We Need to Talk About Kevin

We Need to Talk About Kevin Lionel Shriver




Resenhas - We Need to Talk About Kevin


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Clarice.Bartosievicz 21/02/2024

Leitura excelente
Um livro que aborda todas as camadas do relacionamento da protagonista Eva com o filho Kevin, bem como mostra a visão diferente do pai Franklin a respeito do comportamento do menino, e todas as consequências que vieram pelo fato de não terem falado sobre o Kevin quando ainda não era tarde demais.
Um livro que traz reflexões sobre maternidade, renúncia e deixa a todos com a mesma dúvida, que também é a dúvida dos personagens do livro: ?POR QUÊ??
Já tinha assistido ao filme na adolescência, mas o livro traz uma dimensão muito diferente da história.
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Caroline Meirelles 06/01/2023

Xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente
AVISO DE GATILHOS: homicídio, abuso sexual, racismo, homofobia, gordofobia, violência.

Eu esperei mais de uma década pra ler esse livro. Primeiro, porque eu era nova demais para ler antes (pelo tópico sensível) e segundo, porque eu esqueci dele por muitos anos e agora lembrei e resolvi pegar pra ler. E digo que a espera não valeu a pena.

Como a sinopse diz, a premissa é que o filho da narradora, Kevin, cometeu vários homicídios em um atentado na sua escola. Porém, a história não foca nisso, mas sim conta toda a vida da narradora, desde quando era ela era criança, até casar com o marido dela, a gravidez dela, a vida do Kevin, etc etc, até chegar a esse atentado e a vida pós-atentado. Além disso, é um romance epistolar, em que a narradora vai contando em cartas o que aconteceu para seu ex-marido.

Eu tive muitos problemas com esse livro e só terminei, porque eu já estava no meio do livro e não queria abandonar. A escrita é MAÇANTE, do tipo "vamos escrever com um dicionário do lado", porque a autora consegue escrever de uma forma tão desnecessariamente rebuscada que você tem dificuldade em continuar. Além disso, o ritmo da leitura é péssimo, meu deus não ANDA, porque NADA ACONTECE. O livro tem quase 500 páginas e podia ter facilmente 200 se cortasse toda a baboseira.

O desenvolvimento de personagem é assim... sem comentários. Desde o início, a narradora projeta que o filho dela é um louco psicopata (um dos meus maiores medos), mas ela projeta isso desde que ele é um bebê (um pouco de exagero). E, então, tudo é culpa do menino, ela nunca amou ele, teve o filho como um "presente" pro marido, então, se ele já tinha tendências, aí que elas se desenvolveram mesmo. E você sente assim 0% empatia por essa mãe, é muito difícil (vide ela tendo o segundo bebê pra ver se ela era uma mãe ruim mesmo ou não rsrsrs). Além do livro ser muito desconfortável, tem cenas que são extremamente abusivas e até absurdas (do tipo suspensão da realidade).

O livro também entra naquele loop de "ai ele foi escrito em 2003, então temos que relevar as frases racistas, gordofóbicas, homofóbicas, etc.", mas assim... é muita coisa num livro só. E eu ainda fui pesquisar sobre a autora e choque (não fiquei chocada) que ela continua sendo racista (criticando o número de imigrantes no Reino Unido) e que a quarentena não era necessária, porque "2/3 das pessoas já iam morrer mesmo durante o ano de outras coisas", que nojo...

Mas a cereja no topo do bolo pra mim foi o final. Quando eu li aquela última página, eu queria me enterrar no chão. Toda a dita "construção" de personagem da autora foi pro brejo com aquele final, de perdão e etc, eu simplesmente não entendo e nem quero entender.

A autora tentou fazer algo, ela achou que ela estava quebrando tabus, mas o livro se perde demais, tenta ser chocante demais, mas não consegue criar um alicerce bom pro que promete e é chato, ô livro CHATO. É simplesmente burro, nojento, maçante, com final ruim, e preconceituoso. Eles se merecem.
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Anezka 03/10/2012

Eu já havia assistido ao filme antes de começar a ler o livro e, consequentemente, já conhecia o "final" da estória e muitos detalhes do que ia encontrar na minha leitura. E, mesmo assim, eu fui surpreendida pelo que encontrei. O tom ambivalente em que o livro foi escrito, deixando margem para interpretações muito distintas sobre culpa ou ausência de em várias situações é intrigante. No fundo, é uma estória como as reais, onde você ouve um lado de tudo que aconteceu, até pode ouvir o outro, mas, no final, ninguém pode ter certeza sobre culpados ou inocentes.
Esse livro é uma crítica direta a essa simplificação de que tudo é causado especificamente por alguma coisa. Pode alguém se tornar mau sem nenhum motivo familiar ou social?
Um livro que abre o peito dessa forma, sem medo e sem pudores, certamente merece crédito e atenção.
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misfit 21/01/2009

Não lembro ao certo qual foi a primeira vez que eu li algo a respeito deste livro; lembro que me chamou a atenção alguém ter mencionado que a obra era narrada por um mãe que expunha sem censura alguma a sua experiência negativa com a maternidade: de como ela não queria ter filhos, de como ela não gostou da própria gravidez, da dificuldade que ela tinha de estabelecer uma conexão com o filho, do aborrecimento que era largar uma vida profissional que ela gostava muito para ficar em casa com uma criança. Imediatamente o livro me chamou a atenção, e eu procurei saber mais a respeito.

Quem me conhece um pouco que seja sabe o quanto é difícil para mim acreditar no mito da Maternidade Como a Coisa Mais Maravilhosa Na Vida de Qualquer Mulher. Por dois motivos: primeiro, porque parece forçado demais em muitos casos, quase como se as pessoas precisassem convencer a si mesmas tanto quanto aos demais da maravilha que é ser pai/mãe; segundo, porque é só olhar para a vida como ela é com um pouco mais de atenção para ver que isso não corresponde à verdade imutável que muitos querem acreditar ser: existem mães que abandonam seus filhos, mães que ignoram seus filhos, mulheres que não tem filhos por opção e são felizes assim, sociedades distantes de nós geográfica e temporalmente onde o papel da maternidade é radicalmente diferente do que nós, ocidentais do século XXI, achamos arrogantemente ser algo "universal". E como para mim é muito difícil fazer algo porque "todo mundo faz", ou porque "sempre foi assim", sem nem ao menos ponderar se é mesmo o que eu quero ou não, eu sempre olhei para a entidade "maternidade" com uma desconfiança tremenda.

Veja bem: não estou dizendo que duvido que a maternidade possa ser algo extremamente prazeroso, ou que ela transforme muitas vidas para melhor. Pelo contrário. Acho até que para a maioria das mulheres isso pode ser verdade. E não descarto a possibilidade de um dia vir a ser mãe e me sentir realizada com isso. Acho que tudo pode acontecer nessa vida. O que eu questiono é esse modelo opressor criado pela nossa sociedade que diz que você, mulher, "não sabe o que está perdendo, como isso é maravilhoso!, a vida se renova, nada será melhor e você finalmente se sente completa". Porque esse discurso dominante é sim opressor; ele não te dá a chance de externar qualquer sentimento negativo que a maternidade possa te trazer. Pense bem: quantas mães você conhece que admitem, publicamente, que seus filhos não lhe trazem o prazer imaginado, que se arrependem de terem optado pela maternidade e que sentem saudade da época em que podiam torrar todo o seu dinheiro e tempo consigo mesmas? Nenhuma, não é mesmo? Mas se você isso é sinal de que o mito é verdadeiro, para mim ele é o oposto: é sinal de que há uma mordaça muito forte da sociedade com relação a esse assunto, porque eu não conheço nada que seja 100% verdade o tempo todo. E ouvir pela 500ª vez seguida o quanto tudo isso é maravilhoso e como eu deveria encomendar os meus filhos o quanto antes me apavora de tal modo que eu não consigo me imaginar mãe de ninguém.

Por isso uma obra como esta me chama a atenção: por incrível que pareça, ver uma mãe, mesmo que fictícia, admitindo que tudo isso não é exatamente assim a bolacha mais recheada do pacotinho me faz olhar para a possibilidade da maternidade com mais boa-vontade do que quando tentam me sufocar com imagens idílicas da maravilha do mundo infantil (como se os filhos fossem ser crianças para sempre) ou com ameaças de solidão e abandono de quem não constitui família (como se "solidão" fosse um palavrão para mim, e não uma dádiva). E arranjar este livro para ler eu fui.

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Eva Khatchadourian, a protagonista do romance, vive o inferno de uma maternidade que se transformou no pior pesadelo de qualquer mulher: seu filho Kevin cometeu um massacre escolar aos moldes de Columbine dias antes de completar 16 anos. Sua fortuna, em forma de uma editora de guias de viagem aos moldes da Lonely Planet, se esvaiu em pouco tempo com os custos judiciais dos processos contra si e seu filho. Dois anos depois, ela está sozinha, morando em um duplex velho e visitando o filho esquivo semanalmente na prisão juvenil; para aplacar a solidão, para relembrar sua vida com Kevin e para tentar fazer sentido de tudo o que aconteceu, Eva escreve longas cartas contando seu relacionamento com o filho desde antes de ele nascer para seu marido ausente. Nessas cartas, a personagem se desnuda psicologicamente de modo franco, e procura analisar o que saiu de errado em sua vida.

O que chama a atenção no romance é a inteligência, ou ainda, a clareza da narradora. (Eu digo "inteligência" porque o tempo todo em que eu lia eu me lembrava da frase que o Fabricio sempre me diz: "para as pessoas inteligentes a vida é mais difícil, porque elas não conseguem não se questionar"; e a Eva é meio que uma poster child disso que ele diz). Aliás, acho até que ela seja irritantemente inteligente para certo tipo de público. Ela não tem pudor nenhum em questionar quase tudo, desde a própria experiência da maternidade até a percepção que as crianças têm do mundo, e isso rende uns insights muito interessantes durante a leitura do livro. Infelizmente, eu e meu péssimo hábito de não ler nada com uma caneta à mão para ir sublinhando os trechos que me interessam não me permitem reproduzir nenhum deles aqui; quem sabe no futuro, em uma releitura, ou mesmo em uma passada rápida de olhos no livro novamente eu ache algum deles e coloque aqui ou no meu Tumblr? E pelo que se pode inferir pela leitura do livro, seu filho herda dela exatamente esta característica: a inteligência acima do normal, o questionamento contínuo do que vê. Infelizmente, essa capacidade é utilizada para o mal, já que ele assassina onze pessoas três dias antes de completar a idade mínima com a qual ele poderia ser julgado criminalmente como adulto por seus feitos.

Aliás, o brilhantismo do livro está justamente nesta colocação acima: nós somente podemos "inferir" sobre os demais personagens do livro (especialmente Kevin), mas jamais sabemos com certeza quem eles são na realidade porque o livro é narrado exclusivamente através dos olhos de sua mãe. E Eva é uma narradora não-confiável. Extremamente não-confiável. (Aliás, eu sou da teoria de que nenhum narrador em primeira pessoa pode jamais ser considerado confiável porque ele sempre vai contar a história com algum viés, que é a sua experiência e o seu modo de ver o mundo, que será sempre algo único e pessoal, mas essa é uma discussão para outra hora). Em pelo menos dois incidentes do livro (o arremesso de pedras contra os carros e o sumiço de sua foto) somos informados claramente, com todas as letras, de que o modo como ela viu os incidentes estavam errados, não compatíveis com a realidade.

Portanto, o "fracote" Franklin, a "frágil" Celia e o "sociopata" Kevin podem muito bem não ter sido exatamente assim na "vida real". Isso é uma coisa que muita gente não percebe quando lê o livro, mesmo com todas as pistas de que a história narrada por Eva tem um viés muito forte. E sem entender que esses não são os personagens reais, e sim as representações que Eva tem deles, eu admito que o livro pode parecer esquemático demais ("pô, esse Franklin é um banana, não vê as barbaridades que o filho faz!"). Mas quando você percebe que deve entender o livro como a versão de Eva, e não como A Verdade, as coisas ficam bem mais interessantes. Até que ponto sua versão reflete a realidade? (E isso já faz com que a gente se pergunte até que ponto nossas versões sobre nossas próprias histórias reflete a realidade, uma pergunta que eu não sei honestamente se queremos nos fazer ou não).

E assim como Bentinho, um dos narradores mais não-confiáveis da literatura mundial, nos deixou com o eterno mistério de quem é verdadeiramente Capitu, Eva também termina o livro com um grande ponto de interrogação: afinal de contas, quem é Kevin? Sabemos de fato que ele cometeu múltiplos assassinatos em 8 de abril de 1999, mas talvez nunca entendamos por que. Ele é mesmo o responsável por todos os atos de maldade que sua mãe lhe imputa? Afinal de contas, ela não estava errada a respeito dele nos fatos descritos mais acima (das pedras e da foto)? Não poderia ela então ter se enganado em tantos outros casos que ela imagina ter sido culpa de Kevin, como com a menina do eczema ou com a bicicleta do vizinho? Kevin é um sociopata que às vezes se fez passar por garoto normal para se safar dos problemas, ou ele é um garoto "normal" que assume a personalidade de um sociopata para sobreviver na cadeia e para, de certa forma, conformar-se ao que sua mãe espera dele? E principalmente, ele é capaz de sentir alguma coisa (amor, remorso, etc.)? Ele nasceu assim, e seria assim independentemente dos sentimentos ambivalentes de sua mãe a seu respeito, ou ele foi criado assim a partir do momento que Eva se descobriu grávida e não gostou nem um pouco das mudanças no seu corpo e de seu status social e passou a rejeitá-lo? Aliás, este nível de rejeição é abjeto e fora dos limites, ou comum mas pouco divulgado pela vergonha de se admitir que não se é uma "boa mãe"? O livro não responde nada disso, talvez porque não haja apenas uma resposta inequívoca para todas estas perguntas. E esta é a sua beleza.

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Agora, eu devo admitir: eu talvez não gastasse tanto o meu latim para falar sobre este livro se não fossem pelos seus três últimos capítulos. Eles mudaram tudo para mim. Não tanto pelas obrservações da trama pelos olhos da narradora (que eu já estava fazendo há algum tempo), nem tanto pelo plot twist do final (que nem é tão surpreendente assim, dá pra perceber que ele é uma possibilidade lá pelo meio da narrativa). Não; eles mudaram o modo como eu me posicionei emocionalmente frente ao livro. Juro: quando li a antepenúltima carta para Franklin, eu precisei parar com o livro por um tempo. Aquilo me tocou de modo inesperado, eu precisei de um tempo para me recompor. Eu estava quase chorando, e isso é uma coisa que eu nunca imaginei fazer lendo este livro, ao menos não até alguns minutos antes.

No dia seguinte, acordei cedo, não conseguia dormir, pensando em terminar o livro o quanto antes. O penúltimo capítulo é pesado, é quando ela narra o massacre, e quando as coisas mais ou menos se fecham, quando algumas pontas soltas passam a fazer sentido. E o último capítulo, a última carta, foi quando eu finalmente chorei com o livro. Exatamente ali, no último parágrafo, eu senti o que a personagem estava sentindo. (Aliás, não só eu: a autora, Lionel Shriver, admite nesta entrevista que "On the next to the last page I still wasn't there. When I did get there in the last line—this sounds terribly pretentious—but I cried"). E estranhamente para quem acredita no mito da maternidade cor-de-rosa, mas de modo completamente lógico para mim, foi ali que eu pensei que eu poderia querer ter um filho no futuro. Porque aquele último parágrafo, cheio de dor e sofrimento e esperança, me pareceu bem mais real e palpável e "lidável" do que as imagens idílicas de comercial de pasta-de-dente que as pessoas tem quando resolvem se tornar pais.
Leandro 07/05/2012minha estante
Achei sensacional a sua resenha não só pela forma como você foi capaz de enxergar o livro quanto pela sua opinião que vai de encontro ao mito da maternidade. Nem se quer sabia da existencia desse livro até alguns minutos atras, quando li sobre o filme. Provavelmente demorarei muito pra conseguir le-lo pois nem ao mesmo nunca o vi pelas livrarias aqui do RJ mas assim que eu o fizer, comentarei sua resenha de novo. Quem sabe não sai uma boa discussão sobre ele? Até mais e obrigado por aguçar ainda mais minha curiosidade.


Gabriel 21/04/2013minha estante
Resenha, como o Leandro disse, sensacional! Admito que tenho preguiça de ler textos grandes (na internet), mas sua resenha me prendeu até o final! Estava procurando porque eu me lembrei que eu vi a capa desse filme na locadora e eu achei curioso o nome "Precisamos Falar Sobre o Kevin". Agora que sei da história com certeza irei comprar! Resenha muito f*da!


Aline 01/04/2023minha estante
Concordo em gênero, número e grau! Optei por não ter filhos e já ouvi ?muita barbaridade? por isso, mas sigo firme na minha decisão e do meu marido! Quantos casais são frustrados por terem filhos ?com problemas? e os culpam por isso, sendo que podem muito bem ter transmitido suas frustrações para a criança? Cada um é livre para fazer o que quiser, inclusive ter filhos ou não! Não vejo a maternidade como mil maravilhas, pelo contrário, vejo dores, gastos, frustrações, medos, preocupações e, claro, amor também, mas não é um mar de rosas como muitos pintam. Resumindo tenham filhos ou não tenham filhos, simplesmente façam o que o coração de vocês mandar, e não a sociedade!




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