Luiz Pereira Júnior 03/03/2024
Tudo parece mudar, mas...
Primeiro, um aviso: li “Sem família”, de Hector Malot, em uma edição da Editora e Livraria do Chain e, infelizmente, preciso avisar que está repleta de erros, chegando a irritar pelo aparente descuido da revisão ou algo que o valha. E tome “oitos”, “peparando”, “ameça”, “recodar” e por aí vai.
“Sem família”, de Hector Mallot, é o típico livro da literatura infantojuvenil de décadas atrás, com todas as suas qualidades e com todos os seus defeitos: piegas e sentimentaloide em certos trechos, mas provocando a reflexão sobre o abandono de crianças e os horrores do trabalho infantil em outros; diálogos pouco convincentes, mas que contribuem para acelerar a ação; personagens tremendamente maniqueístas, mas que contribuem para a fantasia do jovem leitor e paisagens ora idealizadas, ora beirando o naturalismo no seu lado mais sórdido.
Ao retratar as peripécias de um menino de oito anos (que age e fala como um menino de oito, dois ou um rapaz de 22 anos, dependendo do trecho lido) em busca de sua família, o autor constrói um romance de aventuras que, a bem da verdade, acaba por parecer datado ou semelhante a muitas outras obras (perceba que eu escrevi semelhante, mas não copiado, já que o livro foi lançado em 1878), pois muitas das ações abordadas são ou se tornaram chavões nos dias que correm (um exemplo: basta chegar ao meio do livro e você saberá o final do protagonista – mas, sem spoiler).
Vale a pena? Com certeza. Se você não gostar, ao menos se lembrará de outras obras clássicas: “David Copperfield” (1850), “Pinóquio” (1883), “O jardim secreto” (1911) e trará, se você for de minha idade, aquelas lembranças daqueles seus dias distantes de suas primeiras leituras...