Confissões de uma leitora 27/03/2020
Foram poucos romances nacionais de época que prenderam minha atenção. Dá pra contar nos dedos de uma mão e ainda terei dedos sobrando. Então, pode imaginar minha felicidade ao me deparar com um livro que me cativou do início ao fim, com uma escrita limpa e fluída, que torna a leitura prazerosa do prólogo ao epilogo.
Aliás, já citando o prólogo...
Que prólogo foi esse?
Eletrizante!
A premissa de que teremos um tempo bem gasto é de arrancar o fôlego e totalmente acertada conforme se avança na leitura.
Tristan é um homem sucumbido por uma tragédia pessoal, tornando assim um sujeito solitário, encapsulado em sua própria dor e tristeza que parece não ter fim. É um homem que há muito deixou de viver para sobreviver. Não há esperança de dias melhores. Ele vive para o trabalho, o isolamento autoimposto quebrado somente pelas lembranças e sonhos dolorosos, cheios de nostalgia e de um desejo impossível de que o cenário fosse diferente. Mas mesmo ele, apesar de tudo parecer contra a mais remota possibilidade de ser feliz novamente, não espera que, na calada da noite, a visita inesperada de uma jovem desesperada fosse, sorrateiramente, despertá-lo para a vida.
Tomada pela terrível possibilidade de perder a chance de, enfim, conquistar seu grande amor, Faith decide enfrentar seus medos e consequências para ser feliz. Desta forma, nossa mocinha se embrenha em uma jornada arriscada em busca de sua felicidade, ainda que isso lhe custe um coração quebrado.
Nem preciso dizer que amei a perseverança de Faith.
O desespero realmente pode fazer milagres, ser o catalizador de nossas lutas mais fervorosas, o impulso necessário que precisamos para buscar nossos sonhos.
É adorável ver como, pouco a pouco, sua luta vai dando frutos ainda que pareça o contrário. Como Tristan, vai se entregando, apesar de seus melhores esforços em resistir aos encantos da corajosa Faith, por receio de ser acometido por uma nova tragédia. E quem pode culpá-lo por temer? Por tentar resguardar o pouco que tem?
Gostei muito de ver os desdobramentos deste romance, os dramas secundários, a forma como tudo foi se encaixando, sem excessos.
Há um e outro “porém”, mas nada que atrapalhe a leitura.
No mais, recomendadíssimo!