A Ilha do Dia Anterior

A Ilha do Dia Anterior Umberto Eco




Resenhas - A ilha do dia anterior


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Helio 24/01/2023

A Ilha do dia anterior.
Um romance com guerras, lutas, intrigas, naufrágio, histórias e muita imaginação. Interessante como sempre seremos levados a imaginar que a nossa mente não tem limites. Nossa imaginação possui um estoque infinito de imagens e alternativas para qualquer que seja a circunstância é que a cada livro é a cada história, essa percepção é reforçada em nossas mentes. Bom livro, pena que terminou.
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Camila0831 14/04/2021

Uma verdadeira batalha
"Estes Romances" representam uma verdadeira imersão na época das grandes navegações, suas descobertas e as mentes que pensavam o mundo e a vida naquela época. Não direi que é fácil, mas é um belo "exercício de estilo".
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Lou 08/10/2017

O livro mais louco que já
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Paulo 11/06/2017

Alguns livros possuem tantas interpretações diferentes que é impossível apresentar todas elas em uma resenha. Ao mesmo tempo este tipo de livro apresenta um outro modelo de desafio ao serem livros mais carregados dos quais o leitor precisa ter um nível de atenção maior. Só para exemplificar o que eu estou dizendo, A Ilha do Dia Anterior não é um livro grande. Ele está na média dos livros de 300 a 400 páginas que eu costumo ler em uma semana ou até duas. Admito que esta leitura não foi fácil, me tomou muito tempo e as passagens se sucediam com um peso muito grande. Quando eu terminei o livro e peguei outro para ler, pude ver a diferença. Parece até que eu tirei um peso das costas.

Esta é a história de Roberto del Pozzo, um jovem nobre de uma famosa família italiana. Vivendo como o futuro sucessor da Griva, vemos um pouco de sua trajetória até ele embarcar no Amarili e naufragar no Oceano Pacífico. Ele havia sido enviado pelo cardeal Richelieu para encontrar o punto fijo, o lugar onde encontraríamos o antemeridiano, o lugar que estaria no dia anterior segundo o meridiano de Greenwich. Tendo naufragado, Roberto encontra o famoso Daphne, que também havia sido enviado em uma empreitada semelhante e lá encontra várias relíquias do passado. Ao longo de toda a sua vida, Roberto se engajará em uma série de discussões sobre a vida, a existência de Deus, as ciências e como um homem pode amar.

Antes de tudo é preciso salientar que o enredo do livro não é importante. Umberto Eco claramente usa o enredo como um mote para apresentar uma série de temas ligados à filosofia. A história é bem simples e termina também de uma maneira simples. Para aqueles que aguardam sempre reviravoltas fantásticas, esqueçam. No final do livro, acontecerá o óbvio. Não digo que isso é frustrante porque eu logo percebi o que eu disse primeiro: o enredo não é importante. Os personagens da história são bem apresentados apesar de que Eco acabou não se debruçando tanto sobre Lilia, o amor da vida de Roberto. Nem mesmo sobre a Novarese, mas tal é compreensível. Esta foi usada como um argumento para exemplificar a divisão em ordens típicas do Antigo Regime europeu. Richelieu e Colbert são apresentados de maneira marcante e gostei da forma como Eco aproveitou estes importantes personagens históricos.

Posso imaginar o nível da pesquisa histórica feita por Eco. O livro é riquíssimo em detalhes. Ficamos sabendo sobre os hábitos de higiene, as principais pesquisas científicas do período renascentista e até mesmo um pouco da corte francesa. Um detalhe que passa despercebido é que muitas vezes a história da Itália na Idade Moderna acaba passando ao largo dos grandes livros de história. Nós nos esquecemos que, durante muitos séculos, tivemos os Estados Italianos independentes. Forças como Florença, Veneza e Gênova eram potências econômicas e muitas das guerras modernas ocorreram entre estas cidades. Eco apresenta a disputa por Casale Monferrato de maneira brilhante. Casale era um importante entroncamento na região italiana do Piemonte, já que Turim ainda não era um território muito poderoso. Por ali passavam as estradas que atravessavam os Apeninos, maciço montanhoso que separa a península Itálica do resto da Europa.

Outro ponto muito bacana que Eco ilustra neste livro são as disputas dinásticas. Neste momento em particular, duas dinastias buscavam conquistar seus territórios através de casamentos e expedições militares: os Habsburgos da Espanha e os Bourbon da França. Percebam como estas disputas dinásticas eram tão estúpidas... para os capitães das forças militares estacionadas nas regiões em disputa, nunca se sabia para quem eles estavam lutando naquela semana.

Mas, falemos de Rodrigo. Para mim, Rodrigo é um personagem muito passivo ao longo de toda a história. Ele não toma atitudes; estas são tomadas por ele. Mesmo quando ele esteve prestes a ter algum tipo de glória militar, ele fugiu. Não posso dizer que Rodrigo evoluiu como personagem na história. Ele apenas adquiriu conhecimentos que o tornaram um pouco mais sábio. Nos últimos capítulos, vemos que Rodrigo tenta pegar de volta o controle sobre sua vida quando nada em direção à Ilha. Mas o seu medo de mudar acaba tomando o controle sobre si. Quando ele sai ferido de uma de suas expedições, esta é a ilustração da vida do personagem. Ferrante, seu gêmeo imaginário, nada mais é do que um espelho de si. A vida de Ferrante é a maneira como Roberto queria viver a vida se ele tivesse mais coragem. No começo, Eco pinta Ferrante como o Suspeito, um estereótipo de personagem o qual representa a ambição e a maldade em seu próprio benefício. Mas, no final, Ferrante acaba se envolvendo em algumas cenas que parecem ser aquelas que o próprio Roberto gostaria de ter vivido como o tórrido romance no Tweed Daphne com Lilia. Mesmo as aventuras vividas por Ferrante são um pouco do que Roberto desejava para si. Não vejo Ferrante como o Suspeito, mas como um outro estereótipo literário: o Espelho.

A Ilha do Dia Anterior tem um tom de escrita expositiva que lembra muito O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. Com A Ilha do Dia Anterior, Eco queria mostrar aos leitores a intensa disputa entre religião, senso comum e ciências no mundo moderno. A dificuldade dos cientistas em fazer valer suas teorias quando todo o mundo achava que a Terra era o centro do Universo e o Sol girava em torno da Terra. Algumas das melhores discussões ocorrem entre Roberto e o padre Caspar. Por exemplo, se temos múltiplos mundos habitáveis pelo Universo, isso significa que Jesus nasceu em todos eles e foi crucificado em todos eles, certo? Ou o questionamento sobre o antemeridiano, o medo irracional de Roberto em se dirigir à ilha, com medo de viajar no tempo para o dia anterior. Não quero comentar muito sobre estas discussões porque estas são o recheio do livro. Muitas passagens fascinantes que, mesmo tratando de discussões muito antigas, mostram como a ciência foi se desenvolvendo passando por cima de teorias absurdas.

Ler Umberto Eco é uma experiência literária. A forma como ele escreve é arte. Jamais vi algo nesse nível. Sim, é uma leitura difícil... sim, não é para qualquer um. Mas, como é bom ver um autor com tamanho domínio sobre as letras. Mesmo sendo uma leitura dificílima, recomendo a qualquer um a leitura deste livro. Mas, vá preparado; não é uma leitura a ser feita de maneira leviana. É preciso sentar, ler de pouco em pouco, para que as palavras colocadas em cada linha possam ser absorvidas pelo leitor. Não dou mais corujas para esta leitura porque não é uma leitura divertida. Aliás, não é para ser algo deste tipo. É como ser levado para a escola e escutar uma aula fenomenal do qual o aluno fica sem entender mais da metade dela.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Quedali 29/01/2024minha estante
Senti o mesmo! Um dos poucos livros que resolvi deixar de lado! Há um trecho no livro no qual ao narrar o nascer do sol Eco decide (sim, ele decidiu) que, muito embora já fosse aurora, ainda não era alvorada! Ora, estas duas palavras são sinônimos (salvo se em italiano estas palavras querem dizer coisas diferentes)!


Quedali 29/01/2024minha estante
Foi um dos livros mais maçantes que já li!




SakuraUchiha 23/03/2015

Grande começo com Eco!
Este é o primeiro livro de Eco e foi bem antes de eu entrar para a faculdade.
Este livro é realmente maravilhoso. Tudo acontece em cima de um navio abandonado, onde o personagem principal, Roberto Del la Griva deve superar sua imaginação. Você vê seu passado cheio de surpresas. Uma história maravilhosa.
A trama complexa deste livro requer paciência para engrenar, é por isso que ele é tão pouco lido. No geral, achei a história gratificante. Só o capítulo "O Telescópio aristotélica" vale toda a leitura.
O que eu realmente gosto sobre Eco é a dificuldade de leitura juntamente com as recompensas no final do esforço. Voltei a ler outros livros de Eco depois que integrei na faculdade de história.
Eu geralmente aprecio o trabalho de Eco, mas devo confessar que ' O Nome da Rosa' ainda é um dos melhores romances de Eco que eu tive o prazer de ler.
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Dani 02/11/2016minha estante
Sua resenha me convenceu a ler o livro antes dos outros que tenho comigo para ler. Obrigada por compartilhar sua opinião sobre o livro. :)




sonia 16/03/2014

uma demonstração de erudição
A idéia da história é interessante: um náufrago que não sabe nadar e naufraga em um navio naufragado, e vai aí escrevendo um diário. ?........o navio em que ele iniciou a viagem estava à prcura das antípodas e a descrição das idéias que o século XVII tinha das antípodas daria um conto pra lá de interessante.
Ocorre que Eco é erudito, vai a fundo na história. E disserta longamente sobre fatos históricos referentes à região de Piemonte, de onde saiu o personagem, que quase me fezdormir, e prossegue nas ddescrições do pensamento filosófico e pré científico e religioso da época, o que deixa o livro meio indigesto para quem não seja fanático pelo assunto.
Interessante é o uso da linguagem da época, adorei o capitulo sobre Como as pedras pensam, que, sozinho, daria outro conto pra lá de interessante.
Há idéias demais, inclusive envolvendo ilusões, sonhos, distorções do tempo, enfim, se estiver a tim de fazer uma viagem intelectual ao século XVII, prepare-se para uma leitura atenta e vagarosa, de preferencia com um atlas e uma enciclopédia ao lado, e varias consultas ao glossário.
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prof.vinic 24/04/2012

Como todos os livros do Eco, este não é de leitura fácil e tranquila ... na verdade, algumas passagens tive mesmo que recorrer à internet para entender! Mas quando comecei a ler sabia que seria assim.

Porém, falando do livro mesmo, eu achei mediano. Muito longe de O Nome da Rosa ou de Baudolino, que para mim são os melhores livros do autor. A forma de flash-back do enredo é interessante, porém gera muitas confusões entre o agora e o passado ... fora a confusão entre realidade e fantasia (segundo a perspectiva do personagem Roberto).

Minha decepção é que o livro não chega a lugar nenhum, não existe uma conclusão ... na verdade não tem nem início! Costumo gostar disso em filmes (franceses, por exemplo) mas em livros não é o que eu espero.

Claro que por ser um Eco o aprofundamento humano nos personagens é genial, impossível não entrar na "loucura" do Roberto/Ferrante, além da ligação com a história real da humanidade (Cardeal Richelieu e Mazarino, Rei Louis XIII da França, e etc).
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Alex Felix 29/03/2012

O dia que não chega nunca
Complicado falar mal de um livro tão bem escrito e com referências históricas tão bem amarradas em uma ficção tão criativa. Mas a verdade é que nunca uma leitura foi tão entediante e longa. O dia marcado para chegar ao fim do livro parecia não chegar nunca e os momentos belos - tanto no que dizia respeito ao que estava escrito quanto à forma com a qual o autor a as escrevia - eram de um desencantamento tal que tudo que eu pensava era voltar no tempo, em um fuso horário no qual eu nunca tivesse tido a ideia de conhecer a obra de Eco a partir de "A ilha do dia anterior".
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Augusto Abreu 29/07/2011

Esse cara é Demais
Para quem já leu alguma coisa do Umberto Eco, vai reconhecer neste livro a genialidade do autor de O Nome Da rosa. A estória conta da busca, no séc. 17 do 'punto fijo' que seria como o outro extremo do Meridiano de Greenwich, uma ilha perdida no pacífico onde graças a essa característica de localização, sua praia leste está em nosso dia e a praia oeste no dia anterior! (ou o contrário). Fora que tem viagens, magia e muitos detalhes que só quem pesquisa muito para escrever consegue acrescentar. Uma ótima leitura, enfim.
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desto_beßer 01/06/2011

Além de serem exercícios de terrorismo vocabulário para qualquer tradutor, os livros de Eco mais parecem subterfúgio para que o autor exponha toda sua prodigiosa erudição, habilidade lingüística e prolixidade neologística, e talvez sejam isso mesmo. Nenhum problema aí. Sendo estes elementos entremeados por uma maravilhosa história, como usualmente eles são, duvido que haja maneira melhor e mais divertida de se aprender um pouco mais, por exemplo, sobre a sociologia das guerras medievas, a labutosa busca pela determinação dos meridianos na época pré-satélites e GPSs e a psicologia dos elementos minerais (...pois é), como vem a ser o caso d’a Ilha do Dia Anterior. A obra só tropeça na chatice (convenhamos, Eco está sempre a um passo dela!) e perde a postura quando a “maravilhosa história” fica em segundo plano e as divagações savantes perdem o cabresto. Mas não dá pra reclamar muito: logo, logo o autor arremata alguma metáfora brilhante, idéia originalíssima ou um inaudito jogo atordoante de palavras, e novamente nos conquista, tornando-nos um bom tanto mais sabugos.
Bruno T. 03/06/2011minha estante
Concordo plenamente com suas considerações a respeito do autor e de suas obras, onde erudição, originalidade e competência estão sempre presentes.
Estou acabando de ler "Il cimitero di Praga", o mais recente romance de Eco, e é fácil entender porque a edição brasileira ainda não saiu: o tradutor deve estar enloquecendo.
Também em "Il cimitero", assim como nos outros romances, o autor abusa das "divagações", fazendo com que, em vários momentos, a história (bastante complexa, por sinal) deixe de fluir, aproximando-se perigosamente da chatice.
Mas, em se tratando de Umberto Eco, ao final da leitura o saldo é sempre muito positivo.


Guilherme 07/07/2019minha estante
Que resenha, parabéns!




Hudson 27/03/2011

E um livro muito árduo as vezes, quem não tive uma boa base de filosofia
e principalmente de Aristóteles, ficará um pouco perdido creio eu.



Eco é um menino antigo sem dúvidas, acho que o livro do Drummond deveria
descrever o que Eco é muitas vezes com escritor, de um estilo elegante
e as vezes um pouco obscuro.




A história apresentada no livro é bastante surpreendente, de modo que
algumas vezes é preciso parar pensar e conectar pontos para não ficar
preso ou perdido, de fato é preciso raciocinar algumas vezes visto
que o livro não apresenta uma linearidade concreta.


Algumas vezes peca-se pelo numero de expressões sem uma equivalência ou
nota indicativa, de significado.
para quem não tem uma boa base de filosofia pode-se sentir perdido
e ver muita coisa passando



A influência de Aristóteles em Eco é absurda e fica evidenciada a cada
momento, da escrita, quem tem um conhecimento razoável da obra de
Aristóteles e sua importância para a filosofia do mundo antigo em geral
ainda mais nos períodos em que o livro se passa, na idade antiga.



O Jovem Roberto da Griva descobre a sua vida o mundo por meios muito
inusitados, a forma como se dá os encontros em não linearidade faz
parte do conceito proposto pelo autor.


Não é uma leitura simples mas ainda sim gratamente surpreendente
o mais engraçado é o padre holandês falando alemão, coisa que acho
que passou despercebida, na tradução que foi esmeradamente feita acredito
eu, que isso foi coisa do estilo do autor mesmo.




Ainda há grandes diálogos que mostram interlúdios interessantes
sobre o tempo princípios da física e muito da literatura antiga
que fazem do livro um verdadeiro relicário em forma de "romance"
com um final surpreendente e interessante.
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Coruja 24/11/2010

De uma forma geral, todos os livros do Eco me fazem lembrar a Régis, porque nós duas dividimos essa enorme paixão literária. Mas de todos os livros do mestre italiano... A Ilha do Dia Anterior é o que mais me faz lembrar a Régis.

Pela poeticidade, pelas discussões metafórico-lingüisticas, pelos amores platônicos e desesperançados, pelo barroco, e pela inalcançabilidade da ilha do dia anterior para um pobre náufrago que delira com um gêmeo possivelmente imaginário... por tudo isso, esse livro é a cara da Régis.

Para quem não conhece, o romance conta a história de Roberto, um jovem nobre piemontês que sofre um naufrágio. Ele é o único sobrevivente e tem a sorte de encontrar um navio encalhado abandonado, que fica defronte a uma ilha.

Entre o navio e a ilha, ele está completamente preso porque (1) nem pode manobrar o navio; (2) e tampouco sabe nadar. E isso torna-se enlouquecedor para Roberto, especialmente pelo fato de que a ilha está num ponto posterior à linha imaginária do tempo.

Lembrando das lições de geografia... cada meridiano é um fuso horário, de tal forma que em determinado ponto do globo (ali, para os lados da Oceania), esses meridianos e fusos se encontram de forma que de um lado da linha, é um dia e do outro, é outro dia.

Essa questão foi usada por Júlio Verne em A Volta ao Mundo em 80 Dias e foi graças a isso que Figg consegue chegar a tempo para ganhar a aposta...

Mas, voltando ao livro... enquanto Roberto tenta imaginar mil e uma forma de alcançar a ilha, somos levados por suas lembranças, pela história que o levou até o lugar em que está. A questão é que nunca temos certeza se devemos ou não confiar em seu relato dos fatos, porque muitas vezes, Roberto parece um obstinado paranóico.

No final das contas, você é quem tem de decidir se aquele certo fulano existe ou é apenas fruto da imaginação febril do nosso narrador; se tais e tais fatos aconteceram mesmo ou se tudo não passou de um desejo do rapaz.

Ah, sim, pontos extras pela aparição do Cardeal Mazarino! Eu só faltei sair procurando D'Artangnan enquanto lia... o que me faz pensar que esse título vai entrar para a minha lista de releituras...

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)


Antonio Luiz 22/03/2010

Este romance é principamente um estudo da literatura e do pensamento do século XVII, que descreve o quadro político e social que resultou na obsessão do barroco por figuras de linguagem extravagantes, representações afetadas, expressão aparentemente sem alma.

"Observai", diz um experiente aristocrata da corte espanhola ao protagonista, nobre rural ainda jovem e ingênuo, durante uma guerra muito arrastada, "alguns de nossos bravos companheiros, de ambas as partes, que ofereceram o peito ao adversário, quando não tenham morrido por erro, não o fizeram com o intuito de vencer, mas para adquirir reputação para gastar de volta na corte. Os mais valentes dentre eles terão a perspicácia de escolher empresas que façam alarde, calculando, todavia,a proporção entre quanto arriscam e quanto podem ganhar..."

Em tempos de absolutismo, a prudência vale mais que o abandono heróico, a reputação é um capital, as palavras e cálculos são mais importantes que os atos e a propaganda já é a alma do negócio... mas ainda não existem valores e conceitos capitalistas para dizer isso de maneira clara.

Fala-se como se ainda se acreditasse incondicionalmente nos conceitos tradicionais de honra, coragem e lealdade, como se a intriga de corte fosse uma batalha heróica: "se aqui aprendestes a esquivar-vos da bala de um mosquete, lá tereis de saber esquivar-vos da inveja, do ciúme, da cobiça, lutando com armas iguais com os vossos adversários, ou seja, com todos".
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