A Dama do Lago

A Dama do Lago Raymond Chandler




Resenhas - A dama do lago


21 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Isabella Pina 02/05/2011

Cadáveres, nem vocês estão seguros mais
O que podemos falar sobre um livro de suspense que tem tantas reviravoltas que você nem sabe em mais quem se pode confiar? Não muita coisa, certo? Por isso, se minha resenha deixar a desejar, não fique brava comigo imediatamente. Um dia você ainda pode ler esse livro e certamente vai me agradecer por deixar alguns "detalhes" de fora.
Phillp Marlowe é um detetive, que é contratado por Derca Kingsley para achar sua mulher, que está desaparecida há certo tempo. Só para avisar, os dois são casados, mas ambos nem se falam mais, sendo que cada um vive sua própria vidinha (cheia de regalias, pois ambos tem bastante dinheiro). A última notícia que teve dela foi um telegrama vindo de El Paso dizendo que se casaria com um de seus amantes, o mulherengo Chris Lavery. Porém, quando o Sr. Kingsley encontra Chris, este diz não ter viajado com sua mulher, o que acaba deixando uma ponta de desconfiança pois, se tivesse mesmo viajado com ela, esfregaria na cara, certo? É o que pensa Kingsley.
E, assim que é contratado, somos apresentados à secretaria de Kingsley, Adrienne Fromsett, morena, bonita, amante - opa, não sabia se podia contar... Brincadeira! :D - e sem aparentemente importância na história. A primeira pessoa que Marlowe visita é Chris, que reafirma a história contada a Kingsley, acabando a visita sem muitas coisas novas. Enquanto fica pensando no seu carro, nota que um senhor, Dr. Almore, fica preocupado com sua presença para, em seguida, chamar um policial valentão, Degarmo, lhe fazer umas perguntinhas. Depois da visita, Marlowe visita a casa do lago que os Kingsley tem, assim conhecendo Bill Chess, um faz-tudo por lá. Sua mulher, Muriel, tinha lhe abandonado e estava quase sempre bêbado (ou assim me pareceu). Depois de conversarem um pouco, vão para a represa/lago e quando Bill mexe uma das pedras - não sei explicar muito bem o que aconteceu - tem a impressão de ver um braço. Humano. Mexe mais um pouco as águas e um corpo boia. O corpo de Muriel... Mas em um estado de decomposição tão grande - pois faz um mês que ela sumiu - que se fosse outra pessoa, ele não saberia dizer. E é depois disso que a história ganha mais aventura. E mais perguntas, como todo boa história de mistério/suspense.
Marlowe é um personagem sarcástico, metido, inteligente, honesto e real. Ele fala merda, ele se machuca, comete erros. Não é perfeito. E suas respostas, quase sempre na ponta da língua, fazem com que o livro fique ainda melhor de se ler. Digno de 4 estrelas, além de um quase perfeito crime :P
comentários(0)comente



renanmendes 29/08/2012

Uma trama complicada
Já tinha ouvido falar de Raymond e do seu gênero literário, mas nunca me interessei muito. Ganhei o livro de aniversário e comecei a lê-lo de mente aberta, sem esperar muita coisa, apenas acreditando no bom gosto de quem havia me dado.
Em resumo, é um livro bom. O autor abusa da descrição de cenários e lugares, dando bastante realidade a narrativa, mas às vezes também cansando a leitura. Mas, com um pouco de esforço, chega-se ao fim de uma história com reviravoltas e pequenos acontecimentos que são de extrema importância para que o autor conduzo o leitor à grande explicação do enredo.
O leitor só precisa tomar bastante cuidado para não perder alguns fatos e talvez não ser capaz de seguir o raciocínio rápido à la Sherlock Holmes do detetive Marlowe, o personagem principal de A Dama Do Lago.
comentários(0)comente



Samuel F. (Sansão) 27/12/2022

Chandler nunca decepciona..
Me apaixonei pelas obras de R. Chandler desde quando li o livro "O longo adeus". Havia pegado na biblioteca, logo quando entrei no mundo da leitura. A capa me chamou a atenção, me deixou intrigado, e eu peguei pra ler mesmo sem depositar tanta espectativa.

E logo após começar, não conseguia parar. A mesma coisa aconteceu com esse livro, simplesmente sensacional. Recomendo demais
comentários(0)comente



isagiácomo 26/09/2015

Kingsley contrata um detetive particular para descobrir o paradeiro de sua esposa, porém quando este vai atrás de pistas descobre três casos de assassinatos que estão interligados. Um livro muito bem escrito que te prende do começo ao fim. Primeira vez que li Raymond Chandler e me apaixonei!
comentários(0)comente



David 20/06/2023

Muito Bom. Proximo da realidade policial da epoca
Gostei bastante do desenvolvimento, dos personagens, do cenário. Me parece que livros de Raymond se aproximam mais da realidade policial que Agatha Christie ou Harlan Coben, pois não tem deduç?es magicas e não é cheio de coincidências. Li em 3 dias, não é nota 10, porém é muito bom.
comentários(0)comente



Hanna 17/01/2024

Eu gostei bastante da trama e só descobri uma parte do fim antes de ele chegar. O problema do livro é que é muito descritivo e acaba cansando demais. Para quem gosta da descrição de cenários em detalhes, vai gostar do livro.
comentários(0)comente



guibre 15/01/2011

È um bom romance policial, com os elementos que tornaram célebre o estilo dedutivo e com um enredo que prende a atenção e realmente gera curiosidade em relação ao seu desfecho. Todavia, esperava um pouco mais, especialmente no que se refere ao protagonista, pois, diante de referências anteriores, imaginei que o protagonista (e o texto, em termos gerais), revelasse maior teor de sarcasmo e humor.
comentários(0)comente

kalb 09/06/2011minha estante
Leia o livro dele chamado: Janela para a Morte (High Window). tem maior teor de sarcasmo e humor. pelo menos achei isso


leonel 23/11/2011minha estante
Dead men are heavier than broken hearts :(




Maltenri 27/06/2011

A trama envolve o detetive particular Philip Marlowe no mundo pútrido dos cidadãos abastados da costa oeste americana durante a Segunda Guerra Mundial. Um importante executivo, Derace Kingsley, contrata Marlowe para descobrir o paradeiro de sua esposa, Crystal Kingsley, desaparecida há mais de um mês. No caminho, ele cruza todo tipo de personagens estereotipados que normalmente aparecem neste tipo de literatura.

O livro é cheio de reviravoltas, algumas um pouco abracadabrantes demais para o meu gosto (por exemplo, em alguns momentos, alguns personagens que agem de forma pouco coerente com o que foi descrito anteriormente). Outro ponto interessante é que o livro tem muitos personagens, porém poucos são realmente aprofundados. O resultado é um bando de personagens rasos, pouco reais.
No entanto, Philip Marlowe é um personagem interessante: inteligente, com alto grau de dedução, sarcástico, honesto ao extremo e teimoso feito uma mula quando adota uma posição. Este coquetel improvável leva o protagonista a vários problemas no decorrer da trama, deixando o todo um pouco mais verossímil.

Apesar disso, o livro tem pontos positivos. A narrativa, feita em primeira pessoa por Marlowe, flui bem, com um vocabulário interessante e evitando ser maçante, com descrições rápidas e precisas, ideais para este tipo de literatura. O leitor é colocado rapidamente na trama, e após algumas poucas páginas, já começa uma sucessão desenfreada de fatos. Ele é instigado a continuar até o final sem muito tempo para descansar, como o protagonista. Tenho uma pequena ressalva: em alguns momentos, há confusão sobre qual personagem está falando, porém desconfio que seja algum erro de tradução.
Aproveito para comentar sobre a edição que li, da Abril Cultural de 1984. O livro tem vários erros óbvios de tradução, por momentos impedindo o bom entendimento do sarcasmo e humor presente no diálogo. Existem também inúmeros erros de tipografia: ninguém é perfeito, mas, quando em excesso, esse tipo de erro irrita.

É interessante também notar os vários aspectos e práticas descritos por Chandler do momento histórico. Normalmente, temos muito mais informações sobre o que aconteceu do outro lado do Atlântico, sendo as informações do que aconteceu em solo americano durante a Segunda Guerra, no mínimo escassas. Aqui, a guerra serve como um pano de fundo longínquo, e o que acontece nas imediações dos personagens é o que realmente é descrito.

Raymond Chandler é considerado um dos grandes mestres da literatura policial. A Dama do Lago foi o primeiro livro seu que li. Não achei a maravilha que esperava. É uma obra sólida, porém sem aquele quê a mais que define as grandes obras: é um passatempo divertido e só. Espero ler outras obras do autor, principalmente as consideradas mais conceituadas, para julgá-lo com mais justiça.
comentários(0)comente



Aguinaldo 19/03/2012

a dama do lago
Saudoso de um bom romance policial (desde minha intoxicação no ano passado, já que Simenon em demasia sabe mesmo aborrecer um sujeito) resolvi ler este "A dama do lago", de Raymond Chandler. A motivação que me faltava encontrei na epígrafe do bom "Los zorros vienen de noche", de Cees Nooteboom, que dizia: 'You might have got yourself a story', I said. 'Sure. But up here we're just people.' Acho que Nooteboom queria dizer que nem sempre o material bruto da vida real se transforma em boa ficção, em bons personagens. Li "A dama do lago" nas duas ensolaradas tardes deste último final de semana de verão, mas não consegui encontrar a passagem da epígrafe. Precisei ir ao texto original e voltar ao pequeno volume da LP&M para finalmente localizá-la. Todavia, fiquei sabendo, simultaneamente, que o tradutor inventou de acrescentar umas palavras ao texto, tornando-o direto e claro demais (destruíndo toda eventual ambiguidade possível, como apontada por Nooteboom). Sabe-se lá quantas palavras mais o tradutor acrescentou (ou retirou) para tornar o texto mais legível em português. Há coisas que é melhor um sujeito não ficar sabendo para não se aborrecer de uma vez. Paciência. A história de Chandler é movimentada. Philip Marlowe é contratado para encontrar uma mulher desaparecida. Acaba descobrindo o corpo de uma outra mulher e uma série de coincidências atrelando a história de uma à outra. Há um punhado de bons diálogos neste livro. Philip Marlowe é irônico, valente e meticuloso em suas investigações. Mas como em todo romance noir chega uma hora que um desfecho mirabolante tem de acontecer e os responsáveis por mortes ou roubos justiçados de alguma forma. As sutilezas de Nooteboom têm mais estofo e inspiram o leitor com mais eficiência, mas, inegavelmente, esta pequena história policial até que é bem engenhosa. [início 15/03/2012 - fim 17/03/2012]
"A dama do lago", Raymond Chandler, tradução de William Lagos, Porto Alegre: editora LP&M (coleção Pocket, v.265), 1a. edição (2011), brochura 10,5x18 cm, 272 págs. ISBN: 978-85-254-1177-8 [edição original: The lady in the lake (Alfred A. Knopf) 1943]
comentários(0)comente



Malu 22/04/2013

Para quem gosta de ser surpreendido.
Não conhecia o Chandler. Porém, tinha um livro dele na minha prateleira a anos, que se bem me recordo, havia trazido da cada de minha avó. Este livro era A dama do lago. Comecei a ler semana passada, e puxa, é incrível. Fiquei encantada com o detetive Philip Marlowe, e me envolvi completamente na história. O interessante é principalmente quando os três casos retratados começam a se interligar, e você vai descobrindo coisas surpreendentes. Enfim, para quem está procurando uma obra interessante, bem construída e com uma conclusão inimaginável, recomendo esta.
comentários(0)comente



Mari Takaesu 26/09/2023

Em "A dama do lago", acompanhamos Philip Marlowe, um detetive particular cínico e perspicaz, enquanto ele é contratado para encontrar uma mulher desaparecida. Marlowe é então mergulhado em um mundo de corrupção, segredos e personagens ambíguos. A trama é habilmente construída, com reviravoltas surpreendentes e personagens intrigantes. Apesar da história bem elaborada, a solução do mistério é simples, sem deduções mirabolantes ou um detetive que tem conhecimentos absurdos sobre tudo. Vale a pena ser lido por qualquer amante de histórias de detetive e mistério.
comentários(0)comente



Esdras.Nascimento 07/11/2020

Detalhes fazem a diferença!
A trama apresentado neste livro, conta-nos um detetive particular chamado Marlowe contratado por um milionário para encontrar sua esposa, com apenas poucas pistas e uma delas seu amante. Subtramas vão surgindo ao longo da história que aparentemente foge do foco (investigação), mas incrivelmente se conectam dando-nos reviravoltas e um final inesperado, do tipo "Como assim?"
Um suspense policial na primeira pessoal, que torna a experiência da leitura por um ângulo diferente, mesmo com certos exagerados detalhes que o autor através da personagem principal nos apresenta como descrição detalhada do local onde se encontra, como as pessoas eram fisicamente e suas roupas. Mas isso não atrapalha o desenrolar do suspense que carrega com ele muitas minúcias importantes para a conclusão das investigações.
"Com a intuição genial, Marlowe incorpora essas novas variáveis ao seu quebra-cabeça, e numa sequencia ímpar desvenda a intricada trama de um crime quase perfeito".
comentários(0)comente



Ju 05/02/2022

Policial Classico
Um presente maravilhoso pra quem é fa de series policiais e curte um Sherlock Holmes sendo ambientado nos anos 40.
comentários(0)comente



Frannie Black 08/12/2009

"Ótimo livro... dá uma grande reviravolta..."
comentários(0)comente



Orlando 04/03/2016

O LIVRO É: “A DAMA DO LAGO” DE RAYMOND CHANDLER
Raymond Chandler dispensa apresentações, sobretudo para o fã de literatura policial. Ao lado de expoentes como Dashiell Hammett, Ross Macdonald, Chester Himes, David Goodis e mais alguns outros nomes, Chandler elevou a literatura policial para um status maior, melhor e mais influente no panorama da cultura pop em geral.

Nascia com esses nomes a literatura Noir que, apesar de ter recebido essa denominação na França, é um estilo genuinamente americano. As ruas escuras, os policiais corruptos, as lindas mulheres misteriosas e sedutoras, os detetives durões que recebiam alguns dólares pela hora trabalhada, os casamentos falidos, um crime estranho envolvendo pessoas demais, idas e vindas atrás de informação, cafetões, jogatinas, bebidas e cigarros, muitos cigarros davam conta de muito da atmosfera Noir.

Mas Noir era mais do que tudo isso junto numa história, Noir era um conjunto de sensações, de estilos, de palavras, de um modo de agir dos personagens, acima de tudo, Noir era um reflexo de um momento no tempo e na cultura americina. Noir é um Zeitgeist que ecoa até hoje no imaginário da cultura pop-nerd mesmo depois de tantas décadas.

“A DAMA DO LAGO” DE RAYMOND CHANDLER
Ok, dava para fazer um especial Noir aqui com muito carinho… mas o objetivo do texto não é esse e você, leitor, que gosta do estilo pode encontrar muitos artigos detalhadíssimos sobre o mesmo com grande facilidade, vamos falar de uma mulher encontrada afogada em um lago… calma, isso está muito, muito longe de ser um Spoiler e estragar sua leitura, é só o começo.

Para falar sobre a dama encontrada morta, primeiro precisamos focar no personagem principal dos mais célebres livros de Chandler: Philip Marlowe, o detetive que protagonizou oito dos melhores livros escritos por Chandler e alguns dos melhores da literatura policial Noir.

Marlowe é o detetive durão, de poucas palavras, muita atitude e dedicação ao seu trabalho, muitos de seus expedientes ecoam um certo imperativo de contornar o politicamente correto e o sistema de leis que o cercam, até porque, em muitas situações a própria lei age contra o detetive na forma de policiais cuja conduta desabona seus departamentos e companheiros de farda.

Sem pudor algum de dizer o que pensa, Marlowe não poupa ninguém de seus julgamentos quando necessário e diz o que pensa sem a menor cerimônia, a despeito de toda seriedade e marra, também pertencem ao senhor Marlowe alguns dos momentos mais engraçados da literatura policial…

Chandler tinha uma veia cômica (pro lado do sarcasmo e ironia) que dava o tom de deboche a muitas situações de suas histórias…

A Dama do Lago é um livro dinâmico, intrigante e, a despeito de ter uma morte por afogamento, também é extremamente imersivo. Aproximadamente dois dias e meio são necessários para que Marlowe pegue o serviço, se mete numa confusão em uma cidade do interior, se depare com uma mulher cuja identidade é um mistério, encontre o amante da esposa de seu cliente, seja espancado e preso por policiais corruptos e consiga resolver o caso ao qual foi contratado.

O CASO…
Derace Kingsley é um homem de negócios com um nome e uma reputação a zelar. Tudo aparente, claro, seu casamento é uma conveniência, tanto ele quanto a esposa, Crystal, fazem o que bem entendem com quem bem entendem; no entanto as aparências nessa época ditavam as regras e escândalos eram perigosíssimos para homens na posição de Kingsley, então, quando sua esposa sai de cena com seu amante, Chris Lavery, e simplesmente não reaparece após um mês, Kingsley entra em ação para evitar que algo saia de controle e o tão temido escândalo venha à tona. Entra em cena para investigar o desaparecimento de Crystal, ninguém menos que o detetive Philip Marlowe, claro.

A par de um leque bem grande informações sobre Crystal, seu amante e sobre seu último paradeiro conhecido, Marlowe parte quase que imediatamente para o chalé dos Kingsley na região montanhosa de Little Fawn Lake, onde o amante de Crystal também reside pelas proximidades. De posse de uma carte de autorização-recomendação para o caseiro da propriedade, Bill Chess, Marlowe dá a largada para as 48 horas e uns trocadados mais agitados de sua carreira…

Como se tudo isso não fosse suficiente, um estranho elo une o caso do desaparecimento de Crystal com o soturno Dr. Almore, cuja esposa morreu em circunstâncias misteriosas e que tem no tira durão Al Degarmo uma espécie de guarda-costas para situações inoportunas, como no caso de detetives bisbilhotando onde não são chamados.

A NARRATIVA NOIR DE CHANDLER EM “A DAMA DO LAGO”
“A Dama do Lago” é uma obra muito interessante, difere dos outros livros de Chandler por sua dinamicidade. Em outras obras em que Marlowe figurava como protagonista, as investigações se prolongavam por semanas, até meses, as impressões psicológicas eram bem grandes e constantemente o detetive e seus coadjuvantes, tanto para o bem quanto para o mal, emitiam constantes reflexões e impressões sobre o mundo em que viviam… não que isso não ocorra em Dama, mas nesse caso o que predomina é a capacidade do autor em criar um complexo jogo de relações entre personagens espalhados entre duas cidades, todos enredados na teia que começa com o desaparecimento de Crystal.

Cada personagem adiciona um pedaço da trama em idas e vindas de Marlowe para montar o quebra-cabeças do desaparecimento que cruza com uma morte no lago, depois com mais dois assassinatos envolvendo um trama maior em que a traição de Crystal é o menor dos problemas.

Desse modo, Dama é um livro cujo foco principal não é desfilar os clichês do estilo Noir e sim desfilar uma narrativa multifacetada que é vista apenas pelo lado do detetive Marlowe, já que é ele o narrador da história. Acredito que, talvez, em algumas situações Chandler poderia ter dado mais espaço para outros personagens na trama, alguns aparecem, falam com o detetive, dão alguma “deixa” para o mesmo e depois nada mais acrescentam ao livro de modo geral… não é algo que desabone a narrativa, de modo algum, mas você sente que algo ali naquele personagem que apareceu tão rápido poderia ser mais aprofundando… talvez.

Chandler desfila ao longo do livro diálogos ferinos, ora bonitos e inspirados, ora de uma ironia e de um sarcasmo doentio típicos do Noir, já que estamos falando de uma época mais cínica na qual rispidez era mais que uma defesa, era um estilo de vida. Seus personagens são cheios de camadas de dubiedades e não se furtam ao jogo de interesses, a despeito de ser uma narrativa fictícia, o Noir de Chandler não tem nenhuma lição de moral, nenhum julgamento de valores, apenas mostra um mundo do jeito que era e seus personagens são apenas reflexos de sua própria época de criação. A obra de Chandler é humana até a medula (acho que li isso em algum lugar do livro).

Chandler não dá folga para seu detetive e nem para nós, leitores. o Fluxo de acontecimentos e ações age a favor da obra e mesmo quando está sendo descritivo, o autor consegue manter seu ritmo quase frenético e preenche página por página com o que há de melhor em sua escrita… caso não esteja acontecendo algo no sentido de movimento físico (idas, vindas, entradas furtivas, fugas ainda mais furtivas de casas invadidas), algum diálogo que guia a história está em curso.

Com a intenção de fazer de suas histórias algo bastante crível, Chandler prefere a lógica da montagem do quebra-cabeças e de um jogo honesto com seu leitor, deixando sempre na superfície a intenção de sua história e do crime investigado; nada de deduções mirabolantes, nem de criminosos absurdamente estranhos. Se Chandler te mostra algo numa cena, acredite, nada está lá para te distrair do rumo certo, para desviar sua atenção da investigação ou dos culpados, pelo contrário… não, aqui o pé é fincado num recorte de realidade perfeitamente plausível, o que, acredito eu, é mérito de sobra para o escritor.

Não são poucas as ocasiões em que é fácil se imaginar dizendo ou fazendo algumas das coisas que Marlowe ou outro personagem estão fazendo na narrativa. Que atire a primeira pedra aquele que nunca se revoltou com desmandos, autoritarismo, truculência e violência policial? Que se cale aquele que nunca sentiu vontade de de mandar aquele riquinho esnobe ir à merda…

Outro ponto positivíssimo da obra ficou a cargo da tradução de Braulio Tavares, encarregado da tradução, prefácio e organização das edições das obras de Chandler pela Alfaguara. Como se isso já não fosse mais que suficiente para se deleitar com a obra literária, ao final do livro temos doze dicas de Chandler para quem quiser se aventurar pelo mundo da narrativa policial de mistério e seus adendos… e, não satisfeitos em entregar uma edição bonita em acabamento, rica em conteúdo, soma-se a isso algumas cartas que o autor trocou com amigos do ramo literário, editores e afins… o Saldo do trabalho da Editora Objetiva, ao qual pertence a Alfaguara Brasil.

A DAMA DO LAGO
Autor: Raymond Chandler
Tradução: Braulio Tavares
Gênero: Ficção Policial Noir
ISBN: 9788579623295
Lançamento: 01/10/2014
Formato: 15 x 23
Páginas: 272
Preço: R$ 34,90

O AUTOR
Raymond Chandler nasceu em Chicago, em 23 de julho de 1888. Mudou-se para a Inglaterra com a família quando tinha 12 anos e, em 1912, retornou aos Estados Unidos. Após servir no Exército canadense durante a Primeira Guerra Mundial, estabeleceu-se na Califórnia e teve uma série de empregos, de contador a jornalista. Foi na época da Grande Depressão que ele passou a se dedicar seriamente à escrita, e seu primeiro conto, “Chantagistas não atiram”, que levou cinco meses para ser finalizado, foi publicado na revista Black Mask em 1933.

Seis anos depois, publicou seu primeiro romance, O sono eterno, que introduziu ao mundo o detetive Philip Marlowe, que apareceria posteriormente em outros seis romances: Adeus, minha querida (1940), A janela alta(1942), A dama do lago (1943), A irmãzinha (1949), O longo adeus (1953) e Playback (1958), adaptado de um roteiro original. Chandler foi também autor de contos, adaptações cinematográficas e ensaios. Morreu em 1959.

TÍTULOS DO AUTOR
> A dama do lago
> O longo adeus
> O sono eterno
> Adeus, minha querida

site: http://www.pontozero.net.br/?p=8678
comentários(0)comente



21 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR