Lucy 13/05/2021
Um caos
Este é o primeiro livro que li do autor, não sabendo que fazia parte de uma trilogia. Creio que possa ser lido individualmente, já que não há nenhuma informação sobre isso em lugar nenhum. Independentemente, foi uma bagunça que não tenho intenção de revisitar.
Meu primeiro problema foi com a overdose de itálico. Existe uma razão para usarmos itálico, como destacar palavras estrangeiras, enfatizar algo, apontar que estamos lendo um flashback, que tal personagem está gritando etc. Existem diversas formas de uso do belo itálico, mas aqui pecou pelo excesso, o que me incomodou muito. Não existe lógica para seu uso, sempre parece que os personagens estão gritando. Ele vem e vai do nada nas páginas. Não há coesão.
Vi muitas pessoas enfatizando o quanto passaram mal de tanto rir com esse livro. E eu gostaria muito de fazer parte desse grupinho, mas não foi o caso. Achei tudo, principalmente o humor, extremamente forçado. Eram umas piadinhas que vinham o tempo inteiro. O tal humor tirava o peso de qualquer assunto sério, como o ex psicopata que persegue a protagonista. Ela não parece alguém realmente amedrontada com esse fato, mesmo pouco tempo depois de ter sido espancada e abusada por ele. A necessidade de fazer graça com absolutamente tudo faz todas as situações serem completamente irreais. Quem mete o dedo na cara do homem que pode assinar seu cheque futuramente, mandando-o se calar, isso na primeira entrevista de emprego? Quem faz pouco caso com o fato de que um carro suspeito parou ao seu lado e pode ser seu ex, violento e armado, dentro dele? É tudo muito bobo e caricato ao extremo. E o que deveria ser sério não tem a devida seriedade.
A história não faz o menor sentido. Me obriguei a ler até os 24%, e sei que as coisas ainda só tinham a piorar. O comportamento "louco" da protagonista é chato para cacete. O fato dela topar (tranquilamente, sem questionamentos) o serviço de espionar um homem que ela não sabe quem é, podendo ter de transar com ele para ter suas informações... Essa era a melhor aluna da turma. Como ela poderia aceitar, sem qualquer hesitação, sair de jornalista (que é sua formação) para prostituta? Ela mesma diz que é nisso que se tornaria. "Ah, mas ela está desesperada para cuidar do filho", você diz. Bem, ainda assim, normalmente as pessoas não saem topando se rebaixar dessa forma com tanta facilidade. Depois, tem ela se passando pelo irmão por...? Bella afirma que, segundo o contrato que ela havia assinado, ela não pode se encontrar com o Blake. Por isso finge ser seu irmão. Mas, pouco depois, eles se encontram duas vezes e ela vai transar com ele (!!!). Então, qual o propósito desse disfarce fajuto? E, lendo os spoilers, vi que isso vai fazer ainda menos sentido no desenrolar da trama. Eu parei após uma cena de sexo terrível, onde, com certeza, a inspiração do autor foi um pornô de baixa qualidade. Tenho curiosidade para continuar? Nope.
A escrita é muito atropelada, caótica, irreal, exagerada e tola. Eu queria muito ter curtido, mas não deu. Eu gosto de me arriscar nesses autores nacionais independentes, e já me surpreendi muito positivamente com suas histórias. Mas esse foi um ponto fora da curva. Para não dizer que só fui negativa, o texto é bem revisado, e não me recordo de ter visto qualquer erro de escrita, pontuação etc. O que é superpositivo, já que há muitos livros na Amazon que, visivelmente, não passaram pelo pente fino antes de serem postos à venda. O autor tem muito potencial, mas não me arriscarei prontamente em outro livro seu.