Duda Mel @epifania_literaria 20/02/2022
Não é ruim, contudo fugiu bastante das expectativas
"Se fosse para encontrar alguém, essa pessoa devia me transbordar, pois eu já era completo sozinho."
Resenha:
Um livro que fala sobre luto, autodescorberta, recomeços, amores e aceitação.
Bruno é um rapaz tímido que tem como melhor amigo Mateus, seu irmão mais velho, confidente e fonte de autoconfiança.
A relação deles é linda. Cheio de cumplicidade, Mateus é aquele que conforta o caçula quando se apaixona pela primeira e enfrenta uma série de questionamentos sobre manter em segredo por não saber como revelar aos pais sua orientação sexual.
Até que Mateus morre num assalto e todo mundo de Bruno desmorona.
"O futuro era incerto. O medo era concreto."
Quando li a sinopse e vi falando sobre uma tragédia que separava os irmãos, imaginei que a estória seja justamente sobre uma jornada de reaproximação. A morte de Mateus me pegou de surpresa, entretanto o modo como o autor conciliava presente e passado me fez continuar para ver no que daria.
A escrita flui bem e acompanhamos diversos acontecimentos que bagunçaram negativamente a vida de Bruno. O primeiro amor, a primeira desilusão, a primeira perda familiar...
Achei bem legal como a perda de Mateus aproximou ainda mais Bruno de Natalia, a namorada do irmão. Os dois estavam desolados e firmaram uma amizade muito bonita.
Por outro lado, a relação familiar foi se deteriorando cada vez mais. Com o peso de não saber como contar aos pais sobre si, mesmo quando Mateus vivo, Bruno se sentia deslocado. Com a morte, era como se cada um estivesse apenas sobrevivendo, em seu mundo particular.
A publicação do livro de Bruno trouxe um pouco mais de união e, a partir disso, imaginei que ele conseguiria enfim contar. Bem, isso ocorreu mais a frente, só que de maneira bem desastrosa. Palavras duras foram ditas na raiva, feridas abertas. Foi doloroso!
Bruno é um rapaz bastante sensível, envolve-se fácil e rápido, além de ser extremamente inseguro e ter pouca autoestima. Logo, os relacionamentos posteriores são curtos e nada sérios, acabavam com ele se iludindo e depois ficando de coração partido.
Então tivemos o momento Bruno e Diego, a viagem ao Canadá. Eu achei mesmo que as coisas estavam se arrumando. Estava tudo na linha para o final encantador e um desfecho bonito para a estória.
Até que não estava mais dando certo. A sugestão de Diego me deixou um tanto ofendida sem ser comigo e Bruno ainda foi nessa. Assinou a sentença do fim do relacionamento.
Para completar, o protagonista passa por mais uma perda e, só então, começa a se amar. O tempo passou, todavia ele não pareceu mudar ou amadurecer de fato. Senti falta disso na trama. Houve uma evolução do personagem e, ao mesmo tempo, não. Isso, somado a algumas incoerências pontuais da estória, foram desanimadoras.
"Ah, mas o livro queria mostrar que se pode ser feliz sozinho e isso e aquilo".
Ok! Deu para entender, porém não me convenceu. Não foi um final empolgante.
Pela capa, as avaliações e resenhas que li, eu esperava uma trama gostosinha, com final feliz, daquelas que deixam um quentinho ao finalizar. Preferia um clichêzinho mesmo.