente a obstáculos, ainda que esse obstáculo seja o oceano.
E é o oceano que Eliza tem que enfrentar para conseguir seu intento: chegar ao Eldorado – a Califórnia do século XIX – e lá encontrar o seu amado que a deixou e partiu em busca do ouro “ de tolo” .
Navegar no oceano em uma embarcação precária tomada pela doença só com a ajuda de um Titã, mas não foi Poseidon que ajudou Eliza: foi um mortal de coração generoso – Tao Chi´en , o jovem chinês, que passa a exercer um papel de suma importância na vida de Eliza e de outras personagens.
Quando a narrativa se converge para o que foi e como se deu essa febre do ouro, dá vontade de plagiar Castro Alves e dizer: Magalhães, fecha a porta dos seus mares.
Como quase todos os romances de Allende possui um fundo histórico, foi me dado saber que o que se sucedeu com os índios, negros, jovens chinesas que eram vendidas na condição de escravas foi atroz e vergonhoso.
E o avançar das páginas me envolve apaixonadamente cada vez mais nos dramas e nas tramas das personagens. Digo tramas, porque quando surge a figura de Paulina foi esta a palavra que me veio a mente ,até que chego na página 470 – última página do livro. Como assim? Cadê o final da história?
Passada a indignação, me lembrei de que no livro Retrato em Sépia – livro que li há muitos anos, tinha uma personagem chamada Paulina e para reavivar a memória só me restava fazer uma releitura.
Apesar do final abrupto, digno de 5 estrelas.
Regina 05/01/2013minha estante
Adorei sua resnha Dirce, afinal esse é um dos meus livros favoritos bem como sua continuação Retrato em Sépia, que conta a história de Paulina, neta de Eliza Sommers. Releia, você vai gostar mais ainda dos dois livros! Um abraço!


Regina 09/01/2013minha estante
Ih Dirce, confundi Paulina com Aurora, esta sim a neta da Eliza Sommers. Foi ótimo ler a sua resenha, relembrei também. Isabel Allende consegue descrever com precisão toda a solidão de viver no interior do Chile na parte onde Aurora se casa. Senti a dor dela comigo!


DIRCE 17/01/2013minha estante
Regina,
Aurora também foi uma mulher muito valente." Carregar" um casamento fracassado naqueles tempos, exigia muita valentia.




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Van 20/12/2016minha estante
Mais do que duas páginas, jovem.
O livro tem continuação.
A sequencia é o livro RETRATO EM SÉPIA.


Mobula Birostris 17/08/2017minha estante
Realmente é meio contraditório que uma narrativa destas termine desta forma tão aberta, e a falta de diálogos e cenas concretas que não estejam no pretérito imperfeito faz com que pareça um resumão da própria história


Magasoares 01/11/2017minha estante
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Gabriela Mancilha 21/06/2022

Até onde você iria por amor?
Filha da Fortuna é mais um clássico de Isabel Allende que conta a história de amor entre a jovem Eliza Sommers, menina criada em berço de ouro, e Joaquín Andieta, pobre e idealista, que vai à Califórnia em busca do ouro que estava enriquecendo milhares em meados de 1850.

Eliza parte clandestinamente em busca de Joaquín viajando escondida no porão de um veleiro, onde conhece Tao Chi'en, um médico chinês que a salva da morte e se torna seu melhor amigo.

O livro mostra a transformação de uma jovem inocente em uma mulher forte e independente, retrata uma época marcada pela violência e pela cobiça, e ensina muito sobre amizade e compaixão.

Como tudo que Isabel escreve, essa é mais uma história apaixonante que mistura romance, drama e história!

site: https://www.instagram.com/cafelivreiro/
Carla 21/06/2022minha estante
Ótima resenha, já coloquei na minha lista, estava em dúvida se esse valia a pena .


Gabriela Mancilha 21/06/2022minha estante
Recomendo muito tudo que é da Isabel Allende! Você não vai se arrepender ;)




Ri :) 26/02/2020

A grande pergunta é: Pq não li Isabel Allende antes? Três dias empolgados de leitura. O que parecia ser mais um romance água com açúcar descortinou a trajetória de uma personagem forte e motivadora. O desabrochar de Eliza Summers/Chileninho/Elias Andieta através de linhas detalhistas, mas não tediosas, faz querer consumir absolutamente tudo de Allende, na esperança que o nível da narrativa dos próximos livros se mantenha. Filha da fortuna não é genial, mas é indiscutivelmente atraente.
Everton Vidal 26/02/2020minha estante
Ainda não há li justamente porque me parecía agua com açúcar. Tua resenha me animou.


Ri :) 26/02/2020minha estante
Li por conta de um desafio literário. Escolha aleatória e despretensiosa. Agora, muito rico em detalhes. Cores, sabores, cheiros, cultura, minúcias do Chile e da corrida do ouro. Para alguns pode ser enfadonho. Eu adorei!




Leonardo 17/05/2020

Intercontinental
Eu já havia lido anteriormente uma obra de Isabel Allende, "Eva Luna". Foi uma leitura feita sob pressão para uma disciplina da faculdade, o que creio que contribuiu para que eu não gostasse da história (além da história em si). "A Filha da Fortuna" estava há anos aqui em casa, um livro que dei para minha mãe de presente de aniversário. Somados a quarentena; o fato de livros a minha volta tornando-se escassos; e a boa propaganda da minha mãe, resolvi dar uma chance a este. Decisão acertada: o li em cinco dias.

A narrativa de Allende é envolvente e fluida. Fatos históricos se envolvem com a singularidade dos personagens, feitos um tanto extraordinários casam muito bem com a firmeza e lógica dos acontecimentos, mulheres fortes e decididas tomam os rumos de suas vidas sem descaracterizar a sociedade da metade do século XIX e ir além das possibilidades de liberdade feminina possíveis daquele tempo e espaço. Em meio a toda essa concretude mágica, de modo algum parece forçar a barra que uma adolescente, Eliza Sommers, se aventure em cruzar o oceano Pacífico em direção ao hemisfério oposto em busca de um amor e acabe vivenciando algo muito mais transformador.

"- Nada é em vão. E na vida não se chega a lugar nenhum, Eliza; na vida só se faz caminhar."

Acabei me vendo muito na Eliza, em meio a este questionamento sobre o que caracteriza o nosso lar, e nessa sensação onde o caminho correto é aquele em que o desconhecido faz companhia e a zona de conforto não é uma opção. Além disso, o livro apresenta intersecções entre Europa, China, América Latina e Estados Unidos muito interessantes, fazendo com que constantemente fiquemos atordoados mediante constantes choques culturais e de formas de pensar, tamanha a heterogeneidade dos personagens.

"A Filha da Fortuna" é um livro com tanta força que ainda penso que poderia ter sido mais. Poderia ter 600, 700 páginas facilmente, explorar mais a fundo personagens como Rose Sommers, que a partir da metade da leitura senti muita falta. Entretanto, a decisão de um final um tanto como brusco é coerente não apenas com os saltos temporais do livro, mas também com a vida real, já que conclusões ideais não existem.

Recomendo muito a leitura. "A Casa dos Espíritos" que me aguarde.
Claudia.Correia 22/10/2020minha estante
Leonardo, sou suspeita para falar de Isabel Allende, ela é minha escritora preferida e li tudo dela. Se gostou de Filha da Fortuna recomendo ler na sequência Retrato em Sépia. É quase uma continuação de Filha da Fortuna e tão maravilhoso quanto.




Nice 25/10/2010

Li esse livro há muitos anos e nunca o esqueci, deveria ser até levado para as telas do cinema de tão marcante que é. Cheio de aventuras, alegrias, tristezas e muita paixão.
Edilene 22/03/2012minha estante
concordo,daria um belo filme.




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DIRCE 05/01/2013minha estante
Oi Edilene!
Gostei da sua resenha: sucinta, mas esclarecedora. E não contém spoiler não.
Eu já tinha lido Retrato em Sépia tempo atrás, mas me vi obrigada a fazer uma releitura.
E a releitura, como não podia deixar de ser, foi muito prazerosa.




Letícia Vincenzi 14/01/2024

A história da Eliza entrelaça a corrida do ouro na Califórnia com seus desdobramentos políticos, sociais e com a discriminação racial sofrida pelos chilenos, mexicanos e chineses. Particularmente, eu adoro o jeito que a Allende costuma inserir um contexto histórico real em meio aos seus personagens fictícios muito bem construídos e detalhados um a um, desde aqueles com mais destaque aos que aparecem apenas em um capítulo.
Letícia Vincenzi 14/01/2024minha estante
Um adendo para pontuar as frases que mais me marcaram do livro:
??quem se compraz em pensar no mal acaba por convocá-lo?
??o sábio é sempre alegre porque sabe aceitar a realidade?
?De pouco serve o conhecimento sem sabedoria e não há sabedoria sem espiritualidade?




Luna 21/11/2014

Fantástico
Li em 48 horas, mas tive ressaca literária por vários dias! Sem brincadeira, não conseguia tirar essa magnífica estória da cabeça.
Virei fã de Isabel Allende depois desse livro (o primeiro dela que li). Tenho quase todos os seus livros e recomendo todos, sem dúvida!! Esse foi especial porque foi o primeiro.
É uma estória grandiosa, repleta de personagens marcantes. Como Eliza, a protagonista chilena que parte para a Califórnia no porão de um navio, em busca do seu amado, que resolveu se juntar a milhares de outros homens ambiciosos a fim de fazer fortuna na procura por ouro.
Lagrutta 10/08/2016minha estante
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Liliane 01/02/2022

Por meio da escrita que lhe é peculiar(envolvente, forte e marcante), Isabel Allend revela um enredo histórico e social do Chile, e também da Califórnia.
Com personalidades fortes, tem-se a trajetória e os percalços difíceis enfrentados por Elisa, Tao e outros personagens secundários que mostram ao leitor as dificuldades sociais e o racismo à margem da sociedade abastada ou não.
Por meio desse romance é possível acompanhar o crescimento de cada personagem e, ao mesmo tempo, refletir sobre questões sociais, culturais e morais.
Enigmático e maravilhoso!
Leticia1184 27/07/2022minha estante
Comprei para a minha tia-avó ler, acho que ela vai gostar.




Evy 17/06/2021

Simplesmente maravilhoso!
Tem como não amar qualquer coisa que essa mulher escreve? Acho que não. Mais uma vez, Isabel Allende nos presenteia com sua narrativa fantástica e contextualização de momentos da história que temperam toda a trama super bem elaborada de seus romances. A história de Filha da Fortuna se inicia em Valparaíso, no ano de 1843 e vamos acompanhar Eliza Sommers, uma jovem chilena criada como filha adotiva de um funcionário da Companhia Britânica de Exportações, e sua irmã mais nova, Rose.

Ambos não pretendem casar-se, e criar a menina no seio familiar, resolvia os problemas com a sociedade. Eliza acaba unindo dois mundos em sua criação, entre os salões sociais e os modos ingleses e a cozinha da índia Mama Frésia e suas superstições e crenças nativas. Até conhecer Joaquín Andieta, por quem se apaixonou completamente, Eliza acreditava que seria como Miss Rose e nunca se casaria. Mas o amor que descobre com Joaquín é tão forte, que quando ele parte para a Califórnia tomado pela febre do ouro que se espalha pelo mundo, Eliza não pensa duas vezes em ir procurá-lo numa jornada de crescimento pessoal.

Com a ajuda de um médico chinês, Tao Chi”en, Eliza embarca em uma terrível viagem escondida no porão de um veleiro em que quase perde a vida e desembarca em uma terra onde só há homens e prostitutas atraídos pelo ouro. Em sua busca incessante por Joaquín, Eliza se transforma de uma jovem inocente em uma mulher forte e independente, sempre contando com o apoio do jovem Tao.

Trazendo críticas sensacionais à sociedade da época e que ainda reverberam em nossos dias atuais, a força feminina sempre presente em diversos papéis e classes sociais e com uma contextualização histórica e cultural temperada com crenças e superstições, Allende nos faz mergulhar em sua narrativa que é drama, romance e história ao mesmo tempo.

Também faz uso de uma técnica narrativa que me agrada muito que é intercalar a história através dos mais diversos personagens, trazendo diferentes pontos de vista e enriquecendo a experiência literária. O final, apesar de trazer alento, não é definitivo e não entrega nada pronto, o que prova a força dessa autora que não se importa em agradar mas em fazer o leitor refletir.

Recomendo demais a leitura!
Raíssa_o_Gilbert 26/01/2022minha estante
nossa eu também acho esse livro perfeito ele chamou mt minha antencao e tive uma primeira impressão sensacional ja ganho meu coração e autora escritatora virou minha favorita e olha q só estou no começo do livro




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Maria Clara 30/05/2020minha estante
A história dos personagens continua (de certa maneira) em outo livro da autora - "Retrato em Sépia".




Marilia 14/11/2023

Filha da Fortuna
Engraçado que esse livro dos três que já li é o meu favorito, no entanto é o com o final que menos gostei por conta de ciclos que eu queria que tivessem sido encerrados de maneira mais clara.
MilenaSales00 23/11/2023minha estante
Exatamente. Algumas pontas ficaram em
Aberto !!!!




Cheiro de Livro 19/12/2018

Filha da Fortuna
Publicado pela primeira vez no Brasil em 2001, Filha da Fortuna ganhou esse ano uma nova edição nas mãos da Bertrand Brasil. O sétimo romance da chilena Isabel Allende segue a trajetória de Eliza Sommers, uma órfã criada por uma família inglesa no Chile em meados do século XIX que foge de casa para procurar o namorado na Califórnia durante a corrida do ouro. Posteriormente a autora escreveu a sequência Retrato em Sépia, que conta a história da neta de Eliza.
O romance pode ser lido como um tradicional coming-of-age, sendo norteado pela busca por auto-conhecimento da protagonista, mesmo que inicialmente ela venha mascarada como busca pelo interesse amoroso. Nesse aspecto o livro vai muito bem e mostra uma bela jornada de auto-descoberta e amizade, mas infelizmente no final introduz um interesse romântico desnecessário.

O título pode ser interpretado tanto como uma referência à fortuna enquanto riqueza material quanto ao auto-conhecimento adquirido e à suposta liberdade do sonho americano. A temática da paixão é central, manifestando-se tanto no amor idealizado de Eliza que motiva sua jornada quanto na obsessão pela riqueza material que moveu tantas pessoas na febre do ouro. Esta por sua vez é ricamente mostrada em detalhes e anedotas históricas, de forma que fica evidente o árduo trabalho de pesquisa que a autora desenvolveu por 7 anos antes de escrever o livro.

Os personagens secundários são interessantes e por vezes muito mais delineados que a própria protagonista, que parece ser mais definida por sua jornada do que por sua personalidade. As histórias pessoais de cada um desses personagens não apenas enriquecem o retrato da época como também servem de denúncia sobre uma série de questões sociais presentes no século XIX e que ainda encontram eco nos dias atuais, tais como o machismo, a falta de liberdade e respeito à religião alheia, racismo contra chineses, negros e povos indígenas das Américas, etc.

É muito interessante a escolha da autora de incluir um personagem trans, porém essa representação se mostra problemática ao não respeitar o gênero do personagem ao se referir a ele durante a narração. É possível que isso se deva ao fato de o livro ter sido publicado em 1998, quando provavelmente ainda não havia uma discussão tão ampla sobre identidade de gênero e transexualidade, porém causa incômodo no leitor do século XIX.

A prosa é simples e direta, sem floreios desnecessários, mostrando uma clara prioridade do conteúdo sobre a forma. Há um excelente trabalho de ambientação. A narrativa é cativante sobretudo no início, porém aos poucos perde o ritmo e o final se arrasta, encerrando com questões em aberto (que talvez sejam abordadas na continuação) e dando conclusão a outras que poderiam ter sido deixadas para a imaginação do leitor. No geral, é um bom romance mas definitivamente não é o melhor que Isabel Allende pode oferecer.

site: http://cheirodelivro.com/filha-da-fortuna/
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