Deskvice 02/04/2024
Solidão de uma criança
Um livro extremamente poético que narra a história de uma garota Carmem de 11 anos que sonha em ser escritora e escreve seu próprio livro e essa história é narrada pela perspectiva da garota e do livro que ela escreveu.
Um livro que fala sobre solidão, seja ela de todas as formas e cores, inclusive sobre a solidão de uma criança. Sobre relações e relações não monogâmicas, e banhos marias. Todos estamos em um, apenas esperando o momento certo para se tornar um pudim, amadurecendo aos poucos com tudo aquilo que nos acontece.
Além de relatar a experiência dessa criança em meio a sua solidão com tantas pessoas ao seu redor, relata suas experiências de autodepreciação que são criadas através do meio, pensamento que são concretizados através daqueles que estabelecem em sua mente que ?ser uma criança gorda? é um problema, além de criar crenças de desamor nessa menina, tudo narrado e construído de um jeito muito singelo e original, mesmo sendo escrito não por uma garota de 11 anos de fato, mas por uma mulher adulta, mas que no fim da consta já foi uma garota de 11 anos.
Uma história que te faz voltar no tempo e pensar em coisas que já te aconteceram e que talvez você tenha pensado a mesma coisa, abre passagens de nossas infâncias, nos ajuda a entrar em contato com nossa criança interior, por mais dolorosa que seja essa criança. Trás também o distanciamento da mesma em relação a Deus, por acabar sempre decepcionado, e não atendida por sua necessidades. Nesse processo questionamentos são feitos, será que realmente tudo é culpa de Deus, de nossos pais, da sociedade, ou será que é culpa nossa por não saber lidar com tudo isso e ainda está em um banho Maria?? Afinal de contas o que é a solidão?
Por fim deixo uma passagem aqui que foi da introdução do livro, mexeu muito comigo e me tocou bastante, espero que gostem também.
?Querido Homem-aranha,
meu nome é Maria Carmem (Carmem com m) e eu não tenho superpoderes.
Eu tenho um pouco de pena de você porque seu tio morreu por culpa sua e odeio quando uma coisa ruim é culpa minha, tipo quando meus pais não puderam ir na festa de ano novo porque eu tomei chuva e tive pneumonia.
Acho que se um bicho fosse me morder pra eu virar super-heroína eu nunca ia escolher aranha. A aranha tem muitas pernas e é sozinha demais lá em cima na teia tanto tempo esperando alguém aparecer. E quando um inseto finalmente gruda ali, ela passa uns minutos olhando, imaginando como seria viver com ele.
Daí ela mata o visitante.?