Tuca 09/11/2019Barbarah, a caçula das irmãs Winter, foi vendida por seu pai a um conde que necessitava de um herdeiro e enviada à Cornualha. Míope de alto grau, o último “presente” que seu progenitor embuste lhe deu foi o de quebrar seus óculos por considerar que os tornavam feia. Com medo de ser devolvida, Barbarah não informa ao marido a sua condição e finda por acrescentar “quase cegueira” a lista de dificuldades a serem enfrentadas na nova casa, um castelo cercado de mistérios. O conde de Carrick, Lorde George, havia perdido sua primeira esposa em um acidente suspeito que o tornara um homem frio e avesso ao amor. Entretanto, Barbarah tem um jeito expansivo e bisbilhoteiro e vai tentar encontrar uma forma de ter pelo menos um companheiro no marido.
O distúrbio visual de Barbarah foi algo que tornou a história muito próxima a mim, sendo eu mesma também míope de alto grau. Por ser um livro que dialoga tão bem comigo, ele ganhou um lugarzinho especial. São muitas as meninas (e meninos também) que tem a aparência afetada pelo uso dos óculos e Barbarah tinha um pai capeta que a fazia se sentir feia e inferior pela utilização das lentes corretivas ao ponto de ela acreditar que precisava esconder isso do marido para não ser devolvida. George não precisava de óculos, mas seu fracasso em enxergar o que estava a sua frente era páreo a de um míope sem um. Em compensação, o que faltava a Barbarah em visão física acurada, a jovem tinha em percepção intuitiva do que acontecia ao seu redor, e dessa forma, enxergava muito melhor que seu marido. George, cego pelo orgulho ferido, não poderia ter heroína tão perfeita, nem protetora tão apaixonada, quanto a que ele havia comprado sem nunca ter posto os olhos.
Não posso concluir sem elogiar a coesão entre as histórias. Por ser uma série feita a seis mãos, cada autora responsável por um livro, é incrível como o enredo se encaixou sem deixar contradições, algo que poderia acontecer até mesmo em séries escritas por uma única pessoa. Além disso, as histórias conversam muito bem entre si, não apenas quanto ao leilão das irmãs, mas nas subliminaridades. Por mais que cada livro traga um tema de destaque - Sarah e sua fé; Delilah e sua adaptabilidade e Barbarah e sua visão- este último se entrelaça nas duas tramas anteriores. Sarah tem dificuldade de ver um mundo além de suas crenças e Delilah luta para se enxergar. As Winter são três irmãs fortes que encontram seus pares em seus momentos de maior desespero, neles descobrem o amor que jamais sonharam e o que parecia uma condenação transforma-se em recompensa.
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