Thyeri 05/11/2011www.restaurantedamente.comEste é um livro que está descansando na minha prateleira a um bom tempo, desde 2008, quando ganhei de presente de um grande amigo meu. Tenho esse mal hábito, tem livros que acabam sendo "esquecidos", esperando o momento certo para serem lidos, e acho que esse foi o momento certo.
Com sua linguagem simples, somos apresentados à George, no momento em que ele se encontra numa excursão escolar ao Museu de História Natural. Ele tenta ficar quieto na dele, mas acaba por ser chamado à atenção pelo diretor por ter derrubado uma prateleira da recepção do museu. Sendo deixado de lado numa sala, não podendo participar da visita, George foge do museu, e com raiva, dá um soco na cabeça de um dragão de pedra. Logo em seguida um Pterodáctilo de pedra na fachada do museu começa a se mover e perseguir o garoto. E assim começa nossa aventura...
No início ficamos na mesma situação que George, sem saber o que está acontecendo, só correndo do "animal" que o está perseguindo. Há uma certa ausência do narrador da história que descreva, com mais detalhes, o ambiente e o que está acontecendo com os personagens, ficando a cargo destes nos informarem. Gradativamente o texto começa a ser intercalado, mais igualmente, com os diálogos e a narrativa, e a história se aprofunda um pouco mais e os personagens vão sendo melhor apresentados.
É um livro gostoso de se ler, com uma narrativa simples e personagens carismáticos.
Trechos que gostei:
"Dizem que nunca se está mais sozinho do que no meio de uma multidão, mas estar sozinho no meio de uma multidão, enquanto se é perseguido por uma coisa monstruosa sem que ninguém perceba, é muito pior". (p.39)
"Havia, porém, alguém que observava. Na cidade, tem quase sempre alguém o observando, mesmo quando se pensa que está sozinho. E quando se pensa que se está sozinho, com num beco escuro, no meio da noite, quando todo mundo que é honesto e sóbrio já está na cama, e você sente aquele arrepio no meio das costas que lhe diz que alguém o observa, e você se vira de repente - do mesmo jeito que fez agora a mulher de casaco vermelho -, não vê ninguém e você suspira aliviado, não se iluda: tem sempre alguém ali. Tem aquele que caminha, que é você, e aquele que caminha atrás. Só porque você não o vê, não quer dizer que ele não esteja ali". (p. 123)
"A dor que ele lembrava não era a dor de bronze derretido derramado num molde com as características do Artilheiro numa fundição. Era a dor do esfriamento daquela forma, do ato de torná-se sólido. Era a dor de todas as possibilidades perdidas do metal, do que poderia vir a ser, da morte de tido que não poderia ser para se tornar o Artilheiro. E porque o número de coisas que poderiam ser formadas era infinito, assim também era a dor dessas possibilidades desaparecendo". (p. 264)