Contos - Volume II

Contos - Volume II Ernest Hemingway




Resenhas - Contos - Volume II


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jota 15/05/2020

Minha avaliação: 3,3/5,0 – BOM (pensei que fosse apreciar mais, mas não)
Dos 3 volumes de contos de Ernest Hemingway (1899-1961) lançados pela Bertrand parece que este, o volume 2, é o mais apreciado por quem já leu os demais. O estilo de escrita de Hemingway é jornalístico e em suas histórias destacam-se os diálogos, quase sempre curtos e precisos, uma de suas características mais conhecidas.

Em algumas histórias, de certo modo autobiográficas, aparece o personagem Nick Adams, alter ego de Hemingway como querem os críticos, e que já ganhou um livro de contos especialmente para si, ainda não editado no Brasil até o momento (em Portugal, sim). A seguir, se interessar a alguém, um pequeno resumo dos 21 contos desta edição, alguns que já li mais de uma vez, em outros livros:

A vida breve e feliz de Francis Macomber – Macomber e a mulher caçam na África; ela sente atração pelo guia do safári e trai o marido. Um animal ferido e furioso ataca os homens e ela atira: acaba acertando o marido. O guia fica na dúvida: ela pretendia mesmo deter o animal ou, propositalmente, matar o marido e herdar a fortuna dele? MUITO BOM.

A capital do mundo – No caso é Madri, onde se realizavam esplêndidas touradas que atraíam imensamente o pequeno Paco. Ele trabalhava numa pensão da cidade e sonhava em ser toureiro no futuro. Praticava no próprio refeitório do estabelecimento com cadeiras e facas e a ajuda de um amigo. Até que uma fatalidade ocorre. MUITO BOM

As neves do Kilimanjaro – Um dos melhores contos do volume e da carreira de Hemingway, muito repetido em coletâneas de contos. Entre a consciência e o delírio, um escritor ferido em um safári relembra episódios marcantes de sua vida. Ele aguarda com a mulher a chegada de um amigo que virá resgatá-lo de avião, levá-lo a um hospital para tratar uma infecção que toma seu corpo. Chegará a tempo? ÓTIMO

O velho na ponte – Durante a guerra civil espanhola (1936 a 1939) um velhinho desolado lamenta com um soldado que combate os fascistas que não sabe como ficarão seus animais, agora que está em retirada. Certamente pensamos num rebanho e o soldado fica sabendo que ele cuidava de duas cabras, um gato e quatro casais de pombos... BOM

A volta do soldado – Jovem soldado americano volta da Europa para casa em 1919, depois de ter participado da guerra. Sua mãe não lhe dá muito sossego querendo agora dirigir completamente sua vida, aconselhando-o para que arranje logo uma namorada, se case etc. MUITO BOM

Gato na chuva – Casal americano em hotel italiano num dia chuvoso. Da janela a mulher vê um gatinho tentando não se molhar. Desce para pegá-lo mas quando chega lá ele desapareceu. Volta para o quarto desapontada. Mas logo depois tem uma surpresa preparada pelo gerente do estabelecimento. BOM

O meu velho – Garoto narra fatos de sua vida ao lado do pai, um jóquei que tentava manter o peso ideal através de muito exercício físico. O pai era também apostador e, no final, proprietário de um cavalo de corridas. Numa delas acontece algo que marcará o garoto para sempre. BOM

Os renitentes – Os renitentes do título são toureiros fracassados e um touro. Uma sangrenta corrida (como os espanhóis chamam uma tourada), é descrita nos mínimos e cruentos detalhes por Hemingway, grande apreciador não apenas de caçadas. Pode ser bom, mas o assunto, não me agradou. NÃO GOSTEI

Em um outro país – Um soldado americano é o narrador sem nome (provavelmente ele é Nick Adams) que conta suas vivências durante a Primeira Guerra Mundial diretamente de um hospital em Milão. Alguns críticos consideram que neste conto estão alguns temas que depois Hemingway desenvolveria no conhecido romance Adeus às Armas, de 1929. BOM

Colinas parecendo elefantes brancos - Enquanto aguardam o trem para Barcelona um homem e uma mulher discutem a relação e tomam cerveja e também uma e outra bebida diferente. Ela diz que algumas colinas na paisagem se assemelham a elefantes brancos. Ele retruca que jamais viu algum exemplar dessa cor. E a conversa prossegue nesse tom... BOM

Os pistoleiros – Dois pistoleiros invadem uma lanchonete e fazem reféns o atendente, o cozinheiro e um cliente (Nick Adams). E ficam aguardando um outro cliente que diariamente janta ali, conhecido como Sueco, para matá-lo. Só que justo naquele dia ele não aparece... Foi adaptado para o cinema em 1946 e 1961 como Os Assassinos. BOM

Che ti dice la patria? – (O que a pátria lhe diz?) Dois estrangeiros viajam de automóvel por algumas cidades italianas em 1927, época em que Mussolini estava no poder. O país está cheio de fascistas, claro, e eles só encontraram tempo inóspito, comida ruim e interação não muito agradável com o povo... BOM

Cinquenta mil – É o prêmio em dólares disputado por dois lutadores de boxe em Nova York. Tudo o que vem antes da luta, a preparação de um dos competidores, é narrado quase que exclusivamente através de diálogos mas depois, perto do final, Hemingway mostra as mesmas habilidades sangrentas que usava para descrever caçadas e touradas, o que fazia como poucos. BOM

Uma indagação inocente – Major indaga a jovem soldado italiano se ele já esteve apaixonado por uma mulher. Soldado diz que sim, mas o major retruca que se ele estivesse, então escreveria cartas a ela. Diz que leu todas as cartas que o soldado enviou e não encontrou nenhuma dirigida a uma mulher. Constrangimento... NÂO GOSTEI

Um canário para ela – Senhora americana meio surda viaja de trem para Paris, levando numa gaiola um canário. Comenta com um casal de viajantes, também americanos, que eles são os melhores maridos, os únicos homens com quem as mulheres deveriam se casar. E conta a eles que impediu sua filha de se casar com um suíço. O canário é um presente para a moça, a fim de melhorar seu humor... BOM

Agora vou dormir – Tenente americano convalesce na Itália durante a PGM. Um de seus principais problemas é que ele sofre de insônia. Tenta superar isso de alguma forma mas não consegue e então reflete sobre diversas coisas. Um outro soldado ferido, convalescendo ali também, sugere ao tenente que ele deveria se casar com uma italiana bonita e cheia de dinheiro... BOM

Um lugar limpo e bem iluminado – É um bar espanhol, onde dois garçons, as duas da madrugada, servem bebida a um único cliente então, um senhor bastante idoso que costuma se esquecer de pagar a conta quando fica bêbado, mas que é um bom cliente quando sóbrio. Um dos garçons diz estar cansado, quer ir logo para casa, mas o velhinho pede outra bebida... BOM

A luz do mundo – Os protagonistas, dois viajantes (Tom e Nick) encontram vários indivíduos no bar de uma estação de trem em Michigan, mas conversam sobretudo com prostitutas, uma delas extremamente gorda, que foi apaixonada por um boxeador assassinado e que, segundo ela, era um ser iluminado (daí o título). NÃO GOSTEI

Homenagem à Suíça – Dividido em três partes, todas passadas em estações ferroviárias helvéticas (Montreux, Vevey, Territet), envolvem personagens distintos (Mr. Wheeler, Mr. Johnson, Mr. Harris) e uma garçonete de cada restaurante das estações. Predomina o humor, algo um tanto raro nessa coletânea, em que a maioria das histórias têm final trágico, dramático ou os personagens se dão mal. ÓTIMO

História natural dos mortos – Essa história tem a ver com o tempo em que Hemingway serviu como motorista de ambulância da Cruz Vermelha na PGM e faz referências a diversos eventos e mortes ocorridos em tempos de guerra. Termina com a discussão entre um médico e um oficial que deseja prioridade de atendimento para um soldado à beira da morte. BOM

O jogador, a freira e o rádio – O conto se passa em um hospital administrado por um convento e envolve três personagens curiosos: um jogador mexicano que levou um tiro, uma freira que aspira à santidade e um outro doente, um escritor que ouve rádio o tempo todo. Um dia, músicos vêm tocar para o jogador, e o escritor se delicia com uma canção tocada por eles, a famosa La Cucaracha. NÃO GOSTEI.

Lido entre 30/04 e 14/05/2020.
Alê | @alexandrejjr 05/09/2022minha estante
Graças às tuas mini-descrições, Jota, adicionei esse livro à minha estante. Obrigado.


jota 05/09/2022minha estante
Alê, quem agradece sou eu, porque você é sempre muito gentil escrevendo sobre meus "resumos". Semana passada indiquei a um amigo um romance de Hemingway fora da lista dos grandes livros que escreveu, mas que apreciei bastante: As Ilhas da Corrente, publicado depois de sua morte (1970). Também vi o filme (1977) e gostei. Fica como sugestão.




Marcos Aurélio 07/08/2023

Histórias sem final? Histórias com o final que o leitor imaginar
Nem sempre o melhor é aquele com o qual me identifico, ou meu preferido.

No caso do segundo volume de Contos de Hemingway, os melhores contos para mim são: A vida breve e feliz de Francis Macomber, e, As neves do Kilimanjaro.

Mas, os meus preferidos são: A capital do mundo, O meu velho, Os pistoleiros e Cinquenta mil.

Hemingway usa a guerra, as touradas, caçadas, pescarias em seus contos. Mas há sempre mensagens fortes também nas linhas das histórias. Sobre lealdade, fidelidade, respeito nas relações humanas. E, como em quase todos os seus livros, sejam contos ou romances, há casos de suicídio.

A capital do mundo e meu velho são contos dramáticos. Em, Meu velho, uma intensa e apaixonada relação entre um filho e seu pai, toureiro. No outro, a relação entre Enrique e Paco, colegas de trabalho e amigos.

O gênio começa "A capital do mundo" informando que, "Madri está cheia de garotos chamados Paco". Não é nome comum que o autor aponta, apesar de fazê-lo para nos distrair. É o fato dos garotos sonharem em ser "toureiros". Como no Brasil, dizer João sonha em jogar futebol.

Ainda assim, prefiro o Hemingway romancista. Os contos acabam quase sempre deixando um ponto de interrogação, ou, como talvez quisesse o Mestre, uma lacuna para a imaginação do leitor...
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Julio.Argibay 04/05/2021

Papa II
No segundo livro de contos de Hemingway, eu iniciei com uma ideia de resenhar cada conto depois de lê-los até o final, mas o primeiro é tão bom que não pude resistir fiz a medida que estava lendo. Vamos a ele: o tema não é inédito, porém raramente são. Rssssss. A estória se passa num safari na África, aqui temos um diferencial, que são os  problemas no relacionamento do casal. Tipo, relacionamento quase aberto, etc e tal. Não conto mais nada. Mas, as cenas das caçadas são sensacionais, apesar de que não curto a caça de animais. O conto parece com a estória do livro Morte ao Entardecer, depois confirmo o nome. Voltando a estória, numa dessas caçadas houve um incidente e pinga, foi-se. Hasta la vista baby. Belo conto, não é original, mas é bem verossímil e com requintes de crueldade. Assim vamos ao segundo. Este é um dos temos prediletos do autor, o mundo das touradas, a Espanha. A estória se passa até o momento num hotel que recebe toureiros, padres, além dos empregados do estabelecimento. Como sempre Papa é magistral na caracterização dos personagens, na condução do drama e na dor e na delícia de serem o que eles são. De repente, pinba!!! Tudo se esvai sem aparente sentido. O terceiro conto, infelizmente, já li: As neves do Kilimanjaro, uma volta a África como no primeiro conto. Qual será o próximo tema? Um conto curto que fala sobre um personagem que foge da guerra civil na Espanha, bem tocante. Na próxima estória temos a velha guerra, novamente. O soldado volta do front. Ele parece um sujeito jovem, só quer ficar na dele. Será que consegue? A estória d e um gato. O conto lembra um pouco os personagens dos Jardins do Éden. O próximo conto começa na Itália e termina na França. A estória é alguém relembrando as corridas de cavado nas quais o pai dele participava. O próximo conto é algo bem familiar, uma tourada, um dos temas mais explorados pelo autor em seus romances, tal qual Verão Perigoso, dentre outros. Este conto em particular se destaca pela extraordinária batalha do toureiro e o animal, muito empolgante e visceral, gostei muito. Mais um pequeno conto sobre as consequências da guerra para alguns soldados na Itália. Próximo conto, dois casais conversam, mas não percebi nada de anormal, nem nada que valha a pena dizer. Mais um conto. Este é um pouco diferente, dois pistoleiros procuram um homem em uma lanchonete. Uma viagem por uma parte da Itália com um veículo a serviço. Agora um tema novo, o boxe e evidencia a necessidade de um plano B. O próximo conto é sobre o exército também, rolou um clima, mas foi só isso. Uma viagem de uma senhora americana de trem entre Itália e França. Mais um conto sobre a guerra, bicho da seda, casamento, etc. Agora, vamos dormir. Um conto sobre a rotina de um café à noite, perspectivas bem diferentes do ponto de vista de dois garçons. Sigamos para um papo num bar perto da estação com prostitutas e tal. Um conto contendo uma proposta indecente. Outro conto numa plataforma de embarque, uma garçonete e neva lá fora. Outro papo numa estação de trem. Mais um causo no front, uma discussão entre um médico e um tenente. Este conto se passa num hospital, um mexicano é baleado, tem música e tal.
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Giovanna.Saviczki 19/07/2020

Talvez eu tenha lido esse livro errado, talvez eu tenha pego o livro errado para ter a primeira impressão de Hemingway. Foram pouquíssimos os contos que me prenderam a atenção, o resto é monótono, tedioso, nada que me deu vontade de continuar para saber o que acontece.
Fiquei bem decepcionada, porém ainda tenho outro livro dele e espero que o próximo não seja tão sem graça quanto esse.
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Evelize Volpi 31/07/2022

Hemingway é um dos escritores da minha vida.
Amo sua obra e seu jeito de escrever.
Vale muito a leitura desse segundo volume de contos.
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érika 02/11/2022

contos-volume 02
Esse livro narra diversos contos, alguns eu gostei outros nem tanto. Em geral é um livro bom, mas devo dizer que não gosto muito desse estilo de vários contos, prefiro uma narrativa de só uma história. Mas acredito que um ponto positivo desse estilo seja a questão de não precisar ler em ordem.

Minhas classificações de cada conto foram as seguintes:

1º conto: bom (7/10)
2º conto: bom (7/10)
3º conto: aceitável (6/10)
4º conto: bom (7/10)
5º conto: bom (7/10)
6º conto: aceitável (6/10)
7º conto: bom (7/10)
8º conto: ruim (4/10)
9º conto: bom (7/10)
10°conto: aceitável (6/10)
11°conto: aceitável (6/10)
12ºconto: mediano (5/10)
13ºconto: mediano (5/10)
14ºconto: ruim (4/10)
15ºconto: aceitável (6/10)
16ºconto: bom (7/10)
17ºconto: bom (7/10)
18ºconto: ruim (4/10)
19ºconto: bom (7/10)
20°conto: bom (7/10)
21ºconto: aceitável (6/10)

Bom, recomendo esse livro para quem gosta de ler várias histórias curtas, longas e distintas.
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Allysson Falcon 10/07/2013

Puro Hemingway...
O Volume 2 é superior ao primeiro, contos mais profundos, de um Ernest buscando a maturidade literária.
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bobbie 29/12/2019

Hemmingway, ponto.
Ernest Hemmingway escreve com maestria sobre assuntos que nós, mortais, consideramos "nada". Qual o mote desse conto, nos perguntamos. Ele escreve sobre a morte, a morte de um padre, sobre uma tourada (aliás, você se sente na tourada), sobre um homem que leva um tiro e se nega a dedurar seu algoz, e assuntos considerados banais, de um modo tão literário que nos faz procurar significados em cada parágrafo. Nota para quem preconiza encerramentos: alguns contos podem deixar a impressão de que não têm final.
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Teteu 26/07/2023

Bacana!
É um livro de contos bem legal, super recomendo! Contos bem construídos no geral e com um quê de filosofia e surrealismo.
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R.Costac 22/12/2009

Merece ser lido
São vários contos que abordam a típica vida americana. O autor é um mestre com as palavras.
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caio.cidrini 24/09/2023

A arte do diálogo
Hemingway talvez seja meu segundo ou terceiro autor favorito. O Velho e o mar me impactou tanto que até fiz uma tatuagem em referência ao livro. Além disso, vários de seus romances estão entre as leituras que mais indico. Contudo, nunca havia me debruçado sobre sua obra de contos, logo minha forma literária de preferência. Não teria como ser mais prazeroso! É diferente da estrutura clássica do Poe e vai um pouco além do conto de ambientação e drama de Tchekhov. Quase nada é explicado ou dado, cabe ao leitor compreender ou interpretar o que não está dito. Por falar em dizer, os diálogos são o grande destaque pra mim. Há uma alternância entre narrações curtas com grandes espaços de diálogos. À primeira vista, banais e simplórios, mas é exatamente nessa banalidade que as maiores questões e reflexões estão entranhadas. O minimalismo e a sofisticação costumeiros do escritor parecem potencializados nas formas breves. Fico ansioso para ler os outros volumes.
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Marquinhos28 21/01/2024

Melhor Que o Primeiro Volume
Temos aqui uma reunião de contos, que não refletem a genialidade dos Romances de Ernest Hemingway, mas conseguimos destacar esses contos:

- Colinas Parecendo Elefantes Brancos
- Cinquenta Mil
- Os Pistoleiros
- A Vida Breve e Feliz de Francis Macomber
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Matheus 08/01/2013

O livro traz os melhores contos escritos pelo autor e é um bom exemplo do uso da Teoria do Iceberg nas obras de Hemingway,segundo a qual um conto é sempre mais profundo quanto menos dele é mostrado (ponta do iceberg). Principalmente nos conto Um Lugar Limpo e Bem Iluminado e Colinas como elefantes brancos, onde se percebe muito mais do que está escrito. No mais, tendo lido a obra completa de contos de Hemingway, não sei qual é o meu conto preferido, mas é um dentre os desse volume.
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