Bruna Laís 05/02/2022
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Iniciando e finalizando o seu livro de memórias com duas frases marcantes, que vêm a ser o ponto alto de seus escritos, Brás Cubas, na condição de defunto autor, não hesita em trazer ao leitor a mediocridade de sua vida.
Além de medíocre, Brás é mesquinho, preconceituoso, egocêntrico, infantilizado e, sobretudo, vazio. Não é à toa que ele termina seu livro com negativas: salta aos olhos mais o que Brás não foi e não viveu do que o oposto.
No mais, que preguiça da filosofia de Quincas Borba. A única pessoa que Brás parece buscar compreender e ouvir é ele, dedicando-se a transmitir sua filosofia ridícula. Esses trechos só me remetiam à máxima atual de que não há nada que um homem hétero mais ame que outro homem hétero.
Assim, a leitura não tem grandes acontecimentos. Banhado na mediocridade do personagem principal, nos resta refletir sobre o que ele traz, ou só sentir tédio e raiva mesmo.
Apesar de entender essa vida medíocre e fútil de Brás como algo intencional da narrativa, que parece fazer uma crítica mordaz à elite escravista ignorante, cruel e mesquinha do nosso país, dos livros do Machado que li, foi o que menos gostei. Acho que foi o ódio ao personagem principal e pelo que ele representa.
Dom Casmurro
Finalizada a leitura de Dom Casmurro, paira a sensação de que Bentinho, inconformado com a paixão que ele sentia pelo amigo falecido, acaba por acusar a esposa de senti-la. O narrador pouco confiável se mostra como tal: omisso, de memória falha, deturpando a índole da Capitu adolescente para dar a sua cartada final argumentativa.
Genial. Genial. Genial.
Poderia me dedicar muito a elogiar a forma brilhante como os personagens secundários foram desenvolvidos, porém fica aqui o breve elogio mesmo.
Quincas Borba
Diferente de Bentinho e Brás, que têm consciência da própria história e a narram, Rubião não percebe o que foi feito dele até mesmo quando está já na miséria, já que a falta de consciência não permite isso. Vaidoso, ingênuo e infantilizado, Rubião faz tudo para fazer parte da alta sociedade, chegando ao ponto de, ironicamente, deixar de integrá-la, tornando-se o pária entre os párias e vítima da máxima do humanitismo, não sendo o que leva as batatas.
Sigo achando Dom Casmurro o melhor dos livros do autor e talvez o mais fluido, mas Quincas Borba é mais fácil de ler que Memórias Póstumas.
No mais, sobre o livro como um todo, é impossível terminar a leitura sem aplaudir o brilhantismo do Machado e pensar na sua importância não apenas para a nossa literatura, mas também para a do mundo.