spoiler visualizarMarcelo Minal 16/06/2024
Romance distópico e arrastado
O romance encontra-se ambientado em uma sociedade em que há perda completa e absoluta das liberdades individuais. As pessoas são proibidas de pensar, de amar, de terem prazer e de fazerem escolhas. Há o culto ao líder, o passado é reescrito e imposto, as pessoas sofrem lavagem cerebral de tal forma a aceitarem como normal duas 'verdades'. E há ainda a criação de um novo idioma, que imposto, dado o seu restrito vocabulário, busca subtrair das pessoas sua capacidade de argumentar, pensar e serem críticos para com a sociedade onde vivem.
Um estado gigante e autoritário. Um retrato que se parece muito com o que ouvimos dizer da Coréia do Norte, o que é surpreendente. Somos levados a questionarmos o que é realidade de fato. O livro escrito pelo Goldstein é real ou fictício. E isto foi uma boa sacada.
Este é o retrato e é bem ambientado. Embora a ideia de George Orwell seja fascinante, para mim, a forma como é colocada em linhas de romance, ou seja, literatura, é ruim.
A obra gasta 50% de sua extensão apenas para nos ambientar nesta sociedade distópica e muito pouco acontece até aí. Em seguida, finalmente, ocorre algo e o livro fica interessante e segue bem até perto do final. Contudo, há um apendice dispensável onde o autor trata de detalhes e objetivos no novo idioma, NEWSPEAK. Além do mais, há uma parte, na segunda metade do livro, onde há a reprodução de um livro disponibilizado por outro personagem, o Goldstein. As linhas do livro se extendem, de forma prolixa, por diversas páginas. Estes detalhes deixam, ao meu ver, o livro bem arrastado e tedioso.
Li o livro do original em inglês e havia muitas palavras que sequer apareciam nos dicionários. Isto não chega a ser um problema, é limitação do leitor, todavia, certamente isto afetou a minha percepção do livro.
É um livro OK, boas ideias, boas críticas, mas uma forma ruim de apresentá-las como arte literária.