Corrida Selvagem

Corrida Selvagem J. G. Ballard




Resenhas - Corrida Selvagem


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Helder 10/08/2022

Profecia desconfortável
Corrida Selvagem é uma pequena e desconfortável novela que há tempos estava na minha estante.
Quem narra esta história insólita é Richard Greville, um consultor psiquiátrico da polícia metropolitana de Londres.
É com ele que vamos conhecer os detalhes do Massacre de Pangbourne Village, um luxuoso condomínio residencial nos arredores de Londres, com 10 mansões luxuosas onde foram encontrados 32 moradores assassinados.
Através de um filme realizado pela polícia, entramos juntos com Richard naquele belo condomínio e vamos encontrando os cadáveres pelo caminho, assim como a polícia os encontrou naquele fatídico dia. Desde a portaria, onde temos o porteiro do condomínio preso em uma espécie de armadilha medieval até as ricas casas, onde encontramos corpos mortos à tiros em uma mesa de café da manhã ou nus dentro de um carro, ou eletrocutados em uma banheira, ou esmagados por um carro na garagem ou até transpassados por uma flecha. Todos adultos. Grande parte moradores do condomínio, mas em alguns casos, também funcionários do condomínio ou das casas, como motoristas, babas e governantas.
Os circuitos eletrônicos de segurança foram todos desligados, cabos cortados, então não existem imagens.
Nem sinal das armas utilizadas, portanto sem impressões digitais
Um ponto de atenção interessante apontado pelos médicos legistas: aparentemente todas as mortes ocorreram em um intervalo de 5 minutos às 08:00 hrs da manhã de um dia comum.
E o pior de tudo e que mais vem estarrecendo a população: Nem sinal dos filhos destas pessoas que foram assassinadas.
Realmente um crime sensacional, certo?
Quem seria capaz de matar 32 pessoas e ainda sequestrar diversas crianças entre 8 e 17 anos??
A polícia segue sem pistas e cheia de hipóteses. Até o momento não houve nenhum pedido de resgate.
Até que nosso narrador percebe que o nível de perfeição daquelas casas era elevado demais. Tudo muito certo. Famílias muito felizes. Zero problemas.
Mas será que isso é possível??
Falar mais do que isso já será spoiler, mas tenho que dizer que este livro me trouxe uma sensação de claustrofobia enorme. E não sei se concordo com o tema trazido à tona pelo autor, mas no mínimo tenho que aceitar que este livro tem algo de profético.
Sem no fim da década de 80, no quarto final do século XX quando este livro foi escrito o autor já acreditava que a falta de desafio trazida pela perfeição de uma vida cercada de bondade e facilidades podia gerar ações violentas, o que podemos esperar de um tempo como o de hoje onde tudo tem como objetivo transformar a vida do homem e algo mais fácil e sem percalços onde principalmente nós, pais, nos esforçamos cada vez mais para que nossos filhos não precisem sofrer, esquecendo que não existe maneira de blindar um ser humano??
Impossível não sentir um pouco de medo e repensar suas ações ao término deste livro.
E, se você tem filhos adolescentes e mora em um belo condomínio com quadras, arvores e piscinas, recomendo ler com a luz acesa!
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Eliane 15/04/2020

Impactada
Uau, terminei o livro agora e ainda o sinto reverberar em mim. Não consegui despregar os olhos. Sinistro.
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Leonardo 15/09/2013

Livro profético sobre violência
Comprei este livro no sebo sem jamais ter ouvido falar dele. Conhecia somente o autor. De nome. J. G. Ballard. Autor de Crash, que não li, que virou o filme Crash – Estranhos Prazeres, de David Cronenberg, que não vi. Vi na orelha deste mesmo livro que o livro que alçou este chinês de nascimento (era de família inglesa) à fama foi um relato inspirado na sua infância, que virou o muito querido filme O império do sol, de Spielberg.
Apesar de não ter lido nem visto Crash, sei que se trata de pessoas com uma perversão sexual bem inusitada: elas só encontram prazer fazendo sexo em cenas envolvendo acidentes de carros. Estranho? Bastante. Mas não é sobre Crash que vou falar, mas sobre Corrida Selvagem. Quando vi o título do filme, imaginei imediatamente que seria um livro com temática parecida. Corridas, violência e sexo, talvez. Aí fui dar uma folheada e vi que o livro – curtíssimo, menos de cem páginas – conta a história de um massacre num condomínio de luxo num subúrbio de Londres. Trinta e dois adultos foram assassinados, sem que fossem encontradas pistas sobre os assassinos. O mais intrigante, contudo: os filhos destes trinta e dois adultos (algumas crianças, a maioria, adolescentes) desapareceram sem deixar vestígios.
Um consultor psiquiátrico da polícia é incumbido de tentar descobrir o que aconteceu, depois que as tentativas mais ortodoxas não trouxeram resultado. O narrador – este psiquiatra – reconstrói o cenário para o leitor. Fala dos hábitos de cada família, da preocupação de que aquele condomínio representasse a bem sucedida família moderna, a assepsia do ambiente, o isolamento, enfim, o mais perfeito tédio. Algo, naturalmente, ia muito mal ali, ou aquela tragédia não teria acontecido.
Falar sobre a trama é entregar algo precioso, que, apesar de tudo, é bastante previsível. Este não é um livro de mistério, de suspense, mas de reflexão sobre a violência e sobre os limites da loucura do ser humano quando confrontado com o vazio ou com a falsa perfeição, aquela que praticamente obriga-o a ser feliz.
Lançado em 1988, naquela época o livro corria o risco de ser excessivamente pessimista, talvez até insano. Hoje, infelizmente, estamos saturados do tema abordado no livro, o que, ao invés de tirar a sua força, torna-o profético.


site: http://catalisecritica.wordpress.com/
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Tito 08/03/2013

Precisamos falar sobre as crianças de Pangbourne Village.
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