A megera domada

A megera domada William Shakespeare
Millôr Fernandes




Resenhas - A Megera Domada


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alineaimee 26/05/2020

Sarcasmo, humor e machismo
Escrita entre 1593 e 1594, a peça trata da irascível Catarina, cuja irmã mais nova, Bianca, está proibida pelo pai de casar antes dela. Como ninguém suporta o humor de cão de Catarina, a bela e doce Bianca continua encalhada, apesar de muito cortejada. Mas eis que surge Petrucchio, um fidalgo grosseirão de Verona, que quer casar com uma moça rica para aumentar seu patrimônio, não importando quem seja ou como. Dois dos pretendentes de Bianca buscam se aliar a Petrucchio para desenrolar esse casamento e liberar Bianca. 

É compreensível a frequência com que essa peça é adaptada, porque ela é cheia de artimanhas e cenas cômicas. Como em A Tempestade, há uma peça sendo encenada dentro de outra peça, e aqui, em ambos os núcleos, há vários momentos de humor. Os diálogos entre Catarina e Petrucchio são deveras engraçados:
"
PETRUCCHIO - Ó vagarosa rolinha, um gavião irá apanhar-te? 
CATARINA - Bruto seria para uma rolinha. 
PETRUCCHIO - Vamos, vespa; ferina sois bastante. 
CATARINA - Sendo eu vespa, cuidado com o ferrão. 
PETRUCCHIO - Há remédio para isso: arranco-o logo. 
CATARINA - Sim, no caso de o tolo vir a achá-lo.
PETRUCCHIO - Quem não sabe onde as vespas o têm sempre? No corpinho. 
CATARINA - Na língua. 
PETRUCCHIO - Como! língua? Língua de quem? 
CATARINA - Na vossa, se em corpinho vindes falar-me. Adeus. 
PETRUCCHIO - Como! Com minha língua em vosso corpinho? Não, Quetinha; voltai; sou um cavalheiro. 
CATARINA - Vou ver isso. (Bate-lhe.) 

Diferentemente das tragédias, o tom é menos solene, a linguagem é mais simples e mais fluida, de fácil leitura. No entanto, é possível perceber certas críticas e alfinetadas de Shakespeare. No primeiro núcleo, por exemplo, o bêbado que assiste à peça mal consegue se manter acordado. Estaria o dramaturgo denunciando a pouca erudição de seu público?

Outra questão, mais patente, é a da condição da mulher na sociedade elisabetana. Discute-se, na peça, não só a submissão das moças à vontade do pai, arranjando seus casamentos ou proibindo-as de casar de forma autoritária, mas também a noção de que as mulheres deveriam ser dóceis e obedientes, e que traços marcantes de personalidade em mulheres são socialmente indesejados (A grosseria de Petrucchio também é rechaçada, mas isso não tem efeito na realização de seus desejos). Esse viés é, inclusive, trabalhado em perspectiva feminista no filme 10 coisas que odeio em você, ainda que de uma forma leve e bem humorada, mais condizente com uma comédia adolescente.

CATARINA - Minha, apenas, é toda a afronta. Tive de, forçada, ceder a mão, contra a vontade própria, a um sujeito estouvado, tipo excêntrico, que ficou noivo à pressa e ora pretende casar-se com vagar. Bem que eu vos disse que era louco varrido e que escondia sob a capa de amargas brincadeiras a grosseria própria. Porque alegre sujeito parecesse, pediria de mil jovens a mão, marcara a data do casamento, convidara amigos, fazendo publicar logo os proclamas, sem pretender, porém, casar-se nunca. A pobre Catarina doravante vai apontada ser por toda a gente, que dirá: "Olha a esposa de Petrucchio, quando Petrucchio se casar com ela!"

Essa comédia de costumes se concentrará na tensão entre masculino e feminino, nos protocolos matrimoniais da época, bem como nas disputas amorosas. E, embora Shakespeare tenha concedido ao público essa outra visão da realidade, a feminina, a peça se conclui do modo provavelmente mais de acordo à realidade da época: o machista. O discurso exagerado dos personagens, no entanto, leva-me a crer que o autor estivesse satirizando a situação.  

Apesar do desfecho desanimador, há momentos divertidos e o texto causa pouco estranhamento quanto ao estilo ao leitor contemporâneo.
Pedro Henrique Müller 27/05/2020minha estante
eu vi uma montagem em dezembro lá em Londres com a Royal Shakespeare Company (saudades de poder ir ao teatro, viajar... parece que foi outra vida) em que os papéis eram representados com uma inversão: Todos os papéis dos homens viravam papéis de mulheres e todas as mulheres do texto eram homens. Então ficava o casal protagonista sendo Petruchia, que chega com seu jeito grosseiro para conquistar um irascível e indomesticável rapaz, o senhor Catherine, filho da poderosa Signora Baptista. Eu achei a ideia bem divertida. Ver o doce Bianco e as suas pretendentes. O efeito era bem hilário e com uma solução bem simples. O texto lido como o seu inverso nos ?papéis de gênero? soava ainda mais hilário. Ao final, no famoso solilóquio que lemos hoje em dia com incômodo e desconforto do ?eis uma mulher?, no caso dessa versão da montagem, quando temos o Catharino finalmente ?domado?, o efeito da peça foi bem bom: terminava com Petruchia dizendo algo do tipo: ?vejam, um homem em silencio e que obedece! eis um homem!?

eu achei um barato.


alineaimee 30/05/2020minha estante
Que sensacional!




Mathias Vinícius 04/01/2024

Um comentário sobre: A Megera Domada
Sabemos que não é possível uma pessoa mudar da água para o vinho de um dia para o outro, a não ser que ela faça isso com as mais falsas das intenções, de uma maneira irônica. Nessa situação, tal pessoa nos é apresentada sendo mais amarga que o próprio vinagre dado a Cristo na cruz. Seu nome é Katherina, ou, como ficou na tradução, Catarina, a própria Megera que dá nome a esta peça de Shakespeare. "Catarina: Lhe garanto, senhor, não precisa ter medo pois não está nem a meio caminho do meu coração. Mas se estivesse, meu cuidado maior seria pentear-lhe a juba com um tridente, pintar a sua cara de outra cor e usá-lo como aquilo que é: um imbecil."

Antes de abordar o enredo desta obra, é necessário comentar o prólogo que a introduz. Sim, temos um prólogo! São apresentados alguns personagens, nobres (que de nobre têm apenas o título), que resolvem pregar uma peça em um bêbado que perturbava uma estalajadeira, um coitado nomeado Sly. Este será levado por esses lordes a acreditar que também é um deles, como se nunca tivesse enfrentado problemas com alcoolismo e tivesse ficado desacordado por longos anos até o presente momento. Assim o fazem, e, em meio às conversas, decidem que é de 'bom tom' encenarem uma peça para dar credibilidade a essa farsa. Eis então uma peça dentro de outra peça, pura metalinguagem, "A Megera Domada"!

A peça inicia-se com a representação de Catarina como uma mulher cuja língua afiada e disposição indomável a colocam em desacordo com as expectativas sociais de seu tempo. "Mais amarga que o próprio vinagre dado à Cristo na cruz", a analogia faço e que destaca seu desdém e resistência à submissão. Essa resistência é um tema central da obra, refletindo as atitudes elisabetanas sobre o casamento e os papéis de gênero.
O enredo se desenrola com a chegada de Petrúquio, cujo objetivo é domar Catarina, não por amor, mas como uma transação econômica e social. A relação entre eles é uma dança complexa de poder e controle, onde a submissão de Catarina é frequentemente vista como um reflexo irônico de sua verdadeira natureza. A peça utiliza a comédia para explorar esses temas sérios, equilibrando humor e comentário social.

Shakespeare também brinca com identidades e disfarces, elementos típicos do próprio teatro, para enfatizar a natureza performativa dos papéis sociais. A mudança de Catarina, da rebeldia à submissão, levantando questões sobre a autenticidade e as pressões sociais impostas às mulheres, amigos e pessoas anônimas que se passam por outros com o intuito de alcançarem seus designíos mais ardentes como paixões impossíveis, ou para engarem o próprio sogro!

Esta peça do Bardo, que desafia o público a refletir sobre a natureza das relações humanas, a luta pelo poder e a construção social dos papéis de gênero. A transformação de Catarina pode ser vista não apenas como uma capitulação, mas também como um ato de resistência sutil e irônica, uma interpretação que enriquece nossa compreensão desta obra complexa.

site: https://www.instagram.com/um_comentario_sobre/
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rayssagurjao 31/03/2021

Uma obra do seu tempo
A megera domada é a primeira obra que leio do bardo, ela é uma peça muito interessante e que inspirou uma infinidade de outras obras. Mas, é uma obra do seu tempo, os ideias de família e de casamento não correspondem mais a grande parte da sociedade atual e há um incômodo na forma que as mulheres são tratadas, pelo menos na minha visão, porém é uma leitura curta e importante para conhecer o que é considerado o maior escritor inglês de todos os tempos que sobrevive e é lido, relido, adaptado e faz parte da literatura e das artes em grande parte do mundo atual.
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Carol 15/04/2013minha estante
Pensei o mesmo! Até que enfim, uma resenha me satisfez!


Sarah Alcântara 07/02/2016minha estante
Olha, tinha muito a vontade ler, pois inspirou uma das minhas novelas favoritas "O Cravo e a Rosa", cacei esse livro e achei, comprei. Mas desisti de ler, quando vi que no final Catarina se submete, eu como feminista odiei! Nem quis ler o livro. Mas vendo por esse seu ponto de vista que Catarina ironizou, quem sabe eu não tente ler ele.




Yas 05/05/2020

"E quanto mais queremos ser, menos nós somos."
Acredito na ironia usada no discurso final da trama, que a intenção não tenha sido má, mas se ainda funcionaria pra os nossos dias...tenho minhas dúvidas.
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Carolina 12/10/2021

Catarina e Petruchio!
Só depois de chegar na metade do livro (qnd Petruquio aparece) é que percebi que essa é a mesma história de Petruchio e Catarina em O cravo e a rosa, de Walcyr Carrasco. Esta última adaptada da primeira, claro, e com outras fontes de inspiração.

E sinceramente, acho que em obras de Shakespeare desse nível não nos cabe fazer uma análise feminista (tendo em vista que Petruchio usa de artimanhas como privação de sono e de fome para poder domar Catarina), pq no final será tudo uma grande ironia: Petruchio fingindo que manda, Catarina fingindo que obedece.

E se vc não percebe isso ao final da leitura, olha, vc precisa ler de novo. Interpretação é tudo aqui, muito mais que militância.

Impressionante como cada vez mais me apaixono pelas obras de Shakespeare
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helenaslodk 17/12/2021

Já dizia Catarina: Se não quiser ouvir, tape os ouvidos.
Eu sei que o livro é uma comédia, escrito em 1500 e bolinha mas a sátira da história é bem machista. Óbvio que retrata os costumes da época e de forma alguma eu, uma mera mortal, condeno o Shakespeare, mas sou uma mulher do século XXI e pra mim esse tipo de costume é inadmissível. A história é um clássico pq ainda hoje tem essa coisa de submissão, infelizmente.

Vou ficar com a minha novela mesmo ?
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alícia 22/04/2022

lindíssimo não entendi nada
eu gostei do livro, gostei do que a Catarina fala no final sobre a submissão da mulher. MAS confesso que não entendi muita coisa... acredito ter sido a versão, não sei.

pretendo reler.
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Aline.Deodato 22/05/2020

É mais megera em suas falas do que em suas ações
Esta obra, assim como tantas outras, é aberta a diversas interpretações. A Megera Domada é uma comédia sobre os costumes da época e a guerra dos sexos.
Khaterina (ou Catarina) é uma "mulher rebelde". Seu marido faz abusos emocionais, a priva de comida, sono, e de roupas, com a intenção de "domesticá-la", e isso é feito com gentileza e sutilidade. Nada, segundo seu marido, é bom o bastante para ela.
Khate foi realmente domada ou ela faz o marido se sentir no controle da relação? Se assim for o caso, ele sabe dessa manipulação e finge também?
A ambiguidade da peça em alguns atos deixam dúvidas quanto a tudo isso. Há ironia nas falas dela, principalmente no monólogo final.
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Layla.Ribeiro 05/09/2020

Desafio 2020- Clássico da Literatura Mundial.
O livro nos conta a história de pretendentes que querem desposar a ingênua e doce Bianca, mas seu pai Batista só permitirá o casamento depois que sua filha de temperamento difícil Catarina se casar, o único que se propôs a isso com interesse no dote foi Petrúquio que jura conseguir domar a megera, já viu essa história em algum lugar? Pois bem, essa história inspirou a novela O Cravo e a Rosa, mas voltando ao livro eu achei divertidíssimo algumas cenas, me surpreendeu rir com livros de Shakespeare (não é a toa que esse livro é de estilo comédia), a leitura é bem fluída e rápida, mas não esperava o desfecho. Porém quero alertá-los que antes de ler e conhecer esse clássico que foi adaptado diversas vezes deveremos nos atentar ao contexto que o livro foi escrito, no século XVI e a forma de como a sociedade era composta e ler o livro criticamente, ao decorrer dos atos encontramos muita menções machistas que me deixou de estômago revirado e revoltada, a protagonista é tudo aquilo que foge dos padrões femininos da época, a que não aceita situações machistas, ou seja logo ela é uma megera e o que mais me doí é que apesar de tantos séculos depois de escrito, pouca coisa mudou, mulheres assim ainda são chamadas por esse nome ou feminismo virou sinônimo para mulher difícil de lidar, feia e etc. Utilize essa obra como uma crítica com o antes e o atual.
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Mari 11/05/2022

Concerteza uma leitura diferente para mim
Nunca tinha lido uma peça, gostei mas tinha mais expectativas. Esperava mais resistência de Catarina, mas no geral gostei, tem algumas partes cômicas com trocadilhos. Lembrando que na época em que foi escrito as coisas eram diferentes. É bom manter a mente aberta mas não deixar de lado o senso crítico.
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