JOE 01/08/2018
Indústria de extermínio
Realmente, não é possível melhor definição para o que acontecia nesse campo do que indústria de extermínio. O autor relata toda a lógica de "aumento de produtividade" dos assassinatos, após os quais, como em um abatedouro, tudo se aproveitava, até mesmo os dentes de ouro das vítimas.
O ser humano sempre tenta encontrar uma lógica, uma padrão, naquilo que acontece. Com essas atrocidades não foi diferente. Uma das tentativas de justificativa foi a de que houve tamanha lavagem cerebral que fez com que se deixasse de ver os exterminados como seres humanos, ou pelo menos vê-los "menores" que isso, de forma que retiraria a imoralidade das condutas praticadas.
No entanto, o livro mostra que não havia uma "utilidade" para o que era feito, era, sim, uma tentativa, pura e simples, de apagar, definitivamente, a existência daquelas pessoas. Da mesma forma, se "retirar a humanidade" tornava moralmente justificável os assassinatos, por qual motivo haveria a necessidade de evitar que os "excessos" fossem descobertos?
O relato feito por Chil Rajchman sobre o ano que passou em Treblinka é irretocável, cru e forte, como só poderia ser, tendo em vista ter sido escrito junto ao desenrolar dos fatos. Mostra a crueldade dos assassinos, que não se contentavam somente em matar, mas em fazer da pior forma que poderia ser feito.
É, por fim, muito triste ver também o dilema moral pelo qual passam os "personagens", que são, ao mesmo tempo, engrenagens na máquina e seus prováveis "insumos".