spoiler visualizarM.K. Greece 13/11/2019
[INTERPRETAÇÃO PLATÔNICA DO LIVRO: LELICOT – O DESERTO DAS CINZAS]
Interpretação e Reflexão Por: M.K. Greece
Autora do Livro: Thuany Barbosa
Rio de Janeiro dia 12 de Novembro de 2019
A história de Lelicot contada pela autora Thuany Barbosa começa com um conjunto quase incompreensível de murmúrios sombrios contrastando com a melodia alegre tocada por musicistas. No rico e perigoso reino de Cicári miseráveis não ousam repetir esse murmurar, mas os afortunados se sentem no direito de cantar alegremente enquanto batem as suas canecas de cerveja. Os afortunados sentam em banquetes fartos. Já os miseráveis prendem a língua e comprimem os lábios, pois não desejam ter o seu corpo suspenso sobre fosso que cerca o Palácio Aurora. O contraste entre a glória e a decadência do povo de Cicári esta justamente sobre os metros que separam o fundo desse fosso, repleto de ácido e o alto da sacada dourada do mesmo palácio.
De um lado miséria para muitos e do outro fortuna para poucos. O sol de Cicári definitivamente não brilha para todos. Principalmente para aqueles que estão escondidos nos esgotos. Na terra dos cicáris o perfume do corpo é um indicador de status social. Os que cheiram bem são respeitados e bem recebidos pelos soldados e os que cheiram mal sentem a verga dos porretes sobre as costas, sendo enxotados como escória. Em Cicári enquanto os bem nascidos vestem roupas elegantes, cobrem o corpo com jóias brilhantes e desfilam pela cidade com uma pele alva, sadia e sem cicatrizes, exibindo com orgulho os dentes brancos como gesso, os maus nascidos usam roupas maltrapilhas, suas jóias são o arame farpado que fere a sua pele, os pés e as mãos apresentam dedos a menos e muito envergonhados procuram esconder os dentes negros e estragados.
O mundo apresentado a nos na história de Lelicot foi devastado pela guerra contra aqueles que são chamados de “Vermelhos” e também pela infestação de um vírus conhecido pelo nome de “Creci”. A história se dividiu entre o período da antiga Era Republicana e a atual Era dos Cinco Reinos. A Ordem dos Murmuradores guarda os últimos livros que contem as informações sobre tudo o que aconteceu antes e depois. Poucos sabem da existência dessa Ordem e ela guarda os seus segredos a 7 chaves e com a ajuda dos seus agentes rouba livros e altera documentos para que tudo se mantenha em segredo. Saulo, o emblemático e respeitado líder dos Murmuradores é o responsável por sustentar todo o mistério de Cicári. Todavia o desenrolar de toda essa trama nos é revelado justamente por um antigo Murmurador. Um homem que anda por Cicári a passos firmes e apressados, olhando para os lados de maneira desconfiada e usando o cabelo e o fedor para esconder a sua identidade.
Ele é conhecido pelo nome de Gavião Cinza. Ele é muito famoso. No entanto, não da maneira que você pensa leitor (ra). Cartazes com o rosto dele já estiveram estampados por toda a Praça Chino. Ele é procurado. O nome dele foi relacionado a um atentado ao Palácio Aurora. Klaus, príncipe de Cícari deu início a uma inquisição militar para encontrar os culpados. A culpa por esse incidente caiu sobre os ombros de Gavião Cinza, mas as pistas indicam que o verdadeiro culpado é uma Mulher Mascarada que se veste de negro como se fosse a própria Morte. Entretanto apesar de todos os perigos ele teve coragem de voltar a Cicári para descobrir os verdadeiros culpados. O nosso protagonista não é uma pessoa que seja possível definir em poucas palavras. Na verdade ele é um personagem tão fascinante que as palavras se tornam pequenas diante da sua grandeza fantástica. Não á como justificar as suas ações ou julgá-lo por meras conjecturas.
Para entender o Gavião Cinza é preciso se colocar na pele dele. Pele essa que é enfeitada pelo roxo dos punhos cerrados que colidem violentamente contra o seu rosto quando ele entra num bar. Essa mesmíssima pele ainda é queimada pelo calor do asfalto quando ele é derrubado contra o chão, pisoteada pelas botas de couro rígido e espancada pelos porretes dos soldados. Não tendo descanso essa pele também é cravejada pelos cacos de vidro das garrafas arremessadas, suja pelo lodo negro do esgoto e infestada de piolhos que mordem sem dar descanso. E para piorar ele é um “Não Marcado”. Um pária da sociedade que como muitos outros vive abandonado as margens das águas plácidas e turvas do rio Garih. Ser o Gavião Cinza por um dia não é nada fácil. Significa esconder o rosto das pessoas, olhar para cima para desviar-se dos braços dos brutamontes que servem as guildas e olhar para baixo para esquivar-se dos anões contrabandistas que espetam suas pernas. Antes de tudo ele é um sobrevivente.
O coração dele queima como uma fornalha ardente quando precisa enfrentar seus inimigos. Torna-se frio como uma pedra de gelo quando precisa resistir à fome e as torturas. Fica seco e espinhoso como um cacto diante daqueles que ele não pode confiar e em raríssimos momentos esse mesmo coração transforma-se em um morango diante daqueles que ele realmente estima. A única bondade e calor humano que ele recebe vêm do seu padrinho Pipo. A única pessoa que aceita abraçá-lo de maneira amorosa sem se importar com o fedor e os piolhos que envolvem o seu corpo. É com o incentivo desse padrinho que Gavião Cinza resolve ir à busca do mistério que o permitirá recuperar a vida que perdeu.
A primeira resposta que ele encontra para esse mistério foi olhando para um cartaz de procurado que tinha nele estampado o nome Tenório. O ladrão se apoderou de um livro antigo que antes estava escondido na mansão do Conde de Cicári. Aquele que se vangloriava por ser dono do último exemplar de um livro de feitiçaria. Era essa a oportunidade que Gavião estava esperando para encontrar o caminho para uma vida digna e estabilizada, abandonando assim a sua longa trajetória de mendicância. Mas as coisas não acontecem da forma que Gavião Cinza espera e depois de todo um árduo sacrifício ele se deparou com a insubordinação e a intolerância dos Murmuradores, a quem ele tanto admirava e confiava. O que restou a Gavião foi parar em um porão cheio de barris de cerveja que fica abaixo de um bordel. Contudo, isso mudou quando inacreditavelmente um soldado do reino de Farimo chamada Nathalia que é conhecida pelo apelido de Beija Flor, entrou no caminho de Gavião Cinza propondo a ele uma aliança e por motivo de força maior ele aceitou firmar esse pacto de auxílio mútuo com ela.
No entanto essa não seria uma convivência fácil. Como o inverno e o verão, o fogo e o gelo, eles estão fisicamente e emocionalmente em lados opostos. Vivendo momentos de amor e ódio um pelo outro eles caminham lado a lado, tentando descobrir os segredos que os une e ao mesmo tempo tentam separá-los a todo o momento. A riqueza e o fascínio da história de Lelicot se revelam através da relação afetuosa e conflituosa desses dois personagens. Eu termino por aqui essa breve interpretação caro leitor (ra). Agora é você quem deve descobrir a continuidade da história e quem deve contá-la daqui em diante é aquela que a escreveu, a nossa talentosa autora Thuany Barbosa. Andar pelas terras fantásticas de Lelicot é como ser tragado por um furacão que te arrasta para o turbilhão sem lhe pedir licença. Uma vez dentro do turbilhão você não consegue mais sair. Na verdade você se liberta e deixa o furacão te levar para o mundo fantástico de Lelicot.
Nesse momento os seus olhos não piscam e se você for míope e costuma ver tudo embaçado a sua frente, a magia de Lelicot irá lhe proporcionar a fascinante sensação de estar enxergando plenamente e vendo tudo a sua frente. Como as sereias que cantam uma melodia hipnótica, Lelicot o submeterá a perda total da noção de tempo e espaço. Você será alertado de que a sua comida esta pronta. Mas a atração fatal das páginas de Lelicot o impediram de se levantar da cadeira. Você esta faminto, sedento até, mas não por comida e sim pelo acesso a matéria misteriosa que cada uma dessas páginas ira lhe proporcionar. Existe uma infindável saga de mistérios a se desvendar e da mesma forma que você folheia as páginas para descobrir cada segredo, terás de revirar as areias desse Deserto de Cinzas, por que o que existe de mais oculto se esconde em baixo delas. LEIA LELICOT e descubra até onde Gavião Cinza e Nathália pretende ir para desvendar os mistérios, inclusive àqueles que contam a sua própria história.
[CONSIDERAÇÃO FINAL]
Prezada e prendada Thuany. Quão excepcionalmente intenso foi o seu despertar para a escrita. Como uma erupção vulcânica você fez emergir do âmago da sua alma e das profundezas da sua consciência uma abundância de riquezas fantásticas. Exatamente como a natureza que evapora a água do mar e a faz se condensar em meio às nuvens do céu, você nos presenteia com uma chuva de magia e mistério, e uma vez molhados por essa chuva de encantos somos transformados em imãs que magnetizados acabamos por literalmente grudar sobre as páginas do seu livro e nesse momento não sabemos mais se somos nós ou os personagens que são imaginários, mediante ao mergulho profundo na história de Lelicot. Escreva Thuany, mais, mais e cada vez mais. Existe dentro de você uma mina de pedras preciosas e quanto mais você escavar dentro de si, novas pérolas de história iram surgir. Através de você os seus personagens agora pulsam e vivem. Junto com o palpitar do seu coração entusiasmado e da sua respiração inspiradora eles caminharam livres sobre as páginas do livro. Desejo a você um progresso maior do que eu poderia desejar para mim mesmo. Sucesso hoje, sempre e eternamente.
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